O TRABALHO COMO ELEMENTO ONTOLÓGICO DO HOMEM: REFLEXÕES A PARTIR DE FRIEDRICH ENGELS E GEORG LUKÁCS

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Transcrição:

O TRABALHO COMO ELEMENTO ONTOLÓGICO DO HOMEM: REFLEXÕES A PARTIR DE FRIEDRICH ENGELS E GEORG LUKÁCS Flávio dos Santos 1 Universidade Federal de Alagoas flavio.geografiaufal@gmail.com Felipe Santos Silva 2 Universidade Federal de Alagoas felipegeoufal@gmail.com Lucas Gama Lima 3 Universidade Federal de Alagoas lucasselima@gmail.com GT7: TRABALHO, FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO RESUMO A categoria Trabalho apresenta-se como um elemento analítico demasiado importante no que concerne o entendimento das atividades sociais do ser humano, uma vez que se trata de um elemento intrínseco aos processos produtivos cotidianos das sociedades. Partindo desse pressuposto, o presente artigo tem como objetivo realizar um estudo teórico acerca da categoria trabalho enquanto fenômeno ontológico do ser humano a partir dos textos Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem (1876), de Friedrich Engels, e As bases Ontológicas do Pensamento e da Atividade do Homem (1978), de autoria de 1 Graduando em Geografia Licenciatura pela Universidade Federal de Alagoas UFAL/Campus do Sertão. Membro do Grupo de Estudos Geoprocessamento e a Cartografia no Ensino de Geografia (GCEG) e do Grupo de Estudos e Pesquisa em Análise Regional (GEPAR), onde integra do Grupo de Estudos em Geografia do Trabalho. 2 Graduando em Geografia/Licenciatura pela Universidade Federal de Alagoas UFAL/Campus do Sertão. Foi bolsista do Programa Institucional do Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES). Participa como membro ativo do Grupo de Pesquisa Geoprocessamento e a Cartografia no Ensino de Geografia (GCEG) e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise Regional (GEPAR). 3 Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe. Docente do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Alagoas/Campus do Sertão. Participa do Grupo de Estudo e Pesquisa em Análise Regional (GEPAR), onde coordena o Grupo de Estudos em Geografia do Trabalho. Também participa do Grupo de Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de re-ordenamentos territoriais/npgeo-ufs vinculado ao CNPq.

Georg Lukács. Em suas reflexões, Engels coloca o trabalho como um elemento que faz parte da essência do ser humano, um fenômeno que foi historicamente dotando o organismo humano de competências, levando-o a ascender e a se constituir enquanto homem, diferindose dos animais. Lukács, por sua vez, enfatiza que a partir da relação com a natureza, o organismo humano evoluiu, tornando-se um ser consciente, passando a agir na natureza mediante a carência, a idealização e a teleologia, sendo o trabalho um elemento vital nesse processo. Guardadas as respectivas especificidades, em ambos os autores temos o trabalho como uma atividade inerente a ontologia do ser humano, como um elemento precípuo no processo de evolução biológica e cognitiva do ser, transformando-o em homem e fazendo-o emergir enquanto ser social. PALAVRAS-CHAVE: Trabalho, Ontologia, Homem. 1. INTRODUÇÃO A categoria Trabalho apresenta-se como um elemento analítico demasiado importante no que concerne o entendimento das atividades sociais do ser humano, uma vez que se trata de um elemento intrínseco aos processos produtivos cotidianos das sociedades, bem como um elemento inerente no plano ontológico do homem, estando ligado a natureza do ser social, bem como às suas atividades históricas de reprodução. Trata-se de um elemento que está presente na essência do ser social, materializando-se a partir da relação entre o homem e a natureza. Conforme delineia Marx (1996, p. 297): (...) o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. A partir do processo de trabalho, o homem põe em movimento as forças naturais pertencentes a sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida (MARX, 1996, p. 297). Mediante o trabalho, o homem produz objetos para atender as suas necessidades, desenvolve o seu corpo, interage com a natureza, a modifica, e modifica também a si mesmo (MARX, 1996). No seio desse processo, o homem foi, ao longo da história, transformando a natureza e a si mesmo, evoluindo, estabelecendo-se enquanto ser social e criando novas tinturas no processo de trabalho, fazendo emergir novos elementos sociais, evidenciando que o mundo do trabalho sofreu, e sofre, importantes mutações (ANTUNES, 2009). Tais transformações também estão atreladas ao trabalho teleológico do ser humano, bem como à sua natureza ontológica. Ao longo da história, o homem, em seu processo de

