UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO ENGENHARIA AMBIENTAL

Documentos relacionados
Licenciamento Ambiental na CETESB IV Aquishow

PROJETO MAIS PEIXES EM NOSSAS ÁGUAS

Tratamento de Efluentes na Aqüicultura

DECRETO Nº 4.895, DE 25 DE NOVEMBRO DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e

Shopping Iguatemi Campinas Reciclagem

10º LEVANTAMENTO DE SAFRAS DA CONAB /2013 Julho/2013

Tem por objetivo garantir a existência contínua de um estoque organizado, de modo a não faltar nenhum dos itens necessários à produção.

Estudos sobre a implantação de tanques-rede em Reservatórios de Minas Gerais. CEMIG 2011 ELIZABETH LOMELINO CARDOSO elomelinoc@epamig.

Gestão de Riscos e oportunidades relacionadas à Ictiofauna. Dezembro de 2011

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA REVISÃO ORDINÁRIA DA PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA FIRMADA ENTRE O MUNICÍPIO DE RIO CLARO E A FOZ DE RIO CLARO S/A.

Recebendo seus Alevinos

TÍTULO: Validação e Introdução de Tecnologia Apropriada à Produção de Tambaqui (Piscicultura)

Aeração e Aquicultura - Ar Difuso Peixes e Camarões

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

RESOLUÇÃO Nº 131, DE 11 DE MARÇO DE 2003

PORTARIA SERLA N 591, de 14 de agosto de 2007

INSTRUÇÃO TÉCNICA DPO Nº 001, de 30/07/2007

1. Introdução. 1.1 Apresentação

[ meio ambiente ] 68 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo. Por: Oswaldo Faustino

CAPÍTULO 3 PROTOCOLO DE KIOTO

5ª SÉRIE/6º ANO - ENSINO FUNDAMENTAL UM MUNDO MELHOR PARA TODOS

Programa FAPESP. Pesquisa Inovativa EM. Pequenas Empresas

ecoturismo ou turismo. As faixas de APP que o proprietário será obrigado a recompor serão definidas de acordo com o tamanho da propriedade.

O Aquanegócio Brasileiro: uma visão diferente. SEBRAE/MT Cuiabá, 16 Outubro 2014

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO

IT AGRICULTURA IRRIGADA. (parte 1)

A HIDROSFERA. Colégio Senhora de Fátima. Disciplina: Geografia 6 ano Profª Jenifer Tortato

CHECK - LIST - ISO 9001:2000

Subsídios técnicos para a agenda brasileira de bioetanol

LINEAMENTOS PARA MELHORAR A GESTÃO DAS ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS E FAZER MAIS SUSTENTÁVEL A PROTEÇÃO DA SAÚDE

FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE PALMAS DIRETORIA DE CONTROLE AMBIENTAL GERÊNCIA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2015

Comentários sobre o. Plano Decenal de Expansão. de Energia (PDE )

Manual do Participante do Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica - EaD

POLÍTICA DE SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE (SMS) Sustentabilidade

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 12, DE 03 DE SETEMBRO DE 2008.

Gestão da Demanda de Água Através de Convênios e Parcerias com o Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura da Cidade de São Paulo SABESP

PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE NAS UNIDADES DE SAÚDE

De uma fazenda para outra, há uma grande variação nas taxas de produção de bagres.

CUIDAR DA TERRA ALIMENTAR A SAÚDE CULTIVAR O FUTURO

1 (0,5) Dos 3% de água doce que estão na superfície terrestre, onde estão concentradas as grandes parcelas dessas águas? R:

Instruções Técnicas para Apresentação de Projetos de Bases de Apoio a Empresas Transportadoras de Cargas e Resíduos - Licença de Instalação (LI) -

1. Quem somos nós? A AGI Soluções nasceu em Belo Horizonte (BH), com a simples missão de entregar serviços de TI de forma rápida e com alta qualidade.

Produção de Energia Alternativa

Pesca Tradicional. Garantindo o sustento diário

Sistema de Cadastro Ambiental Rural

RECURSOS HÍDRICOS DISPONÍVEIS NO BRASIL PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

MRP II. Planejamento e Controle da Produção 3 professor Muris Lage Junior

Instruções Técnicas Licenciamento Prévio para Destinação Final de RESIDUOS DE FOSSA SÉPTICA

CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE DO AMAZONAS

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Piscicultores discutem custos de produção da aquicultura na região central do estado do Tocantins

Sumário. Zeca. O amigo da água. 04. A importância da água. 05. Por que preservar 06. Como a água chega à sua casa 07. Dicas para preservar a água 09

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA

PROJETO DE LEI Nº, DE 2014

MMX - Controladas e Coligadas

Manual do Integrador. Programa de Formação

Sistema de Informações Geográficas Avaliação da Qualidade de Água por meio do IQA utilizando um Sistema de Informação Geográfica (SIG)

FUNDAMENTOS PARA A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

4 O Sistema Eletro-energético Brasileiro

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 008, DE 10 DE JULHO DE 2007 (Publicada no Diário Oficial do Espírito Santo em 11 de julho de 2007)

SISTEMAS DE GESTÃO São Paulo, Janeiro de 2005

REQUERIMENTO (Do Sr. Vittorio Medioli)

PROJETO DE LEI N o 1.847, DE 2003

CONEXÃO DE GERAÇÃO AO SISTEMA CELESC

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

Termo de Referência nº Antecedentes

SAÚDE E SEGURANÇA QUALIDADE DE VIDA CIPA 5 S SUSTENTABILIDADE SMS RESPONSABILIDA DE SOCIAL

CURSO: GESTÃO AMBIENTAL

PRÊMIO ESTANDE SUSTENTÁVEL ABF EXPO 2014

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Projeto SIGA-EPT. Manual do usuário Módulo Requisição de Almoxarifado SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO ACADÊMICA

Quanto maior o desenvolvimento econômico de um país

A IMPORTÂNCIA DA AERAÇÃO NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO AQUÍCOLAS. Kátia Daniele do Nascimento

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Palácio dos Bandeirantes Av. Morumbi, Morumbi - CEP Fone: Nº 118 DOE de 24/06/06. Saúde GABINETE DO SECRETÁRIO


Até quando uma população pode crescer?

5.1 Nome da iniciativa ou Projeto. Academia Popular da Pessoa idosa. 5.2 Caracterização da Situação Anterior

Sistema de Gestão da Qualidade

Esclarecimentos sobre rentabilidade das cotas do Plano SEBRAEPREV

CONCEITOS E MÉTODOS PARA GESTÃO DE SAÚDE POPULACIONAL

"PANORAMA DA COLETA SELETIVA DE LIXO NO BRASIL"

Gestão de Relacionamento com o Cliente CRM

Água. Como tema gerador para. Apresentação cedida por Valéria G. Iared

4 Avaliação Econômica

Saiba mais sobre o Novo Código Florestal Brasileiro e o CAR COLADO NA CAPA

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO As Normas da família ISO 9000

ATIVIDADE DE ANALISE CRITICA DOS EIXOS, PROG

Seja dono. da sua ENERGIA

2.7. Informar se há reserva particular na propriedade com registro em órgão ambiental (IBAMA/IPAAM/Secretaria Municipal

Pag: 1/20. SGI Manual. Controle de Padrões

PROCEDIMENTO OPERACIONAL AQUISIÇÃO / QUALIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES

"Água e os Desafios do. Setor Produtivo" EMPRESAS QUE DÃO ATENÇÃO AO VERDE DIFICILMENTE ENTRAM NO VERMELHO.

