RELATÓRIO DA SÉRIE DIÁLOGOS Empresas e Sociedade Civil, Corresponsáveis na Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos. Equipe Técnica



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Transcrição:

RELATÓRIO DA SÉRIE DIÁLOGOS Empresas e Sociedade Civil, Corresponsáveis na Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos - 23 de outubro de 2013 - Equipe Técnica Jônathas Malaguth Costa Josiana Gonçalves Souza Joyce Gonçalves Souza Jéssica Mara da Fonseca Juçana Rocha de Assis Mauro Ruther Ventura Raissa Bottecchia Luna Rosilene Ferreira Lima

Governador do Estado de Minas Gerais Antonio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) Adriano Magalhães Chaves Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) Zuleika Stela Chiacchio Torquetti Diretoria de Gestão de Resíduos Renato Teixeira Brandão Gerente de Resíduos Sólidos Urbanos Francisco Pinto da Fonseca Supervisor do Termo de Parceria 022/2008 Renato Teixeira Brandão Equipe FIP- Programa Minas sem Lixões - Termo de Parceria 022/2008 Coordenação Geral Magda Pires de Oliveira e Silva Coordenação Técnica Eualdo Lima Pinheiro Luiza Helena Pinto Vera Christina Vaz Lanza Fundação Estadual do Meio Ambiente Feam Cidade Administrativa Tancredo Neves - Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/nº - Serra Verde Edifício Minas, 1º andar - 30630-900 - Belo Horizonte/MG (31) 3915-1101 - www.feam.br Programa Minas sem Lixões / Fundação Israel Pinheiro - FIP Av. Belém, 40 - Esplanada - 30285-010 - Belo Horizonte/MG (31) 3281-5845 - minassemlixoes@israelpinheiro.org.br- www.minassemlixoes.org.br

ÍNDICE FICHA DO EVENTO... 4 APRESENTAÇÃO... 8 1. EVENTO... 9 2. ABERTURA... 10 3. CICLO DE PALESTRAS... 11 3.1 Responsabilidade Pós-Consumo: a Experiência da Reciclanip... 11 3.2 Programa Dê a Mão para o Futuro Reciclagem, Trabalho e Renda... 14 3.3 A Gestão de Resíduos e Co-Produtos em Indústria Siderúrgica... 17 3.4 A experiência do Programa Ambientação nos prédios públicos de Minas Gerais... 18 4. DEBATE... 22 FOTOS DO EVENTO... 29

FICHA DO EVENTO Tema: Empresas e Sociedade Civil, Corresponsáveis na Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos Data: 23 de outubro de 2013 Horário: 13h às 17h30 Local: Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste Teatro João Paulo II Avenida Tancredo Neves, 3500 Coronel Fabriciano MG. Palestrantes: César Faccio Palestra: Responsabilidade pós-consumo: a experiência da Reciclanip Mini-currículo: Gerente Geral da RECICLANIP, responsável pela gestão da coleta e destinação ambientalmente adequada dos pneus inservíveis no território Nacional para os fabricantes de pneus, de modo a contribuir com a redução dos eventuais impactos desse produto que não serve mais para rodagem no meio ambiente. O programa de coleta canaliza os pneumáticos para um circuito de recuperação, evitando que o descarte irresponsável cause danos ambientais ou à saúde da população. Antes da RECICLANIP César Faccio atuou na gestão industrial nas áreas de qualidade e produção em empresa multinacional do segmento de pneus. Atuou no gerenciamento do sistema TQS (Total Quality System) e em processos de custo da não qualidade - grupos de monitoramento de refugos e de melhoramentos baseados na metodologia TPM (Manutenção Produtiva Total). 4