trabalho, foi submetido a estas importantes mutações, que foram gradativamente o transformando, biologicamente e socialmente, levando-o a condição de homem (ENGELS, 1876). O trabalho caracterizou-se como um elemento atrelado a ontologia do ser social, sendo ontologia aqui entendida como um elemento inerente à formação do ser, não de forma fragmentada, mas sim uma formação completa, materializada a partir do trabalho, sendo este reproduzido a partir da subjetividade do ser humano. A partir dessa reflexão, o presente escrito tem por objetivo realizar, através de uma investigação fundamentalmente teórica, um estudo acerca da categoria trabalho enquanto fenômeno ontológico do ser humano. Nesse sentido, teceremos nossas reflexões tendo como aporte teórico primacial os textos Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem (1876), de autoria de Friedrich Engels, e As bases Ontológicas do Pensamento e da Atividade do Homem (1978), de autoria de Georg Lukács. O artigo encontra-se sistematizado em três seções: na primeira, realizaremos uma reflexão acerca do trabalho como elemento ontólogico do ser humano, a partir de Friedrich Engels; logo após, discorreremos sobre o trabalho como elemento ontológico do homem, tendo como base os estudos de Georg Lukács; num terceiro momento, realizaremos uma breve discussão comparativa entre as reflexões dos dois autores referidos e, ao fim, teceremos algumas considerações conclusivas. 2. FRIEDRICH ENGELS: O TRABALHO COMO ELEMENTO ONTOLÓGICO DO SER HUMANO Friedrich Engels, célebre filósofo alemão e um dos principais pensadores da filosofia marxista, realiza em seu escrito intitulado Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem (1876) uma profunda, interessante e brilhante discussão acerca da influência e importância do trabalho no plano ontológico do ser humano, desenvolvendo sua reflexão a partir de elementos sociais e biológicos, com destaque para os estudos darwinistas acerca da evolução biológica do homem. Iniciando sua reflexão, Engels elucida a importância do trabalho, destacando o mesmo como um elemento vital para a existência do ser humano. O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. Assim é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele

converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem (ENGELS, 2004, p. 13). O trabalho, sob o viés econômico, é entendido como um elemento que se encontra no cerne do processo produtivo dos bens materiais, assumindo esse papel não de maneira isolada, mas sim como um elemento integrado com a natureza. Porém, como enfatiza Engels, o trabalho transcende esse entendimento simplista, que o aponta apenas como um elemento ao lado da natureza constituidor de riquezas. O trabalho emerge como um elemento intrínseco à própria natureza humana, caracterizado como elemento essencial no que concerne a vida humana, bem como no tocante a própria constituição do homem enquanto homem. Nesse viés, Engels traz para o centro de sua reflexão o papel histórico, e biológico, do trabalho na transformação do macaco em homem, processo que proporcionou a constituição do homem enquanto organismo teleológico no campo do trabalho. Segundo Engels (2004, p. 14-15), a posição física ereta havia de ser para os nossos peludos antepassados primeiro uma norma, e logo uma necessidade, daí se depreende que naquele período as mãos tinham que executar funções cada vez mais variadas, entre as quais destacavam-se as atividades de coleta de alimentos, construção de abrigos e proteção de ameaças. Nesse processo de evolução dos aspectos físicos dos nossos antepassados, guiado pelo trabalho, o corpo foi sendo submetido a uma espécie de lapidação, sobretudo a mão humana lapidada pelo trabalho (MORAES et al., 2010, p. 39). Engels coloca como um dos elementos precípuos do processo de transformação do macaco em homem a evolução da mão humana, que foi sendo talhada a partir do processo de trabalho. Nas palavras do autor: Vemos, pois, que a mão não é apenas o órgão do trabalho; é também produto dele. Unicamente pelo trabalho, pela adaptação a novas e novas funções, pela transmissão hereditária do aperfeiçoamento especial assim adquirido pelos músculos e ligamentos e, num período mais amplo, também pelos ossos; unicamente pela aplicação sempre renovada dessas habilidades transmitidas a funções novas e cada vez mais complexas foi que a mão do homem atingiu esse grau de perfeição que pôde dar vida, como por artes de magia, aos quadros de Rafael, às estátuas de Thorwaldsen e à música de Paganini (ENGELS, 2004, p. 16).

