Subprojeto de Música do PIBID/USC: sua contribuição na formação do educador musical Alex Sandro Dias do Alto e-mail: alex173sandro@gmail.com Guilherme Donizete Martimiano Ramos e-mail: guilherme_dmr@hotmail.com Lilian Alessandra de Almeida e-mail: janis_li@hotmail.com Maristella Pinheiro Cavini e-mail: maristella.cavini@usc.br Pôster Relato de experiência Introdução A participação dos alunos do Curso de Música: Educação Musical, licenciatura selecionados como bolsistas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) no ano de 2014 é bastante positiva em se tratando da articulação entre a formação docente em música e a inserção do licenciando no âmbito da educação de nível fundamental II da rede pública de ensino na cidade de Bauru/SP. O Subprojeto de Música, vinculado ao Projeto Institucional da USC para o EDITAL CAPES nº61/2013, é intitulado As músicas do meu Brasil e está em seu 1
segundo ano de desenvolvimento. Este Subprojeto propõe atividades que contemplam a audição de músicas brasileiras de várias vertentes, considerações e análises sobre diálogos e influências que hoje se estabelecem entre elas e as músicas internacionais, realizando reflexões sobre respectivas estéticas (PCN ARTES, 1998, p. 84), levando em conta a apreciação significativa em música que engloba, além da escuta, o envolvimento e a compreensão da linguagem musical. Sendo assim, o objetivo deste Subprojeto é valorizar as experiências teóricopráticas do licenciando em Educação Musical na escola de Ensino Fundamental II, propiciando o contato do aluno bolsista com a realidade escolar em que futuramente estará inserido, além de sugerir propostas viáveis e interessantes para o trabalho de apreciação musical significativa dentro da escola. Relatar essa experiência é o propósito do presente trabalho. Metodologia Em 18 de agosto de 2008 foi promulgada a Lei 11.769 que altera a LDB nº 9.394/1996, estabelecendo o ensino de música como conteúdo obrigatório no componente curricular Arte e o prazo de três anos para a adaptação desta obrigatoriedade nos sistemas de ensino brasileiro. O prazo expirou em 2011 e apesar das práticas musicais terem sido mais priorizadas e valorizadas nas escolas, os desafios para o adequado ensino musical nestas instituições ainda continuam muitos, especialmente em se tratando do trabalho musical no Ensino Fundamental II das escolas públicas em Bauru/SP. Neste sentido, o desenvolvimento das atividades do Subprojeto As músicas do meu Brasil na escola parceira, vem de encontro com as necessidades das escolas públicas de Bauru/SP, contribuindo para amenizar as disparidades encontradas e que estão relacionadas ao ensino do conteúdo musical, já que prevê a atuação do bolsista em sala de aula, apoiando os profissionais das escolas com o seu conhecimento da linguagem musical e prevê, também, o trabalho de apreciação musical significativa, colaborando para a formação integral do jovem aluno do Ensino Fundamental II. A proposta inicial se baseou em atividades de apreciação musical significativa, já que 2
A apreciação é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento musical porque desenvolve a audição crítica e estética do aluno, esta (a apreciação) não pode mais ser tratada como uma mera audição descompromissada (MOREIRA, 2010, p. 290). Todas as atividades propostas e desenvolvidas pelos bolsistas tiveram como fundamento as ideias de educadores musicais contemporâneos como Murray Schafer (1991) e Keith Swanwick (2003) e também as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN Artes, 1998). Desta maneira, o licenciando em Educação Musical teve a oportunidade de trabalhar o aspecto da apreciação musical que, geralmente, é pouco aplicado nas escolas, ou quando é aplicado, acontece de maneira equivocada dentro das aulas de música. Resultados e discussão A primeira etapa de atividades do Subprojeto As músicas do meu Brasil aconteceu de março a novembro de 2014 com aproximadamente 120 alunos da E. E. Prof. José Viranda (Bauru/SP). O primeiro contato com a sala de aula foi marcado por certa curiosidade tanto da parte dos bolsistas como por parte dos alunos da escola parceira: os primeiros, por não conhecerem as turmas e não saberem como os alunos iriam lidar com as propostas do Subprojeto; os segundos, por que queriam saber o quê e como seria o trabalho, para que serviria e o que eles aprenderiam. Sendo assim, percebeu-se que além dos conteúdos a serem trabalhados, seria necessário os bolsistas ajudarem os alunos a refletirem sobre seus propósitos, sobre suas vidas, atuando, principalmente, como mediadores e instigadores de pensamentos. Os encontros com as turmas A, B, C e D das 8as séries da escola parceira foram semanais e estruturados, inicialmente, para apresentar os elementos básicos musicais antes de iniciar as atividades de apreciação musical. Neste sentido, os bolsistas se basearam na proposta de Schafer (1991) que propõe a utilização de elementos simples e corriqueiros para compor o aprendizado musical como, por exemplo, sonorizar uma história de modo a torná-la reconhecível apenas pelos seus sons. 3
