ANÁLISE DO CONTROLE POSTURAL DE CRIANÇAS NASCIDAS PREMATURAS E A TERMO DO PERÍODO NEONATAL AOS SEIS MESES RESUMO

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Transcrição:

ANÁLISE DO CONTROLE POSTURAL DE CRIANÇAS NASCIDAS PREMATURAS E A TERMO DO PERÍODO NEONATAL AOS SEIS MESES Amanda Martins Campos 1,4 ; Renan Neves Urzêda,4 ; Thalita Galdino de Oliveira,4 ; Cibelle Kayenne Martins Roberto Formiga 3,4,5 ; Maria Beatriz Martins Linhares 5 1 Bolsista PBIC/UEG, Voluntário Iniciação Científica PVIC/UEG, 3 Pesquisadora Orientadora, 4 Curso de Fisioterapia, Unidade Universitária de Goiânia, ESEFFEGO, UEG, 5 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo, USP. RESUMO O objetivo do presente estudo foi avaliar através da Escala Motora Infantil de Alberta (Alberta Infant Motor Scale - AIMS) o controle postural de um grupo de crianças nascidas prematuras e a termo do período neonatal aos seis meses de idade. Participaram do estudo 140 bebês pré-termo que freqüentaram o Hospital Materno Infantil de Goiânia-GO. Em relação às posturas avaliadas pela AIMS, foi constatado que os bebês pré-termo foram mais atrasados que os bebês a termo na postura prona no período neonatal e aos quatro meses de idade corrigida; na postura supina aos três meses; na postura sentada aos dois, três e cinco meses; e atraso na postura em pé do período neonatal aos dois meses de idade. Os resultados deste trabalho mostraram que quanto às características dos bebês pré-termo, o baixo peso ao nascer e a prematuridade moderada foram os fatores de risco presentes em toda a amostra. Quando comparadas as pontuações alcançadas na AIMS em relação a cada postura, observou-se um maior atraso dos bebês pré-termo, com valores estatisticamente significativos em determinadas faixas etárias. Palavras-chave: bebês pré-termo; controle postural; desenvolvimento motor. Introdução O termo desenvolvimento refere-se a alterações no nível de funcionamento de um indivíduo ao longo do tempo. O processo de desenvolvimento está relacionado com a individualidade do aprendiz. Cada indivíduo tem época peculiar para a aquisição e para o desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas. O desenvolvimento é relacionado à idade, mas não depende dela, sofrendo uma alteração contínua ao longo do ciclo da vida, 1

envolvendo as necessidades biológicas subjacentes, ambientais e ocupacionais, que influenciam o desempenho e as habilidades motoras dos indivíduos (Piek, 1998). A Escala Motora Infantil de Alberta (Alberta Infant Motor Scale - AIMS) é uma medida observacional do desempenho motor de bebês. A escala é composta por 58 itens, subdivididos em quatro categorias de acordo com a postura do bebê em prono, supino, sentado e em pé. O instrumento avalia os componentes das seqüências do desenvolvimento motor da criança a partir de 38 semanas de idade gestacional (IG) até 18 meses de idade corrigida. (Piper e Darrah, 1994). Lopes (003) avaliou o desenvolvimento motor de um grupo de lactentes brasileiros, saudáveis e nascidos a termo, durante os seis primeiros meses de vida, comparando com um grupo de bebês canadenses da escala AIMS. O estudo concluiu que o desenvolvimento motor no 6º mês de vida é caracterizado como um período de relativa variabilidade, de transição; a tendência geral do desenvolvimento motor normal dos lactentes a termo avaliados é similar a 5% dos padrões de normalidade descritos na escala. Restiffe (004) realizou um estudo longitudinal de avaliação do desenvolvimento motor de bebês nascidos prematuros até os seis meses de idade corrigida utilizando a AIMS e verificou que os bebês pré-termo apresentam um padrão motor distinto quando comparados com os bebês canadenses da escala usada. Com base nas características distintas entre o bebê nascido pré-termo e a termo, o presente estudo objetivou avaliar o controle postural de um grupo de crianças nascidas prematuras e a termo do período neonatal aos seis meses de idade. Material e Métodos a) Amostra: Constituiu-se de 140 bebês pré-termo (IG < 37 semanas) que freqüentaram o Hospital Materno Infantil de Goiânia-GO. Os critérios de inclusão foram: lactentes pré-termo e baixo-peso ao nascimento (menor ou igual a.500g). Os lactentes do grupo a termo foram da amostra do estudo de Lopes (003), nascidos de 38 a 4 semanas de gestação; peso ao nascimento maior ou igual a.500g; sem complicações durante a gestação; que receberam alta junto com a mãe e que não foi observado qualquer anormalidade no dia da avaliação com a AIMS. b) Aspectos Éticos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal vinculado ao Hospital Materno Infantil de Goiânia GO (HMI-GO). c) Local do Estudo: A coleta dos dados e avaliação dos bebês foi realizada no HMI- GO e os dados analisados no Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa da ESEFFEGO.