Ricardo Abussafy Palestra: Programa Dê a Mão para o Futuro Reciclagem, Trabalho e Renda Mini-currículo: Psicólogo com mestrado e doutorado na área de Psicologia e Sociedade. É Coordenador Técnico do Programa de Responsabilidade Pós-Consumo de Embalagens Dê a Mão para o Futuro Reciclagem, Trabalho e Renda realizado em parceria com a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), a ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins) e a ABIMA (Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias e Pão & Bolo Industrializado). Glautiere Paiva Gomes Palestra: A Gestão de Resíduos e Coprodutos em uma Indústria Siderúrgica Mini-currículo: Assessor de Meio Ambiente na empresa Aperam South América, Engenheiro Sanitarista e Ambiental pelo Unileste - MG, MBA em Gestão e Tecnologias Ambientais pela USP - SP, Supervisor de Radioproteção habilitado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, Conselheiro do COPAM na URC do Leste 5

Mineiro, Representante da Aperam nos Comitês de Bacia do Rio Piracicaba e do Rio Doce e no Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Engenheiro de Segurança do Trabalho. Ricardo Botelho Palestra: A experiência do Programa Ambientação nos prédios públicos de Minas Gerais Mini-currículo: Relações públicas, especialista em Gestão Ambiental, coautor do Programa Ambientação e coordenador técnico do Termo de Parceria 33/2013 pela Fundação Israel Pinheiro. Mediador Walter Freitas de Moraes Júnior Mini-currículo: Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (1998), especialização em Direito, Impacto e Recuperação Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto (2008) e mestrado em Engenharia Ambiental pela 6

Universidade Federal de Ouro Preto (2010). Atualmente é Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: siderurgia, coque e coqueificação, licenciamento ambiental, benzeno e área de preservação permanente. 7

APRESENTAÇÃO O Governo de Minas, por meio da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, em parceria com a Fundação Israel Pinheiro FIP, na execução das atividades do Programa Minas sem Lixões realizou no dia 23 de outubro de 2013, em Coronel Fabriciano, a 4ª Edição da Série Diálogos do ano, com discussões sobre a corresponsabilidade de Empresas e Sociedade Civil na Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos. Essa edição da Série Diálogos teve como objetivo discutir sobre a responsabilidade pós-consumo, gestão de resíduos e coprodutos em uma indústria siderúrgica, as experiências do Programa Dê a Mão para o Futuro Reciclagem, Trabalho e Renda e do Programa Ambientação nos prédios públicos de Minas Gerais. Para o ano de 2013, foram programadas cinco edições do evento abordando diversos temas relacionados à gestão de resíduos sólidos. 8

1. EVENTO Com o propósito de ampliar as discussões sobre a responsabilidade na gestão de resíduos sólidos, especialistas do Brasil e de Minas Gerais se reuniram em Coronel Fabriciano - MG, para estabelecer diálogos sobre a implantação de programas e experiências no sistema de reaproveitamento, redução e valorização dos resíduos na Gestão de Resíduos Sólidos, por meio de palestras e apresentação de pesquisas desenvolvidas nos Estados. As palestras desta edição abordaram os temas: Responsabilidade pós consumo: a experiência da Reciclanip, Programa Dê a Mão para o Futuro Reciclagem, Trabalho e Renda, A Gestão de Resíduos e Coprodutos em uma Indústria Siderúrgica e A experiência do Programa Ambientação nos prédios públicos de Minas Gerais. O evento contou com um público estimado de 161 pessoas, entre representantes de indústrias, de órgãos governamentais, empresas privadas, instituições de ensino, ONGs e sociedade civil. 9

2. ABERTURA A abertura foi realizada pela Sra. Vera Christina Lanza, Coordenadora Técnica do Programa Minas sem Lixões, que representando a Fundação Estadual do Meio Ambiente FEAM agradeceu a todos pela presença, aos parceiros pelo apoio na realização do evento e aos palestrantes que aceitaram o convite para apresentar experiências muito bem sucedidas na área de resíduos sólidos, destacando que essas experiências devem ser compartilhadas por serem exemplares. Comentou que a 4ª Série Diálogos teve o objetivo de debater a responsabilidade compartilhada das instituições, governo e empresas sobre a gestão de resíduos sólidos e que essa responsabilidade compartilhada é mais uma diretriz da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que foi escolhida para o debate, pois afeta a vida de todos, ou seja, as empresas, a sociedade e o governo. Encerrou destacando que temos tarefas diferentes a partir de agora, principalmente no que se refere à mudança de hábitos, e que o evento pretende incentivar a reflexão e o diálogo sobre o assunto. 10

