FACULDADE ENTRE RIOS DO PIAUÍ - FAERPI CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA FRANCISCO PAULO DOS SANTOS PSICOLOGIA GERAL

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Transcrição:

FACULDADE ENTRE RIOS DO PIAUÍ - FAERPI CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA FRANCISCO PAULO DOS SANTOS PSICOLOGIA GERAL Teresina/PI 2015

FRANCISCO PAULO DOS SANTOS PSICOLOGIA GERAL Resenha apresentada para a proficiência em Filosofia, do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Entre Rio do Piauí - FAERPI. Professor VILMAR ANDRADE FERREIRA Teresina/PI 2015

PSICOLOGIA GERAL FERREIRA, Vilmar Andrade. Psicologia Geral (Apostila do III Módulo do Curso de Proficiência em Filosofia). Teresina. Instituto Agora, 2015. 17 p. O homem é um caniço, mas um caniço pensante Blaiser Pascal, que vive e existe no mundo, mergulhado na natureza, e existindo, pensa, e pensando, questiona sobre causas, consequências, finalidades; tudo que existe passa pelo crivo do pensamento humano. E como o homem pensa seu pensamento, quer compreender as formas e as origens psicológicas de seu conhecimento, a Psicologia torna-se um das mais nobres ciências, que instiga, fascina todos os homens de todos os recantos e de todos os tempos. O ponto de partida de nossas reflexões não pode ser outro, se não a Grécia, pois lá, o pensamento humano floresceu de um modo todo particular, de modo que os mitos foram aos poucos sendo racionalizados, pois não mais respondiam aos anseios intelectuais dos sábios da época e os amigos do saber buscavam novas formas de explicar a realidade circundante. E desta forma, nos deram um legado conceitual e principiológico importantíssimo para o desenvolvimento das ciências, tais como, razão, racionalidade, ética, política, técnica, arte, física, pedagogia, cirurgia, cronologia e o próprio conceito de ciência. Aos filósofos gregos, também, deve ser atribuída à primeira tentativa de sistematização da Psicologia, inclusive o vocábulo Psicologia constitui-se de dois termos gregos psyche (alma) e logos (razão). CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA GREGA: Pitágoras (572-500 a.c. ou 582-497 a.c.) defendia que havia realidades mais elevadas do que as percebidas pelos sentidos e viu nos números o caminho seguro para conhecer essas realidades invisíveis, cuja ordem imutável domina e governa toda a natureza. Para Parmênides (544-450 a.c.) a única realidade é o ser, pois o que está fora do ser não é o ser. Nega a percepção dos sentidos, e declara que não há nem mudança nem multiplicidade, pois nada mais existe além do ser, eterno e único. Heráclito (540-470 a.c.) é o filósofo do eterno via-a-ser, e totalmente contrário às ideias de Parmênides, já que para ele (Heráclito) tudo flui num eterno devir, de modo que é impossível banhar-nos no mesmo rio duas vezes, pois já não é o mesmo rio e nós já somos outros. Na seara psicológica defende que a alma é ilimitada, profunda e aumenta gradativamente, e o pensar humano é partícipe do pensamento universal. Os Pré-socráticos foram os primeiros pensadores que, na Grécia, procuraram desenvolver formas de explicação da realidade natural, do mundo que os cercava, independentemente do apelo a divindades e a forças sobrenaturais. É nesse sentido que dizemos que os filósofos pré-socráticos romperam com a tradição mítica, e é por isso também que denominamos seu pensamento de naturalista, por visar explicar a natureza a partir dela própria, entende os fenômenos com base em causas puramente naturais. Sócrates revolucionou a filosofia grega, daí ser ele um divisor de águas. Ele possuía uma maneira própria de filosofar e para isso usava a maiêutica, ou seja, gerava nos espíritos dos homens, por meio de seus questionamentos, a verdade que eles já possuíam internamente; para ele o saber se manifesta em quarto etapas