d) Materiais: Foram utilizados para coletas de dados os seguintes materiais: ficha de coleta de dados do nascimento da criança, ficha de Registro da AIMS (Piper e Darrah, 1994); sala de avaliação do HMI-GO, material de estimulação visual, câmera filmadora, fitas para registro de dados, computador e programas Excel e SPSS para análise dos mesmos. e) Procedimentos: Os bebês foram avaliados mensalmente pela AIMS e por meio da análise dos vídeos foi obtida a pontuação da criança em cada postura: prona, supina, sentada e em pé. O resultado obtido pelos bebês pré-termo foram comparados com o desempenho dos bebês a termo. Para tanto, foi realizado o teste de comparação de grupos pelo teste t de Student para grupos independentes, considerando nível de significância de 0,05. Resultados e discussão A presente amostra teve uma média de 33 semanas de idade gestacional, 51% nascida de parto cesárea, 57% do sexo masculino e com peso médio de 1.586g. A média do tempo de internação dos bebês foi de 35 dias. Nas tabelas a seguir são apresentados os resultados da comparação do controle postural dos bebês pré-termo e a termo nas posturas prono, supino, sentado e em pé. Os resultados estatisticamente significativos foram destacados em negrito ( 0,05). Tabela 1. Comparação do controle postural em prono entre bebês pré-termo e a termo Grupos Valores RN 1 mês meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses 1 1,7 1,4,7,3 3,4 3,8 5,1 5,5 6 6,9 8,3 0, 0,7 0,8 1,4 1, 3,4 4,5 0,01 0, 0,09 0,06 0,03 Na tabela 1 verifica-se que os bebês pré-termo apresentam maior atraso no período neonatal e aos 4 meses de idade corrigida. Ao nascimento, o bebê apresenta pouco controle dos músculos da cabeça e do pescoço, apesar disso deve ser capaz de realizar alguns movimentos, mesmo que esses sejam através de reflexos, como o reflexo de liberação das vias aéreas. Nos primeiros dias após o nascimento as crianças geralmente não são capazes de levantar a cabeça, embora estas tentativas já sejam observadas (Gallahue e Ozmun, 003). De modo geral, os bebês pré-termo apresentam peso e estatura inferiores aos bebês a termo, podendo interferir na posição que o cuidador da criança escolhe para mantê-la no berço. Muitas vezes a criança não é colocada na posição prono por receio de que esta se 3

sufoque, assim a criança deixa de ter experiências motoras nesta posição. Outro fator que podem influenciar é o maior número de intercorrências clínicas e maior tempo de internação devido dos bebês pré-termo, o que leva a manutenção de grandes períodos sobre uma mesma postura no leito (Manacero e Nunes, 008). Os mesmos fatores que influenciaram o desenvolvimento motor no recém-nascido pode ter influenciado o atraso aos 4 meses, em que o bebê a termo realiza apoio estável nos antebraços, permitindo o inicio dos movimentos de rastejamento pela criança. A pouca experimentação dos bebês pré-termo nesta postura leva ao pobre desenvolvimento de força e estabilidade da cintura escapular, controle de extensão cervical e tronco superior (Piek, 1998). Tabela. Comparação do controle postural supino entre bebês pré-termo e a termo Grupos Valores RN 1 mês meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses,5 3,5 3,6 4, 4,5 4,9 6 5,8 6,5 6,4 1, 1, 1 1, 0,9 0,8,1 0,8 8 0,17 0,04 0,6 0,71 0,87 Na tabela os bebês pré-termo apresentaram atraso apenas aos 3 meses de idade corrigida. Um bebê a termo nesta idade deve ser capaz de trazer a cabeça e as mãos à linha média contra a gravidade, o que exige coordenação e controle da cintura escapular. (Gallahue e Ozmun, 003). O desenvolvimento motor em bebês pré-termo acontece de modo caudo-cefálico o que pode explicar a pontuação inferior deste grupo em relação aos bebês a termo que apresentam desenvolvimento motor de modo céfalo-caudal. Outro fator significante que pode influenciar o desenvolvimento motor na postura supina é o aumento do tônus muscular que é apresentado pelos bebês pré-termo, o que pode dificultar a aquisição de habilidades motoras. Tabela 3. Comparação do controle postural sentado entre bebês pré-termo e a termo Grupos Valores RN 1 mês meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses 0,1 0,9 0,9 1,4,8,8 4 5,4 6,3 0, 0,7 3,6 0,15 0,79 0,03 0,05 0,07 0,04 4