3. CICLO DE PALESTRAS 3.1 Responsabilidade Pós-Consumo: a Experiência da Reciclanip O palestrante César Faccio gerente geral da Reciclanip iniciou a palestra apresentando a empresa, que foi criada por meio de uma iniciativa da Indústria Nacional de Pneus há 13 anos e teve início com o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis. Sua missão se baseava em fazer o processo de logística reversa, dando destino ambientalmente correto aos pneus inservíveis, sem causar prejuízos para a população e, segundo César, hoje a entidade é referência na iniciativa de pós-consumo e logística reversa no país. César apresentou os 10 (dez) fabricantes nacionais de pneus que estão presentes no país e 5 (cinco) grandes empresas multinacionais presentes no mundo todo. Segundo ele, o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, teve início em 1999 com base na Resolução CONAMA nº 258/99 e trouxe como obrigatoriedade para os fabricantes e portadores a necessidade de realizar o sistema de coleta e destinação dos pneus inservíveis. Com isso, nos anos 2000 vários países da Europa se estruturaram para implantar o sistema de coleta e destinação. Conforme informado por César, até nesse momento ninguém falava de responsabilidade compartilhada, onde a implantação desses sistemas era exclusiva dos fabricantes e importadores. De acordo com César, o pneu tem um valor negativo, pois não existe nenhuma operação feita com toda logística reversa desse material. Se fecharmos a torneira hoje, os fabricantes irão arcar com os custos e todo o sistema, por isso é importante salientar essa questão, disse César. Ainda explicou que as unidades têm o mesmo papel na Europa, através de um sistema unificado onde quem faz a governança do sistema são os mesmos fabricantes que estão no país. Segundo César, foi criada uma parceria por parte da Reciclanip com os municípios, onde esses cederiam os espaços para recolher os pneus e a empresa faria a retirada, o palestrante pontuou que todo processo anterior não se tornaria responsabilidade do fabricante. 11

No início dos anos 2000 todos os países estavam iniciando um trabalho de logística reversa e não tinham o que fazer com seus pneus, e umas das alternativas encontradas, era a exportação de pneus usados, como é feito hoje pelo Japão para outros países da Ásia e da África. Os pneus entravam no Brasil pelo estado do Paraná, basicamente com intuito de fazer a remoldagem, porém em 2005 importaram 10,5 milhões de pneus e apenas 2,5 milhões foram remoldados, os outros 8 milhões de pneus, foram vendidos nas borracharias como pneus de segunda linha. César levantou a questão, que de um lado os fabricantes tentavam impedir a importação desses pneus usados da Europa, e do outro um grupo de pessoas tentava acionar os fabricantes para assumir a responsabilidade sobre cada pneu lançado e encontrado na rua ou em terrenos baldios, de forma que os mesmos fossem autuados. Em 2009 houve uma decisão final da Organização Mundial da Saúde, proibindo exportar pneus usados de qualquer forma para o Brasil. A Resolução CONAMA nº 416/2009 trata basicamente de um mercado apenas de reposição, onde iríamos substituir os pneus usados. Essa resolução considera 30% de desgaste, ou seja, para um pneu de 10 kg, deve-se destinar 7 kg, pois considera-se que o mesmo sofreu um desgaste natural da banda de rodagem. Foi citada a obrigatoriedade da construção de pontos de coleta para as cidades acima de 100 mil habitantes que são áreas simples e precisam dispor de cobertura. A quantidade necessária de pneus para completar a carga de um caminhão que realiza a coleta é de 2000 pneus de passeio ou 300 pneus de caminhão. A logística representa o maior custo do processo, por isso fica inviável ir ao ponto de coleta e retirar uma quantidade inferior a esse valor. A Reciclanip possui atualmente 808 pontos de coleta o que representa 832 municípios devido à implantação dos consórcios onde vários municípios encaminham os seus pneus para uma cidade sede. Como não conseguiria a implantação de pontos de coleta em todos os municípios do país o consorciamento se tornou mais viável nesse trabalho de logística reversa do pneu. César apresentou o volume coletado pela Reciclanip em 2012, sendo 338 mil toneladas de pneus, com previsão de 400 mil toneladas para o ano de 2013. 12

