METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTIFICA



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METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTIFICA 4

INTRODUÇÃO É importante que na busca de maiores conhecimentos, o aluno assuma e desenvolva hábitos de estudo que o encaminhe para o aprender pela pesquisa. Para tanto, faz-se necessário o desenvolvimento da capacidade de observar, selecionar, organizar e usar o espírito crítico sobre a realidade social. Portanto, a educação superior embasada em uma tríplice competência: a competência técnico-profissional, a competência científica e a competência política, irá formar profissionais capazes frente a seus propósitos e estruturados em conhecimentos científicos. A educação pela pesquisa é a especialização mais própria da educação escolar e acadêmica, como também, a necessidade de fazer pesquisa, deve ser a atitude cotidiana no professor e no aluno. A Metodologia Científica trata de método e ciência. Método é o caminho em direção a um objetivo; metodologia, o estudo do método. Científica, deriva de Ciência, a qual compreende o conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do saber. A atividade preponderante da metodologia é a pesquisa. O conhecimento humano caracteriza-se pela relação estabelecida entre o sujeito e o objeto, podendo-se dizer que esta é uma relação de apropriação. Dessa maneira, metodologia é igual a um conjunto de procedimentos a serem utilizados pelo indivíduo na obtenção do conhecimento. É a aplicação do método, por intermédio de processos e técnicas, que garantem a legitimidade do saber obtido. A complexidade do objeto a ser conhecido determina o nível de abrangência da apropriação. Assim, a apreensão simples da realidade cotidiana é um conhecimento popular ou empírico, enquanto o estudo aprofundado e metódico da realidade enquadra-se no conhecimento científico. O questionamento do mundo e do homem quanto à origem, liberdade ou destino, remete ao conhecimento filosófico. 5

MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA MÉTODO METODOLOGIA METODOLOGIA CIENTÍFICA CIENTÍFICA É o caminho em direção a um objetivo. O estudo do método. Trata do método e Ciência Deriva de Ciência, a qual compreende o conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do saber. PESQUISA Atividade preponderante da metodologia científica. CONHECIMENTO HUMANO Relação entre o sujeito e o objeto = relação de apropriação. CONHECIMENTOS POPULAR ou EMPÍRICO CIENTÍFICO FILOSÓFICO apreensão simples da realidade cotidiana. estudo aprofundado e metódico da realidade Compreende o questionamento do mundo e do homem quanto à origem, liberdade ou destino. 6

1. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO O conhecimento pode ser definido como sendo a manifestação da consciência de conhecer, é a consciência do conhecer. Ao viver, o ser humano tem experiências progressivas, da dor e do prazer, da fome e saciedade, do quente e do frio, entre muitas outras. É o conhecimento que se dá pela vivência circunstancial e estrutural das propriedades necessárias à adaptação, interpretação e assimilação do meio interior e exterior do ser. Dessa maneira, ocorrem, então, as relações entre sensação, percepção e conhecimento, sendo que a percepção tem uma função mediadora entre o mundo caótico dos sentidos e o mundo mais ou menos organizado da atividade cognitiva. É importante frisar que o conhecimento, como também o ato de conhecer, existe como forma de solução de problemas próprios e comuns à vida. O conhecimento como forma de solução problemática, mais ou menos complexa, ocorre em torno do fluxo e refluxo em que se dá a base da idealização, pensamento, memorização, reflexão e criação, os quais acontecem com maior ou menor intensidade, acompanhando parâmetros cronológicos e de consciência do refletido e do irrefletido. O conhecimento é um processo dinâmico e inacabado, serve como referencial para a pesquisa tanto qualitativa como quantitativa das relações sociais, como forma de busca de conhecimentos próprios das ciências exatas e experimentais. Portanto, o conhecimento e o saber são essenciais e existenciais no homem, ocorre entre todos os povos, independentemente de raça, crença, porquanto no homem o desejo de saber é inato. As diversificações na busca do saber e do conhecimento, segundo caracteres e potenciais humanos, originaram contingentes teóricos e práticos diferentes a serem destacados em níveis e espécies. O homem, em seu ato de conhecer, conhece a realidade vivencial, porque se os fenômenos agem sobre os seus sentidos, ele também pode agir sobre os fatos, adquirindo uma experiência pluridimensional do universo. De acordo com o movimento que orienta e organiza a atividade humana, conhecer, agir, aprender e outros conhecimentos, se dão em níveis diferenciados de apreensão da realidade, embora estejam inter-relacionados. 7

