A METODOLOGIA PROPOSTA PELO MÉTODO SPINNING, RELACIONADA COM AS ZONAS DE TREINAMENTO É COMPATÍVEL COM O PÚBLICO FREQUENTANTE DE ACADEMIAS



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Transcrição:

UNICENP CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA A METODOLOGIA PROPOSTA PELO MÉTODO SPINNING, RELACIONADA COM AS ZONAS DE TREINAMENTO É COMPATÍVEL COM O PÚBLICO FREQUENTANTE DE ACADEMIAS CURITIBA 2005

EMANUEL PEREIRA DE ANDRADE A METODOLOGIA PROPOSTA PELO MÉTODO SPINNING, RELACIONADA COM AS ZONAS DE TREINAMENTO É COMPATÍVEL COM O PÚBLICO FREQUENTANTE DE ACADEMIAS Monografia apresentada à graduação do curso de Educação Física do Centro Universitário Positivo como requisito parcial à obtenção dos títulos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física Orientador: Ms. Jackson José da Silva CURITIBA 2005

DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos aqueles que de uma forma ou de outra me influenciam e me ajudam a evoluir. iii

AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família e aos meus amigos que me apóiam e sei que sempre que puderem estarão prontos para me ajudar no que for preciso. iv

SUMÁRIO DEDICATÓRIA... iii AGRADECIMENTOS... iv RESUMO... vii 1 INTRODUÇÃO... 1 1.1 ELABORAÇÃO DO PROBLEMA... 1 1.2 JUSTIFICATIVA... 2 1.3 OBJETIVOS... 4 1.3.1 Objetivo Geral... 4 1.3.2 Objetivos Específicos... 4 2 METODOLOGIA... 6 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA... 6 2.2 LOCAL... 6 2.3 UNIVERSO DE ABRANGÊNCIA... 7 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 8 3.1 HISTÓRICO DO CICLISMO... 8 3.2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO APLICADA AO SPINNING... 11 3.2.1 Sistema ATP-CP... 12 3.2.2 Metabolismo Aeróbico... 13 3.2.3 Metabolismo Anaeróbico... 16 3.3 LIMIAR ANAERÓBICO... 16 3.4 BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO AERÓBICO... 20 3.5 VOLUME DE OXIGÊNIO (Vo2)... 20 3.5.1 Volume de Oxigênio Máximo (Vo2 máx)... 21 3.6 ZONAS DE INTENSIDADE EM UMA AULA DE SPINNING... 23 3.7 TREINAMENTO ESPORTIVO... 25 3.8 TREINAMENTO DE CICLISMO... 27 3.8.1 Longa Duração e Intensidade Moderada... 27 3.8.2 Treinamento Fartlek ou Jogo de Velocidade... 27 3.9 CICLISMO DE ESTRADA... 27 3.9.1 Provas de Longa Distância... 28 3.10 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO APLICADOS AO SPINNING... 29 v

3.11 TÉCNICA DO SPINNING... 31 3.11.1 Posição das Mãos... 31 3.11.1.1 Posição Um... 31 3.11.1.2 Posição Dois... 31 3.11.1.3 Posição Três... 32 3.12 PERFIL DE ALUNOS EM ACADEMIAS... 32 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 34 REFERÊNCIAS... 36 vi

RESUMO O presente estudo visou abordar o treinamento de ciclismo indoor, Spinning como uma nova forma de atividade sistematizada para academias de ginástica. A aula/treino de Spinning é uma aula de ciclismo feita em grupo, praticada inteiramente sobre uma bicicleta estacionária. O método Johnny G Spinning é capaz de simular os mesmos terrenos enfrentados pelos ciclistas na rua, como os planos e subidas, mas com muito mais segurança e controle. As zonas de intensidade de treinamento são as mesmas do treinamento de rua, mas como é em ambiente fechado, o controle da intensidade é feita com maior facilidade. O controle da intensidade é feita inteiramente pelo aluno, seja pela resistência aplicada na roda da bicicleta, ou pela sua freqüência cardíaca que poderá ser controlada por frequencímetros cardíacos ou manualmente. Com o monitoramento da frequencia cardíaca é possível que os objetivos do trabalho sejam alcançados com maior eficiência, proporcionando também uma segurança a mais ao professor que é o controle da freqüência cardíaca do aluno praticante desta modalidade. Essas intensidades de esforços são calculadas de acordo com a idade e nível de condicionamento de cada praticante. Fatores como os tipos de metabolismos aeróbios e anaeróbios, sistemas energéticos, benefícios do treinamento físico, zonas de intensidades da frequência cardíaca, treinamento esportivo visando o rendimento físico, princípios do treinamento, formas de treinamento, tipos de treinamento e perfil dos alunos que freqüentam academias são abordados para que a aproximação deste novo método com o ciclismo de rua seja comprovado. Parece que este método é um treinamento eficaz nas academias, já que é um método controlado e baseado em meios de treinamento esportivo e motivador aos praticantes. Palavras chave: ciclismo indoor, spinning, zonas de intensidades, freqüência cardíaca vii

1 INTRODUÇÃO O treinamento dos ciclistas nas ruas é dificultado por diversos motivos, entre eles podem ser citados, os problemas ocasionados pela natureza (sol, chuva, ventos), problemas ocasionados pela criminalidade, segurança no trânsito (atropelamentos), entre outros. Com todos esses problemas, surgiu a necessidade de criar um método de treinamento de ciclismo executado dentro de uma sala de aula (academia), em ambiente fechado (indoor). Este método de treinamento indoor, recebeu o nome de Spinning, e teve como criador o ciclista Sul-Africano Johnny G, apelido de Jonathan Goldberg. Tem como base manter os princípios do treinamento desportivo dividindo-se em sessões de trabalho, sendo aplicado em academias de ginástica pelo mundo todo. As pessoas que cada vez mais buscam as academias estão dispostas a praticar atividades diferentes, quebrando a monotonia; com isso o treinamento de ciclismo indoor (Spinning) tem sua entrada por ser uma aula motivante, com o uso da música, e com uma duração aproximada de quarenta e cinco minutos à uma hora. O controle da frequencia cardíaca e a integração das zonas de energia (zonas de intensidade) é uma ótima forma de controle para que haja um ótimo condicionamento físico. Este trabalho pretende discutir a aplicabilidade dessa metodologia que cada dia acolhe mais adeptos em todo o mundo dentro das academias. 1.1 ELABORAÇÃO DO PROBLEMA O Método Johnny G Spinning 1 simula em sala de aula de academias os terrenos enfrentados pelos ciclistas de estradas amadores e profissionais. Na metodologia proposta durante as aulas 1 Spinning é um programa criado por Jonathan Goldberg (Johnny G.) e advém da palavra Spinner, que significa bicicleta estacionária para treinamento.