Desde o início do programa são quase 512 milhões de pneus de passeio, com um investimento de 221,4 milhões de dólares. Fazendo um comparativo com a Europa que é referência, o mercado nacional, segundo o relatório do IBAMA 2013, foi de 459 mil toneladas, onde 338 mil toneladas foram arrecadadas pela Reciclanip em 2012, isso significa que o Brasil segue na frente com valores maiores que a França, que possui 323 mil toneladas e a Itália com 250 mil toneladas de pneus. Relatou que o país pode ser dividido em quatro áreas distintas para o processo de logística reversa do pneu. Basicamente nas regiões Sudeste e Sul, onde encontramos características muito próximas, como pequenas distâncias, boas estradas, geração muito próxima da destinação, com um grande quantitativo, onde 70% do que se coleta no país se concentra nessa região. Já na região Centro Oeste a realidade se inverte, as distâncias são muito grandes e as estradas ruins, dificultando o escoamento dos pneus nessa região. E a pior realidade é na região Norte, onde se caminham longas distâncias com um produto que não tem valor para que se possa fazer a destinação. O palestrante considerou importante salientar que, apesar do destinador de pneus ter uma licença de operação, o mesmo precisa ser reconhecido pelo IBAMA. Todo o sistema hoje é rastreado através do cadastro técnico federal, necessário para finalidade potencialmente poluidora. Como forma de destinação, César destacou sobre as destinações, sendo que 67% pneus são destinados para as cimenteiras, 0,1% para pirólise, 6,5% são destinados para pisos e gramados, 8% para artigos de borracha, 2% são encaminhados para a indústria de asfalto, 1,5% para a construção civil, 7% para o aço e 7,9% para laminação, que são produtos convencionais utilizando antigos pneus que não possuem cintura de aço que, ao laminar, produzem solas de sapato, entre outros. Conforme Faccio, no segundo ano de vigência da Resolução CONAMA nº 416, os importadores continuaram a não cumprir metas simples, como recolher e fazer a destinação dos pneus. Atualmente a situação melhorou, porém ainda fica muito abaixo do que é necessário. Conclui apresentando um balanço dos três anos de vigência da Resolução CONAMA nº 416, onde a Reciclanip arrecadou 42 mil toneladas a mais no Brasil do que a estipulada, enquanto os importadores deixaram de arrecadar 150 mil 13