A mão humana caracteriza-se como um elemento extremamente importante no seio do processo de trabalho, e assim na constituição do homem a partir do trabalho. Aqui não se pretende negar, ou marginalizar, a importância da totalidade do corpo humano neste processo, mas somente elucidar a mão humana enquanto elemento vital neste processo, produzindo trabalho e, concomitantemente, sendo produto deste. Tal assertiva caracteriza-se como um elemento vital no seio da discussão realizada por Engels, pois é a partir do respectivo processo que haverá a cisão entre o macaco e o homem, seguido da consolidação do homem enquanto homem a partir do trabalho. Conforme Engels: Mas aqui precisamente é que se percebe quanto é grande a distância que separa a mão primitiva dos macacos, inclusive os antropóides mais superiores, da mão do homem, aperfeiçoada pelo trabalho durante centenas de milhares e anos. O número e a disposição geral dos ossos e dos músculos são os mesmos no macaco e no homem, mas a mão do selvagem mais primitivo é capaz de executar centenas de operações que não podem ser realizadas pela mão de nenhum macaco. Nenhuma mão simiesa construiu jamais um machado de pedra, por mais tosco que fosse (ENGELS, 2004, p. 15). Embora ambos sejam providos de uma estrutura física e fisiológica que lhes permitam a execução de inúmeras atividades, o macaco age e realiza suas tarefas a partir do biológico, do instinto, agindo de forma não racional, mas sim instintiva, conforme delineia Moraes et al. (2010, p. 41): Embora os macacos utilizassem as mãos para realizar algumas ações, estas se caracterizam como uma resposta cega, muda e fixa, trata-se, pois, de um epifenômeno, ou seja, decorrente imediatamente do seu ser biológico. Por outro lado, o homem, que se constitui enquanto tal a partir do trabalho, age de forma racional, visualiza a natureza e atua sobre ela de forma consciente, produzindo objetos concretos que satisfaçam as suas necessidades. Nesse aspecto, o homem caracteriza-se enquanto um ser que dá resposta ativa e consciente aos seus carecimentos, livre do determinismo de sua base genética. Aqui preside a essência do trabalho (MORAES et al., 2010, p. 41). Nesse viés, a essência do trabalho, a diferenciação entre o homem e os animais, está centrada no agir racional e teleológico junto à natureza. Ambos, homem e animais, agem e modificam a natureza, contudo as formas pelas quais cada um procede serão distintas: o primeiro age com consciência e o segundo por instinto, conforme destaca Engels (2004, p. 26):

[...] só o que podem fazer os animais é utilizar a natureza e modificá-la pelo mero fato de sua presença nela. O homem, ao contrário, modifica a natureza e a obriga a servir-lhe, domina-a. E ai está, em última análise, a diferença essencial entre o homem e os demais animais, diferença que, mais uma vez, resulta do trabalho. Os animais, em sua relação com a natureza, agem de forma instintiva e, conforme elucidado pelo autor, a modifica mediante a sua simples presença. O homem, por sua vez, atua na natureza de forma consciente, guiado pelas suas carências, levando-o a extrair da natureza materiais que atendam às suas necessidades e construindo, a partir desses objetos que satisfaçam as suas demandas. A partir do trabalho o homem constitui-se também enquanto ser social, enquanto um elemento dotado de uma linguagem racional e um organismo integrado à natureza, agindo sobre ela de forma coletiva ou individual (ENGELS, 2004). Nesse viés, Prestipino (1977, apud COLMÁN e POLA, 2009, p. 196) elucida que, no pensamento filosófico de Engels, [...] el hombre mismo es, para sí mismo y para otro hombre, además de una fuerza productiva social, también una fuerza productiva natural. No plano ontológico, o homem, enquanto ser social constituído a partir do trabalho, possui uma força produtiva natural, atrelada à natureza, caracterizando-se como um organismo que não está apartado da mesma, mas sim integrado. A partir dessa relação, o homem atua sobre a natureza, age com teleologia, produz objetos concretos, modifica a si mesmo e emerge enquanto ser social, diferindo-se dos animais, em um processo possibilitado a partir do trabalho, sendo este o elemento que, conforme Engels, constitui o homem enquanto homem. 3. GEORG LUKÁCS: O TRABALHO COMO ELEMENTO ONTOLÓGICO DA ATIVIDADE DO HOMEM O filósofo húngaro Georg Lukács destaca-se como um dos grandes pensadores do século XX, sendo autor de um vasto conjunto de obras que abordam, de um modo geral, aspectos extremamente importantes relativas à ontologia do ser humano a partir de profundas reflexões, que possuem como pano de fundo a filosofia marxista (FREDERICO, 1997). No ambito da discussão ontológica lukacsiana, Lessa (2012, p. 43) elucida que ao explorar os delineamentos ontológicos deixados por Marx, Lukács tinha um horizonte bem

