SEXUALIDADE NA ESCOLA: ATIVIDADES EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES. Palavras-chave: sexualidade; adolescência; educação sexual.
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- Ana Vitória Castelhano Peralta
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1 SEXUALIDADE NA ESCOLA: ATIVIDADES EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES COSTA, Neuza Cristina Gomes da 1 ; CUNHA, Érica Martins 2, PATATAS, Jéssika 3, Palavras-chave: sexualidade; adolescência; educação sexual. PEDROSO, Lenara da Costa 4 Introdução A sexualidade tem seu início com o nascimento e se desenvolve durante toda a vida, tornando-se mais visível na adolescência, com o desenvolvimento da puberdade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (1995), a adolescência é a idade correspondente dos 10 aos 19 anos, sendo a pré-adolescência dos 10 aos 14 anos e a adolescência, propriamente dita, dos 15 aos 19 anos. No sentido mais geral, tem-se a adolescência como uma fase de transição entre a infância e a fase adulta, carecterizada por conflitos com pais e autoridades, busca de identididade, formação de grupos, experimentações, rebeldias (PAPALIA, 2001). No entanto, é dificil padronizar uma fase diante de tanta diversidade social, cultural, étnica que existe, em especial em nossa sociedade. Fala-se então não de uma adolescência ou juventude universal, mas de adolescências ou juventudes. Quanto a classificação, Freitas (2005), descreve que definir o adolescente ou jovem varia de acordo com as situações sociais e trajetórias pessoais dos indivíduos concretos, caracterizando como juventude, a fase do ciclo vital entre infância e maturidade, que inicia com as mudanças físicas da puberdade, com as concomitantes transformações intelectuais e emocionais e termina em tese, com a inserção no mundo adulto. Resumo revisado por: Neuza Cristina Gomes da Costa. Sexualidade na escola: atividades educativas com adolescentes. Cadastro no Sigproja número: Universidade Federal de Mato Grosso. neuzacris@hotmail.com 2 Universidade Federal de Mato Grosso. erica_martins_cunha@hotmail.com 3 Universidade Federal de Mato Grosso. jessipa@gmail.com 4 União do Ensino Superior de Diamantino. lenara_pedroso@hotmail.com
2 Para Dayrell (2003, p.42), a juventude é como parte de um processo mais amplo de constituição de sujeitos, mas com especificidades que marcam a vida de cada um. Considera-se deste modo que há várias maneiras de viver a fase da adolescência ou juventude. Esta vivência varia conforme as experiências e o contexto do desenvolvimento do indivíduo. Porém, independente das variações, a sexualdiade, faz-se presente nesta fase. Segundo Camargo e Ferrari (2009), as transformações dessa fase da vida fazem com que o adolescente viva intensamente sua sexualidade. As formas de expressões sexuais podem levar a práticas sexuais desprotegidas, o que pode vir a ser um problema caracterizando em uma gravidez indesejada ou contaminação por Doenças Sexualmente Transmíssiveis (DST). Além de problemas que envolvem a vida do jovem na sociedade, na construção de sua identidade, na busca por projetos de vida. Acontecimentos que, muitas vezes, ocorrem devido à falta de conhecimento/informação, de comunicação entre os familiares, tabus ou mesmo por medo em assumir expressar pensamentos e opiniões. Camargo e Ferrari (2009) afirmam que, por ser a escola um local onde o adolescente permanece parte do seu dia, torna-se um lugar importante para se trabalhar conhecimentos, habilidades e mudanças de comportamento, Portanto, tornase um local propício e adequado para o desenvolvimento de ações educativas. No entanto, a escola ainda precisa ser explorada. Neste sentido, realizar ações em seu campo é fundamental para formação da cidadania e respeito a diversidade. A educação sexual para adolescentes, segundo Connell (1995, p. 200) envolve 'aprender o sexo oposto, isto é, tentar fazer com que garotos e garotas reflitam sobre as relações sexuais a partir do ponto de vista do outro sexo'. Isto permite uma maior compreensão sobre como o gênero é moldado socialmente e com ele, a sexualidade. Há diferentes formas de usar, sentir e mostrar os corpos masculinos e femininos, isto deve ser refletido, a fim de se trabalhar as relações de poder existente nas hierarquias sociais. Neste sentido, projetos de extensão são pertinentes, mas para isto, são necessários profissionais qualificados, metodologias e abordagens específicas para a não reprodução da estrutura social com base nas diversas relações de poder existente, aqui em específico, nas relações de gênero e sexualidade.