toneladas, tendo lançado no mercado brasileiro 110 mil toneladas de pneus que são de responsabilidade deles. Quando se remete ao Ministério Público, não é possível identificar o cumprimento da meta ou não, pois se torna muito mais fácil contactar a Reciclanip do que 660 importadores. Esse é o grande problema de ter um sistema dissociado, um que representa fabricante e outro que representa importador, concluiu o palestrante. 3.2 Programa Dê a Mão para o Futuro Reciclagem, Trabalho e Renda O Sr. Ricardo Abussafy iniciou sua palestra informando que aproximadamente 95% do PIB do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos refere-se a empresas associadas à ABIHPEC. Dentre elas grandes indústrias desse setor como Unilever, Colgate, Palmolive, Natura, O Boticário, entre outras de pequeno e médio porte. A ABIHPEC conta hoje com aproximadamente 350 associados. O programa Dê a mão para o futuro surgiu para se adequar à Política Nacional dos Resíduos Sólidos - PNRS, Lei nº 12.305, que foi promulgada em 2010, e demorou aproximadamente 20 anos para ser aprovada e em tempo recorde, foi regulamentada. Junto com ela foi regulamentada a política pró-catador, isso porque a PNRS veio com uma ideia de priorizar ou fortalecer as cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Abussafy relatou que as indústrias usuárias de embalagem (setor de higiene pessoal perfumaria e cosméticos, produtos de limpeza, alimentos, entre outros) estão articulando por meio de uma coalizão, um acordo setorial negociado com o Ministério Federal, para a formação de um padrão de funcionamento da logística reversa e da responsabilidade pós-consumo aplicada para esses vários setores. Conforme o palestrante, o objetivo principal do programa Dê a mão para o futuro é a implantação de um modelo para a coleta e reciclagem das embalagens pós-consumo que tem por princípios: inclusão social dos catadores de materiais recicláveis, responsabilidade compartilhada, educação para a sustentabilidade aos moradores e atendimento à legislação. Nesse conceito de responsabilidade compartilhada, a proposta do programa Dê a mão para o futuro é que tenha uma divisão das várias responsabilidades para 14

estruturar um trabalho de coleta seletiva ou participação de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, e que não fique um custo totalmente centrado em qualquer um desses setores, mas que tenha um compartilhamento tanto das responsabilidades quanto dos custos. Ricardo apresentou os objetivos do programa de responsabilidade pós-consumo: redução do volume de materiais que seriam destinados aos aterros; ampliação e melhoria da coleta criada para o beneficiamento; valorização e comercialização dos recicláveis; oferecer uma opção mais adequada do gerenciamento dos resíduos; que as matérias-primas sejam devidamente coletadas e processadas; além da inclusão social e a melhoria das condições de trabalho e da qualidade de vida dos trabalhadores. Segundo o palestrante, os acordos para definição das responsabilidades são: negociar com o estado um termo de compromisso; realizar um diagnóstico do município e das cooperativas de catadores; assinar o termo de adesão com a prefeitura; e formar convênio de cooperação financeira com as cooperativas de catadores. Foram informados os critérios que o município precisa atender para a realização do diagnóstico, tais como: pertencer a regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; ter população entre 100 mil e 400 mil habitantes; possuir cooperativa ou associações de catadores; ter implantando o programa de coleta seletiva municipal; além de distância entre municípios para formar pólos do projeto. Conforme Abussafy, quando o município não possui um desempenho coerente com a abrangência da coleta seletiva, podem ser identificados alguns problemas. Primeiro na questão da educação ambiental, ou seja, sensibilização para a separação desse material e depois a eficiência da própria coleta, pelo fato de haver uma coleta informal. Com outro diagnóstico, pode-se identificar dentro do galpão de catadores qual a questão da propriedade, se o galpão é alugado ou próprio, o estado físico das instalações, a capacidade das instalações, o maquinário que possuem, a produtividade, a renda, se eles são organizados em redes de cooperativas ou não, o modelo jurídico fiscal, e como realizam parceira com a prefeitura. 15