2 também chamadas de sessão treino, cada aluno tenta alcançar seu objetivo de formar individual, apesar da aula ser realizada em grupo. O que menos importa nesse programa é o gasto calórico, o propósito principal do método é a melhoria do condicionamento físico. O importante é a capacidade de fazermos a mente ensinar o corpo que é chegada a hora de se exercitar (FALSETTI, 1999). As sessões treinos são estruturadas em períodos de treino, de acordo com etapas de condicionamento, propostas como zonas de energia. Estas zonas podem ser divididas em fases aeróbias e/ou anaeróbias. Para que o exercício seja anaeróbico, o treinamento deverá ter uma intensidade quase máxima; este tipo de treinamento visa uma maior hipertrofia nos músculos, que no caso do Spinning e no ciclismo de estrada é principalmente nos membros inferiores. O exercício aeróbico pode ser orientado pela freqüência cardíaca, pelo limiar anaeróbio e pelo volume de oxigênio máximo; neste tipo de treinamento, as alterações fisiológicas são observadas em quase todos os sistemas do corpo, particularmente dentro dos músculos esqueléticos e no sistema cardiorrespiratório (FOSS e KETEYIAN, 2000). Com base neste estudo sobre a relação do Método Johnny G. Spinning com o ciclismo de estrada levanta-se o seguinte problema: A metodologia proposta pelo método Johnny G. Spinning, relacionado com as zonas de treinamento é compatível com o público freqüentador de academias? 1.2 JUSTIFICATIVA O Método Johnny G Spinning foi criado através do ciclismo de estrada. As zonas de treinamento, bem como as situações que um ciclista passa em uma estrada foram passadas para uma sessão treino em uma bicicleta estacionária.

3 O aluno que queira praticar esse tipo de modalidade, mas que não seja indoor 2 ; ou seja, dentro da academia em ambiente fechado; passa por vários riscos, dentre estes: Riscos ocasionados pela natureza (sol, chuva, ventos) e riscos diretamente ligados à criminalidade e segurança no trânsito (como atropelamentos) e, além disso, não consegue manter a intensidade do treinamento, devido a fatores imprevistos como: presença de carros, pessoas, alteração de clima, má sinalização das ruas e estradas defeituosas. Com o Spinning, realizado em ambiente fechado, esses fatores não atrapalham o treino, o praticante conseguirá simular vários tipos de percursos os quais eram feitos em ambiente aberto, com muito mais segurança. A aula de Spinning 3,é uma aula de ciclismo feita em grupo, praticada inteiramente em uma bicicleta ergométrica desenhada para a modalidade que lhe permite facilmente ajustar a resistência ao seu próprio nível de treinamento. Ao praticá-lo, você naturalmente entra num programa individualizado de trabalho, fortalecendo a musculatura dos membros inferiores e obtendo melhora do volume de oxigênio máximo (VO 2 - condicionamento cardiorrespiratório). Os exercícios simulam vários tipos de percurso de bicicleta, como subida, ladeiras e pedaladas no plano, em paisagens diversas (FALSETTI, 1999). As zonas mais baixas de frequência cardíaca, sessenta à setenta e cinco por cento da frequência cardíaca máxima (60-75%) promovem a metabolização de gorduras. As zonas intermediárias, setenta e cinco à oitenta por cento da frequência cardíaca máxima (75-80%) aumentam a resistência e a capacidade aeróbica. As zonas mais altas promovem a elevação do limiar anaeróbico, ou seja, tendo o objetivo do trabalho de resistência muscular do aluno (FALSETTI,1999). No método proposto o aluno normal da academia deve ser exposto a cargas de treinamento bem próximas as quais são submetidos ciclistas profissionais, tendo que respeitar também outras 2 Indoor significa ambiente fechado 3 Spinning é palavra inglesa que significa movimento giratório ou algo que gira.

4 variáveis do treinamento: recuperação, sessões de exercícios semanais, etc., porém não é em cem por cento dos casos que o aluno procura a academia para seguir essa rotina rígida de treinamento, esta interessado em outros valores desse ambiente como: social, pratica prazerosa de atividade física. Este trabalho se justifica pela necessidade de saber se realmente o método Johnny G Spinning que trabalha com as zonas de treinamento e com métodos do ciclismo de estrada é adequado à maioria dos alunos que freqüentam uma academia. 1.3 OBJETIVOS Sabendo-se da importância da prática do exercício físico para a melhora ou manutenção das condições orgânicas, buscam-se dados para verificar qual a real aplicabilidade da metodologia proposta pelo método Johnny G Spinning com os alunos freqüentantes de academia. Os seguintes objetivos, geral e específicos descritos visam demonstrar esta importância. 1.3.1 Objetivo Geral Identificar se a metodologia de aula proposta por Johnny G Spinning é compatível com o público que freqüenta as academias de ginástica. 1.3.2 Objetivos Específicos 1.3.2.1 Descrever as zonas de treinamento do método Johnny G Spinning; 1.3.2.2 Estabelecer o perfil dos alunos que freqüentam academias atualmente;

5 1.3.2.3 Identificar a viabilidade de aplicação das zonas de treinamento do método Johnny G. Spinning, para os alunos que praticam o Spinning com a finalidade de melhora da qualidade de vida.

2 METODOLOGIA A pesquisa de cunho bibliográfica foi muito freqüente nos últimos tempos (SILVA e SILVA, 2002). A metodologia é o que garante a sistematização da pesquisa, bem como a investigação das referências e estudos já pesquisados. A metodologia é um instrumento da pesquisa para se chegar à ciência. Com a pesquisa é possível descobrir as realidades, as verdades; mas sempre terá o que se descobrir, pois pesquisa é um fenômeno que nunca se esgota. Para essa pesquisa bibliográfica foram necessários que se realizassem estudos que continham esclarecimentos metodológicos, que facilitassem a compreensão do pesquisador em assuntos já pesquisados, a fim de buscar futuramente novas descobertas sobre o assunto proposto. Conforme LAKATOS (1985), toda pesquisa parte de estudos já realizados. Por isso é de fundamental importância a pesquisa bibliográfica. 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Esta é uma pesquisa bibliográfica, de levantamentos de dados, descritiva, que tem por objetivos conhecer trabalhos e pesquisas realizados em fisiologia do exercício e métodos de treinamento de ciclismo (GIL, 1994; SANTOS, 1999). 2.2 LOCAL Os locais utilizados para coleta de dados foram: a Biblioteca da Unicenp, Internet, periódicos e entrevista feita com o Coordenador do Centro Esportivo Velódromo de Curitiba, Professor Adir Luiz Romeo, CREF. 3837 G/PR.

