Capa Educação Escola completa Estratégias diferenciadas ajudam a moldar cidadãos esenvolver pessoas criativas, empreendedoras e inovadoras contribui para a formação de cidadãos e de mão-de-obra diferenciada para a indústria. Esse é o trabalho do SESI, que começa na base, com crianças, jovens e professores do ensino fundamental e médio de sua rede de ensino e de escolas públicas e privadas do País. O plano segue uma das premissas do Mapa Estratégico da Indústria, estudo que amplia para os próximos dez anos a visão sobre o crescimento industrial e da economia brasileira. Elaborado pelo Fórum Nacional da Indústria, da CNI, o Mapa Estratégico coloca a educação e, conseqüentemente, a inovação como base para o desenvolvimento sustentado do setor. A idéia é que a indústria precisa ser inovadora para ganhar competitividade no mercado globalizado. O mundo do trabalho, afirma Mariana Raposo, gerente-executiva de Educação do SESI Nacional, exige profissionais com conhecimentos e flexíveis, capazes de se adaptar às constantes mudanças, e incorporar e produzir inovações que possam gerar diferencial competitivo para as empresas. O SESI, como instituição voltada para a educação, pode contribuir na preparação de pessoas com esse perfil. Além de financiamento e facilidade de acesso ao conhecimento, a inovação, segundo Mariana, depende também de outro fator. Sem pessoas criativas não há inovação e, nesse aspecto, a dimensão humana é o fator principal desse processo, diz. 6 SESI GESTÃO SOCIAL agosto 2006
Cena da peça Alô Alô Brasil, sobre cidadania, produzida pelo SESI Paraná GILSON ABREU agosto 2006 SESI GESTÃO SOCIAL 7
Capa Educação SESI - MINAS GERAIS Mayumi: os estudantes levantam problemas e apresentam soluções Criatividade é, em boa parte, resultado de processos educativos que ocorrem na família, na escola e no ambiente de trabalho, complementa. Conceitos como ecossustentabilidade, criatividade, empreendedorismo e responsabilidade social passaram a nortear as discussões e orientações pedagógicas dirigidas a professores, educadores e supervisores do SESI no País. A entidade aprova e estimula o desenvolvimento de propostas curriculares baseadas nesses temas. Vamos oferecer até o final de 2007 um curso para formação de educadores, habilitando-os para desenvolver esses conceitos, informa a gerente-executiva. Além disso, o SESI apóia ações com esses princípios, como o programa Escola Ecossustentável (veja boxe abaixo), criado em Minas Gerais e voltado para a educação ambiental. Aproximadamente 12 mil alunos das 32 escolas do SESIMinas elaboram, ao longo do ano letivo, projetos específicos sobre resíduos, reciclagem, preservação da água, da flora e da fauna e de energia e responsabilidade social, entre outros assuntos relacionados. Os estudantes levantam os problemas e apresentam soluções, como campanhas para coleta de lixo e economia de energia, diz Keila Mayumi Matzumora de Melo, gerente de Educação Básica do Regional. Essa é uma oportunidade para alunos e professores discutir também conceitos da Agenda 21, principal documento produzido pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, a Rio-92. Educação para a vida No Conjunto Assistencial Mariza Araújo/SESI-Conar, em Belo Horizonte, o programa Escola Ecossustentável dá bons frutos: o consumo de energia elétrica foi reduzido em 20% e os alunos passaram a contribuir para a manutenção e limpeza de suas dependências e a oferecer ajuda voluntária às instituições beneficentes da comunidade. O programa foi introduzido no ano passado, mas neste ano as ações são mais contínuas. Todos os professores estão empenhados e trabalham suas disciplinas com textos, jogos e atividades com foco no meio ambiente, conta Cristina Paulinelli de Almeida Costa, gerente da unidade. O principal problema atacado é o lixo. Os professores fizeram fotos da escola limpa, quando nós chegamos, e da escola suja, quando voltamos para casa, conta Felipe Galvão de Souza, estudante do terceiro ano do ensino médio. As imagens provocaram grande impacto: Passamos a pensar duas vezes antes de jogar papel no chão, destaca. Agora, as salas de aula estão equipadas com seletores de papel para a coleta de lixo seletiva. Vendemos os papéis brancos e os recursos são revertidos em benefício da escola, salienta Cristina. Ações de preservação ambiental, integradas às atividades de responsabilidade social, têm contribuído com entidades assistenciais das imediações. Produzimos e doamos objetos com materiais reciclados a instituições, informa Felipe. Os alunos recebem também noções para o uso consciente dos materiais e insumos. Produzimos muito lixo porque consumimos demais, diz a gerente. Algumas iniciativas, como redução do uso da energia elétrica e aproveitamento da frente e do verso das folhas de papel, têm contribuído para despertar a consciência sobre o desperdício. Sabemos que podemos ter muito mais resultados, mas educar é um processo lento e leva tempo, conclui. 8 SESI GESTÃO SOCIAL agosto 2006