ASPECTOS CONSTRUTIVOS E AMBIENTAIS DE TELHADOS VERDES EXTENSIVOS

Exercício 1: Calcular a declividade média do curso d água principal da bacia abaixo, sendo fornecidos os dados da tabela 1:

MANUAL DE ORGANIZAÇÃO ELETROS Norma Operacional

PORTUCEL SOPORCEL. INVESTIGAÇÃO NAS ÁREAS DA FLORESTA E DO PAPEL Uma renovação de raiz EMPRESA

Em 2050 a população mundial provavelmente

Transcrição:

UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO ENGENHARIA AMBIENTAL Missão: Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras IMPLANTAÇÃO DE TANQUES-REDE PARA CULTIVO DE PEIXES NO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU REGINALDO JOSÉ DE OLIVEIRA Foz do Iguaçu - PR 2010

II REGINALDO JOSÉ DE OLIVEIRA IMPLANTAÇÃO DE TANQUES-REDE PARA CULTIVO DE PEIXES NO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da Faculdade Dinâmica das Cataratas (UDC), como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Ambiental. Prof(a). Orientador(a): Marlene Cristina de Oliveira Laurindo Foz do Iguaçu PR 2010

III TERMO DE APROVAÇÃO UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS IMPLANTAÇÃO DE TANQUES-REDE PARA CULTIVO DE PEIXES NO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL Acadêmico (a): Reginaldo José de Oliveira Orientadora: Ms. Marlene Cristina de Oliveira Laurindo Nota Final Banca Examinadora: Prof.(ª). Dra. Talita Moretto Alexandre Prof. Dr. Handrey Borges Araújo Foz do Iguaçu, 7 de dezembro de 2010.

IV DEDICATÓRIA A minha esposa e a meus filhos que estiveram sempre juntos apoiando e dando força para que eu realizasse esta conquista tão importante para minha vida. E aos meus pais que por diversas vezes me apoiaram a prosseguir nos meus estudos.

V AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me conceder entendimento e dado força para concluir esta etapa tão importante da minha vida. A minha esposa que sempre me apoiou para que eu concluísse este curso. Aos meus filhos que entenderam a necessidade que eu tinha de realizar este estudo, ficando ausente em muitas fases de suas vidas. Aos meus pais e familiares que me auxiliaram para a realização deste curso. Aos professores do curso de engenharia ambiental que foram as pessoas de maior importância neste curso. E aos amigos que conheci durante o curso e hoje tenho uma grande consideração. Aos colaboradores da diretoria de coordenação do meio ambiente da Itaipu Binacional, que são responsáveis pelo programa mais peixes em nossas águas. E em especial a professora e orientadora Marlene Cristina de Oliveira Laurindo que colaborou para este trabalho tão importante para a conclusão do curso.

VI EPÍGRAFE Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, Feliz serás, e tudo te irá bem. Salmo 128 1,2.

VII OLIVEIRA, Reginaldo José. IMPLANTAÇÃO DE TANQUES-REDE PARA CULTIVO DE PEIXES NO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU. Foz do Iguaçu, 2010. Projeto de Trabalho Final de Graduação - Faculdade Dinâmica de Cataratas. RESUMO O Brasil diante do cenário mundial se destaca pela sua grande extensão territorial, produção de grãos e enorme potencial hídrico, estes fatores contribuem para o bom desenvolvimento do país e em especial da aquicultura, criação sustentável de organismos aquáticos em cativeiro. Esta prática proporciona aos pescadores melhoria de renda, alimentação, inclusão social e desenvolvimento da região do empreendimento, preserva as espécies nativas e mantém o estoque pesqueiro natural. Diante deste fato o trabalho foi realizado com objetivo de descrever as fases do processo de implantação, legalização, instalação e produção do sistema intensivo de criação de peixes em tanques-rede, gaiolas flutuantes que permite estocar grande quantidade de peixes em um pequeno espaço. Esta prática está sendo utilizada em lagos, mares, açudes e reservatórios de hidrelétricas com fluxo de água constante, por se tratar de um sistema com baixo custo para sua implantação e bom rendimento de produção tem aumentado cada vez mais a sua utilização. O trabalho foi realizado na Usina Hidrelétrica de Itaipu, na diretoria de coordenação do meio ambiente acompanhando as atividades rotineiras dos engenheiros que apóiam os pescadores da região da Bacia do Paraná III. Os resultados demonstraram que a criação de peixes em tanques-rede deve estar em conformidade com órgãos ambientais responsáveis, e deve manter o acompanhamento técnico e monitoramento constante pelos pescadores para que o crescimento e o ganho de peso das espécies alcance resultados satisfatórios. Palavras-chave: Aqüicultura Sustentabilidade Inclusão Social.

VIII OLIVEIRA, Reginaldo José. DEPLOYMENT OF TANKS FOR NETWORK-FISH CULTURE IN RESERVOIR ITAIPU DAM. Foz do Iguaçu, 2010. Project to Completion of Course Work - Faculdade Dinâmica de Cataratas. ABSTRACT The Brazil on the world stage is distinguished by its large territory and huge production of grain and water potential, and those contributes to the smooth development of the country and in particular aquaculture, sustainable creation of aquatic organisms in captivity. This practice provides fishermen improve income, food, social inclusion and development of the region's new development, preserve native species and maintain the natural fish stock. Given this fact the work was done in order to describe the phases of the deployment process, legalization, production and installation of the intensive system of breeding fish in cages, floating cages that allows storing large quantities of fish in a small space. This practice is being used in lakes, seas, dams and hydroelectric reservoirs with constant flow of water, because it is a system with low cost for implementation and good yield of production has increased even more use. The study was conducted at the Itaipu Hydroelectric Dam, on the board of coordination of the environment following the routine activities of engineers who support the fishermen in the region of the Paraná Basin III. The results show that fish farming in cages must comply with environmental agencies responsible, and shall maintain the monitoring and constant monitoring by the fishermen for the growth and weight gain of species reach satisfactory results. Keywords: Aquaculture Sustainalibility Social inclusion.

IX SUMÁRIO RESUMO... VII ABSTRACT... VIII 1. INTRODUÇÃO... 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO... 12 2.1.1 AQUICULTURA NO BRASIL... 12 2.1.2 PROGRAMA PRODUÇÃO DE PEIXES EM NOSSAS ÁGUAS... 13 2.1.3 PROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA... 14 2.1.4 LEGISLAÇÃO APLICADA NA AQÜICULTURA EM ÁGUAS DA UNIÃO... 14 2.1.5 TRÂMITE PROCESSUAL... 15 2.1.6 DESENVOLVIMENTO DA AQUICULTURA... 16 2.1.7 TÉCNICAS DA AQUICULTURA... 17 2.1.8 IMPACTOS CAUSADOS COM AQUICULTURA... 18 2.1.9 INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DA ÁGUA... 19 2.2.1 PRODUÇÃO EM TANQUES-REDE... 20 2.2.2 ESPÉCIE UTILIZADA - Piaractus mesopotamicus (pacu)... 21 2.2.3 CAPACIDADE SUPORTE... 21 2.2.4 DENSIDADE DE ESTOCAGEM... 22 2.2.5 ACOMPANHAMENTO TÉCNICO... 22 2.2.6 ARRAÇOAMENTO E ENGORDA... 23 2.2.7 CONVERSÃO ALIMENTAR... 24 2.2.8 PRODUÇÃO... 24 3. MATERIAL E MÉTODOS... 26 3.1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO... 26 3.1.2 METODOLOGIA DA PESQUISA... 26 3.1.3 IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA PARA IMPLANTAÇÃO DOS TANQUES-REDE... 27 3.1.4 BATIMETRIA... 28 3.1.5 INSTALAÇÃO DAS POITAS... 28 3.1.6 TANQUE REDE UTILIZADO NA IMPLANTAÇÃO... 30 3.1.7 POVOAMENTO DOS TANQUES-REDE... 30 3.1.8 ACOMPANHAMENTO TÉCNICO... 33 3.1.9 BIOMETRIA... 33 3.2.1 MODELO OPERAÇÃO DE BIOMETRIA... 33 3.2.2 MODELO OPERAÇÃO ARRAÇOAMENTO... 34 3.2.3 PARÂMETROS FÍSICOS QUÍMICOS DA ÁGUA... 35 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 36 4.1.1 CONTROLE DE PRODUÇÃO... 38 4.1.2 CRESCIMENTO... 40 4.1.3 CONVERSÃO ALIMENTAR... 41 4.1.4 PARÂMETROS FÍSICOS QUÍMICOS DA ÁGUA... 42