7 2.3 UNIVERSO DE ABRANGÊNCIA Os resultados obtidos nessa pesquisa poderão ser aplicados nas academias de ginástica como forma de preparação de indivíduos que queiram melhorar sua forma física e também sua performance. Os métodos de treinamento e a técnica do ciclismo são abordados de modo a que os resultados estejam disponíveis às pessoas interessadas no tema pesquisado. O método Johnny G. Spinning, que foi abordado neste estudo, é uma forma diferente de treino de ciclismo indoor.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Nesta revisão bibliográfica foram abordados como principais tópicos: a origem do ciclismo e o método de ciclismo indoor, Spinning. Os sistemas de energia que são utilizados durante o exercício físico, seu metabolismos tanto aeróbicos quanto anaeróbicos. As zonas de intensidade do treinamento indoor e ciclismo de rua. O treinamento de ciclismo e seus métodos, acabando com a discussão sobre o atual perfil dos alunos nas academias. 3.1 HISTÓRICO DO CICLISMO Leonardo Da Vinci, famoso pintor italiano, que viveu entre 1452 1519, desenhou um velocípede que se locomovia através de uma corrente que só foi adotada nas bicicletas em 1885 (ALGARRA, 1996). Outros relatos de bicicletas foram feitos em 1642, quando contavam que um anjo apareceu sentado sobre uma viga em forma de cavalo marinho, sobre duas rodas, em um vitral de uma igreja na Inglaterra (ALGARRA, 1996). Na Alemanha, há um modelo de bicicleta em um museu, chamada bicicleta de Kassler, que teria sido feito em 1761. No entanto, os franceses dizem que ela foi feita na França. (OLIVEIRA, 2001). Já em 1791, um francês de nome Sivrac, fez uma bicicleta composta de uma viga de madeira com duas rodas, mas sem direção móvel. Com isso, ela só tinha uma direção que era em linha reta. Este veículo é considerado o protótipo da bicicleta que hoje conhecemos, e foi chamado de celerífero 4 (OLIVEIRA, 2001). Em 1817 a bicicleta recebeu um jogo de direção que tornava possível a mudança de direção. Seu inventor foi o alemão Karl Von 4 Máquina composta por uma viga e duas rodas. A forma e propulsão se davam com a sola dos pés, exercendo repetidas pressões no chão. Não existia direção móvel e certamente o veículo só andava em linha reta.

9 Drais e o nome que ela recebeu foi draisina 5 (OLIVEIRA, 2001). Nessa época a bicicleta ainda não tinha pedal, e sua locomoção era através de impulso com os pés no chão. A bicicleta adquire outra forma em 1840, quando um ferreiro escocês muda a forma da bicicleta, fazendo uma roda dianteira maior que a traseira e adicionando o pedivela, melhorando sua locomoção. Porém, locomover-se com esta bicicleta era difícil, desconfortável e perigoso, considerado por alguns como uma acrobacia (ALGARRA, 1996). A bicicleta foi sendo aperfeiçoada, suas rodas foram redimensionadas, incluíram-se os freios, quadro em forma de trapézio, guidão ligado diretamente à roda dianteira e tração traseira por corrente. O inglês Dunlop (1888) patenteou um pneu que era um rolo feito de pano engomado cheio de ar. E os irmãos Michelin foram os responsáveis pela criação das câmaras de ar com válvula protegida por outro tubo de borracha. Este é o pneu propriamente dito e poderia ser removido e substituído sempre que sofresse um dano. A partir de 1861, os franceses Pierre e Ernest Michaux aperfeiçoaram o pedal e então se iniciou a comercialização da bicicleta na Europa e depois na América. Com isso, as bicicletas tiveram um avanço tecnológico importante, com a criação de diversos materiais que hoje estão adequados ao uso, para circularem nas cidades, nas estradas, nas montanhas e até na guerra. (OLIVEIRA, 2001). Para cada terreno existe uma bicicleta apropriada. Para um terreno mais acidentado com trilhas deve-se usar uma bicicleta feita para esse uso que é a Mountain Bike. Para estradas asfaltadas, sem irregularidades e buracos, existe uma bicicleta especialmente projetada para uso. Nesse caso, usa-se em competições clássicas de ciclismo, seja em pelotões e em competições individuais. Existem na atualidade com a grande difusão do ciclismo, bicicletas ergométricas ou bicicletas elétricas. Entretanto, os alunos não apreciam muito esse tipo de 5 Modelo similar ao celerífero, com o mesmo tipo de propulsão, porém com um jogo de direção.

10 atividade, pois não têm a motivação de uma pedalada na rua ao ar livre. Com isso, deixam de fazer a atividade na bicicleta, preferindo muitas vezes usar a esteira elétrica. Como o ciclismo depende do tempo para sua prática, apareceu uma nova forma de se pedalar dentro de uma sala e com uma bicicleta estacionária. Este método se chama Spinning, e foi criado nos estados Unidos, em 1.995, pelo ciclista sul-africano Johnny G, apelido de Jonathan Goldberg. Depois de vivenciar quase duzentos mil quilômetros (200.000 km) de percursos feitos em campeonatos e em treinamentos de ciclismo. Com diversas participações no Race Across América (corrida que atravessa os Estados Unidos de costa a costa e, é considerada uma das corridas de longa distância mais dura do mundo). Devido ao inverno rigoroso, que impedia as atividades outdoor, Johnny G criou um programa de treinamento em ambiente fechado, inventando uma bicicleta especial, já que as bicicletas estacionárias não suportavam o estresse dos movimentos do ciclismo reais. Esta bicicleta, desenhada pelo presente autor e fabricada e comercializada pela Schwinn (EUA), foi chamada de Spinner e o programa ficou conhecido em 1987 como Spinning (MELLO e DANIELLI, 2004). Segundo MELLO (2000), neste programa são simulados os movimentos do tracking, por meio de técnicas de visualização e motivação, propiciando um programa de treinamento contínuo ou intervalado, visando a manutenção e melhora do sistema cardiovascular. HOWARD (2001) destaca que essas bicicletas seguem os mesmos padrões de tamanho e distância que os de uma bicicleta de rua, havendo ainda a possibilidade de usar pedais de encaixe, aproximando ainda mais da realidade de treinamento, permitindo a regularidade do treinamento de ciclismo e também simular as dificuldades físicas e mentais encontradas numa prova de ciclismo. A certificação como professor (instructor) do programa Johnny G Spinning, é um processo de treinamento intensivo de quatro meses, com cinqüenta horas e/ou créditos de estudo, composto por três