No final do ano, todos participam de seminário sobre o tema escolhido e a escola recebe certificado de cumprimento das metas. Um concurso de redação e a publicação de informativos também fazem parte da programação. A iniciativa ajuda muito a melhorar o ambiente na escola, destaca Keila. de 16 a 18 anos. A expectativa é que, com a realização do projeto em âmbito nacional, cerca de 6,5 milhões de estudantes sejam beneficiados nos próximos cinco anos. O prêmio estimula um dos setores que a indústria considera prioritário, a educação, diz Saab, acrescentando que o resultado desse trabalho é formar cidadãos CONSTRUINDO A NAÇÃO Na linha da educação diferenciada o SESI mantém outras parcerias para estimular alunos e professores do ensino médio e fundamental para o exercício da cidadania em suas comunidades. Uma delas é o Prêmio Construindo a Nação, lançado há cinco anos em São Paulo, pelo Instituto da Cidadania Brasil. A partir deste ano, com o apoio da CNI e do SESI, a premiação se expande para todo o território nacional. O prêmio abrangerá, ainda neste ano, a rede de ensino de Santa Catarina, Goiás, Ceará, Amazonas, Rio Grande do Sul e Paraná. O acordo prevê a participação das federações de indústrias e do SESI, que vai ajudar na expansão do prêmio. Em 2006, serão sete Estados. Vamos crescer gradualmente até atingir todo o País, diz Paulo Saab, que preside o Instituto e a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos. O Construindo a Nação premia os melhores projetos de cidadania desenvolvidos por alunos e professores em suas comunidades. Doação de sangue, família, escola, uso racional da energia elétrica e da água são alguns dos temas dos trabalhos apresentados na última edição. O prêmio mobilizou, no ano passado, em todas as etapas, 650 mil alunos, Oficialização do apoio da CNI e do SESI ao Prêmio Construindo a Nação, a partir da esquerda: Moreira Ferreira, Armando Monteiro Neto, Paulo Saab e Jorge Parente Prêmio Arte na Escola Cidadã: vencedor do projeto Expressão Musical, professor Ricardo Levi, pólo Udesc, Florianópolis (SC) MIGUEL ÂNGELO DIVULGAÇÃO agosto 2006 SESI GESTÃO SOCIAL 9
Capa Educação DIVULGAÇÃO Simone, de vermelho: formação de professores da rede pública para melhorar o ensino conscientes que participem do processo político e social e se tornem líderes empresarias, políticos e sociais. Outra iniciativa apoiada pelo SESI é o Prêmio Arte na Escola Cidadã, do Instituto Arte na Escola, criado em 2000 para desenvolver no aluno habilidade perceptiva, capacidade reflexiva e consciência crítica. O prêmio, em sua sétima edição, contempla professores de arte com projetos pedagógicos diferenciados para o ensino infantil, fundamental e médio das redes pública e privada. Os trabalhos apresentados abrangem arte visual, música, Sesinho e o meio ambiente Filhos de trabalhadores de indústrias pernambucanas estão aprendendo com o Sesinho, personagem infantil lançado pelo SESI na década de 50, o quanto é importante para o meio ambiente reciclar materiais, usar a água de maneira racional e fazer a coleta seletiva de lixo. O Sesinho passou um dia durante as férias de julho com 118 crianças, de 6 a 11 anos, filhos de funcionários da Tecnologia em Componentes Automotivos, indústria do setor de autopeças de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Elas participaram, entre outras atividades, de oficinas pedagógicas e conheceram importantes conceitos de preservação ambiental. Na parte da manhã, desenvolvemos atividades diversas, o almoço foi acompanhado dos pais, e à tarde as crianças se divertiram nas oficinas, conta Luis Mario Rolim, analista de Recursos Humanos da empresa. Montada pelo SESI Pernambuco, a oficina Mundo Encantado do Sesinho