X 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 45 ANEXO I: Órgãos que regularizam o empreendimento... 48 ANEXO II: Modelo de pedido de área Aquícola... 49

XI LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Coeficiente para cálculo do fornecimento da ração...24 Tabela 2 - Coordenadas geográficas do local de implantação.... 26 Tabela 3 - Resultados da Batimetria realizada para instalação da corda de sustentação dos tanques-rede.... 36 Tabela 4 - Resultados das biometrias realizadas nos meses de junho, julho, agosto e setembro de 2010.... 37 Tabela 5 - Mostra o consumo de ração, ganho de biomassa e conversão alimentar... 39 Tabela 6 - Parâmetros físicos químicos da água.... 42

XII LISTA DE FIGURAS Figura 1: Imagem panorâmica da área de implantação dos tanques-rede... 27 Figura 2: Modelo de poita utilizada para fixação dos tanques-rede... 29 Figura 3: Corda long line instalada e sinalizada.... 29 Figura 4: Tanque-rede utilizado para criação de peixes.... 30 Figura 5: Retirada de juvenis de tanque escavado.... 31 Figura 6: Povoamento de tanque-rede...... 32 Figura 7: Tanques-rede povoados e fixos nas cordas de fixação.... 32 Figura 8: Imagem do perfil do local onde foram implantados os tanques-rede....37 Figura 9: Gráfico do crescimento do peixe cultivado... 40 Figura 10: Mostra a curva do crescimento da conversão alimentar durante o período do cultivo, junho a setembro de 2010... 41

10 1. INTRODUÇÃO A aquicultura, ou criação de organismos aquáticos como peixes, crustáceos, rãs, plantas aquáticas e outras espécies com origem de mares, rios, lagos e lagoas, é uma atividade econômica não-predatória, capaz de garantir a preservação e a continuidade das espécies cultivadas. O consumo de pescado no Brasil quando comparado com outros países é relativamente baixo, de acordo com dados da revista panorama da aquicultura o brasileiro hoje consome cerca de 7kg de carne de peixe por ano, enquanto a média anual é de 16Kg, salvo na Amazônia que tem consumo de 50Kg anuais, indicando que se houver uma maior demanda de produção com preço acessível terá aumento significativo no consumo por indivíduo (OLIVEIRA, 2009). Como forma de promover a ascensão social e aproveitamento do grande potencial hídrico o Brasil tem incentivado através de programas à implantação em seus reservatórios de hidrelétricas, açudes e mares o cultivo de peixes em tanquesrede, sistema que proporciona um maior desempenho da produção por ter um maior contato com o peixe confinado, desta forma proporciona ótimos resultados, trazendo melhor qualidade de vida à população envolvida com o cultivo. Através da busca de conhecimento relacionado ao cultivo de peixes em tanques-rede e o acompanhamento das atividades realizadas junto aos engenheiros de aquicultura em seu ambiente de trabalho, houve o interesse em desenvolver o estudo das fases de implantação do sistema, analisando sua viabilidade econômica, vantagens e desvantagens na cadeia produtiva e na complementação alimentar das pessoas envolvidas no programa. A criação de peixes em tanques-rede é o sistema que permite o cultivo de peixes utilizando uma pequena área e com grande capacidade de estocagem. Estas estruturas são de forma retangulares constituída basicamente de flutuantes, (galões, canos de pvc ou bambu) que garante a flutuação da estrutura e permite manter em seu interior grande quantidade de peixes para engorda. Sua rede pode ser confeccionada com náilon, plástico perfurados ou arames galvanizados revestidos com pvc.

11 O sistema utilizado é super intensivo, pois permitem altas taxas de renovação de água, altas densidades de estocagem e uma alta produtividade por unidade de área ou volume. Para a instalação de tanques-rede em águas de domínio da União é necessário a liberação dos órgãos regulamentadores, o documento de preenchimento para o pedido de licenciamento das áreas aquícolas e outorga do uso da água contempla vários itens que asseguram que à implantação do empreendimento, garante a concordância com a legislação ambiental vigente, de modo que não apresente riscos ao meio ambiente e ao tráfego fluvial na região da implantação, motivo pelo qual houve o interesse em participar do processo, visando um maior entendimento sobre o assunto e de alguma forma colaborar com os trabalhos realizados. Sistema de cultivo que permite confinar uma alta densidade de peixes em um pequeno espaço, podendo proporcionar uma alta produtividade. Descreve as fases de licenciamento da área de implantação e o estudo prévio para que o empreendimento se desenvolva e esteja em conformidade com os órgãos que regulamentam a atividade em águas de domínio da União. O presente estudo teve como objetivo a caracterização da área propícia a implantação de tanques-rede, para a criação de peixes no reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu, e acompanhar o processo de produção dos peixes cultivados pelos pescadores apoiados pelo programa da diretoria da coordenação do meio ambiente da Usina, criado para apoiar e difundir a pesca e a aqüicultura na região da bacia do Paraná III.

12 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.1 AQUICULTURA NO BRASIL O Brasil é o país que apresenta um dos maiores potenciais para a aquicultura no mundo, pois possui recursos hídricos abundantes e uma enorme extensão territorial. Grande parte de sua área encontram-se na zona tropical, onde recebe energia solar abundante durante o ano todo. Há também um grande número de espécies nativas adequadas para a piscicultura (CASTAGNOLLI, 1992). O Brasil conta com ótimas condições para o desenvolvimento da atividade piscícola, com mais de 5,3 milhões de hectares de espelho de água doce, este potencial de algum modo, pode ser aproveitados ou reaproveitados em produção aqüicola (KUBITZA,1999). Além do grande potencial de mercado, o país conta com clima favorável, grandes áreas disponíveis, uma enorme safra de grãos como (soja, milho, trigo, entre outros que geram matérias primas para rações animais) e invejável potencial hídrico (BOZANO, 2002;ONO e KUBITZA, 2003). A base da aquicultura brasileira é principalmente em regime semiintensivo de produção e, com exceção do setor da carcinicultura, é sustentada principalmente por pequenos produtores. Longe de ser um problema, esse fato pode ser encarado como positivo, posto que na maioria dos casos, os grandes produtores mundiais de organismos aquáticos cultivados são países cuja produção está baseada nas pequenas propriedades (COTRONI et al, 2000). O grande desenvolvimento da aquicultura no Brasil nos últimos anos, a uma taxa de 15% ao ano no aumento da produção de pescado, está sendo considerada como uma das melhores alternativas para diminuir a pesca sobre os estoques pesqueiros naturais, como também para reduzir os impactos negativos que a exploração pesqueira indiscriminada pode causar nos ecossistemas aquáticos (ROTTA; QUEIROZ, 2003). A produção da aquicultura está em fase crescente no cenário mundial, enquanto que a produção de produtos aquáticos de origem extrativista mostra sinais