3 Este trabalho trata-se de um projeto de extensão com objetivo de desenvolver propostas de educação sexual preventiva na escola, destinada a adolescentes, com intuito de propor ações reflexivas sobre a sexualidade; orientar as discussões na construção da cidadania e respeito a diversidade; além de proprocionar momentos de descontração, interação e inclusão social. Metodologia Para o desenvolvimento de ações educativas com os adolescentes foi realizado primeiramente, discussão teórica sobre gênero, sexualidade, adolescência, juventude. Após as discussões o grupo reuniu-se para elaboração de propostas a partir de temas selecionados: sexualidade, puberdadade, ficar versus namorar, gravidez na adolescência, DST e Sindrome da Imunodeficienca Adquirida (AIDS), homossexualidade e projeto de vida. Para a metodologia, considerou-se o perfil do público-alvo: jovens entre 11 a 14 anos, matriculados na sétima série do ensino fundamental em uma escola pública do estado de Mato Grosso, na cidade de Cuiabá. Neste sentido, a metodologia envolveu oficinas, roda de conversa, dinâmicas em grupo e vídeo. Até o momento foram realizadas quatro atividades. Os encontros acontecem semanalmente. Resultados e discussão Para o início das atividades, considerou-se necessário conhecer a percepção dos jovens acerca da sexualidade, para isto foi proposto uma oficina de colagem. Mas, para quebrar o clima realizamos uma dinâmica de apresentação. Após a dinâmica, foi dividida a turma em cinco grupos e cada um ficou responsável em montar um painel de figuras que representassem a Sexualidade. A sexualidade foi expressa através de corpos, tanto femininos, quanto masculinos, mas com predominância do primeiro. Foi apresentado, principalmente, corpos de mulheres seminuas. Também houve figuras de casais beijando-se e mulheres grávidas. Após a apresentação dos cinco grupos, a responsável pela atividade solicitou para que os alunos sentassem ainda em círculo e iniciou uma reflexão acerca do conceito da sexualidade. A fala durou cerca de dez
4 minutos. Neste momento houve silêncio pelos participantes. Não houve perguntas. Verificou-se timidez em fazê-las. Ao final foi anunciado o tema do próximo encontro: puberdade. Foi pedido para que cada um escrevesse em um papel dúvidas, questionamentos, curiosidades acerca das mudanças no período da adolescência. Tanto meninos, quanto meninas entregaram papéis, mas não foram todos. Para a discussão da puberdade foi feito uma roda de conversa, sobre as principais mudanças corporais na adolescência, buscando responder os questionamentos feitos. Houve silêncio e atenção pelos alunos. Também fizeram questionamentos, principalmente, as meninas. Ao final foi solicitado para escreverem num papel o que compreendiam por puberdade. O terceiro encontro foi norteado pelo tema do Ficar versus namorar. Foram colocadas cartolinas em três cantos da sala que representavam uma das alternativas: Concordo, não concordo e um ponto de interrogação que significava, em dúvida. Foram feitas perguntas pela mediadora sobre o tema. A cada pergunta era solicitado que os alunos respondessem aproximando-se de uma cartolina. Após, era pedido para que o grupo justificasse a resposta. Ao final foi feito roda de conversa para conclusão, acréscimos e reflexões sobre o assunto. Questionamentos foram feito no sentido de refletirem sobre as respostas e os preconceitos relacionados ao gênero e formas de expressão da sexualidade. Ao final da conversa, foi explicado o tema e a dinâmica do próximo encontro: gravidez na adolescência. Foram distribuídos ovos de galinha para 12 duplas de um menino e uma menina. O casal teria que cuidar do ovo como se fosse um filho. A escolha do casal foi uma atividade conflituosa. Alguns uniram- se sem reclamação, outros não queriam o parceiro, outros ficaram contentes. Após uma semana, foi solicitado que o casal apresentasse o ovo. Foram devolvidos oito ovos e quatro foram quebrados. O cuidado na maioria dos casais ficou com as meninas. Mas, houve caso de que o ovo ficou sob-responsabilidade do menino. Um casal dividiu a responsabilidade, ficando o ovo, cada dia com um. Outros colocaram na geladeira, outros em caixa de sapato. Outro casal, o ovo ficou com a menina, mas o rapaz ligava todos os dias para saber como estava. Após a entrega e argumentos
5 acerca do ovo, foi realizada uma roda de discussão para reflexão acerca da maternidade e paternidade precoce. A reflexão deu-se a partir da analogia do ovo com um bebê em termos de fragilidade e necessidade de cuidado e quão estavam preparados para assumir responsabilidade. Considerações parciais Até o momento, considera-se que as atividades propostas tiveram resultados positivos. Foi possível identificar papéis definidos de gênero e repodução de discursos em relação a estes papéis e sua relação com a expressão de sexualidade. Não havia conhecimento acerca do corpo e as mudanças da puberdade pelos jovens. Importante destacar algumas dificuldades para execução das atividades: dificuldade em mantê-los em silêncio; conter práticas de violência física e psicológica entre os meninos e meninas e meninos; dificuldade na linguagem, em utilizar o mesmo código. Referências Bibliográficas CAMARGO, E. A. I; FERRARI, R. A. P. Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade antes e após a participação em oficinas de prevenção. Ciência & Saúde Coletiva, 14(3): , CONNELL, R. W. Políticas da masculinidade. Educação e realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, p COSTA, M. C. O. et al. Sexualidade na adolescência: desenvolvimento, vivência e propostas de intervenção. Jornal de Pediatria v. 77, Supl.2, 2001 DAYRELL, J. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação. n. 24, FREITAS, M.V. Juventude e adolescência no Brasil: referências conceituais. São Paulo: Ação Educativa, ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. La salud de los jóvenes: un reto y una esperanza. Genebra, PAPALIA, D. Desenvolvimento humano. 8 ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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