ABORDAGEM DO TEMA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS INTRODUÇÃO

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Transcrição:

ABORDAGEM DO TEMA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Marianny de Souza (1); Cícera Lopes dos Santos (2); Maria Lusia de Morais Belo Bezerra (3) Universidade Federal de Alagoas - UFAL, Grupo de Estudos sobre Educação em Saúde e Formação de Educadores GESFE, (1) Graduanda em Ciências Biológicas - maryane.lf9@gmail.com, (2) Mestranda do Programa de Pós Graduação em Agricultura e Ambiente - UFAL ciceraufal@gmail.como, (3) Docente do Curso de Ciências Biológicas, orientadora. INTRODUÇÃO O Estatuto da Criança e do Adolescente, sob a Lei nº. 8.069/90 circunscreve a adolescência como período de vida que vai dos 12 aos 18 anos de idade, enquanto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) delimita a adolescência como a segunda década de vida (10 aos 19 anos) e a juventude como o período que vai dos 15 anos aos 24 anos (TAKIUTT, 1986). De acordo com Gurgel et al. (2008), a gravidez em adolescentes tem implicações biológica, psicológica, social, econômica e cultural e constitui um tema de grande relevância na realidade social brasileira que atingem o indivíduo adolescente e a sociedade como um todo, limitando ou adiando as possibilidades de desenvolver o engajamento destas jovens na sociedade. Trata-se de uma etapa da vida em que ocorrem a maturação sexual e a formação de valores e comportamentos que determinarão o curso da vida. Hoje, parece haver uma mudança quanto à conscientização dos jovens e essa relativa liberdade sexual legitimada socialmente abre um novo universo. E é nesse contexto de vulnerabilidade que os adolescentes vivem e que a gravidez na adolescência vem aumentando sua incidência. Takiutt (1986) afirma que a adolescência é um período de mudanças, sejam elas físicas ou psicológicas que são acompanhadas pela alteração das emoções, alterações biológicas, mudanças essas que são explicadas através da interação com o meio em que vive. No contexto das intensas e contínuas transformações próprias do amadurecimento sexual, trabalhar a construção positiva da imagem corporal pode ter significado importante para a autoestima e autoconfiança, com consequências para toda a vida futura. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN s) tema transversal saúde, o estudo da anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor masculino e feminino, e de fenômenos como menarca, menstruação e ciclo menstrual, fecundação, gravidez, parto e puerpério, em suas implicações fisiológicas, mas também psicossociais; ganha agora maior destaque, até por sua relação com a preparação para a vida sexual com parceiros (BRASIL, 1998). Diante disso, a escola constitui um local propício para debater essas temáticas.

Contudo, cada tema tem sua especificidade. Nesta perspectiva, este trabalho teve como objetivo investigar os desafios e perspectivas encontradas na abordagem acerca do tema gravidez na adolescência numa ação educativa em saúde desenvolvida numa escola de ensino médio da zona urbana do município de Arapiraca Alagoas. METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa por meio de aplicação de enquete e observação participante (SANTOS, 1999) com registro em diário de campo durante a exposição de temas sobre saúde, inclusive gravidez na adolescência. No que se refere ao método de observação, Moraes e Mont Alvão (2003) afirmam que gestos e posturas adotados fazem parte dos elementos de análise das atividades realizadas pelo homem. A ação promovida pelo Grupo de Estudos sobre Educação em Saúde e Formação de Educadores (GESFE), da Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca ocorreu no dia 25 de julho de 2017, em uma escola Estadual de Educação Básica, localizada no bairro Alto do Cruzeiro Arapiraca (AL). O grupo-alvo foi composto de alunos do 1 ao 3 ano do ensino médio, numa faixa etária dos 15 aos 27 anos de idade, pertencentes aos gêneros masculino e feminino. A interação com os estudantes ocorreu através de um bate papo descontraído e a exposição de banner (Figura 1) contendo imagens, dados epidemiológicos e informações sobre as dificuldades e obstáculos encontrados durante a gravidez. Figura 1: Banner utilizado para tratar o tema gravidez na adolescência durante ação educativa. Fonte: Os autores, 2017.