Foi ressaltada a responsabilidade do programa Dê a mão para o futuro, que é de doar equipamentos e materiais de divulgação da coleta seletiva às cooperativas e realizar a capacitação dos catadores em conjunto com as prefeituras. Outro aspecto importante, é que as prefeituras se responsabilizam por fornecer infraestruturas adequadas para as cooperativas, implantar e ampliar a coleta seletiva, destinar o material para as cooperativas de catadores para que se comprometam em aumentar e qualificar sua coleta seletiva. E as associações se responsabilizam em fazer a triagem e separação do material, descaracterizar as embalagens, que seria basicamente moer ou prensar, assim como a comercialização. O projeto já foi implantando em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná, entre 2006 e 2012. Em 2013 iniciou-se a implantação em São Paulo e até 2015 irá fechar a primeira meta com aproximadamente 138 cooperativas associadas. Abussafy informou que a vantagem do modelo é que ele atende à Política Nacional de Resíduos Sólidos e prioriza a participação das cooperativas e das associações de catadores. Para os municípios ele fornece um suporte técnico na implantação da coleta seletiva, capacita não só as cooperativas, mas também a equipe técnica e garante a destinação adequada dos resíduos. Para as cooperativas, apoia com a capacitação, melhora as condições de infraestrutura e de segurança e permite o aumento da renda. Para os recicladores, permite o maior controle da qualidade e comprometimento no fornecimento dos recicláveis. Aos usuários de embalagens, oferece uma solução mais eficiente, que tem uma operação independente, sendo aplicado a múltiplos materiais, não apenas ao material do setor. Para a sociedade, reduz o volume de resíduos, diminuindo o impacto ambiental, educa a população para reciclagem e proporciona a inclusão social e geração de renda aos catadores. Segundo Ricardo, iniciou-se uma negociação com os recicladores para que os mesmos desenvolvam as suas indústrias e disseminem pólos industriais em outras regiões, não apenas no Sudeste e Sul, onde encontramos as maiores recicladoras, de forma a melhorar a logística de transporte desse material, além de diminuir a atuação dos atravessadores. 16

Ricardo finalizou mostrando que possuem como resultado a melhoria de trabalho e da qualidade de vida dos cooperados, que segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos é prioridade na gestão integrada dos resíduos. 3.3 A Gestão de Resíduos e Coprodutos em Indústria Siderúrgica O Sr. Glautiere iniciou a palestra apresentando a parte ambiental de gestão de resíduos e coprodutos da Aperam South America. Segundo ele, o primeiro conceito a quebrar em relação ao resíduo é de intimidade, e o setor privado já faz isso há um bom tempo, sendo possível visualizar o resíduo como um coproduto. Conforme dito por Glautiere, a separação de papel, plástico e vidro é um procedimento difícil, pois envolve a parte comportamental. A Aperam possui uma meta de ganho de mais de 20 milhões com venda de coproduto, ou seja, resíduo com valor agregado. Relatou que para cada tonelada de aço produzido são gerados de 700 a 750 kg de resíduos, portanto uma siderúrgica produz aço e resíduo e, se uma empresa não possui uma gestão, ela produzirá muito aço, mas também muito resíduo. Por sua vez, se a empresa transformar o resíduo em coproduto, estará gerando aço, coproduto e a geração de resíduo estará ambientalmente controlada. Ilustrou com um gráfico que a Aperam gera 75% de escórias, 13% de lamas, 6% de pó, 3% de limalha e emulsões, 2% de carepas e 1% de areia. Em um ano a empresa gerou 465.558 toneladas de resíduos. Em relação à destinação desses resíduos, ilustrou que 50% são comercializados, 31% doados, 10% dispostos no pátio, 8% reciclado e 1% coprocessado. Antes de 2008, a cada tonelada de resíduo que a Aperam gerava, 150 kg eram encaminhados para o pátio, um total de 150 a 160 mil toneladas por ano, porém a partir de 2009 com vários projetos que a empresa foi elaborando, esse número decresceu para 84 mil toneladas/ano e o desafio para 2013 é decrescer para menos de 50 mil toneladas. Portanto, são encaminhados por ano em torno de 60.641 toneladas para o pátio, sendo gastos em torno de R$ 50,00 por tonelada, o que representa cerca de R$ 6 milhões por ano. 17