13 da estabilização ou mesmo decréscimo. Na produção em água doce, observa-se um decréscimo significativo da pesca extrativa nos últimos 5 anos, acompanhada por uma importante elevação da produção aquícola. A redução nos estoques pesqueiros em águas continentais brasileiras é decorrente de alterações causadas por ações antrópicas, como a poluição de rios, assoreamento, falta de controle no tamanho do pescado e desrespeito as épocas de reprodução; estas e outras ações fazem com que haja a diminuição da quantidade de peixes encontradas em águas brasileiras (CECCARELLI, et al., 2000). 2.1.2 PROGRAMA PRODUÇÃO DE PEIXES EM NOSSAS ÁGUAS A Construção da usina atraiu milhares de pessoas para trabalhar na obra. O fluxo populacional atraiu investimentos e desenvolvimento, mas aumentou também a pressão sobre os recursos ambientais. A população de pescadores residentes entre Foz do Iguaçu e Guaira saltou de 200, da época da formação do reservatório, para mais de 700 nos dias de hoje. A eles se somam 130 famílias com mais de 600 índios, além de assentados da reforma agrária, ribeirinhos e pescadores amadores. Assim, os que dependem do reservatório para obter o sustento familiar vêm sendo gradativamente penalizados com a redução do volume pescado e conseqüente redução na renda (PROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA, 2009). É a partir desse contexto que a Itaipu entendeu a necessidade da criação do projeto Produção de Peixes em Nossas Águas, que, além de fortalecer a atividade da pesca, fomenta a aquicultura por meio do cultivo sustentável pelo sistema de tanques-rede. A iniciativa também objetiva aumentar o consumo, promover a inclusão social, o resgate e a valorização da categoria dos pescadores, além de proporcionar melhor qualidade de vida aos assentados, pequenos produtores e comunidades indígenas, também diminuir o esforço de pesca no reservatório, aumentar a produção pesqueira, promover o desenvolvimento sustentável da aquicultura e piscicultura na Bacia do Paraná III produzir alimento com alto valor nutritivo, monitorar e conservar a biodiversidade da região (PROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA, 2009).

14 2.1.3 PROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA O programa cultivando água boa nasceu a partir da concepção da água como recurso universal e que, portanto, não pertence a ninguém, mas sim a toda a humanidade, partiu, também, do princípio de que, do ponto de vista da qualidade ambiental, ela afeta a todos e que os cursos d água estabelecem a verdadeira territorialidade e comunidade de vida. Assim, considerou-se o elemento água, principal ativo da ITAIPU, como o eixo que orientou as ações que fazem parte do programa (PROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA, 2009). Atualmente são desenvolvidos 20 programas e 63 ações fundamentadas nos principais documentos planetários, emanados dos mais importantes fóruns de debates à respeito da problemática socioambiental. As ações vão desde a recuperação de micro-bacias e a proteção das matas ciliares e da biodiversidade, até a disseminação de valores e saberes que contribuem para a formação de cidadãos dentro da concepção da ética do cuidado e do respeito com o meio ambiente (PROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA, 2009). 2.1.4 LEGISLAÇÃO APLICADA NA AQÜICULTURA EM ÁGUAS DA UNIÃO Segundo CODESVASF (2008), Companhia de desenvolvimento dos vales de São Francisco e do Parnaíba em seu manual de criação de peixes em tanquesrede. Para a atividade de aqüicultura, envolvendo a criação de peixes em tanquesrede, é necessária a autorização da União, ou seja, seu uso depende de licenciamento pelo poder público. Todas as autorizações (carteira de aquicultor, outorga para uso d água, licenciamento ambiental, etc.) são redigidas por legislação específica estabelecidas pelas diversas instituições envolvidas. A autorização para uso de espaços físicos em corpos d água de domínio da união está, atualmente, regulamentada pelo: Decreto n.º 4.895, de 25 de novembro de 2003; Instrução Normativa Interministerial n.º 06, de 31 de maio de 2004; Instrução Normativa Interministerial n.º 07, de 28 de abril de 2005;

15 Para o empreendedor produzir de maneira legalizada deve-se obedecer a legislação vigente. Os órgãos envolvidos no processo de regularização estão descritos (conforme Anexo I). 2.1.5 TRÂMITE PROCESSUAL O trâmite processual é descrito pela CODESVASF (2008), conforme descrição abaixo. Inicialmente, o interessado protocola no Escritório Estadual da SEAP-PR o requerimento para autorização de uso de espaço físico, acompanhado do projeto técnico, conforme as especificações da INI 06/04, em 4 vias. Formalizado o processo, este é enviado à SEAP/PR - Sede, onde será cadastrado na base de dados do Sistema de Informação das Autorizações da Águas de Domínio da União para fins de Aquicultura SINAU e analisado nas áreas de Aquicultura e Geoprocessamento. Aprovado o pleito, cópias do processo são encaminhadas à Agência Nacional de Águas ANA, à Autoridade Marítima e ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA. Nesta fase, os três Órgãos emitem, respectivamente, a outorga de direito de uso dos recursos hídricos, a autorização para a legalização para a realização de obras sob, sobre e às margens das águas sob jurisdição brasileira e a permissão para envio do documento à Organização Estadual de Meio Ambiente OEMA, visando à emissão das licenças ambientais. Após a manifestação das instituições supracitadas, o processo é remetido pela SEAP/PR à Gerência Regional do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão GRPU/MPOG emite o termo de entrega à SEAP/PR, autorizando esta secretaria licitar o referido espaço geográfico. A licitação pode ser do tipo concorrência pública, na modalidade de maior lance (onerosa) ou seleção pública (não onerosa), conforme o enquadramento do requerente.

16 Finalizado o certame licitatório, o processo é remetido ao Escritório Estadual da Procuradoria da Fazenda Nacional PFN no estado onde o empreendimento será instalado, para a assinatura do contrato de cessão de uso. Este procedimento se encerra quando o Escritório Estadual da SEAP-PR emite o Registro de Aquicultor em águas de domínio da União. Neste momento, o aquicultor poderá iniciar o processo produtivo integralmente legalizado. O pescador interessado através de alguma colônia deve enviar pedido da área onde deseja iniciar o cultivo, de acordo com a disponibilidade e também de outros interessados pela área é feito avaliação e estipulado a quantidade de tanques-rede a serem instalados. O técnico responsável pelo empreendimento deve formalizar o pedido e enviar ao Ministério da pesca e Aquicultura e aguardar liberação (conforme o Anexo II). 2.1.6 DESENVOLVIMENTO DA AQUICULTURA A Aquicultura é uma atividade de produção sustentável que gera melhorias no nível de vida, fornece alimento com alto conteúdo de proteínas, gera emprego, rentabilidade e captação de divisas (ARANA, 1999). Segunda Ono e Kubitza (2003), a aquicultura é tida como o cultivo de organismos aquáticos, no qual estão inclusos principalmente o cultivo peixes marinhos, peixes diádromos (que no seu ciclo de vida migram entre água doce e salgada), crustáceos, moluscos, plantas aquáticas e peixes de água doce é atualmente o segmento que mais cresce no cenário mundial, tendo superado todas as demais taxas de crescimento de outros tipos de criação de animais. Oliveira (2009) afirma que a contribuição da aquicultura, representado pela somatória dos diversos organismos relacionados à prática, para os estoques de suprimentos mundiais continua crescendo, saltando da significância de 3,9% em 1970 para 32,4% em 2004 (FAO, 2006), representando cerca de um milhão de toneladas e 59,4 milhões de toneladas, respectivamente. Em questões comparativas, o setor vem apresentando taxa de crescimento de 8,8% a várias décadas, comparado com a pesca, 1,2% e com criação pecuária, 2,8% (FAO, 2008).