que vai do ignorar e reconhecer a própria ignorância, passando pela ignorância do saber, chegando em fim a reconhecimento do próprio saber. Distanciava-se dos sofistas, pois acreditava que a verdade podia ser conhecida, mas para tanto é necessário afastar as ilusões dos sentidos e alcançar a verdade pela razão. Foi amado pela juventude, porém, colecionou inimigos em razão de seu jeito de filosofar, até se tornar o primeiro mártir da filosofia, pois, preferiu goles de cicuta a resignar sua forma de pensar e de ser. Depois de Sócrates, surgem outros atores importantes para a Psicologia no cenário filosófico, destaca-se Platão, Aristóteles e outros que refletiam sobre questões que hoje fazem parte das reflexes dos psicólogos modernos, com por exemplo: a memória, aprendizagem, percepção, motivação e o comportamento humano. Sócrates fez a filosofia preocupar-se com a possibilidade de conhecer e questionar as causas das ilusões, dos erros. A partir daí Platão e Aristóteles introduzem na filosofia a ideia de que existem diferentes maneiras de conhecer e que esses graus de conhecimentos se distinguem pela ausência ou presença do verdadeiro, bem como pela ausência ou presença do falso. Platão (427-347 a.c.) buscou localizar a razão no corpo, assim definiu a cabeça como sede da alma humano e a entende como uma entidade independente do corpo físico, portanto, concebia o homem com envolto num forte dualismo entre a alma e o corpo, este seria como um cárcere da alma; Foi o primeiro filósofo a tratar de modo sistemático o problema do conhecimento humano; e para explicar o conhecimento intelectivo postula a existência de um mundo ideal, formado por objetos universais e necessário, e a alma havia, antes de encarnar, tido contato com esse mundo das ideias, desta feita, defendia que o conhecimento nada mais é do que anamneses, isto é, uma forma de recordação, um emergir daquilo que já existe desde sempre no interior da alma. Aristóteles tornou-se discípulo de Platão e, após a morte do mestre, ressurge-se como um de seus maiores críticos. Em Atenas (335-334 a.c) fundou a escolar peripatética. Seu estilo era eminentemente científico, desta feita, pode-se afirma que a ciência ocidental efetivamente começou com Aristóteles. Realizou um sistemático estudo relativo às diferenças entre razão, percepção e sensações, produzindo, portanto, o primeiro tratado de psicologia. Concebe a alma de forma tricotômica, ou seja, a alma vegetativa dos vegetais que apenas pode reproduzir-se e crescer; a alma dos animais, a sensitiva, que também possui a percepção do mundo e a capacidade de se mover e, por fim, a alma intelectiva, que pertence ao gênero humano coma capacidade de raciocínio, ressalte-se, que a alma vegetativa é a forma mais elementar, sendo que a alma intelectiva engloba a sensitiva e a vegetativa, já a sensitiva possui as faculdades vegetativas, porém, está desprovida das capacidades da alma intelectiva, pois esta só pertence ao homem, que é por excelência um ser racional. No que se refere à origem do conhecimento, rejeita as teorias platônicas e, em sua opinião, o conhecimento intelectivo deve-se em larga medida à ação do sujeito, que possui uma potencia (um intelecto) que ao se relacionar com os objetos particulares processa os dados oferecidos pela experiência e apreendendo o universal, a essência das coisas. INFLUÊNCIAS FILOSÓFICAS: A natureza humana, até o século XVII, era estudada pelos filósofos mediante a especulação, intuição e generalização, pois as experiências eram incipientes e