definido: contribuir para o desenvolvimento de uma ontologia do ser social e não uma ontologia geral. Nesse sentido, nota-se que o debate da ontologia lukacsiana está voltada para uma reflexão e compreensão acerca da natureza do ser, da essência do homem. Diante desse quadro, Georg Lukács realiza em seu escrito intitulado As bases Ontológicas do Pensamento e da Atividade do Homem (1978), um estudo acerca das bases essenciais do pensamento e da atividade do homem, desenvolvendo sua reflexão a partir da categoria Trabalho, destacando como essa está associada ao plano ontológico do ser social. Partindo desse pressuposto, Lukács (1978, p. 3) destaca que o ser social só pode surgir e se desenvolver sobre a base de um ser orgânico e que esse último pode fazer o mesmo apenas sobre a base do ser inorgânico. O homem, enquanto ser social, emerge e materializase como tal a partir da interação com o universo orgânico (a natureza e o próprio homem), bem como a partir do contato com os objetos concretos. Mediante esse processo de interação mútua (universo orgânico com o universo inorgânico), temos o surgimento do ser social, e paralelamente um processo de evolução do mesmo, sendo a consciência um elemento norteador desse universo. Nesse viés, Lukács (1978, p. 4) coloca: Do mesmo modo, o processo de reprodução assume na natureza orgânica formas cada vez mais correspondentes à sua própria essência, torna-se cada vez mais nitidamente um ser sui generis, ainda que jamais possa ser eliminado o seu enraizamento nas bases ontológicas originárias. Mesmo sem ter aqui a possibilidade sequer de mencionar um tal complexo de problemas, gostaríamos porém de recordar como o desenvolvimento do processo de reprodução orgânica no sentido de formas superiores, o seu tornar-se cada vez mais pura e expressamente biológico no sentido próprio do termo, forma - com a ajuda das percepções sensíveis - também uma espécie de consciência, importante epifenômeno, enquanto órgão superior do funcionamento eficaz dessa reprodução. A consciência emerge como elemento vital e superior no seio do processo de reprodução do ser social, fazendo com que o mesmo evolua biologicamente, materializandose enquanto ser racional e agindo de forma consciente no universo que o rodeia. A partir do pensar e agir consciente, o ser social passa a atuar de forma teleológica na natureza, uma vez que a consciência é um elemento necessário e vital para esse processo, fazendo emergir um outro elemento: o Trabalho. Segundo Lukács (1978, p. 4) para que possa nascer o trabalho, enquanto base dinâmico-estruturante de um novo tipo de ser, é indispensável um determinado grau de desenvolvimento do processo de reprodução orgânica. O trabalho emerge como um elemento