17 De acordo com Boeger (1998), foi a partir da década de 90, que a piscicultura passou por um momento de grande expansão, como resultado dos esforços dos produtores locais. Segundo Castagnolli (1992), somente no século passado a piscicultura começou a ser praticada comercialmente no Japão, e pesquisas relacionadas com a alimentação nutricional de peixes tiveram início nos Estados Unidos da América, apenas na década de 40. O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e Pesca objetiva estimular a discussão, com base em concepções de planejamento, com possíveis opções de tratamento de problemas sugestões, que permitem colocar em andamento políticas públicas de aquicultura e pesca (LAUDIR, 2007). 2.1.7 TÉCNICAS DA AQUICULTURA Até pouco tempo, a piscicultura era praticada quase que inteiramente em viveiros escavados e em pequenas represas, hoje os tanques-rede despontam como grande aposta para o crescimento da criação de peixes. As principais razões para isso são os baixos investimentos, se comparados as práticas tradicionais de produção, as facilidades de implantação e a disponibilidade de locais para sua instalação (ESCORVO, 2004). Rotta e Queiroz (2003) ressaltam que a piscicultura em tanques rede é uma técnica relativamente barata e simples, quando comparada à piscicultura tradicional em viveiros de terra, pois possibilita a utilização de ampla variedade de ambiente aquático, a exemplo dos reservatórios de hidrelétrica, dispensando os custos com construções de viveiros. O cultivo em sistema de tanques-rede está sendo implantado em enorme crescente nas barragens, açudes, lagoas e reservatórios de domínio da União. O uso de áreas para fins do cultivo em sistemas de tanques-rede é passível de obtenção de outorga, de acordo com as leis que instituíram a Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos e da cessão de águas pela União (OSTRENSKY, et al, 2008).

18 A tecnologia de criação de peixes em tanques-rede está sendo amplamente difundida no Brasil, mostrando-se uma técnica viável por conciliar o uso sustentável do meio ambiente com uma alta produtividade oriunda da utilização de altas taxas de estocagem (CHAGAS et. al., 2003). Essas gaiolas ou tanques-rede são estruturas de tela ou rede, fechado de todos os lados, fixadas dentro do lago, para reter os peixes e permitir a troca completa da água, de forma a remover os seus metabólicos e fornecer oxigênio aos organismos confinados (BEVERIDGE, 1987). A produção de peixes em tanques-rede segundo Cyrino, Portz e Martino (2000), é uma excelente alternativa para o aproveitamento racional das águas públicas onde não possibilita à prática da piscicultura convencional. Estimasse que a captura em reservatórios iguale a produção em cultivo e, assim, estes números somados seguramente colocam o Brasil como um dos principais produtores na América Latina (KUBITZA, 2000). Além disso, a produção de peixes em tanque-rede facilita o trabalho de manejo e o menor uso de equipamentos (SCHMITTOU 1969), possibilita um rápido retorno do capital investido devido à alta produtividade (Castagnolli, 2000) e apresenta várias vantagens do ponto de vista técnico, ecológico, social e econômico em relação à pesca extrativista e a piscicultura tradicional, (SCHMITTOU, 1997) 2.1.8 IMPACTOS CAUSADOS COM AQUICULTURA O impacto causado com a técnica de criação no ambiente varia de acordo com o sistema de cultivo utilizado e também, com as características do corpo d água que recebe o efluente (ZANIBONI-FILHO, 1997). Não se desenvolve técnicas de manejo com objetivando aumento de produtividade sem avaliar os impactos gerados. É necessário entender que a preservação ambiental faz parte do processo produtivo (COTRONI et. al., 2000). Os escapes de peixes de ambientes confinados estão entre os principais fatores relacionados à introdução de espécies de peixes em todo o mundo, com destaque para aqueles oriundos de instalações de aqüicultura (WELCOMME, 1988).

19 De acordo com Kubitza (1999), florações de algas ocorrem porque fertilizantes nitrogenados amoniacais, como o sulfato de amônia, nitrato de amônia, fosfatos e uréia, contribui para o aumento da concentração de amônia na água. 2.1.9 INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DA ÁGUA A água deve ter componentes na quantidade certa, pois a produção de um viveiro está relacionada com a qualidade da água que o abastece, embora sejam raros os mananciais que não podem ser aproveitados para a piscicultura, quanto mais intensivo for o sistema de criação, maiores serão as exigências em termos de qualidade de água e, portanto, maior a necessidade de acompanhamento de suas condições (BOAS PRÁTICAS DE MANEJO E AQUICULTURA, 2006). Segundo Kubitza (2003), a eutrofização da água promove um grande desenvolvimento do fitoplâncton e das plantas aquáticas. Isto pode resultar em problemas na qualidade da água, como as freqüentes oscilações nos níveis de oxigênio dissolvido e ph, causando perda de desempenho da produção ou até mesmo a morte dos peixes confinados. Inúmeros fatores interferem na qualidade da água, o que exige a realização de estudos detalhados dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem tanto em sistemas naturais quanto em artificiais, destacando-se a importância dos ciclos biogeoquímicos para o entendimento do ecossistema aquático (CARMOUZE, 1994). Segundo ONO e Kubitza (2003), em condições de cultivo intensivo em viveiros é comum a ocorrência de variações nos parâmetros de qualidade de água do ambiente, como por exemplo, na temperatura, PH, oxigênio dissolvido e gás carbônico, entre outros. Estas variações também podem ocorrer em reservatórios e açudes usados no cultivo de peixes em tanques-rede. Segundo ONO e Kubitza (2003), a renovação da água é promovida pelas correntes naturais e pela movimentação dos peixes dentro dos tanques-rede. A facilidade de renovação de água depende, em grande parte, do tamanho dos tanques-rede e da resistência das malhas à passagem de água.

20 2.2.1 PRODUÇÃO EM TANQUES-REDE Estima-se que o investimento necessário para a produção de uma tonelada de peixe em tanque-rede seja da ordem de 30-40% daquele para viveiros convencionais. Este fato, aliado às altas produtividades que este sistema de criação de peixes pode proporcionar, tem sido responsável pela grande expansão que se tem observado no país (BOZANO e CYRINO, 1999). O sistema de produção de peixes em tanque-rede implantada em lugar apropriado é uma técnica que proporciona maior produtividade devido à constante renovação de água no interior dos tanques, proporcionando adequada oxigenação e permitindo a eliminação contínua de resíduos orgânicos e metabólicos (ONO e KUBITZA, 1999). Para se alcançar níveis ótimos de produtividade por área numa determinada região, faz-se necessário desenvolver uma tecnologia de produção para cada espécie de peixe, sendo que um dos primeiros passos é a verificação da densidade de estocagem (BRANDÃO et. al., 2005). Segundo Ono e Kubtiza (2003), o piscicultor deve monitorar de perto as condições do cultivo, a fim de prevenir a ocorrência de grandes alterações na qualidade da água, ajustando a biomassa de peixes estocadas ao limite sustentável do açude ou represa, ou mesmo, no caso de grandes reservatórios, posicionando os tanques-rede em locais de qualidade de água adequada e constante. De acordo com Kubitza (2000) e Schimittou (1993), a criação de peixes em tanques - rede, principalmente em locais onde não é possível a drenagem para a despesca, é uma alternativa que vem crescendo e apresenta vantagens do ponto de vista técnico, ecológico, social e econômico sobre o extrativismo e a piscicultura tradicional, já que é perfeitamente adaptável à realidade regional. Segundo ONO e Kubitza (2003), São vários os problemas relacionados a criação de peixes em tanques-rede, entre eles o entupimento das telas do tanque ou gaiola pelo crescimento de organismos ou pela disposição de resíduos, a introdução de espécies indesejáveis e a presença de animais predadores.