Cuidando do Meio Ambiente ensina as crianças, de maneira lúdica, como cuidar da natureza. Lápis de cera, revistas em quadrinhos, cola colorida e outros materiais recicláveis são usados nas atividades de pintura e contribuem para o aprendizado. Uma história com o personagem Sesinho, na qual a heroína é a educação ambiental, ajuda as crianças a fixar os conceitos. A oficina estrelada pelo Sesinho percorre escolas e empresas. O principal objetivo é trabalhar a revista do personagem como recurso pedagógico e proporcionar uma aprendizagem dinâmica, além da conscientização em relação ao meio ambiente, diz Érika Mocock, coordenadora do projeto. O SESI Nacional também vai usar o personagem e sua turma para difundir o conceito de criatividade, tema de uma das próximas edições da revista Sesinho, que tem mais de 1 milhão de leitores todos os meses. SESI - PERNAMBUCO 10 SESI GESTÃO SOCIAL agosto 2006
Consciência política Cidadania é o tema central da peça Alô, Alô Brasil, produzida pelo SESI Paraná em parceria com a Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp). A idéia é orientar estudantes de escolas públicas e privadas que neste ano irão votar pela primeira vez. Além de teatros, colégios servirão de palco para as 60 apresentações da peça. A temporada começou em Curitiba. Em setembro, o espetáculo percorre o interior do Estado. O texto de autoria de Anna Zétola e Luciana Narciso inclui temas como representação política, voto, patrimônio público, cooperação social, justiça e lei, contribuição fiscal e proporcional e tráfico de entorpecentes, contrabando e violência. A proposta é sobretudo transmitir aos jovens a noção de que o Estado é cidadão, explica Anna, que também é a diretora-geral da peça. A intenção é suscitar nos jovens indagações sobre como atuar objetivamente para modificar a estrutura social vigente. Ao mesmo tempo, ainda segundo Anna, pretende-se conscientizar para o valor da informação, da instrução, e disseminar novas atitudes e idéias sociais e políticas, enfatizando a importância do voto responsável. O espetáculo, que faz parte do programa SESI Cultural, usa o humor e recursos multimídia com os quais os jovens se identificam. A trama se passa numa ilha, uma metáfora do Estado, onde problemas e soluções surgem a cada momento. As cenas ao vivo ganham mais movimento com projeções simultâneas de animações. dança e teatro. Premiamos professores que, contra todas as dificuldades, conseguem um trabalho de excelência, diz Evelyn Iochpe, presidente do Instituto Arte na Escola. Os premiados têm em comum a capacidade de mobilização e de levar a arte a outras disciplinas. A edição deste ano ainda está em fase de seleção, tendo mobilizado, calcula a presidente, 468 professores, quase 60% mais que no ano passado. Evelyn Iochpe destaca a importância da parceria do SESI. Como instituição voltada para o mundo do trabalho, o SESI entende que o ensino da arte gera criatividade e tem impacto no desenvolvimento do trabalhador. A estratégia de educação diferenciada do SESI segue tendência da indústria: grandes empresas, entre as quais a Volkswagen, têm apoiado e participado de iniciativas como essa. Estamos reconhecendo e valorizando o espírito empreendedor de jovens e profissionais que olham para o coletivo, que buscam soluções à sua volta e estimulam a participação de pessoas envolvidas, diz Simone Nagai, diretora de Administração e Relações Institucionais da Fundação Volkswa- gen, uma das entidades parceiras do Prêmio Construindo a Nação. Criada em 1979, a Fundação tinha como objetivo elevar o nível de escolaridade de trabalhadores e da população. Em 2001, voltou sua atenção para as necessidades educacionais de comunidades carentes. Uma das primeiras iniciativas foi estimular a formação de professores da rede municipal, informa Simone. Com o apoio ao Prêmio Construindo a Nação, a Fundação prioriza não apenas o professor, mas o trabalho com o aluno para resolver o problema de seu entorno. Quando acreditamos no jovem, damos a ele a oportunidade de ser alguém na vida, diz a diretora. O prêmio, na opinião de Simone, é um reconhecimento, uma valorização do cidadão, o que pode contribuir para torná-lo um trabalhador e um consumidor diferenciado. Prêmio Arte na Escola Cidadã: Ser Sensível, professora Francineia Gomes Soares, pólo UnB (DF) DIVULGAÇÃO agosto 2006 SESI GESTÃO SOCIAL 11