UMA ANÁLISE SOBRE A INCORPORAÇÃO DO GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT NAS EMPRESAS JAMES C. SANTANA DE OLIVEIRA ¹; HEBERT DE CAMPOS ²; HELDER BOCCALETTI 3



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Transcrição:

UMA ANÁLISE SOBRE A INCORPORAÇÃO DO GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT NAS EMPRESAS JAMES C. SANTANA DE OLIVEIRA ¹; HEBERT DE CAMPOS ²; HELDER BOCCALETTI 3 ¹ Discente do Curso de Administração de Empresas da Faculdade Ideal Paulista FIP Tatuí, jamescsantana@hotmail.com ² Discente do Curso de Administração de Empresas da Faculdade Ideal Paulista FIP Tatuí, hbt_119@hotmail.com 3 Docente dos Cursos de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação da Fatec Tatuí-SP, dos Cursos de Tecnologia em Agronegócios da Fatec Itapetininga-SP, do Curso de Tecnologia em Gestão Logística e Gestão Comercial das Faculdades Integradas de Itapetininga FKB, Itapetininga-SP, do Curso de Administração de Empresas da Faculdade Ideal Paulista, Tatuí-SP e do Curso de Pós Graduação em Administração de Empresas da FGV, Itapetininga-SP, Brasil, helder.boccaletti@fatec.sp.gov.br RESUMO A política ambiental no Brasil evoluiu no que diz respeito à efetiva participação dos governos e da sociedade, mas principalmente no que se relaciona às leis ambientais, porém o desenvolvimento sustentável ainda enfrenta problemas no mercado. Este artigo abordará o sistema green supply chain management e sua incorporação às empresas, baseando-se nos estudos teóricos de Samir K. Srivastava escritos no International Journal of Management Reviews (2007), bem como apresentará não só um relatório de pesquisa intitulado 4th Supply Chain Monitor White Paper, 2010-2011, feito pela Bearing Point sobre a evolução e incorporação do GSCM nas empresas europeias e mas também o Relatório de Sustentabilidade 2012, do Walmart Brasil. Esses casos evidenciarão que a incorporação do green supply chain management pode reduzir os impactos ambientas e, consequentemente, aumentar a geração de lucros. PALAVRAS-CHAVE: green supply chain management. política ambiental. sustentabilidade. 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um dos países que sofre significativamente com os impactos ambientais, mesmo possuindo uma enorme biodiversidade. A degradação ambiental começou a ser causada pelo desmatamento indiscriminado de florestas, o uso inadequado do solo e das nascentes de água; tudo para beneficio próprio do homem, que não pensa e nem se importa com as consequências dessas atitudes. Atualmente, o maior causador dessa degradação são as empresas, que não se preocupam com a poluição causada pela produção de bens ou de serviços. Algumas até que se comprometeram com soluções para esses problemas, contudo a quantidade ainda não é suficiente. Afinal, não entendem que os gastos necessários para o controle da poluição emitida por elas não deve ser visto como custo, mas sim como um investimento futuro e também como uma potencial vantagem competitiva em relação ao mercado. Para Andrade (2000, p. 11), esse novo pensamento precisa ser acompanhado por uma mudança de valores, passando da expansão para a conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria. Esse artigo identificou a relevância das pesquisas feitas por Srivastava (2007), onde ele demonstra o sistema green supply chain management e sua eficácia por meio das vertentes Green