Na tabela 3 os bebês pré-termo apresentaram atraso aos dois, três e cinco meses de idade corrigida. No º mês o bebê já deve ser capaz de controlar a cabeça quando colocado e apoiado na postura sentada. No 3º mês o bebê deverá apresentar controle ainda melhor da musculatura da cabeça e pescoço, podendo apresentar ainda, ação sinergista de músculos da cintura escapular para ganho de estabilidade. Já no 5º mês o bebê deverá apresentar bom controle de cabeça e tronco superior e estabilidade pélvica ainda não suficiente para a retirada do apoio, fator que é evidenciado pela inclinação anterior do tronco e presença de apoio anterior das mãos (Gallahue e Ozmun, 003). Os resultados obtidos revelam que os bebês pré-termos apresentaram pontuações na AIMS inferiores aos bebês a termo. Pouca ou nenhuma experiência na postura sentada (por receio do criador em colocar a criança na postura referida), baixo desenvolvimento de força muscular e estabilidade de cintura pélvica, encurtamento muscular são fatores que podem contribuir para um ineficiente desenvolvimento motor na posição sentada, podendo assim levar a um atraso na aquisição do engatinhar e por conseqüência no alcance da marcha. Tabela 4. Comparação do controle postural em pé entre bebês pré-termo e a termo Grupos Valores RN 1 mês meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses 0,7 1, 1,3 1,6,1,5,7 0 0,8 1,3 <0,001 0,01 <0,001 0,08 0,19 1 7 Na tabela 4 observa-se que os bebês pré-termo foram mais atrasados no período neonatal aos meses. Colocado de pé, o recém nascido deverá manter uma flexão fisiológica simétrica manifestando o reflexo da marcha automática. No 1º mês, o bebê será capaz de ficar em pé com apoio e apresentará reação positiva de suporte com os membros inferiores em semi-extensão. No mês, quando em pé com apoio, deve retificar um pouco mais a coluna, mantendo a cabeça alinhada com os ombros e o quadril atrás destes. Os resultados encontrados mostraram que o desempenho dos bebês pré-termo na avaliação da AIMS foi inferior ao desempenho dos bebês a termo na faixa etária referida. A prematuridade dos bebês avaliados pode justificar a menor pontuação obtida, dada a imaturidade do sistema nervoso central e demais sistemas orgânicos; influenciando negativamente o desenvolvimento das reações posturais, de equilíbrio, mudanças no tônus muscular, substituição dos movimentos primitivos, entre outros. 5

Conclusões Os resultados deste trabalho mostraram que em comparação aos bebês nascidos a termo, os bebês prematuros apresentaram maior atraso dos bebês pré-termos, em determinadas faixas etárias. Além disso, a utilização da escala AIMS permitiu avaliar adequadamente o desenvolvimento dos bebês do estudo, pois consistiu em uma medida utilizada tanto para fins de classificação, como para comparação de desenvolvimento de bebês de amostras diferenciadas. Referências Bibliográficas GALLAUHE, D. L.; & OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor..ed.São Paulo: Phorte Editora LTDA, 003. LOPES, V. B. Desenvolvimento Motor de Bebês segundo a Alberta Infant Motor Scale (AIMS). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos, 003. MANACERO, S.; NUNES, M. L. Avaliação do sistema motor de prematuros nos primeiros meses de vida na Escala Motora Infantil de Alberta. Jornal de Pediatria, 84 (1), 53-59, 008. PIEK, J.P. The Influence of Preterm Birth on Early Motor Development. In: Piek, J.P. (Ed). Motor Behavior and Human Skill: A multidisciplinary approach. Human Kinetics, United States of America, 1998, p. 33-51. PIPER, M.C., & DARRAH, J. Motor assessment of the developing infant. EUA.: W. B. Saunders Company, 1994. RESTIFFE, A.P. O desenvolvimento motor dos recém-nascidos pré-termos nos primeiros seis meses de idade corrigida segundo Alberta Infant Motor Scale: um estudo de coorte. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 004. 6