11 estágios: Orientation Weekend (final de semana), é um curso teórico prático de quatorze horas de duração (quatorze créditos) que irá introduzir o professor a todas as três fases do programa Johnny G Spinning, são estas: A primeira fase que define os movimentos básicos, como posições de mãos/pegadas e os movimentos do ciclismo no plano e na subida - a segunda fase visa demonstrar movimentos combinados, formando um trecho de estrada contínuo, nesta fase é ensinada também as técnicas de ensino sobre e fora da bicicleta como motivação e visualização na última fase (terceira fase), acontece a somatória de todas as anteriores e o emprego das zonas de energia Spinning, para que aconteça o monitoramento e controle da intensidade da aula. O segundo estágio para a certificação no programa é uma prova de avaliação que está anexada juntamente com o manual do programa, que no ato da inscrição é entregue. A prova é objetiva, contém questões relacionadas com o programa e questões de fisiologia básica. Esta deverá ser respondida e mandada por correio após dois meses no mínimo de conclusão do orientation, pois deverá ter um tempo mínimo de estudo. Para que o professor comece o último estágio para a certificação no programa Johnny G Spinning, é necessário que ele tenha completado todos os estágios anteriores atingindo uma nota mínima na avaliação objetiva. Nesta última etapa, é necessário que seja solicitado por e-mail que o departamento educacional envie a última avaliação que é discursiva. Passando desta fase, o professor receberá a Certificação Completa do Programa de Instrutor Johnny G Spinning (Black Card) e estará apto a lecionar aulas/treino de Spinning. 3.2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO APLICADA AO SPINNING Para que o organismo consiga trabalhar e executar as atividades físicas, são necessárias várias reações químicas para a produção de energia. A geração de energia é diferente para cada tipo de metabolismo, esses são os assuntos abordados neste item.

12 De acordo com sua duração e intensidade, cada atividade física exige a ativação de sistemas energéticos específicos. Existem três sistemas de transferência de energia: ATP-CP, aeróbico (ou sistema oxidativo) e anaeróbico lático (ou sistema glicolítico) (MELLO, 2000). O objetivo de cada sistema é liberar energia dos produtos químicos ou alimentos e transformá-las em ATP podendo assim ser utilizados nas contrações musculares e atividades físicas (AFAA, 1994). 3.2.1 Sistema ATP-CP O ATP é o combustível responsável pela contração muscular, sendo que a capacidade do músculo de estocar seja contínua e que ocorra o movimento, o ATP precisa ser regenerado constantemente. Para isto, é necessário que outros sistemas de transferência de energia entrem em ação (MELLO, 2000). No sistema ATP-CP, a energia para ressíntese do ATP provém de um único composto, a fosfocreatina (PC), sendo caracterizado por atividade de alta intensidade e duração de, aproximadamente, quinze segundos. São movimentos ou gestos esportivos potentes, que utilizam a qualidade física força explosiva (MELLO, 2000). O sistema fosfogênio (ATP-CP), gera energia para a contração muscular no início da atividade e em exercícios de curta e de alta intensidade. A recuperação da creatina fosfato exige que seja sintetizado ATP e somente ocorre durante a recuperação do exercício (POWERS e HOWLEY, 2000). Este processo de geração de energia requer poucas reações químicas, não requer oxigênio e o ATP e o PC estão armazenados e disponíveis no músculo. Segundo McARDLE e outros (1992), todos os desportos exigem a utilização dos fosfatos de alta energia (ATP e PC), dependendo da atividade ela conta quase que exclusivamente com esse meio para a transferência de energia, como: voleibol,

levantamento de peso, e no ciclismo as execuções de aceleração e saltos. 13 3.2.2 Metabolismo Aeróbico Os exercícios aeróbicos referem-se às atividades que exigem oxigênio como fonte principal para a produção de ATP (Adenosina Trifosfato; molécula que fornece energia para todos os processos biológicos existentes dentro do organismo). O metabolismo aeróbico é utilizado durante o repouso e predomina durante os exercícios de baixa e longa duração (dois minutos à duas a três horas) (BOMPA, 2002). Ao contrário do metabolismo anaeróbico, em que apenas o carboidrato é utilizado como substrato energético, o sistema aeróbico, que utiliza oxigênio, libera energia para a produção de ATP por meio da desintegração (transformação) principalmente de carboidratos e gorduras e, em casos de duração extrema, as proteínas, para dióxido de carbono e água. A produção de ATP está presente tanto nas reações anaeróbicas (sem oxigênio; ATP-PC e glicólise anaeróbica que é o sistema que produz ácido lático) quanto nas reações aeróbicas (com oxigênio). A maior parte do ATP é produzida no sistema do oxigênio, mas é necessário que ocorra várias séries de reações químicas complexas. Na primeira série de reações com a presença dos carboidratos, que é a glicólise aeróbica, o glicogênio é transformado em ácido pirúvico e em seguida no Ciclo de Krebs o dióxido de carbono é produzido e os elétrons na forma de átomos de hidrogênio, são removidos. Nesta fase final os átomos de hidrogênio removidos são transportados até as mitocôndrias onde se combinam com o oxigênio que respiramos, onde resultará na formação de água e a síntese de ATP. Com as gorduras as reações são as mesmas, com exceção da primeira fase que é chamada de oxidação beta e prepara os grupos acil

14 com dois carbonos que irão penetrar no Ciclo de Krebs (FOSS E KETEYIAN, 2000). Além do mais, o metabolismo aeróbico é o mais eficiente do ponto de vista de produção energética, pois além de sintetizar ATPs sem acúmulo de ácido lático, por essa via, forma-se muito mais ATPs comparativamente com a via anaeróbica (MCARDLE, KATCH e KATCH, 1991). A produção de energia por via aeróbica resulta do produto final de um complexo processo de reações que ocorrem no interior da mitocôndria, com a participação de enzimas oxidativas, levando à quebra de carboidratos na forma de glicose, e de gorduras na forma de ácidos graxos livres, em moléculas de ATP, dióxido de carbono e água. Deve-se ressaltar que as proteínas, na forma de aminoácidos, somente entram em ação na produção de ATPs quando as exigências energéticas são extremamente elevadas e as fontes dos demais substratos já se encontram bastantes reduzidas (MCARDLE e outros, 1998). O sistema aeróbico é um complexo de vários componentes diferentes. Por causa de sua habilidade de utilizar carboidratos, gorduras e proteínas como fonte de energia e porque produz somente o CO 2 e água como produto final, esse sistema tem capacidade ilimitada de produzir ATP. Sua complexidade e necessidade por constante suprimento de oxigênio é que limita a produção de ATP. Esse sistema fornece energia para exercícios de intensidade baixa para moderada. Fornece energia para atividades como dormir, descansar, sentar, andar e outros. Quando a atividade vai se tornando um pouco mais intensa a produção de ATP fica por parte do sistema do ácido lático e ATP-CP. Atividades mais intensas como caminhada e ciclismo também são supridas em parte pelo sistema aeróbico, até que a intensidade atinja o nível moderado-alto (acima de oitenta por cento da Freqüência Cardíaca Máxima Abaixo do Limiar Anaeróbico), depois é recrutado para suprir energia suplementar.