Design e Green Operations, uma vez que esse sistema é realmente importante para a empresa que deseja ser sustentável. Para Srivastava (2007, apud MINATTI, 2011, p.4) foi, em 1989, que se iniciaram os estudos de design (Green Design) em logística reversa e o interesse por operações verdes, e, em 1992, evidenciou-se a importância do GSCM, abrindo precedência para uma série de estudos na área. As principais contribuições da leitura deste artigo concentram-se na importância e na necessidade de compreender o GSCM como uma estratégia corporativa. 2. GESTÃO AMBIENTAL A gestão ambiental, dentro das empresas, é responsável pela implantação e pelo desenvolvimento de políticas e de estratégias ambientais. Algumas empresas estão se preocupando em satisfazer a relação com o meio ambiente, e uma das atividades mais importantes relacionadas ao empreendimento tem se configurado em gestão ambiental. Os problemas ambientais precisam de gerenciamento para serem exterminados, e isso requer sistemas de gestão ambiental e de desenvolvimento sustentável. Em sua obra, Donaire alerta que (...) a existência de um plano ambiental formal, embora importante, não é suficiente, pois a transformação da questão ambiental em um valor da organização vai depender das ações de Alta Administração e de suas gerencias. Os exemplos que elas darão sobre a importância do meio ambiente provocarão consequências no resto da organização (2010, p. 65). A gestão ambiental faz-se necessária para melhorar o meio ambiente, satisfazer as necessidades da espécie humana e garantir o futuro, através de planos de ações para interações junto ao meio ambiente e ao manuseio ou descarte pertinentes de materiais produzidos pelas atividades da espécie humana. De acordo com Andrade entende-se por gestão ambiental (...) um processo contínuo e adaptativo, por meio do qual uma organização define (e redefine) seus objetivos e metas relativas à proteção do ambiente e à saúde e segurança de seus empregados, clientes e comunidade, assim como seleciona as estratégias e meios para atingir tais objetivos em determinado período de tempo, por meio da constante interação com o ambiente externo. (2000, p. 113). As práticas e a metodologia de uma gestão ambiental em uma empresa visam reduzir os impactos que seus recursos e resíduos causam direta ou indiretamente ao meio ambiente, e esta gestão basear-se-á na sustentabilidade a fim de trazer benefícios, como, por exemplo, treinamento e conscientização aos colaboradores além de novas tecnologias sustentáveis. Além disso, também poderá melhorar sua própria imagem em relação à sociedade, aos clientes, aos governos, ou seja, junto a seus stakeholders. Donaire (2010, p. 94) define que a prática de gestão ambiental é também importante fator na melhoria do desempenho ambiental da empresa, pois ela contribui para reduzir a poluição do ar e das águas, reduzir o consumo de energia, a produção de resíduos e a geração de substâncias tóxicas (...). Devemos entender que a proteção ao meio ambiente é uma obrigação da empresa, pois ela está diretamente envolvida com a sociedade. Backer afirma que O aparecimento do fator ambiental na vida da empresa obriga, mais do que nunca, o administrador a considerar a sua competência e os seus objetivos como uma arbitragem permanente entre os interesses e os seus objetivos dos grupos e dos indivíduos que ultrapassam em muito o âmbito da empresa. (2002, p.21).

3. SUPPLY CHAIN MANAGEMENT Supply chain management, de acordo com Fernandes (2008, p. 32), ( ) representa os processos que envolvem fornecedores-clientes e ligam empresas desde a fonte inicial de matéria-prima até o ponto de consumo do produto acabado. Como muitos pensam, o SCM não é apenas logística, mas a logística é componente de um sistema para auxiliar o supply chain management. Devem-se gerenciar todas as áreas do supply chain para que se tenha um controle desde o fornecedor até o consumidor final, porém a empresa necessita do comprometimento do fornecedor para ocorrer uma integração em todos os processos. Figura 1: Exemplo de classificação das células de uma cadeia de suprimentos Fonte: Fernandes, 2008, p.35. De acordo com o nível de gerenciamento adotado pelas empresas foco (EF), são classificadas as seguintes cadeias: Cadeia Interna: surge dentro dos setores das empresas, trabalhando de uma forma sincronizada, usando a logística interna para desenvolver o produto ou o serviço. Cadeia Imediata: ela não relaciona apenas os fornecedores e clientes da primeira camada, mas todos aqueles que tenham relação imediata com a empresa foco. Cadeia Total: formada pela cadeia interna e imediata juntas mostrando o desenvolvimento do produto, podendo ter diferentes tipos de produtos em várias cadeias de suprimentos. 3.1 Green Supply Chain Management O GSCM abrange todas as ações da empresa para minimizar os impactos junto ao meio ambiente na distribuição de seu produto ou serviço durante todo o ciclo de vida do produto, tratando da sustentabilidade organizacional e consequentemente do meio ambiente, tendo como base os conceitos de SCM, como define Srivastava (2007, p. 54): Green supply chain management tem suas raízes tanto na gestão do meio ambiente quanto no Supply Chain, adicionando o componente verde à gestão da cadeia de suprimentos (...) Conforme os estudos Srivastava,