intrínseco ao processo de evolução do homem, ao desenvolvimento da consciência, elemento este que está no cerne da distinção entre o trabalho do homem e o trabalho dos animais. Nesse aspecto, Lukács (1978, p. 5) destaca que: A essência do trabalho consiste precisamente em ir além dessa fixação dos seres vivos na competição biológica com seu mundo ambiente. O momento essencialmente separatório é constituído não pela fabricação de produtos, mas pelo papel da consciência, a qual, precisamente aqui, deixa de ser mero epifenômeno da reprodução biológica: o produto, diz Marx, é um resultado que no início do processo existia "já na representação do trabalhador", isto é, de modo ideal. A partir do desenvolvimento da consciência, e do entendimento das atividades que realizava, o homem deixou de ser um animal, passando a se constituir enquanto ser social, organismo dotado de uma consciência racional e de um viés teleológico. Contudo, o cerne desse processo evolutivo não está centrado na mera fabricação de produtos, mas sim no papel da consciência nesse processo, pois produto é o resultado da consciência, do ideal. O homem, enquanto ser consciente, caracteriza-se (...) como um ser que dá respostas. Com efeito, é inegável que toda atividade laborativa surge como solução de resposta ao carecimento que a provoca (LUKÁCS, 1978, p. 5). O ato de perguntar e responder consiste na relação direta entre o homem e natureza, em um processo que vai se complexificando gradativamente. Na medida em que carece de materiais, o homem lança perguntas cujas respostas estão na natureza, fazendo emergir um elemento vital no seio desse debate: o trabalho teleológico. Segundo Lessa (2012, p. 60) a essência do trabalho é, em Lukács, uma peculiar e exclusiva articulação entre teleologia e causalidade. Exclusiva e peculiar porque apenas no mundo dos homens a teleologia se faz presente. O homem, enquanto ser social consciente, age na natureza de forma racional, a partir do trabalho teleológico: mediante as necessidades, ele sente suas carências, idealiza o seu objetivo e age sobre a natureza, extraindo dela os materiais necessários para suprir as suas necessidades. Diferente dos animais, que agem por instinto, o homem sente a carência e idealiza o que quer, dando respostas ao processo de trabalho. O trabalho teleológico caracteriza-se como o elemento que diferencia o homem dos animais: estes agem por instinto enquanto o homem age conscientemente, com teleologia. O carecimento de material, individual ou coletivo, caracteriza-se como motor do processo de trabalho, conforme elucida Lukács (1978, p. 6): Tão-somente o carecimento

material, enquanto motor do processo de reprodução individual ou social, põe efetivamente em movimento o complexo do trabalho; e todas as mediações existem ontologicamente apenas em função da sua satisfação. O processo de reprodução do homem a partir do trabalho se dá mediante o carecimento material. Para melhor compreensão, utilizemos como exemplo um lenhador: suponhamos que um lenhador precise de madeira para acender sua fogueira e se proteger do frio, e que em frente à sua casa exista uma pequena floresta, logo ele pensa e idealiza: com o meu machado irei cortar uma árvore e colher galhos secos, assim obterei material para me manter aquecido. O lenhador sentiu a carência, idealizou o objetivo e agiu com teleologia, satisfazendo a sua necessidade. O trabalho como elemento ontológico do homem provoca transformações na natureza e no próprio homem, influenciando-o e lhe concedendo novas faces, tanto no plano individual como no coletivo. Conforme Lukács (1978, p. 6) com o trabalho, portanto, dá-se ao mesmo tempo ontologicamente a possibilidade do seu desenvolvimento superior, do desenvolvimento dos homens que trabalham. Nesse aspecto, o autor delineia: Já por esse motivo, mas antes de mais nada porque se altera a adaptação passiva, meramente reativa, do processo de reprodução ao mundo circundante, porque esse mundo circundante é transformado de maneira consciente e ativa, o trabalho torna-se não simplesmente um fato no qual se expressa a nova peculiaridade do ser social, mas, ao contrário precisamente no plano ontológico, converte-se no modelo da nova forma do ser em seu conjunto (1978, p. 6). A partir do trabalho, o homem é submerso em um processo intenso de reprodução, transformação e evolução. O homem torna-se um ser social, que age com consciência a partir do trabalho teleológico e que, em sua relação com a natureza, à transforma e, concomitantemente, transforma-se a si mesmo, desenvolvendo-se e adquirindo novas potencialidades. Esse é o trabalho teleológico, intrínseco à ontologia do homem. 4. O TRABALHO COMO FENÔMENO INTRÍNSECO À ONTOLOGIA DO HOMEM: DIÁLOGOS ENTRE FRIEDRICH ENGELS E GEORG LUKÁCS A partir das reflexões realizadas por Engels e Lukács acerca do plano ontológico do ser humano, obervamos que em ambos os autores a categoria trabalho aparece como um