15 O fornecimento de energia através de reações aeróbias poderá ser feita também, pela oxidação dos ácidos graxos, que são derivados das gorduras estocadas no organismo. Este processo é conhecido como beta oxidação e produz maiores quantidades de energia que os outros processos, porém a liberação desta energia ocorre de forma mais lenta. O treinamento aeróbico ou cardiorrespiratório propicia a melhora da capacidade da circulação central no fornecimento de oxigênio, assim como o melhor aproveitamento do oxigênio pelos músculos ativados durante a execução do exercício permite ao indivíduo o desenvolvimento da capacidade de sustentar por um longo período de tempo, uma atividade física em condições de equilíbrio fisiológico (homeostase), ou seja, em "steady state". Essa expressão inglesa significa o período de tempo durante o qual uma função fisiológica (VO 2 - Fc) se mantém em um valor constante ( steady ) (FOSS e KETEYIAN, 2000). Estado estável e homeostasia são termos indistintos, pois a homeostasia se refere à manutenção de um ambiente interno, que não tenha sofrido nenhum estresse. O termo estado estável se refere ao ambiente interno que esteja constante, e que tenha sofrido algum estresse, ou seja, é o período onde ocorrem os processos de estabilização do organismo quando sua função fisiológica é alterada com o exercício físico (POWERS e HOWLEY 2000). O condicionamento aeróbico é reversível assim como qualquer tipo de treinamento, ou seja, os efeitos benéficos do treinamento não são cumulativos, mas, transitórios, acometendo mesmo os atletas com anos de treinamento. Processando-se com certa rapidez, após uma ou duas semanas, o princípio da reversibilidade ou o destreinamento afeta os índices de volume de oxigênio máximo reduzindo a performance do indivíduo. Volume de Oxigênio máximo (VO 2máximo ) é o volume máximo que o organismo de um indivíduo tem de captar e utilizar o oxigênio do ar para gerar trabalho. (MERLE L. FOSS e STEVEN J. KATEYIAN, 2000).

16 3.2.3 Metabolismo anaeróbico (acima do limiar anaeróbico) Quando a atividade vai se tornando um pouco mais intensa a produção de ATP fica por parte do sistema ácido láctico e ATP-CP. Quando a intensidade atinge o nível moderado-alto (acima de 80% da Frequência Cardíaca Máxima), a glicólise anaeróbica é recrutada para suprir energia suplementar. As reações químicas anaeróbicas geram energia rapidamente por curtos períodos sem oxigênio. Essa energia torna possível um alto padrão de desempenho necessário em determinadas atividades esportivas que necessitem de velocidade máxima e de curta duração (McARDLE; KATCH e KATCH, 2002) O sistema ATP-CP é predominante em todas as atividades caracterizadas por alta intensidade e curta duração, tendo como fator de limitação o estoque intracelular de creatina-fosfato, composto que armazena energia química nas ligações entre o radical fosfato (PO 4 ) e a molécula de creatina. Os exercícios anaeróbicos sempre são interrompidos devido à fadiga, exigindo intervalos de recuperação para a sua continuidade. Nos esforços anaeróbicos prolongados, os mecanismos de captação e transporte de oxigênio são atingidos plenamente, chegando a atingir o volume máximo de oxigênio do indivíduo. O ácido láctico que é formado no metabolismo anaeróbico com o exercício físico, é oxidado pela via aeróbica paralela, com isso ocorre a eliminação do lactato durante o exercício (GHORAYEB e BARROS, 1999). 3.3 LIMIAR ANAERÓBICO Existem basicamente dois tipos de limiares: o limiar aeróbico que representa o ponto onde a produção de lactato é aumentada, mas ainda existe um equilíbrio entre produção e remoção do nível de lactato no

17 sangue, onde as fontes aeróbias de energia continuam sendo predominantes no fornecimento de energia para a atividade. O limiar anaeróbico que representa o ponto onde o metabolismo anaeróbio é aumentado e com isso a produção de lactato é aumentada desproporcionalmente ao que vinha acontecendo nas intensidades inferiores de exercício; como resultado desses aumentos, a fonte energética aeróbia não consegue mais manter "sozinha" (predominantemente) o fornecimento de energia, passando a necessitar de ajuda das fontes anaeróbias, que acentuam o acúmulo de lactato induzindo à fadiga precocemente. O volume máximo de oxigênio e o limiar anaeróbico é diferente para indivíduos treinados e destreinados (MERLE L. FOSS e STEVEN J. KATEYIAN, 2000). Os testes que visam determinar o condicionamento cardiovascular do indivíduo são feitos, na maioria dos casos em esteiras ou em bicicletas ergométricas (POWERS e HOWLEY, 2000). O Limiar Anaeróbio já está sendo utilizado nas maiores e melhores academias e clubes do país, e vem se demonstrando como a melhor referência para a atividade física de longa duração (CEFISE). Para a detecção do limiar anaeróbico através do lactato, é necessário um certo grau de especificidade já que é necessária a coleta de amostras de sangue e de análise dessas amostras. Uma outra maneira para se detectar o limiar anaeróbico é a obtenção de um teste de esforço físico na esteira ou bicicleta que consistem na observação da ventilação minuto e outras variáveis das trocas gasosas, como a produção de dióxido de carbono. Essas variáveis aumentam linearmente, e com isso é possível traçar em linha reta as variáveis, com cargas de trabalho cada vez maiores, até se alcançar o limiar anaeróbico (BOMPA, 2002). Em qualquer intensidade de exercício existe produção de lactato, porém em intensidades abaixo do limiar esse lactato não se acumula, pois a velocidade de remoção é igual à velocidade de produção. O lactato só vai se acumular quando a velocidade de remoção for inferior