21 2.2.2 ESPÉCIE UTILIZADA - Piaractus mesopotamicus (pacu) Conhecido popularmente como Pacu, é o nome geral dado a várias espécies de peixes caracídeos da subfamília Serrasalminae, incluindo também as piranhas, peixe nativo do pantanal sul-matogrossense, dos rios amazônicos e bacia do Prata, alimenta-se de frutos, caranguejos e de detritos orgânicos encontrados na água podem atingir até 15 kg, sendo mais comum encontrar até 8 kg (CASTAGNOLLI, 1985). No Brasil existem mais de trinta espécies de pacu, é encontrado em quase todo o território nacional, é um peixe de escamas com corpo romboidal e comprimido, sua coloração é uniforme, castanho ou cinza escuro, o ventre é mais claro, amarelado quando o peixe está vivo. Os dentes são molariformes, alcança cerca de 50 cm de comprimento total é uma espécie onívora com tendência a herbívora. (BONETTO, et al., 1985). 2.2.3 CAPACIDADE SUPORTE Para determinar a capacidade-suporte dos ecossistemas faz-se necessário o uso de modelos matemáticos de compartimentos, pois estes permitem reproduzir a dinâmica de fluxos entre os componentes do ecossistema, possibilitando a simulação de situações impossíveis de serem testadas na prática sem sérios prejuízos ao ambiente, além de uma avaliação do ambiente como um todo (ANGELINI, 2000). Segundo ONO e Kubitza (2003), a capacidade suporte representa a máxima biomassa sustentada por volume de tanques-rede. A capacidade suporte é expressa em quilos de peixe por metro cúbico de volume útil ou submerso do tanque-rede (Kg/m -3 ). De acordo com o autor um tanque-rede atingi a CS quando os peixes param de ganhar peso, ou seja, quando o incremento em biomassa for nulo.

22 2.2.4 DENSIDADE DE ESTOCAGEM A quantidade de peixes para a estocagem depende de vários fatores para ser definida, como a espécie a ser cultivada, fase de desenvolvimento, tamanho do peixe, qualidade da água no viveiro e estação do ano (CECCARELLI, SENHORINI e VOLPATO, 2000). Densidade de estocagem excessiva dificulta o acesso dos peixes ao alimento gerando certa competição nas zonas de alimentação, com isso, além de afetar no desenvolvimento dos peixes, estressa os animais e eles começam a se machucar uns aos outros (BOAS PRÁTICAS DE MANEJO EM AQUICULTURA, 2006). A densidade de estocagem dos tanques de cultivo sabidamente afeta o desempenho dos peixes, estando relacionada principalmente com a qualidade da água e com a disponibilidade do alimento (ZANIBONI-FILHO e NUÑER, 1987). O estresse é caracterizado por um estímulo no cérebro, liberando fatores químicos que estimulam as células interrenais nos peixes a liberarem hormônios que vão para o sangue, aumentado o consumo de oxigênio e da respiração, então atingem todo o organismo provocando efeito em muitas células, dimuindo o crescimento, inibindo a reprodução e a resistência a doenças (CECCARELLI, et al., 2000). 2.2.5 ACOMPANHAMENTO TÉCNICO Segundo CODEVASF (2008), a biometria é uma atividade bastante difundida na atividade aquícola, sendo executada mediante periódicas pesagens e medições do comprimento corporal de parte representativa do lote, proporcionando ao produtor o acompanhamento do peixe em relação ao ganho de peso e crescimento, e com isso ajustar a quantidade de ração a ser fornecida diariamente, evitando o desperdício ou desnutrição do lote. A nutrição visa, de maneira geral, o fornecimento dos elementos necessários para o organismo se desenvolver de maneira adequada, e, no caso da

23 produção animal, da forma mais econômica possível, para que o produtor obtenha o máximo ganho na atividade (BOAS PRÁTICAS DE MANEJO EM AQUICULTURA, 2006). 2.2.6 ARRAÇOAMENTO E ENGORDA As rações extrusadas flutuantes são as mais utilizadas em tanques-rede, é a ração que passa por um processo chamado extrusão. Neste processo, a ração é submetida à alta temperatura (mais ou menos 105º C), umidade e pressão em uma máquina chamada extrusora, que tem uma rosca sem-fim onde a ração é processada. Depois ela passa por uma matriz que dá a forma a ração. Após o corte, a ração passa por secagem, onde a temperatura diminui e a umidade é retirada até chegar a cerca de 12%. A ração é submetida ao banho de óleo, com óleos de origem animal que permite que ela flutue. Este tipo de ração, além de apresentar maior digestibilidade e aproveitamento pelos peixes, facilita a observação do consumo, permitindo minimizar as perdas de ração e ajustar de forma mais precisa a taxa de alimentação (ONO e KUBITZA, 2003). Segundo ONO e Kubitza (2003), a taxa de alimentação diária dos peixes (expressa em % do peso vivo) é definida em função da temperatura da água, da espécie e tamanho dos peixes e do tipo de ração utilizada. No caso da ração flutuante, definir uma taxa de alimentação diária não é tão importante porque a resposta alimentar dos peixes pode ser observado e a ração é oferecida quase à vontade, em níveis próximos ao consumo máximo dos peixes. Na tabela 1 são apresentados os parâmetros para o calculo de arraçoamento do Piaractus mesopotamicus (pacu), de acordo com a temperatura e o peso médio dos peixes cultivados em tanque-rede. É apresentado o coeficiente para o calculo de arraçoamento, com base na temperatura da água e peso médio das amostras analisadas com a realização da biometria, que também estima a biomassa total do tanque-rede. (MANUAL TÉCNICO CRIAÇÃO DE PACU, UNIOESTE 2010).