elemento precípuo no seio desse processo, provocando alterações na estrutura biológica humana, lhe concecendo consciência e elevando-o a categoria de ser social, diferindo-se dos animais a partir do idealizar e do agir. Engels discorre sua reflexão partindo de uma análise processual e histórica, dissertando sobre o processo de transformação do macaco em homem, destacando a importância do trabalho nesse processo. Ao realizar tal reflexão, Engels não coloca a categoria trabalho como elemento único no plano ontológico humano, trata-se de uma reflexão realizada dentro de um contexto histórico em que discutia se a categoria trabalho era um elemento presente no âmbito da constituição histórica do homem enquanto ser social. Engels, a partir do escrito Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem (1876), preconiza problematizar, e romper, com o entendimento da época, que questionava e colocava o trabalho como um elemento não importante no que tange o plano ontológico do ser humano. Assim, o autor realiza uma profunda reflexão, destacando que o trabalho é um elemento que faz parte da essência do homem, uma atividade que foi, historicamente, dotando o organismo humano de competências que o levaram a ascender e a se constituir enquanto homem, diferindo-se dos animais. Lukács, em suas considerações acerca das Bases Ontológicas do Pensamento e da Atividade do Homem (1978), destaca a categoria trabalho enquanto elemento ontológico do ser humano. Nesse sentido, o autor elenca que a partir da sua relação com a natureza, o organismo humano evoluiu, tornando-se um ser consciente, passando a agir na natureza mediante a carência, a idealização e o trabalho teleológico. Guardadas as respectivas especificidades, em ambos os autores temos o trabalho enquanto atividade inerente à ontologia do ser humano, como um elemento primacial no processo de evolução biológica e cognitiva do ser, transformando-o em homem e dotando-o de consciência, fazendo-o emergir enquanto ser social. CONCLUSÕES No processo histórico de formação do ser social, o trabalho aparece como um elemento vital, caracterizando-se como um fenômeno inerente à evolução biológica do organismo humano, dotando-o de uma estrutura física e cognitiva complexificada e desenvolvida, produzindo o idealizar e o agir teleológico. Mediante as reflexões delineadas por Engels e Lukács, percebemos que no âmbito desse processo, o trabalho materializou-se como um fenômeno ontológico do ser social, um

elemento cuja prática proporcionou o desenvolvimento superior do ser, fazendo emergir o homem enquanto ser dotado de consciência e de idealização, reproduzindo trabalho a partir de sua relação de totalidade com a natureza. Contudo, salientamos que a reflexão tecida neste escrito não preconiza delinear o trabalho enquanto o único elemento ontológico do ser humano, mas sim elucidar que o trabalho, enquanto atividade social, caracteriza-se como um dos principais elementos atrelados ao plano ontológico do homem, não desprezando o papel de outros elementos neste processo. Por fim, trata-se de um debate amplo, inesgotável, provido de um vasto e riquíssimo acervo, cujas reflexões realizadas pelos mais distintos autores abrem um grande leque de opções para a realização de novos estudos acerca da categoria trabalho, tanto na seara que perpassa a ontologia do ser social, debate este realizado aqui, como nos estudos que englobam as discussões acerca do processo histórico de desenvolvimento do trabalho. REFERÊNCIAS ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2009. COLMÁN, Evaristo; POLA, Karina Dala. Trabalho em Marx e Serviço Social. Serviço Social em Revista. n. 1, v. 12, p. 179-201, jul/dez 2009. ENGELS, Friedrich. O papel do trabalho na transformação do macaco em homem. In: ANTUNES, Ricardo (Org.). A Dialética do trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2004. FREDERICO, Celso. Lukács: um clássico do século XX. São Paulo: Editora Moderna, 1997. LESSA, Sérgio. Mundo dos homens: trabalho e ser social. São Paulo: Instituto Lukács, 2012. LUKÁCS, Georg. As bases ontológicas do pensamento e da atividade do homem. São Paulo: Editora Ciências Humanas, 1978. MORAES, Betânia et al. A categoria trabalho em Marx e Engels: uma análise introdutória de sua legalidade onto-histórica. Revista Eletrônica Arma da Crítica. n. 2, v. 2, p. 36-47, mar. 2010. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Tradução por Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996. Livro 1, v.1, t.1. (Os economistas).