18 à velocidade de produção. O Limiar Anaeróbio pode ser expresso em: VO 2 : ml.kg-1. min-1; Carga: km/h, mph, watts, kp, etc. e Frequência Cardíaca: bpm. Para SANTOS (2002), limiar anaeróbio (Lan) é o limite crítico (intensidade limiar) para além do qual, qualquer aumento na intensidade de exercício, determina um rápido aumento da lactato. Assim, o limiar anaeróbico corresponde à carga mais elevada em que ocorre um equilíbrio entre a produção e a remoção de ácido láctico. Conforme citado por BALAKIAN (1996), o Limite Anaeróbico é uma variável mais precisa que o volume máximo de oxigênio, quando se objetiva avaliar a capacidade de rendimento em provas de predominância aeróbia. "À medida que a atividade torna-se mais intensa, a produção de ácido láctico extrapola a capacidade de metabolização intracelular da fibra, passando a difundir em maior quantidade para o sangue. Essa concentração, atingindo determinados patamares (pela própria limitação da capacidade de metabolização do organismo como um todo), pode diminuir drasticamente a duração da atividade gerando pontos de acúmulo comumente chamados de "limiares". A denominação que recebem dependerá da corrente de autores adotada: podemos encontrá-los na literatura descrito como limiar anaeróbio, limiar de lactato, início de acúmulo do lactato sanguíneo (OBLA) ou ainda aeróbio." (FARINATI e MONTEIRO,1992).... o treinamento pode alterar marcadamente as respostas de produção e remoção de lactato de um grupo muscular face à um trabalho específico, sem que com isso haja reflexos significativos no volume de oxigênio máximo, mais influenciado por fatores centrais. Pode-se, assim, ter dois indivíduos com a mesma capacidade máxima de consumo de oxigênio que, trabalhando numa mesma intensidade relativa de consumo tenham concentrações bem diferentes de lactato sanguíneo... (FARINATI e MONTEIRO, 1992). A utilização da intensidade de exercício de recuperação expresso relativamente ao LA, demonstra uma melhor resposta de remoção de lactato em contraste com a intensidade expressa como

19 porcentagem do volume de oxigênio máximo (STAMFORD e outros, 1981; BALAKIAN, 1996). O limiar anaeróbio pode ser determinado pela identificação do ponto no qual volume de ejeção do volume de oxigênio mostra um aumento enquanto o volume de ejeção do volume de gás carbônico se mantém relativamente estável. O limiar anaeróbio tem sido usado como uma técnica não invasiva para estimar limiar de lactato" (WILMORE e COSTILL, 1994). "Para exercícios de intensidade acima do limiar anaeróbico ventilatório (LAV), uma rápida acumulação de ácido láctico no sangue e nos músculos pode impedir uma atividade prolongada. Portanto, os participantes de programas aeróbios de exercícios são condicionados a manter a intensidade de exercício abaixo do limiar anaeróbico ventilatório (LAV)" (ACSM, 1994). Embora ainda exista muita polêmica em torno das metodologias e terminologias empregadas para identificar as respostas do lactato durante o exercício progressivo; diferentes estudos têm mostrado que a utilização dos limiares (limiar de lactato (LL), limiar anaeróbico (L.Ana), início de acúmulo de ácido láctico(obla), e limiar ventilatório (LV) ), é o índice mais adequado, superando inclusive o volume de oxigênio máximo, para a prescrição da intensidade do exercício (a carga se tornando mais relativa à capacidade individual de cada sujeito), controle dos efeitos do treinamento e predição da performance" (DENADAI, 1995). De acordo com COSTILL (1973) e DAVIS (1979), o limiar anaeróbico é uma variável mais precisa que o volume de oxigênio máximo, quando se objetiva avaliar a capacidade de rendimento em provas de predominância aeróbia. De acordo com HENIANSEM e STENSVOLD (1986), a recuperação ativa aumenta a remoção do lactato a partir da circulação. A identificação de uma ótima intensidade de exercício de recuperação tem sido alvo de várias pesquisas apresentando resultados conflitantes, sugerindo uma intensidade ótima com uma variação de

vinte e dois por cento a sessenta e três por cento (22-63%) do volume de oxigênio máximo. 20 3.4 BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO AERÓBICO Usando um monitor cardíaco, ou fazendo o controle manualmente da freqüência cardíaca nas sessões de treinamento, e focando um trabalho aeróbico, os seguintes objetivos poderão ser alcançados: metabolismo de gordura: o corpo prefere gordura como combustível quando se exercita em níveis aeróbicos; melhor performance: exercícios aeróbicos aumentam o volume de oxigênio máximo em destaque durante uma performance de endurance; Fortalecimento do sistema imunológico: conduzir exercícios aerobicamente promove um stress moderado, isto permite que o corpo experimente aumentos constantes em sua saúde e nível de aptidão. O exercício realizado que não ocorra desconforto gera um aumento de motivação ao aluno praticante da modalidade; Mais energia: o exercício aeróbico é energizante para o seu corpo, por isto terá mais disposição para o dia a dia. 3.5 VOLUME DE OXIGÊNIO (VO 2 ) O volume de oxigênio refere-se ao consumo de oxigênio pelo organismo em uma determinada intensidade de exercício em uma unidade de tempo. O volume de oxigênio máximo no exercício aumenta, resultado de várias reações, como o aumento da frequência cardíaca. A mensuração do consumo de oxigênio durante o exercício constitui o meio mais válido de determinar a potência aeróbica máxima (VO 2 máx ) de uma pessoa (MERLE e KATEYIAN, 2000).

21 3.5.1 Volume de Oxigênio Máximo (VO 2 máx ) O volume de oxigênio máximo (VO 2 ) mede o volume máximo que uma pessoa é capaz de absorver o oxigênio em um minuto. Ele é um dos referenciais da capacidade que o atleta tem de se manter em exercício aeróbio por mais tempo, ou seja, de correr provas de longa duração. Para que se atinja o volume de oxigênio máximo, é necessário que se atinja a freqüência cardíaca máxima. De acordo com MERLE e KATEYIAN (2000), a mensuração do consumo de oxigênio é aceito como a melhor medida da capacidade funcional do sistema cardiorrespiratório (aptidão cardiorrespiratória). O volume de oxigênio máximo depende de idade, sexo e dimensão/composição corporal. Tanto as mulheres quanto os homens alcançam sua potência aeróbica máxima por volta dos quinze aos vinte anos de idade. Para a maioria da população, ocorre um declínio gradual do volume máximo de oxigênio com a idade aproximadamente dez por cento por década, que começa por volta dos trinta anos. O volume de oxigênio máximo nas mulheres é quinze por cento a vinte e cinco por cento abaixo do dos homens. As razões para isso são de que as mulheres possuem mais gordura corporal essencial que os homens e que a concentração de hemoglobina das mulheres é mais baixo que nos homens (MERLE e KATEYIAN, 2000), O volume de oxigênio máximo pode ser melhorado de cinco por cento a quinze por cento com a prática de exercício físico (BOMPA, 2002). De acordo com TAYLOR (1955) e ASTRAND (1956), o volume de oxigênio máximo, que é uma boa medida de caráter geral dos fatores cardiorrespiratórios e metabólicos que afetam a capacidade máxima do organismo em captar, transportar e utilizar o oxigênio, foi durante muito tempo considerado o melhor índice para determinar a performance em esportes de longa duração. O volume de oxigênio máximo pode ser utilizado para identificar altos níveis de talento no ciclismo, sendo que o mesmo não consegue

