EXECUÇÃO FISCAL E O NOVO CPC. Fabiana Del Padre Tomé Mestre e Doutora pela PUC/SP Professora na PUC/SP e IBET

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Transcrição:

EXECUÇÃO FISCAL E O NOVO CPC Fabiana Del Padre Tomé Mestre e Doutora pela PUC/SP Professora na PUC/SP e IBET

APLICABILIDADE DO NOVO CPC ÀS EXECUÇÕES FISCAIS Aplicação subsidiária Aplicação nas hipóteses de antinomia: *prevalência do critério da especialidade? *prevalência do critério da cronologia? Art. 771 do NCPC: as disposições aplicam-se também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução.

DIÁLOGO DAS FONTES A solução de antinomias deve ser feita a partir do diálogo entre as fontes normativas existentes (interpretação sistemática). Art. 5º, LXXVIII, CF: razoável duração do processo e celeridade de sua tramitação Art. 6º do NCPC: dever de cooperação das partes LEF: tratamento específico para garantia do crédito fiscal NCPC: busca maior efetividade à cobrança do crédito, encontrando aplicabilidade nesse

INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA Incidente necessário para redirecionamento de Execução Fiscal? Enunciado 53 da ENFAM: O redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente prescinde do incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto no art. 133 do CPC/2015. (Idem Enunciado 6)

PROCESSO 0000123-84.2011.4.03.6113 (Vara Federal de Franca-SP 07.04.2016) Em pedido de redirecionamento, determinou a instauração do incidente de desconsideração de personalidade jurídica para aferir responsabilidade do dirigente da pessoa jurídica.

RAZÕES DA CONTROVÉRSIA Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

SUJEIÇÃO PASSIVA - CONTRIBUINTE Hipótese de incidência (descrição de fato signo presuntivo de riqueza) Sujeito ativo Objeto (tributo) Sujeito passivo 1 (contribuinte)

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Hipótese de incidência (sucessão ou ato ilícito do CTN) Sujeito ativo Objeto pecuniário Sujeito passivo 2 (responsável)

CONCLUSÃO 1 Nos casos de responsabilidade tributária por sucessão, de terceiros ou por infração, previstas no CTN, não há DESCONSIDERAÇÃO de personalidade jurídica. Descabida a aplicação do art. 133 do NCPC.

INCLUSÃO DO SÓCIO NO AUTO DE INFRAÇÃO Infere-se, pois, que o sócio deve responder pelos débitos fiscais do período em que exerceu a administração da sociedade apenas se ficar provado que agiu com dolo ou fraude e exista prova de que a sociedade, em razão de dificuldade econômica decorrente desse ato, não pôde cumprir o débito fiscal. Obviamente que o ônus da prova, segundo o casolíder relatado pelo Min. Castro Meira, poderá variar conforme esteja o nome do sócio inscrito previamente em CDA. (STJ, AgRg no REsp 894182/RS, j. em 12/06/2007)

INCLUSÃO DO SÓCIO NA CDA Em sendo exarada Certidão de Dívida Ativa com o nome do sócio figurando como principal responsável tributário ou mesmo como coresponsável, resta definida a presunção juris tantum de liquidez e certeza da referida certidão, impondo ao sócio o ônus de provar que não se fez presente qualquer das situações previstas no artigo 135, caput, do CTN, ou seja, que não praticou atos com excesso de poderes, com infração à lei ou ao contrato social. (...) (STJ, REsp nº 1.059.481/SP, DJ de 1/10/08)

REDIRECIONAMENTO, COOPERAÇÃO E CONTRADITÓRIO Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Exceções: tutela provisória de urgência, tutela de evidência e monitória. CONCLUSÃO 2 Justifica-se um incidente para redirecionamento.

REQUISITOS DO GRUPO ECONÔMICO (i) diversas empresas com personalidade própria; mas (i) sob direção, controle ou administração de outra ( influência dominante )

GRUPO ECONÔMICO E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA "Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas. Matéria tributária entre duas empresas pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro, é imprescindível que ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, sendo irrelevante a mera participação no resultado dos eventuais lucros auferidos pela outra empresa coligada ou do mesmo grupo econômico. 3. Recurso especial desprovido. (STJ, REsp 834044/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 15.12.08)

DESCONSIDERAÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA EM GRUPO ECONÔMICO Solidariedade e grupo econômico. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. GRUPO DESOCIEDADES COM ESTRUTURA MERAMENTE FORMAL.PRECEDENTE. [ ] 3. A desconsideração da pessoa jurídica, mesmo no caso de grupos econômicos, deve ser reconhecida em situações excepcionais, onde se visualiza a confusão de patrimônio, fraudes, abuso de direito e má-fé com prejuízo a credores. (...) Separação societária, de índole apenas formal, legitima a irradiação dos efeitos ao patrimônio da agravante com vistas a garantir a execução fiscal da empresa que se encontra sob o controle de mesmo grupo econômico (Acórdão a quo) (...). 5.Recurso nãoprovido. (STJ, REsp 767021/RJ Primeira Turma Rel. Min. José Delgado, DJ 12.09.05).

REQUISITOS PARA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 1. Alternativos: 1.1. desvio de finalidade; ou 1.2. confusão patrimonial 2. Cumulados com: 2.1. inexistência de bens no ativo patrimonial suficientes à satisfação do débito (dolo/fraude a credores) CONCLUSÃO 3 Aplicação do art. 133 do NCPC para atribuição de responsabilidade a empresas do mesmo grupo econômico,.

OBRIGADA! fabiana@barroscarvalho.com.br