buscava-se no passado as respostas. Portanto, a psicologia era escrava da filosofia. Porém, com a aplicação de instrumentos e metodologia científica, extraídos das ciências físicas e biológicas, tornou-se possível um novo modo de se fazer psicologia, baseado em observações e experiências cuidadosamente controladas para investigar a mente humana, desta feita a Psicologia ganha status de ciência e liberta-se (se distingue) de suas raízes filosóficas. A partir do século XIII as ciências evoluíram freneticamente e muitos inventos foram criados e outros foram aperfeiçoados, parecia que não havia limites para as novas tecnologias. A física fornece aos estudiosos os elementos básicos e necessários para que as observações e experiências fossem controladas e previsíveis seus resultados, portanto, acreditava-se que toda a realidade podia ser quantificada, pois se tinha a ideia de que o universo era uma grande máquina. A partir dessa concepção surgem vários inventos de medição, tais como: termômetros, réguas, barômetros e relógios. Esse mecanicismo científico deu sentido e germinou uma nova forma de fazer Psicologia. Os psicólogos conjecturavam, ora se o universo é mensurável, previsível, observável, então, aplique-se ao homem os métodos experimentais e quantitativos para que se estudem, de forma segura, os processos mentais e as condutas humanas. O empirismo dominava toda a ciência e todo o conhecimento baseados em dogmas e crenças do passado começou a ser fortemente questionado. Neste período singular da história surge Renée Descartes, símbolo da transição para a modernidade da ciência, pois a partir de então, todo o conhecimento passa pelo crivo da crítica tendo por fim alcançar seu valor e alcance. O Ponto inicial de Descartes é a constatação da crise das ciências e do saber em geral em sua época. Daí põe em dúvida todo conhecimento tradicional e por meio de seu cogito, ergo sum pretende encontrar um fundamento segura para o conhecimento. E, procurando resolver o problema mente e corpo, suas relações e implicações mútuas, propicia enormes avanços para as ciências psicológicas. Descartes defendeu uma posição dualista com influências e relações mútuas entre corpo e alma, porém, observa que o corpo desprovido de alma é uma máquina, tornando possível o estudo do corpo humano morto, e proporcionando avanços na áda anatomia e fisiologia, com implicações no progresso da Psicologia e das ciências em geral, pois liberta as pesquisas dos rígidos dogmas medievais. Doutra banda, defendia que a Mente (alma), por ser imaterial, tem como função o pensamento e a consciência. Descartes estabelece, no Discurso do Método, que somente por meio da razão se pode alcançar a verdade, e que os sentidos podem enganar e acreditava que a matemática era a chave para compreender o universo. Dentre as contribuições dele para a psicologia pode-se destacar a doutrina das ideias inatas, a noção da ação reflexa e uma teoria da interação mente-corpo. Na metade do Século XIX surge o Positivismo de Auguste Conte, sistema este baseado exclusivamente em fatos objetivamente observáveis e indiscutíveis. Juntamente com o positivismo vê-se crescer, também, o materialismo e o empirismo. Dentre os empiristas britânicos e suas principais contribuições para a Psicologia temos John Locke (1632-1704), que começou a negar a existência de ideias inatas e que através da experiência o homem adquire conhecimentos e que esse processo era composto de duas fases: as sensações e as reflexões. George Berkeley (1685-1753) como Locke defende que todo conhecimento provinha do experiência, mas só existirem as qualidades secundárias, pois o