22 predizer performance quando os atletas apresentam níveis similares de potência aeróbia máxima (BARBEAU e outros. 1993; COYLE. 1995). BARBEAL (1993) determinou que o volume de oxigênio máximo não distingue estado de treinamento em ciclistas de elite, e que as adaptações fisiológicas durante exercícios de intensidade sub-máxima proporcionam melhores informações sobre estado de treinamento em ciclistas Em termos gerais, podemos afirmar que quanto maior for o consumo máximo de oxigênio de um ciclista, maior será a capacidade deste em garantir o aporte energético necessário através de um processo metabólico (pela via aeróbia), e consequentemente alcançar melhores resultados (CRAIG e NORTON, 2001). Segundo ALGARRA e GORROTXATEGI (1996), comparativamente com outros desportos, os ciclistas apresentam valores de volume de oxigênio máximo dos mais altos entre atletas de alto nível competitivo, só superado por maratonistas e esquiadores de fundo. GOLLNICK e SALTIN (1982) propõem que o volume de oxigênio máximo e a capacidade de resistência em exercícios sub-máximos são limitados por diferentes mecanismos, ou seja, o volume de oxigênio máximo parece estar relacionado com fatores cardiovasculares, como o débito cardíaco máximo, enquanto o exercício sub-máximos está mais relacionado à fatores metabólicos, como, por exemplo, a atividade das enzimas oxidativas. Deste modo, pode-se propor que o volume de oxigênio máximo e o limiar anaeróbico são determinados por diferentes mecanismos. Enquanto o limiar anaeróbico está mais relacionado com o estado metabólico (capacidade oxidaria) dos músculos, o volume de oxigênio máximo é mais dependente dos fatores cardiovasculares. Estudos têm encontrado estreita relação entre a performance alcançada durante competições de endurance de ciclismo e o Limiar Anaeróbico (COYLE e outros, 1988, BARBEAU e outros, 1993), (DENADAI e BALIKIAN, 1995) sendo que esta variável também é capaz de detectar, principalmente durante um acompanhamento longitudinal a

23 existência ou não de adaptações fisiológicas a um treinamento de endurance (KOHRT e outros, 1989). CHICHARRO e ARCE (1991) determinaram que a identificação do limiar anaeróbico é fundamental para discriminar capacidade aeróbia, performance, efeitos do treinamento aeróbio e prescrição do treinamento aeróbio. 3.6 ZONAS DE INTENSIDADE EM UMA AULA DE SPINNING As zonas de energia em um treino de Spinning foram definidas a partir de parâmetros específicos dos batimentos cardíacos, componentes mentais, diferentes terrenos e movimentos. Isto faz uma autêntica aula Spinning ser eficiente e segura. O programa Johnny G Spinning tem como base as referências do American College on Sports Medicine (ACSM, 2000). O programa JG Spinning, simula dois tipos de terrenos o plano e a subida de montanha e suas variações. No terreno plano simulado, é aplicada pouca ou moderada resistência. As subidas são simuladas utilizando-se mais resistência. Em cada tipo de terreno simulado, existem duas posições básicas que é sentado ou em pé na bicicleta. Estes tipos de terrenos propostos e as posições são combinados para criar várias técnicas, simulando situações reais de ciclismo nas estradas (FALSETTI, 1999). Pesquisas realizadas em várias academias de ginástica nos Estados Unidos (FALSETTI, 1999) referem à prática excessiva de exercício anaeróbico, como fator número um no retardo do progresso em condicionamento e aptidão física, entre participantes de exercícios em grupos. É recomendado que os participantes de todos os níveis se dediquem, pelo menos, por um período de dois meses durante o ano no treino de nível aeróbico. Este período de dois meses é chamado de Período de Construção de Base aeróbica. Desenvolvendo uma sólida base aeróbica, capita-se o organismo a se adaptar melhor e colher resultados positivos com os

24 estressantes períodos de treino anaeróbico que se apresentarão a frente ao longo do período de treinamento no programa. (FALSETTI, 1999). As zonas de energia dentro da metodologia do Spinning são: para a recuperação do aluno, são trabalhadas em uma frequencia de cinqüenta à sessenta e cinco por cento da máxima), para o trabalho de endurance, é trabalhado em uma porcentagem de sessenta e cinco à setenta e cinco da máxima, resistência de força trabalha-se de setenta e cinco à oitenta e cinco por cento da máxima, aulas intervaladas de sessenta e cinco por cento à noventa e dois da máxima, e race day que significa dia da corrida em inglês, o trabalho consiste em uma freqüência de oitenta por cento à noventa e dois por cento da freqüência cardíaca máxima. Para que o exercício físico traga aspectos positivos ao praticante, é necessário que ocorra em seu treinamento os componentes da sobrecarga que são: intensidade, que será determinada pela intensidade do exercício; freqüência, determinada pelo número de sessões semanais; duração, determinada pelo tempo da atividade; densidade, relação do trabalho pausa/recuperação do exercício e o volume do exercício, determinado pela distância. Esta sobrecarga acontecerá somente, se o indivíduo se manter ativo na atividade física, pois é um treinamento a longo prazo que necessita da dedicação dele com o exercício. A carga que é utilizada para que aconteça uma maior resistência na bicicleta de Spinning, não é adequada para a determinação de intensidade na aula, pois a carga não é a mesma para todas as bicicletas. O uso da carga é um fator determinante na aula de Spinning, já que é na carga que acontece a intensidade do exercício para que ocorra a sobrecarga.