24 Tabela 1 - Coeficiente para calculo do fornecimento de ração aos peixes cultivados. Temperatura (ºC) Coeficiente de arraçoamento (% de biomassa) <18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 19 0,33 0,15 0,11 0,14 0,1 0,08 0,07 20 1,11 0,5 0,36 0,49 0,34 0,28 0,23 22 1,88 0,77 0,64 0,91 0,64 0,5 0,44 24 à vontade 2,88 1,57 0,88 1,07 0,74 0,75 0,64 26 4,49 2,76 1,55 1,54 1,04 0,99 0,79 28 5,38 4,09 3,02 2,74 2,01 1,84 1,41 30 5,38 4,09 3,02 2,74 2,01 1,84 1,41 32 5,38 4,09 3,02 2,74 2,01 1,84 1,41 >32 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Classe do peixe (gramas) 5 a 10 11 a 50 51 a 99 100 300 500 700 900 1100 1300 Tipo de Ração Farelada 2,5mm 3 a 4mm 3 a 4mm 6 mm 6mm 6mm 6mm 6mm 6mm N. de Proteína 40 a 50% 36 a 38 % 28 a 32% 28 a 32% 25% 25% 25% 25% 25% 25% Fonte: Manual técnico Unioeste apresentado no 7 cultivando água boa, 2010. 2.2.7 CONVERSÃO ALIMENTAR A conversão alimentar informa quanto de alimento está sendo transformado em massa corporal. A taxa de conversão alimentar é calculada dividindo-se a quantidade de alimento ingerido pelo ganho de peso (DICAS EM PISCICULTURA, 2000). É preciso proporcionar aos peixes um nível de alimento que equilibre ganho de peso e conversão alimentar, de forma a não onerar demasiadamente o custo de produção (PANORAMA DA AQUICULTURA, 2009). Segundo ONO e Kubitza (2003), são inúmeros fatores que influenciam a conversão alimentar, entre elas, a composição, a qualidade nutricional a integridade física das rações, espécie de peixe, idade e tamanho, sexo e reprodução, manejo alimentar e densidade de estocagem. 2.2.8 PRODUÇÃO O cumprimento das condições comerciais serve como importante de aferição do compromisso e profissionalismo do fornecedor, sendo isso diretamente associado à imagem do fornecedor como sendo capaz de oferecer produtos de qualidade (ONO e KUBITZA, 2003).

25 O rendimento em filé de um peixe depende do peso corporal, sexo, composição corporal (gordura visceral), características anatômicas (relação cabeça/ corpo), grau de mecanização na filetagem, método de filetagem e destreza do operador (CLEMENTS e LOVELL, 1994;). A composição química de um pescado é extremamente variável, depende de vários fatores como da época do ano, do tipo, quantidade e qualidade do alimento consumido, do estágio de maturação sexual, da idade e da parte do corpo analisada (CASTAGNOLLI, 1979). Segundo ONO e Kubitza (2003), o registro de dados da produção é fundamental para o acompanhamento do desempenho do empreendimento, de modo que as decisões possam ser tomadas com maior segurança, tanto do ponto de vista do cultivo quanto da comercialização.

26 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A usina hidrelétrica Itaipu Binacional está localizada na Av. Tancredo Neves, 6.731, Foz do Iguaçu PR, no Rio Paraná trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, 14 km ao Norte da Ponte da Amizade. A área se estende desde Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudade del Este, no Paraguai, ao Sul, até Guaíra/PR (Brasil) e salto Guairá (Paraguai), ao norte. O projeto foi implantado no Reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu, aproximadamente 28 Km de Foz do Iguaçu, no Alto da Boa Vista, no ponto de pesca PP-Z12-02. A tabela 2 mostra as coordenadas geográficas do local proposto pelos órgãos regulamentadores, para licenciamento ambiental. Tabela 2: Coordenadas geográficas do local de implantação. N o Vértice Longitude Latitude N o Vértice E N 1-54º 29 45,98569-25º 24 33,89848 1 751875,317161 7187344,686750 2-54º 29 43,48247-25º 24 33,85581 2 751945,317161 7187344,686750 3-54º 29 43,43548-25º 24 36,12933 3 751945,317161 7187274,686750 4-54º 29 45,93873-25º 24 36,17199 4 751875,317161 7187274,686750 3.1.2 METODOLOGIA DA PESQUISA O trabalho foi realizado durante os meses de março a novembro do ano de 2010, no setor da diretoria de coordenação do meio ambiente da Usina Hidrelétrica da Itaipu Binacional, caracterizando a área de implantação de tanquesrede no reservatório e acompanhando o processo produtivo dos peixes cultivados

27 pelos pescadores, também as atividades realizadas pelos engenheiros responsáveis por desenvolver e apoiar a aquicultura na região, em especial a implantação de tanques-rede no reservatório da hidrelétrica, área com grande potencial para a criação de peixes e que deve estar licenciado para que não haja desconformidade com os órgãos ambientais. Os dados foram levantados com auxílio de mapas, fotos aéreas, visitas a campo, carta de navegação, GPS e SONAR, esses dados foram utilizados para determinar a acessibilidade do local visando uma maior comodidade durante os processos do cultivo do pescado. 3.1.3 IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA PARA IMPLANTAÇÃO DOS TANQUES-REDE A visita a campo no local de implantação pode dar a dimensão do trabalho realizado e quais os procedimentos necessários para alcançar o resultado esperado, possibilitou a análise das condições da qualidade e fluxo da água no local da implantação, a facilidade de acesso, transporte da produção e também o estudo da área de influência para que o projeto não prejudique outras atividades vizinhas ao local. A Figura 1 mostra uma visão panorâmica da área de implantação dos tanques-rede para a criação de peixes. Figura 1: Imagem panorâmica da área de implantação dos tanquesrede. Pontos em branco: Local da implantação dos tanques

28 Os pontos sinalizados na imagem panorâmica indica o local onde foram implantados os tanques-rede para o cultivo dos peixes. 3.1.4 BATIMETRIA O trabalho de batimetria foi realizado com a finalidade de identificar a profundidade do local de implantação, com este dado também possibilitou ter conhecimento do perfil do leito do rio, informações indispensáveis para definição do local onde foi implantado. A utilização do barco para percorrer o local da instalação e o uso do sonar e GPS facilitou as atividades para conhecer o perfil do leito do lago. Desta forma identificou-se o local onde foram instaladas as poitas que servem de fixação para corda (long-line), que da sustentação aos tanques-rede. 3.1.5 INSTALAÇÃO DAS POITAS Os tanques-rede são reservatórios flutuantes que para permanecerem no local de sua instalação é necessário a fixação de poitas. Este trabalho deve ser realizado por profissionais capacitados, atendendo as normas de segurança. As poitas são estruturas feitas de concreto de diversas formas, modelos, medidas e peso, tem a finalidade de sustentar a corda onde serão fixados os tanques-rede.

29 A Figura 2 mostra o modelo de poita utilizado para sustentar a corda de fixação dos tanques-rede. Figura 2: Modelo de poita utilizada para a fixação dos tanques-rede. Após o lançamento da primeira poita esticou-se a corda de sustentação até o limite da área e posteriormente foi lançada a segunda poita deixando o linhão devidamente esticado, sinalizado e pronto para receber os tanques-rede. A Figura 3 mostra o trabalho de lançamento das poitas já finalizado e a corda de fixação devidamente instalada e sinalizada. Figura 3: Corda long line instalada e sinalizada.

30 3.1.6 TANQUE REDE UTILIZADO NA IMPLANTAÇÃO Existem vários modelos de tanques-rede para a criação de peixes no mercado, em geral as gaiolas flutuantes como são chamadas, são formadas por estrutura de metal ou bambu, com malha de aço revestida de pvc e bóias flutuantes, o tanque quadrado é mais utilizado em reservatórios, devido o maior aproveitamento da superfície do tanque e ter a maior área de alimentação. hidrelétricas. A Figura 4 mostra o modelo de tanque mais utilizado nos reservatórios de Figura 4: Tanque-rede utilizado para criação de peixes. O tanque-rede exibido na Figura 4 mostra o modelo que é utilizado no programa de cultivo de peixes no reservatório da hidrelétrica, com dimensões 1,75 x 1,75 x 1,75, com área total de 5,35 m 3. 3.1.7 POVOAMENTO DOS TANQUES-REDE Depois de realizadas todas as etapas de implantação deve ser feito o povoamento dos tanques-rede, nesta fase deve-se ter alguns cuidados no manejo

31 com os juvenis, que serão retirados de tanques escavados da propriedade de um participante do projeto, a manipulação inadequada pode trazer efeitos negativos a produção, caso o peixe passe por períodos de estresse, defesa do organismo do peixe que se exposto por longo tempo pode provocar mortalidade. A figura 5 mostra a retirada dos juvenís para o povoamento dos tanquesrede, que deve contar com equipe de trabalho experiente para que o manejo não eleve o nível de estresse do peixe a ponto de causar mortalidade das espécies. Figura 5: Retirada de juvenis de tanque escavado. O transporte deve ser realizado com caixa apropriada, em média são transportados 1000 juvenis, a água usada deve ser retirada do próprio açude, para que não haja variação da temperatura, oferecendo desta forma a acomodação necessária para que os peixes sejam transportados com o mínimo de estresse possível evitando a mortalidade.