Através dessa interação, foram observados: o interesse pela discussão, fatores que influenciaram a comunicação e mediação da temática, desafios e argumentos que dificultaram a abordagem do tema e perspectivas para abordagem do tema. A enquete foi aplicada durante ação educativa em saúde, integrante do projeto de extensão Saúde em Foco na Escola, e o seu resultado foi exposto de forma descritiva, através de frequência relativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO As enquetes aplicadas aos estudantes permitiram verificar a percepção sobre a necessidade de abordagem do tema gravidez na adolescência na escola. Nesse sentido, dentre os 174 respondentes, 63,79% consideraram que o tema gravidez na adolescência deve ser trabalhado com mais frequência na escola, dos quais 56,3% foram do sexo feminino, 40,7% do sexo masculino e 3% não informaram o gênero. A partir das observações realizadas foi possível traçar um perfil a respeito das percepções acerca do tema gravidez na adolescência como apresentado a seguir: Interesse pela discussão do tema Entre os assuntos mais desafiantes e que foram polemizados estão, os métodos anticoncepcionais e onde conseguir informações confiáveis; o perfil da mãe adolescente, seu comportamento durante a gravidez e aspirações para o futuro; além da importância da participação do pai da criança no processo; o diálogo sobre sexualidade com a família; o apoio social na gravidez durante a adolescência; os riscos e a mortalidade materna na adolescência; a evasão escolar e decisões pós-gravidez. Groth,Thomé e Rosa (2011) destacam que ao tratar o tema gravidez, vários assuntos são levantados e debatidos pelo adolescente como a perda da virgindade, o processo de nascimento de um bebê, como ocorre uma relação sexual, entre outros. Conforme observado por Novak (2013), existe liberdade dos adolescentes em falar sobre a sexualidade, entretanto, a maioria dos alunos prefere tratar desse assunto com seus professores, no âmbito escolar, do que com seus pais. Fatores que influenciaram a comunicação e mediação da temática Foi possível constatar, ao longo do estudo, que apesar de vivermos em um mundo globalizado, com tecnologias da informação a todo vapor, os adolescentes ainda possuem

muita dificuldade para se comunicar e expressar seus medos e dúvidas, no qual muitos não sabem a quem procurar na busca de informações seguras e confiáveis, principalmente referentes à prevenção da gravidez e os tipos de métodos anticontraceptivos. Muitos não sabiam sobre os métodos anticontraceptivos existentes, acreditando que a camisinha era o único método seguro. Além disso, a maioria não tinha consultas regulares com médicos ou profissionais de saúde. O constrangimento e a dificuldade em relatar suas dúvidas e experiências foram visíveis. Segundo Groth,Thomé e Rosa (2011, p. 108) é inegável a importância do estudo sobre sexualidade na vida dos seres humanos, pois ela é experimentada ou revelada em expectativas, imaginações [...]. Num mundo onde iniciação sexual precoce entre adolescentes tem se tornado tão frequente, é preocupante associar esse comportamento com desconhecimento sobre anticoncepção e saúde reprodutiva. Logo, a carência de acesso à informação e comunicação só potencializa mais um problema de saúde pública, pois, segundo Rouquayrol (1994), as adolescentes que levam a gravidez até o final, a gestação e o parto podem apresentar complicação importantes, pois o corpo da adolescente, provavelmente não estará preparado para satisfazer todas as demandas do feto. Entende-se que a gravidez na adolescência, por ela ser precoce, quanto mais cedo ocorrer, mais ocorrências poderão estar presentes, quer seja para a adolescente e/ou para o bebê. Oliveira (1998) elenca seis complicações possíveis para a saúde da mãe e do bebê, em uma gravidez na adolescência: imaturidade anátomo-fisiológica (levando à maior incidência de baixo peso ao nascer e prematuridade); toxemia gravídica (principalmente na primeira gestação, podendo causar préeclâmpsia e eclâmpsia); problemas no parto (prematuro ou demorado); infecções urogenitais; anemia (por a gestante estar em fase de crescimento) e retardo do desenvolvimento uterino. Desafios e argumentos que dificultaram a abordagem do tema A ideia que os adolescentes possuem sobre os papéis masculino e feminino na sociedade e o que cada um deve desempenhar durante a gravidez, além das diferenças existentes entre os gêneros foi um dos principais entraves durante a exposição. Verificou-se que a identidade feminina e sua relação com a maternidade são indissociáveis e sua articulação junto ao valor da virgindade e o conceito de honra, tendo como principal tarefa a criação da prole. Por outro lado, a maioria dos rapazes acabava fugindo do problema e não dando atenção merecida à discussão. Por parte das meninas, a gravidez na adolescência é vista como uma gravidez não