Glautiere citou as aplicações dos resíduos gerados: as escórias de carbono e silício são utilizadas em pavimentação de estradas vicinais; as escórias de inox são utilizadas em corretivos agrícolas / fertilizantes; as escórias de ferro / cromo são empregadas na construção civil; a escória de alto forno é usada na produção de cimento; os materiais da coleta seletiva são destinados às empresas recicladoras; os refratários são empregados em argamassas / reciclagem; o óleo usado é destinado ao rerrefino; os ácidos saturados para cloreto férrico e agrosilício; e os pós e lamas do alto forno são encaminhados para as indústrias cerâmicas. Finalizou dizendo que na gestão de resíduos e coprodutos não somente em indústria siderúrgica, mas em qualquer indústria, é possível visualizar que a área de meio ambiente é um ramo de negócios, que não gera apenas custos, mas um ganho de gestão, imagem e dinheiro. A partir do momento que as empresas visualizarem essa questão, elas começarão a ficar mais competitivas e trabalharão como multiplicadores, principalmente com relação ao comportamento, tanto no que diz respeito à segurança quanto à área ambiental. 3.4 A experiência do Programa Ambientação nos prédios públicos de Minas Gerais O Sr. Ricardo Botelho iniciou apresentando o programa Ambientação, que nasceu em 2003 quando a Secretaria de Governo de Minas Gerais queria implementar a Coleta Seletiva na base do governo. Assim, encaminhou a demanda à Secretaria de Meio Ambiente do Estado SEMAD, que compartilhou essa solicitação com a Fundação Estadual de Meio Ambiente Feam, órgão ambiental estadual responsável naquela época, dentre outros aspectos, pelo licenciamento, fiscalização e gestão de resíduos, seja de municípios ou empresas. Assim, criou-se o programa Ambientação, com o objetivo amplo de comunicação e educação socioambiental direcionados aos servidores públicos, fazendo com que no ambiente de trabalho refletissem sobre o estilo de vida e comportamento relacionando-os com os impactos ambientais negativos. O palestrante comentou que para divulgar esse Programa foi criada uma logomarca com identidade visual, que recebeu o nome de Bileco, sendo o principal artifício comunicativo do programa. As setas inseridas no mascote norteiam a ideia de que somos abertos a mudanças, o nome sugere a constante adaptação às 18

mudanças do meio e o slogan Educação Ambiental em Prédios Públicos de Minas Gerais torna a marca associável a qualquer instituição pública, porque o objetivo inicial era de que, posteriormente, essa experiência pudesse ser replicada em todos os prédios. Os principais objetivos do Programa Ambientação são redução dos impactos ambientais, do consumo, do desperdício, dos custos e, fundamentalmente, melhorar a qualidade de vida dos servidores no ambiente de trabalho. Atualmente, o Programa está presente em cerca de 80% das sedes das instituições públicas, maior parte em Belo Horizonte, sendo 75 instituições no total, dentro de 49 edificações e com mais de 30 mil servidores envolvidos nessa campanha. O Sr. Ricardo informou que o Programa é gerido da seguinte maneira: Comissão Gestora, sendo a gestão compartilhada entre a Fundação Estadual de Meio Ambiente Feam e a Fundação Israel Pinheiro FIP; Comissão Setorial por Instituição, representada por servidores que recebem a metodologia. Considera-se a realidade local, a cultura e então é implementada, ponderada e adaptada a metodologia para sua instituição, esses servidores são responsáveis pelo processo contínuo e resultados positivos. Segundo o palestrante, a demanda da coleta seletiva se deu pela importância da hierarquização da gestão dos resíduos, por meio da não geração, redução, reaproveitamento, reciclagem, tratamento e depois a disposição final. Considerando a Cidade Administrativa, que é o maior espaço público onde o programa Ambientação está implementado, um consumo de 02 (dois) copos por dia por servidor, considerando o número de 17.322 servidores, representa então 8.730.288 copinhos consumidos ao longo de um ano. A redução do consumo diário para um copo resultaria numa economia de R$ 130.954,32. O palestrante citou que das 44 instituições localizadas na cidade Administrativa, 60% possuem o programa Ambientação. 19