Define GSCM como a integração do pensamento ambiental na gestão da cadeia de abastecimento, incluindo desde a concepção do produto, seleção do material, processos de fabricação e entrega do produto final aos consumidores, bem como a gestão do produto final após o fim de sua vida útil, focando seus estudos na logística reversa (...) (2007 apud MINATTI, 2011, p.3). Com a implementação dessa metodologia, a gestão ambiental irá contribuir para o alavancar dos resultados junto a todas as partes interessadas. Essa gestão irá depender de vários fatores como, por exemplo, onde está localizada a empresa e o que a influencia de uma forma direta e indireta. Com esse critério, a empresa tende a alcançar um aperfeiçoamento na gestão, aplicando como base sua lealdade com todo sistema envolvido em seu meio ambiente. Figura 2: Cronograma evolutivo do GSCM Fonte: Srivastava, 2007, p.69. A figura 2 mostra os estudos de Srivastava sobre a importância do green supply chain management iniciados em 1995, e os autores que escreveram sobre as vertentes do sistema de gestão. O GSCM possui a vertente Green Design que pode ser analisado na avaliação do ciclo de vida do produto e do processo e o Green Operations, ou seja, as operações verdes que envolvem todos os aspectos operacionais.

Figura 3: Classificação com base no contexto-problema no projeto da cadeia de suprimentos Fonte: Srivastava, 2007, p.57. O Green Design possui as áreas de LCA - Life-Cycle Assessment / Analysis (Ciclo de Vida Avaliação / Análise) e ECD - Environmentally Conscious Design (Projeto Ambientalmente Consciente). O Green Operations têm três áreas: Green Manufacturing & Remanufacturing (Fabricação Verde e Remanufatura), onde é desenvolvida a redução, a reciclagem, a gestão de estoques, o planejamento e a programação da produção. Já na remanufatura existe o processo de produto / o material de recuperação, o reutilizar, o reparar / recondicionar, a desmontagem, a desmontagem de nivelamento e o planejamento do processo de desmontagem. Reverse Logistic & Network Design (Logística Reversa & Projeto de Rede), onde é feito a coleta, a inspeção / classificação, o pré-processamento, a localização e a distribuição, ou seja, o projeto de rede. Waste Management (Gestão de Resíduos), onde é feito a redução na fonte, a prevenção da poluição e a disposição. Srivastava conclui que o GSCM: (...) pode reduzir o impacto ecológico da atividade industrial sem sacrificar a qualidade, o custo, a confiabilidade, o desempenho ou eficiência de utilização de energia. Trata-se de uma mudança de paradigma, passando do controle de fim-de-linha para atender às normas ambientais para a situação de não apenas minimizar os danos ecológicos, mas também levando a lucro econômico global.(2007, p. 68).

Figura 4: As operações verdes no GSCM Fonte: Elaboração própria. Para que exista o GSCM, é fundamental a cooperação entre toda a cadeia de suprimentos como mostra a figura 4, ou seja, cada um deve se comprometer a cumprir seu papel no ciclo. 4. A INCORPORAÇÃO DO GSCM NAS EMPRESAS Como não existem ainda no Brasil muitas informações a respeito do GSCM, fizemos uma análise geral com base nos estudos da empresa Bearing Point sobre a incorporação nas empresas. Por meio da pesquisa da Bearing Point feita em 2010 e 2011 em países europeus, foi identificada a evolução nos últimos anos do green supply chain management e suas práticas, mostrando, assim. as melhorias que ocorreram. Segundo dados da Bearing Point: A crescente qualidade dos relatórios corporativos sustentáveis, especialmente sobre as questões relacionadas com a cadeia de suprimentos, destaca como as empresas querem valorizar seu compromisso com a implementação de suas ações sustentáveis. (2011, p. 4). O gráfico 1 abaixo mostra que, com o passar do tempo, as empresas aumentaram significativamente a preocupação com melhoria da imagem da marca, em relação às decisões do conselho executivo e com os regulamentos ambientais. A melhoria de imagem da marca (brand image improvement) representava 80% em 2008, ou seja, o segundo lugar, passando para a primeira posição em 2010. As decisões do conselho executivo (executive board decision) ocupavam o quinto lugar em 2008 e alcançaram quase 80% em 2010, passando para o segundo lugar. A preocupação com regulamentos ambientais (environmental regulations) ocupava o primeiro lugar em 2008 e passou a ocupar o terceiro lugar em 2010.