desejada, um acidente e não uma preocupação evidente; e acaba se tornando um problema graças à alta porcentagem de mulheres que abandonam os estudos e viram mães solteiras. Embora, a timidez e o pensamento de nunca vai acontecer comigo permearem bastante o espaço de discussão mesmo que implicitamente, foi possível notar, através de seus discursos, que muitas delas não tinham a mínima ideia de como agir diante da situação, adquirindo um papel passivo diante das decisões a respeito do seu próprio futuro. A aceitação dos amigos e o apoio da família e do pai da criança estavam entre as maiores preocupações. Geralmente, a iniciação sexual é repleta de conflitos relacionados à identidade sexual, assim como à escolha do momento e da pessoa, além do que, grande número de adolescentes encontram dificuldades para compartilhar suas experiências com a família, por receio de comprometer o relacionamento entre eles. A utilização da contracepção por adolescentes sexualmente ativos, quando indicada e bem orientada, pode contribuir para que a experiência da sexualidade seja vivenciada de forma mais plena e responsável, menos culpada e vulnerável a situações inesperadas como uma gestação não planejada e doenças sexualmente transmissíveis (COSTA, 1998). Nesse contexto, o educador desempenha papel relevante na orientação em saúde reprodutiva e prevenção de riscos, assim como na criação de uma conjuntura favorável para uma maior consonância e entrosamento destes com suas famílias. O acesso à educação é de grande importância para diminuir tal problemática. É importante que os educadores forneçam informações corretas e adequadas para os adolescentes, e no caso das meninas, motivá-las a consultar um ginecologista. Sobre esse aspecto, Ponte Junior, Ximenes e Francisco (2004) destacam que adolescentes com maior escolaridade e maiores oportunidades de obtenção de renda são menos propensas à gravidez não planejada, enquanto a jovem que engravida e não tem proteção da família, nem da sociedade, tem grande possibilidade de abandonar a escola, tornando difícil seu retorno. Perspectivas para abordagem do tema Como descrito anteriormente, 40,7% dos alunos do sexo masculino consideraram importante que o tema gravidez na adolescência fosse mais frequentemente abordado na escola. Contudo, vale salientar que durante a ação foi notória a preferência dos rapazes por outros assuntos sobre saúde, desvalorizando a discussão sobre a gravidez, enquanto as garotas eram mais suscetíveis a discutir e refletir sobre a temática. Esse resultado aponta no sentido de conduzir ações educativas sobre o tema mais voltadas para os adolescentes do sexo masculino, buscando ampliar o diálogo e inseri-los na discussão, a fim de que se reconheçam

como peças fundamentais na minimização desta problemática. CONCLUSÕES Os adolescentes da escola investigada apresentaram dúvidas quanto à prevenção e as formas de evitar uma gravidez precoce, revelando a necessidade de discussões contínuas sobre o tema no lócus do estudo. A ação educativa promoveu um espaço reflexivo e propenso a diálogos. Além disso, sensibilizou estudantes sobre a problemática da gravidez na adolescência, e constituiu-se como uma experiência ímpar para o desenvolvimento de educadores. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Saúde / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. COSTA, M. C. O.; COSTA P. M. da, NETO, A. F. O. Desafios da abordagem ao adolescente: confidenciabilidade e orientação contraceptiva. Jornal de Pediatria - v. 74, n. 1, 1998. GROTH, C. I.; THOMÉ, C. L.; ROSA, B. da S. Você sabe o que é Sexualidade? - Relato de experiência de oficinas de educação sexual na escola. Roteiro, Joaçaba, v. 36, n. 1, p. 105-128, 2011. GURGEL, M. G. I. et al. Gravidez na adolescência: tendência na produção científica de enfermagem. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 12, n. 4, p. 800-806, 2008. MORAES, A., MONT'ALVÃO, C. R. Ergonomia: conceitos e aplicações Metodologia Ergonômica. Rio de Janeiro, p.139, 2003. NOVAK, E. Dificuldades enfrentadas pelos professores ao trabalhar educação sexual com adolescentes. 2013. OLIVEIRA, M.W. Gravidez na adolescência: dimensões do problema. Cadernos CEDES, Campinas, v. 19, n. 45, p.48-70, 1998. PONTE JUNIOR, G. M.; XIMENES N., FRANCISCO R. G. Gravidez na adolescência no município de Santana do Acaraú Ceará Brasil: uma análise das causas e riscos. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 01, 2004. ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e saúde. 4 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1994. SANTOS, S. R. Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa biomédica. Jornal de Pediatria, v. 75, n. 6, 1999. TAKIUTT, A. A adolescente está ligeiramente grávida, e agora? Gravidez na adolescência. Coleção e sociedade precisa saber, São Paulo, 1986.