Ricardo informou que mensuraram o consumo de água, sendo 05 (cinco) medições diárias, em dois andares de um dos prédios, para estimar o consumo de água com a utilização dos copos descartáveis. Depois retiraram os copos descartáveis e forneceram canecas aos servidores. Com esse fato, observaram que houve um incremento no consumo de água, pois as pessoas passaram a lavar as canecas. Porém, concluiu-se que a quantidade de água gasta a mais para lavar as canecas era inferior a quantidade de água para produzir os copinhos. Para fabricar 4.323 copos são utilizados 865 litros de água e o acréscimo de volume pelas lavagens foi de 295 litros, em dados semanais. Esse estudo fundamentou todo um processo de substituição dos copos descartáveis por canecas, por meio de uma parceria com o Banco do Brasil, que confeccionou 20 mil canecas. Comentou o reforço na comunicação para tentar sensibilizar as pessoas sobre a utilização das canecas e ressaltou que se tratava de um instrumento para mudanças de comportamento. Atualmente o programa Ambientação atingiu uma meta de quase 80% de redução dos copinhos descartáveis, que representa em 2013 uma economia de quase 560 mil copinhos. Ricardo comentou também sobre uma campanha para o desligamento dos monitores de computadores durante o período do almoço. Para atingir um maior público, apresentaram uma pesquisa que 350 monitores ligados durante 01 (uma) hora, desperdiçam energia equivalente a 645 kwh que, segundo padrão da Cemig, abasteceria 06 (seis) residências padrão de 4 (quatro) pessoas durante um mês. Para referenciar essa campanha foi realizada uma blitz educativa composta por um cartão verde, um amarelo e um vermelho, que cada setor recebia em função de seu desempenho no projeto. Foi ressaltado que a Feira de Trocas também é uma ação para ser aplicada em qualquer ambiente. Consiste simplesmente em marcar um dia para a feira, onde as pessoas trazem de casa objetos que não usam para trocá-los. Relatou que a segunda linha de ação é a gestão de resíduos, ou seja, se não foi possível reduzir e nem reaproveitar, procura-se separar o que pode ser encaminhado para a reciclagem. Essa linha de ação começa com um estudo 20

denominado diagnóstico de caracterização dos resíduos, onde armazena-se o material gerado pela instituição por 05 (cinco) dias úteis consecutivos, normalmente de segunda a sexta-feira, e no 6º dia útil esse material é pesado e triado em várias frações para conhecer a composição gravimétrica, ou seja, o que é representado por cada parte de papel, plástico, metal e outros. Mais de 100 (cem) diagnósticos foram realizados nas instituições públicas, podendo-se generalizar que 85% do que é gerado é constituído por resíduos potencialmente recicláveis, sendo que 70% desses recicláveis são papéis. Se a instituição não fizer a coleta seletiva, 100% desses materiais serão aterrados em um aterro sanitário ou em locais inadequados de disposição final, reduzindo a vida útil do empreendimento. Além de aterrar riqueza, deixam de gerar renda e trabalho para várias famílias que vivem da coleta e venda desses materiais. Destacou que as comissões setoriais, que são as coordenações do programa em cada instituição, recebem um boletim eletrônico periódico, chamado rede ambientação, que compartilha as experiências das ações realizadas em cada instituição. Essas experiências são repassadas para um blog em que constam todas as informações que foram veiculadas por essa rede, um banco de dados que vem sendo alimentado continuamente. Com isso, é possível conseguir soluções integradas no desenvolvimento e aprimoramento contínuo do programa. Apresentou também que, anualmente, o Programa realiza o Fórum Interinstitucional Ambientação FIA, quando as comissões institucionais se reúnem e trocam experiências. Durante o Fórum é realizado também o prêmio Ambientação, onde se destacam os melhores trabalhos desenvolvidos pelas comissões setoriais. Além dos jogos que circulam nas instituições em que o programa está inserido. Há também a realização de atividades lúdicas, artísticas, teatrais e oficinas, para que o público se sensibilize. Ricardo concluiu que o Ambientação é um programa de conhecimento e não de imposição, procurando fazer com que as pessoas se convençam de que essas mudanças de hábitos são importantes e então participem. 21