Lembrando também que ações relativas à inovação dos produtos e dos processos (innovation), a redução de custos (costs reduction), a pressão de concorrentes (competitors pressure), a aquisição de novos mercados (new markets acquisition), a pressão de opinião dos líderes (opinion leaders pressure) e outros (others) tiveram um visível aumento de importância. Gráfico 1: Motivações para implementar ações verdes Fonte: Bearing Point, 2011, p. 8. Nos resultados da Bearing Point, os entrevistados declararam que (...) o green supply chain management é uma verdadeira alavanca econômica (70% das empresas) e uma fonte de lucros facilmente mensuráveis (56%). Para 47% das empresas, o retorno do investimento é alcançado antes de três anos. (2011, p.9). Nas tendências operacionais a Bearing Point identificou que no eco design 80% dos impactos ambientais de um produto são determinados durante a sua concepção (Agência do Meio Ambiente alemão). Bearing Point (2011, p. 10) afirma que: antecipar os impactos ambientais de um produto a partir do seu desenvolvimento (abordagem do eco design) é um elemento essencial. Gráfico 2: Green Supply Chain é uma prioridade estratégica, de imediato ou no curto prazo (respostas positivas)

Fonte: Bearing Point, 2011, p. 9. Observa-se, no gráfico 2, que a Escandinávia possui o maior índice de prioridade, seguida pelo Reino Unido e Irlanda. Gráfico 3: Empresas que intensificaram ações no Green Supply Chain durante os últimos 3 anos (respostas positivas) Fonte: Bearing Point, 2011, p. 9. No gráfico 3, Escandinávia, Reino Unido e Irlanda, França e União Europeia intensificaram mais suas ações no GSCM, seguido pelo índice baixo da Alemanha, Suíça e Áustria (GSA). As empresas estão mais preocupadas com o produto que fornecem segundo a Bearing Point: Quanto à requisição de produtos, as empresas tendem a selecionar produtos feitos de uma grande proporção de materiais reciclados e recicláveis, e carimbado pelos confiáveis rótulos ecológicos (Energy Star, por exemplo, é o símbolo mais reconhecido no campo do consumo de energia). (2011, p. 10). A pesquisa foi feita com 582 empresas por meio de telefone ou online nos seguintes países: Gráfico 4: Distribuição por país Fonte: Bearing Point, 2011, p.64. Os maiores índices obtidos entre os países onde foi realizada a pesquisa, conforme o gráfico 4, se localizam na França, Alemanha e Reino Unido, seguidos pela Escandinávia, Áustria, Bélgica, Irlanda e Luxemburgo.

Gráfico 5: Distribuição por setor Fonte: Bearing Point, 2011, p.65. A pesquisa foi desenvolvida nos setores de bens de consumo (consumer goods), transporte (transports), metalurgia (metallurgy), construção (construction), automotivo (automotive), varejo / distribuição especializada (retail / specialised distribution), bens industriais (industrial goods), energia e serviços públicos (energy and utilities), produtos químicos (chemicals), eletrônica (electronics), produtos farmacêuticos (pharmaceuticals), aeronáutica / defesa (aeronautics / defense), têxtil (textile), telecomunicações (telecomunications), serviços financeiros (financial services) e setor público (public sector). Gráfico 6: Distribuição por departamento Fonte: Bearing Point, 2011, p.65. O grafico 6 mostra que o desenvolvimento sustentável (sustainable development) é uma área de grande destaque nas empresas com 40% da distribuição por departamento, seguida pelas áreas de supply chain, COO (Chief Operating Officer Diretor de Operações), qualidade (quality), aquisição (purchasing), CEO (Chief Executive Officer Diretor Executivo) e outros (other). 4.1 Walmart e o Sucesso da Implantação dos Métodos do GSCM O Walmart foi fundado nos Estados Unidos em 1962, localizado em Rogers, no Arkansas, chegando ao Brasil em 1995, e abrange, hoje, todo o território nacional. O Walmart tem a missão de