32 A figura 6 mostra o povoamento do tanque-rede após o transporte realizado do tanque escavado até o local do empreendimento. Figura 6: Povoamento de tanque-rede. Deve-se posicionar o tanque-rede na margem do local da implantação, fazer o povoamento com os juvenis e após levá-lo para o local definitivo. Após alguns dias sendo monitorado diariamente pelos pescadores e disponibilizando a ração necessária, deve-se fazer a repicagem, separação dos peixes em pequenos, médios e grandes e divididos em outros tanques-rede, colocando em média 150 peixes por tanque, para que o peixe se desenvolva e alcance o peso ideal para a comercialização ou consumo próprio. A figura 7 mostra tanques-rede já povoados com os juvenís, e instalados no lugar definitivo para o processo de engorda. Figura 7: Tanques-rede povoados e fixos nas cordas de fixação.

33 A partir desta fase é necessário o monitoramento constante para que a produção alcance um bom rendimento. 3.1.8 ACOMPANHAMENTO TÉCNICO Durante o período de produção do peixe no tanque-rede é indispensável o acompanhamento técnico para que a produção alcance o rendimento esperado, este acompanhamento é feito pelo engenheiro de pesca da hidrelétrica, que a cada trinta dias visita o ponto de pesca mantém diálogo com os pescadores e investiga o andamento da produção. 3.1.9 BIOMETRIA Realizada a cada 30 dias tem como principal objetivo acompanhar o crescimento e o ganho de peso do peixe durante o período de engorda. Para ter estes dados são retirados alguns exemplares do tanque, faz a pesagem e divide o peso total pelo número de peixes retirados, conhecendo o peso médio multiplica-se pelo total de peixes no tanque, determinando a Biomassa do tanque. 3.2.1 MODELO OPERAÇÃO DE BIOMETRIA Peso médio = Peso total das amostras nº total de peixes retirados. Biomassa do tanque = Peso médio (kg) x nº total de peixes no tanque.

34 Com estes dados é possível calcular a quantidade de ração a ser disponibilizada ao peixe, fazendo uso da tabela de arraçoamento criada para espécie cultivada. Os dados são feitos através de coletas, é retirado cerca de 20 amostras de cada tanque-rede, calculado a média de cada um deles e posteriormente multiplicado pelo número total de tanques desta forma encontra-se a biomassa total de peixes no cultivo. 3.2.2 MODELO OPERAÇÃO ARRAÇOAMENTO Tendo conhecimento do peso médio, biomassa estocada e da temperatura da água no local, consulta-se a Quadro 1 que disponibiliza os dados de arraçoamento e o índice recomendado da porcentagem a ser disponibilizada de ração em relação ao peso total de peixes no tanque-rede. Quantidade de ração (kg) = Biomassa (kg) x (índice descrito na Quadro 1) 100. Portanto a quantidade de ração a ser fornecido depende diretamente da biomassa presente no tanque-rede e a temperatura da água no local. Segundo ONO e Kubitza (2003), a taxa de alimentação diária dos peixes (expressa em % do peso vivo) é definida em função da temperatura da água, da espécie e tamanho dos peixes e do tipo de ração utilizada. No caso da ração flutuante, definir uma taxa de alimentação diária não é tão importante porque a resposta alimentar dos peixes pode ser observado e a ração é oferecida quase à vontade, em níveis próximos ao consumo máximo dos peixes.

35 3.2.3 PARÂMETROS FÍSICOS QUÍMICOS DA ÁGUA Durante o processo de produção dos peixes em tanques-rede, foram realizados algumas coletas de dados dos parâmetros físicos químicos da água, as coletas foram realizadas em pontos diferentes, chamados de A1 (área aquícola em inicio de produção) e A 2 (área aquícola em produção a 5 anos), apartir destes dados foram comparados as alterações na qualidade da água nos locais da implantação, para certificar a viabilidade do projeto. Com a utilização de sonda multi-parâmetros, Horiba U50 foi possível identificar os níveis de, oxigênio dissolvido, saturação de oxigênio, ph, turbidez, sólidos em suspensão, condutividade elétrica e potencial de oxi-redução. Os dados foram coletados a uma profundidade de 2 metro da superfície e medidas a cada 10 segundos. Os dados foram submetidos à análise de variância: Diferença estatistica p<0,05; Estatística 6.0 ANOVA (Analise de variância).

36 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 3 mostra os resultados obtidos com a batimetria realizada no local de instalação dos tanques-rede. Tabela 3 - Resultado da Batimetria realizada para instalação da corda de sustentação dos tanques redes. PONTO PROFUNDIDADE EM METROS DISTÂNCIA METROS DISTRIBUIÇÂO ACUMULADA 01 0 0 0 02 1 27 27 03 4 27,78 54,78 04 5 27,41 82,19 05 7 29,29 111,48 06 9,7 26,93 138,41 07 7 26,33 164,74 08 6 27,81 192,55 09 5 28,34 220,89 10 4 27,37 248,26 11 0 34,94 283,2 Conforme a tabela 3 foram feitas medidas em 11 pontos diferentes, com espaçamento médio de 27 metros, chegando a uma distância acumulada de 283,2 metros de extensão e profundidade máxima de 9,7 metros. Com estes dados possibilitou conhecer o perfil do local de implantação do empreendimento, para cultivo de peixes em tanques-rede.

profundidade (m) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280 290 300 37 A figura 8 mostra através do perfil a confirmação do local da implantação dos tanques- rede para o cultivo de peixe. distancia (m) 0-1 -2-3 -4-5 -6-7 -8-9 -10 Figura 8: Imagem do perfil do local onde foram implantados os tanques-rede. Por se tratar de um reservatório de hidrelétrica, durante o processo de produção de energia o nível de água varia para mais ou menos em épocas de chuva ou seca, sabendo desta variação os tanques são instalados em local que mesmo em estações onde o nível do reservatório está baixo ele não venha tocar no fundo podendo sofrer avarias e prejudicar a produção. A seleção do local tem como critério a qualidade da água, a direção dos ventos, ondas, correntezas e a profundidade (Beveridge, 2004). A tabela 4 mostra os resultados das biometria nos períodos de junho de 2010 a setembro de 2010. Tabela 4 Resultados da biometria nos meses de junho, julho, agosto e setembro de 2010. DATA 9/6/2010 9/7/2010 11/8/2010 13/9/2010 CLASSE PM PM PM PM PEQUENOS 159,2 gr 165,5 gr 176,6 gr 176,6 gr MÉDIOS 231,5 gr 249,7 gr 297,1 gr 297,45 gr GRANDES 468 gr 472 gr 480 gr 500 gr PM: Peso médio CLASSE: Peixes pequenos, médios e grandes. É possível com os dados da biometria, ter conhecimento do desenvolvimento do peixe no período de produção, permitindo assim calcular a quantidade de ração a ser disponibilizada de acordo com seu peso médio.