Figura 1: Alunos da 8ª série A da escola parceira em atividade de apreciação musical. Foto: Laís Coutinho de Souza. A fase seguinte foi estruturada em atividades de apreciação musical. Em uma abordagem interdisciplinar, os bolsistas apresentaram músicas, bem como a cultura das regiões brasileiras, trabalhando as danças, o folclore, a sua história e suas origens musicais, buscando a contextualização desses elementos com a contemporaneidade. Neste momento, os bolsistas precisaram estudar e aprofundar seus conhecimentos sobre os gêneros musicais brasileiros, bem como as características rítmico-melódicas de cada gênero estudado, realizando uma transferência do que foi apreendido para o que seria aplicado em sala de aula. Desta forma, as atividades foram estruturadas de maneira dinâmica, relacionando o fazer musical com a apreciação musical (PCN Artes, 1998). Para isso, os bolsistas procuraram trabalhar com a realidade dos alunos, partindo de suas manifestações, experiências e análises, desenvolvendo exercícios que os fizessem construir o conhecimento, bem como incentivá-los a conhecer e se simpatizar com outros gêneros musicais desconhecidos, participando das dinâmicas em grupo para favorecer a empatia musical das peças musicais trabalhadas. A atividade de encerramento do Subprojeto aconteceu no início de novembro/2014 e envolveu todas as turmas da escola parceira. Esta atividade contou com a participação dos alunos em uma apresentação musical ao vivo de um quinteto de metais e realizada na própria escola. Isso possibilitou aos alunos uma vivência diferente com relação à apreciação musical e aos bolsistas a experiência de promover um evento musical na escola. 4
Figura 2: Apresentação do quinteto de metais TocArte na escola parceira. Foto: Lilian Alessandra de Almeida. Considerações finais Através do contato semanal com os alunos da escola parceira, os bolsistas perceberam na prática os benefícios que a música oferece quanto ao desenvolvimento do jovem aluno, que passa a integrar as experiências adquiridas a outras disciplinas, além de aguçar a sensibilidade e despertar as emoções. Por outro lado, através de uma análise comportamental dos alunos envolvidos, observou-se a importância de salientar a seriedade do fazer musical e da apreciação musical, ou seja, das características, habilidades e competências que a música possui e pode proporcionar, já que muitos, por falta de informação, consideravam a aula como uma brincadeira, não levando em consideração os elementos artísticos e culturais que esta Arte pode assegurar à formação integral de um indivíduo. Os bolsistas do Subprojeto de Música do PIBID-USC estão descobrindo na prática o significado da palavra professor, assim como as dificuldades e gratificações que são intrínsecas a esta profissão. Participar do PIBID tem sido uma experiência muito significativa e um grande aprendizado a todos os envolvidos. O PIBID é [...] uma janela para colocar em prática os ideais de mudança, almejando sempre um futuro melhor para a educação, apesar dos problemas que ela apresenta hoje. Essa oportunidade serve não somente como uma base para iniciarmos na profissão, mas também 5
para fazermos a diferença, plantando nas mentes do futuro, valores essenciais de humanidade, justiça e solidariedade entre todos. (ALMEIDA; LEITE; RAMOS, 2014, p. 4). Palavras-chave: Educação musical; Iniciação à docência; PIBID Música. Agradecimentos Os autores prestam seus agradecimentos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), através do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) pelo apoio financeiro e institucional; à USC (Universidade Sagrado Coração) por oportunizar o desenvolvimento deste subprojeto e à E. E. Prof. José Viranda por aceitar e incorporar As músicas do meu Brasil em suas atividades pedagógicas. Referências ALMEIDA, Lilian A.; LEITE, Luis Felipe M.; RAMOS, Guilherme D. M. As Músicas do Meu Brasil : relatório. Bauru: USC, 2014. 04 f. Relatório parcial. BRASIL. 1996. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Publicada Diário Oficial da União, DF, Ano CXXXIV, n 248, p. 27.833-27.841.. 2008. Lei nº. 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Publicada Diário Oficial da União, DF, Ano CXLV, nº 159, Seção 1, página 1.. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. MOREIRA, Lúcia Regina de S. Representações sociais: caminhos para a compreensão da apreciação musical? In: I Simpósio Brasileiro de Pós- Graduandos em Música, Rio de Janeiro, Anais XV Colóquio do Programa de Pós- Graduação em Música da UNIRIO, Rio de Janeiro, 2010, p. 283-291. 6
SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. Trad. Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. São Paulo: Editora da UNESP. São Paulo, 1991. SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Trad. Alda Oliveira; Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003. Fonte de financiamento: CAPES 7