vender por menos para as pessoas viverem melhor, e busca ser o melhor varejista do Brasil na mente e no coração dos consumidores e dos funcionários. A implantação dos métodos de GSCM ocorreu inicialmente nas unidades americanas da rede e está sendo bem sucedida no Brasil, iniciando em todas as redes no ano de 2011. Para que haja a sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, a empresa é apoiada pelas equipes de diferentes áreas internas, conduzindo oito Plataformas de Sustentabilidade: Cadeia de Suprimentos, Construções, Cadeia Logística, Impacto Zero (gestão de resíduos), Insumos, Clima e Energia, Clientes Conscientes Funcionários Conscientes Conforme o relatório do Walmart Brasil: Tabela 1: Metas ambientais do Walmart Aumentar o número de produtos mais sustentáveis disponíveis ao consumidor. Reduzir em 70% a presença de fosfato em detergentes e sabões em pó até 2013. Oferecer produtos de lavanderia no mínimo duas vezes mais concentrados até 2012. Estimular as vendas de produtos com diferencial em sustentabilidade. Apoiar e estimular o desenvolvimento de produtos de ciclo fechado. Liderar pelo exemplo em sustentabilidade com produtos de marcas próprias do Walmart Brasil. Treinar pequenos e médios agricultores por meio do Clube dos Produtores. Apenas comercializar carne bovina que não contribua para o desmatamento da Floresta Amazônica em todas as operações do Walmart até 2015. (...) as plataformas estão estruturadas para atingir as metas estabelecidas em cada um dos pilares da estratégia de sustentabilidade [...], válida para as operações em todos os países. Todas têm targets definidos e devem prestar contas periodicamente sobre o andamento das atividades, bem como apresentar oportunidades, riscos e desafios identificados. (2012, p. 14). Produtos Clima e energia Resíduos Ser 100% abastecido por energia renovável. Reduzir em 20% a emissão de Gases do Efeito Estufa em lojas até 2012. Inaugurar protótipos de lojas de 25% a 30% mais eficientes em energia e que reduzam em 30% as emissões de Gases do Efeito Estufa. Aplicar o Programa Impacto Zero em todas as unidades no Brasil. Reduzir embalagens em 5% em toda a cadeia de abastecimento até 2013. Reduzir o consumo de sacolas plásticas em 50% até 2013. Fonte: Adaptado de WALMART BRASIL, 2012, p. 17.

Figura 5: Investimento (R$ bilhões) Fonte: WALMART BRASIL, 2012, p. 9. As figuras 5 e 6 mostram claramente que o investimento em sustentabilidade na cadeia de suprimentos não é um prejuízo à empresa e sim uma nova estratégia para geração de lucros. Figura 6: Faturamento (R$ bilhões) Fonte: WALMART BRASIL, 2012, p. 9. No Walmart, existe o programa Sustentabilidade de Ponta a Ponta para que os fornecedores produzam produtos com práticas que reduzam seu impacto sobre o meio ambiente. Seguem abaixo, na figura 7, as empresas e os produtos que atenderam aos requisitos de sustentabilidade

Figura 7: Produtos lançados no Sustentabilidade de Ponta a Ponta 2ª edição (2010/2011) Fonte: WALMART BRASIL, 2012, p. 52.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O green supply chain management, além de mudar a forma de como a empresa é vista no mercado, também gera a diminuição de custos de materiais e, portanto, financeiros. Sem dúvida, o investimento na adaptação de práticas sustentáveis é alto, porém vale muito produzir com o mínimo de desperdícios e ao mesmo tempo proteger o meio ambiente em que a empresa está inserida. Um fator pertinente que existe nas empresas é o uso inadequado ou exagerado de máquinas, equipamentos e materiais, que ao mesmo tempo geram mais custos e, de alguma forma, prejudicam o meio ambiente. A prática sustentável nas organizações não é mais algo que se diz estar na moda, mas sim uma questão de produzir de forma planejada e reutilizável. A implementação pode ser complexa, pois a cadeia de suprimentos é imensa e os impactos na cadeia de produção são enormes. Mas é justamente nessas áreas, que encontramos espaço para a sustentabilidade. REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de, et.al. Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento Sustentável, São Paulo, MAKRON Books, 2000. BACKER, Paul de. Gestão Ambiental: A Administração Verde. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2002. BEARING POINT. 4th Supply Chain Monitor White paper, 2010-2011. 2011, Disponível em: <http://www.bearingpoint.com/en-uk/download/tap-sc_en.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2013. DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na Empresa, 2. ed. São Paulo. Atlas, 2010. FERNANDES, Kleber dos Santos. Logística: Fundamentos e Processos, Curitiba, IESDE Brasil S.A., 2008. MINATTI, Cleison, et.al. Direções e Construtos do Green Supply Chain Management, Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), SIMPOI Anais 2011. Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/dpd/cegp/2012/log/material%20complementar/textos%20gerais/simpoi %20-%20green%20SC.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2013. SRIVASTAVA, Samir K. Green supply chain management: A state-of the-art literature review. International Journal of Management Reviews (2007). Disponível em:<http://iic.wiki.fgv.br/f ile/view/green+supply-chain+management.a+state-oftheart+literaturereview.2007.srivastava..pdf>. Acesso em: 27 mar. 2013. WALMART BRASIL, Relatório de Sustentabilidade 2012. Editora Contadino, 2012. Disponível em:http://www.walmartbrasil.com.br/sustentabilidade/_pdf/relatorios/2012/walmart_ra11_completo _24_5.pdf>. Acesso em: 1 abr. 2013.