25 3.7 TREINAMENTO ESPORTIVO O termo treinamento resulta no aumento dos objetivos relacionados com o rendimento físico, psicológico, intelectual ou mecânico dos homens (BARBANTI, 1997). O treinamento esportivo tem por base princípios científicos resultados de vários estudos e pesquisas, com o objetivo de melhorar a capacidade de rendimento do esportista. O treinamento físico não está mais sendo uma particularidade somente de esportistas que buscam uma manutenção, melhora ou recuperação das capacidades físicas e sim, cada vez mais está sendo procurado por pessoas que buscam uma melhora da qualidade de vida (saúde) (BOMPA, 2002). As características essenciais do treinamento são evidentes em várias áreas e particularmente proeminentes do esporte. Os treinamentos se caracterizam por serem generalizados ou específicos. No treinamento generalizado é exigido um trabalho harmonioso de todo o corpo, visando o objetivo de formação geral. No treinamento específico, são trabalhadas as particularidades específicas da modalidade. No ciclismo de estrada onde a resistência é fator predominante, é necessário que seja feito um treinamento de resistência do que um treinamento de força (BARBANTI, 1997). O estado de treinamento é a mistura do treinamento específico e do treinamento generalizado (ALGARRA, 1996). De acordo com HARRE (1974), para que um atleta atinja altos rendimentos em competições, é necessário que de início comece o treinamento do desenvolvimento de todos os seus componentes (treinamento generalizado) para depois trabalhar os componentes específicos da modalidade. Os princípios da especificidade e da sobrecarga promovem um aumento do grau da performance, visando provocar alterações fisiológicas, principalmente, nos sistemas cardiocirculatório e respiratório. É necessário o emprego de estímulos fortes (cargas),

26 susceptíveis de causar alterações (adaptações) estruturais (MCARDLE e outros, 1992). Segundo Pechar (In MCARDLE e outros, 1998), a especificidade do treinamento aeróbico está relacionada aos músculos específicos que participam do desempenho desejado, já que as solicitações neuromusculares e motoras exigidas promovem adaptações fisiológicas específicas e correspondentes, e, a sobrecarga deve ser aplicada de modo a exercitar os grupamentos musculares específicos solicitados no desporto e com intensidade suficiente, estimulando aumentos no volume de ejeção e no débito cardíaco e atuando como facilitadora tanto no transporte de oxigênio quanto na utilização no nível local, dos músculos treinados (MCARDLE e outros, 1998). Um dos princípios do treinamento bastante considerado é o da individualidade biológica. Cada indivíduo possui características determinadas pela carga genética (genótipo) e outras formadas por vivências e experiências diversas ao longo de suas vidas, a partir do nascimento (fenótipo). Mesmo em caso de gêmeos, tornam-se indivíduos diferentes, em razão das respostas às influências e estímulos externos que os transformam em seres únicos. Sendo assim, para haver benefícios do treinamento aeróbico, sua elaboração deve atender às necessidades e capacidades individuais de cada um (MCARDLE e outros, 1998). Os princípios especiais do treino como o princípio da máxima realização, princípio da multilateralidade, princípio da continuidade, princípio da progressão e o princípio da alternância, visam também à especialização do ciclista de alto nível (MUJIKA e PADILHA, 2001). Pode-se observar que o treinamento, como é entendido, esta sujeito a um número grande de regras, as quais devem ser seguidas, com a finalidade de levar o indivíduo a um estado de treinamento mais avançado.

27 3.8 TREINAMENTO DE CICLISMO De acordo com WEINECK (1999) o treinamento de longa distância deve conter nos planos de treinamento de ciclistas de elite e profissionais trezentos quilômetros semanais de treinamento com variação de percurso e de intensidade. 3.8.1 Longa duração e Intensidade Moderada Consiste em 30 minutos a duas horas ou mais de exercícios contínuos realizados através de distâncias longas. Como é um trabalho contínuo e de longa distância, ele recebe a designação LDL que quer dizer longa distância lento. O resultado do esforço obtido com esse treinamento é ficar abaixo do limiar do lactato, pois ele é principalmente aeróbico. De acordo com FOSS e KETEYIAN (2000), o treinamento aeróbico é comum para os ciclistas (duas a seis horas dia). 3.8.2 Treinamento Fartlek ou Jogo de Velocidade Fartlek advém da língua sueca que significa jogo de velocidade, e é considerado como sendo o precursor do treinamento intervalado. Neste tipo de treinamento, os exercícios são alternados de rápido para lento em um terreno natural. No ciclismo, este treinamento é utilizado apenas uma vez por semana e com ele acarreta a melhoria da capacidade aeróbica e também uma melhora da capacidade anaeróbica mesmo que pequena (FOSS E KETEYIAN, 2000). 3.9 CICLISMO DE ESTRADA A prova de estrada é o tipo mais antigo de competição de ciclismo e teve seu início em 1869. Existem vários formatos de provas de estrada, incluindo provas de etapas, eventos de um dia, provas contra relógio e criteriums. As provas de etapas podem durar semanas e

28 percorrer milhares de quilômetros. As provas de um dia duram, normalmente, de quatro à sete horas e percorrem de cento e sessenta a trezentos e oitenta (160-380 km) quilômetros. Nas provas de contra-relógio o objetivo é pedalar o mais rápido possível de um ponto ao outro. Este tipo de prova chama-se criterium. A potência máxima requerida para um elevado desempenho em ciclismo de estrada, depende de variáveis como a velocidade da bicicleta, a aerodinâmica da bicicleta bem como da associação de fatores como a estatura do ciclista, a sua posição na bicicleta e de fatores envolventes (CRAIG e NORTON, 2001). Um ciclista profissional percorre mais de trinta mil quilômetros (30.000 km) durante uma época, entre treinos e competições. Uma das principais características destes atletas é a sua elevada capacidade aeróbia, traduzida pela potência máxima e pelo consumo máximo de oxigênio (MUJIKA e PADILLA, 2001). 3.9.1 Provas de longa distância Tipicamente considera-se como longa distância pedaladas maiores que cem milhas (160 km, EUA) ou duzentos km (Europa). A primeira edição da Volta da Espanha, realizada em 1935, foi possível graças ao esforço dos meios de comunicação. O diário "Informaciones" foi o grande organizador do evento. Atualmente a Volta é disputada em vinte e uma etapas e um prólogo contra-relógio, em vinte e três dias. O percurso de 1999 tem treis mil quatrocentos e oitenta quilômetros (3480 km), com três etapas contra-relógio totalizando cento e treis quilômetros (103 km) e vinte e cinco escaladas de montanhas, sendo a pior delas o "Alto de El Angliru", também conhecido como "La Gamonal", considerada como a subida mais íngreme da Espanha, com mais de dez por cento de inclinação em doze quilômetros e quinhentos metros. O Tour de France, teve início em 1903 e é considerada a volta ciclística mais importante do mundo e uma das competições mais