conhecimento é função da pessoa que percebe ou experimenta, por isso só conhecemos nossas próprias percepções acerca dos objetivos. David Hume(1711-1776) teorizava que a mente é qualidade secundária e que a matéria era um fluxo de ideias, sensações, lembranças. Defendia, ainda, que ideias semelhantes e contíguas tendem a se associarem, de forma que esse seria um principio universal da mente. David Haltley 1705-1757) foi reconhecido como o fundador do associacionismo como doutrina formal. A lei associacionista fundamental de Hartley é a da contiguidade, que procurava explicar a memória, a emoção e a ação voluntária e involuntária. James Mill (1773-1836) radicaliza e defende que a mente era uma máquina totalmente passive e sobre ela atua os elementos externos e, apenas, reagimos a esses estímulos externos. INFLUÊNCIAS FISIOLÓGICAS: A pesquisa fisiológica no final do Século XIX estimulou e orientou diretamente a nova psicologia. Pois os cientistas passaram a investigar os órgãos dos sentidos e suas sensações e percepções do mundo exterior. Vários foram os cientistas que recorreram ao método experimental para estudo da psicologia e realizaram estudos sobre o comportamento, os movimentos voluntários, involuntários e os movimentos reflexos. Helmholtz (1821-1894), utilizando rãs em suas pesquisas, realizou experimentos no campo da velocidade dos impulsos nervosos e o tempo de reação muscular. A visão e a audição também foram estudadas por ele. Ernst Weber (1795-1878) uniu a psicologia às ciências naturais e ajudou a abrir caminho para o uso da pesquisa experimental no estudo da mente. Sua grande contribuição para a Psicologia foi o estudo sobre Limiar de Dois Pontos, que visava determinar a distância em que dois pontos de estimulação na pele pudessem ser discriminados como somente um ponto ou dois distintos de estimulação. Demonstrou também que há relação direta entre um estímulo físico e a nossa percepção deste. Gustav Fechner (1801-1887) produziu diversos estudos e desenvolveu métodos experimentais para compreensão dos processos psicológicos, que até então eram impossíveis de serem medidos. Wilhelm Wundt (1832-1920) é considerado fundador da Nova Psicologia, pois estruturou essa ciência com base em técnicas usadas pelos fisiologistas e os métodos experimentais das ciências naturais. Seu objeto de estudo foi a Consciência e defendia que esta (a consciência) era mais ativa na organização do seu próprio conteúdo. Para ele a psicologia deveria ocupar-se com as experiências imediatas, pois estas não sofre o viés de interpretações. São experiências que o sujeito as vive antes de se por a pensar sobre ela, ou seja, a experiência tal como se dá. Seu método de estudo era a introspecção analítica, ou seja, uma forma de percepção interna. Edward Titchener (1867-1927) aluno de Wundt, levou para a América a obra do mestre, propondo uma nova abordagem que denominou estruturalismo. E sua forma de introspecção era realizada por observadores bem treinados que deviam perceber e descrever seu estado de consciência, e não o estímulo em si.

Apesar de avanços o estruturalismo apresentou limitações, já que o método introspectivo formal estava foram do alcance do objetivo cientifico. Como remédio a essas falhas surge o funcionalismo. William James (1842-1910), via o estruturalismo como sendo limitado, artificial e extremamente inexato. Argumentava, ainda, que a consciência é subjetiva, está, portanto, em constante movimento evolutivo e é seletiva na escolha dos inúmeros estímulos que a bombardeiam; e tem como papel principal a adaptação dos indivíduos aos seus ambientes. O funcionalismo também sofreu críticas e em 1912 surgiu um novo movimento: o Behaviorismo. Liderado por John Watson (1878-1958), o Behaviorismo desejava fazer da Psicologia uma ciência tais quais as ciências naturais e para isso os psicólogos deviam ter por objeto de estudo o comportamento observável, mensurável, e métodos objetivos, já que os processos mentais pouco importavam, por não serem passíveis de mensuração até então. As pesquisas Behavioristas começaram a estudar os comportamentos controlados dos animais em laboratórios de acordo com os estímulos que lhes eram apresentados (e por comparação aplicavam aos humanos). F. Skinner (1904-1990) aprofundou esta filosofia e foi um dos mais importantes pensadores do comportamentalismo. Enquanto isso, na Alemanha, crescia a Psicologia da Gestalt (que significa forma, estrutura). Tanto o Behaviorismo americano, como a Psicologia da Gestalt alemã, surgiram, em parte, como protesto, baseado nas críticas ao estruturalismo, mas a psicologia da Gestalt, no lugar de criticar o objeto de estudo, que no caso era a mente, vem para criticar o método - que era o da introspecção - e de certa forma, critica também o reducionismo praticado pelos behavioristas. Em 1912, Max Wertheimer (1880-1943), publicou um estudos sobre um fenômeno que chamou de Movimento aparente, e demonstrou que o todo é maior que a soma das partes.