Assumindo o pressuposto de que todo o conhecimento humano reporta a um ponto de vista e a um lugar social, compreende-se que são quatro os pontos principais da busca do conhecimento: Conhecimento empírico ou popular. Conhecimento filosófico. Conhecimento científico. Conhecimento teológico. Iremos dar ênfase nos três primeiros. 1.1 CONHECIMENTO EMPÍRICO É o conhecimento do dia a dia, que se obtém pela experiência cotidiana. É espontâneo, focalista, sendo por isso considerado incompleto, carente de objetividade. Ocorre por meio do relacionamento diário do homem com as coisas. Não há a intenção e a preocupação de atingir o que o objeto contém além das aparências. Fundamentado apenas na experiência, doutrina ou atitude, que admite quanto à origem do conhecimento de que este provenha apenas da experiência. Dentre suas características destacamos. a) Conjunto de opiniões geralmente aceitas em épocas determinadas, e que as opiniões contrárias aparecem como aberrações individuais. b) É valorativo por excelência, pois se fundamenta numa operação operada com base em estados de ânimo e emoções. c) É também reflexivo. d) É verificável. e) É falível e inexato. O principal mérito do método empírico é o de assinalar com vigor a importância da experiência na origem dos nossos conhecimentos. 1.2 CONHECIMENTO FILOSÓFICO A palavra filosofia foi introduzida por Pitágoras e é composta do grego de philos = amigo e sophia = sabedoria. A Filosofia é a fonte de todas as áreas do conhecimento humano, e todas as ciências não só dependem dela, como nela se incluem. É a ciência das primeiras causas e princípios. A Filosofia é destituída de objeto particular, mas assume o papel orientador de cada ciência na solução de problemas universais. Progressivamente, constata-se que cada área do conhecimento desvincula-se da Filosofia em função da forma como trata o objeto, que é para a mesma, a matéria. Em toda trajetória filosófica, surgiram idéias e teorias de grandes filósofos, convergentes e divergentes. Portanto, se há generalidades não há consenso. Isto pode ser exemplificado por expoentes como: 8

Pitágoras a alma governa o mundo. As parte do universo unidas entre si refletem a harmonia, expressas pelos números (quantidades). Sócrates o conhecimento é o guia da virtude. Conhece-te a ti mesmo e conhece a verdade que o outro encerra. Platão as idéias não são representações das coisas, mas é a verdade das coisa. Santo Agostinho preconiza que a razão é a dimensão espiritual. São Tomás de Aquino considera o homem como indivíduo, estudando-o na prospecção de matéria e forma, admitindo que o universo é dirigido pelo princípio da perfeição. Francis Bacon no Renascimento, defende a Filosofia por meio de concepções ligadas a pesquisas e experimentações. Rousseau no século XVIII, dá prioridade à sensibilidade em detrimento da razão. O homem é naturalmente bom, a sociedade o perverte. Trata-se de uma reflexão eminentemente moral, defendendo a democracia vivida na dimensão da liberdade e da igualdade. Locke empirista inglês, defende a tese de que o homem ao nascer é uma tábua rasa sobre a qual a experiência é gravada. A gênese do conhecimento, que é a experiência, é a sensação e reflexão, as quais geram idéias. Kant admite que, se o conhecimento se inicia com a experiência, este não resulta só da experiência. Hegel desenvolve uma filosofia cujo ponto de partida são as idéias, inicialmente heterogêneas, e por isso confusas. Para tornálas claras, deve-se considerar o vir a ser; ou seja, o objeto feito. Todo dado racional é real e todo dado real é racional. Marx constrói o materialismo dialético e materialismo histórico, que defende a tese de que as contradições existem na Natureza. Portanto, dispõe-se a interpretar essas realidades que, se são contraditórias, são concretas. A sua metodologia considera os seguintes itens, próprios ao sistema: a matéria, o trabalho e a estrutura econômica. Observa-se que não há unanimidade de pensamento e de forma de reflexão entre alguns dos grandes expoentes da Filosofia aqui citados, isso porque a Filosofia repousa na reflexão que se faz sobre a experiência vital e esta propicia derivações interpretativas diferentes sobre as impressões, imagens e opiniões concluídas. O Conhecimento Filosófico procura conhecer as causas reais dos fenômenos, não as causas próximas como as ciências particulares. Procura conhecer, também, as causas profundas e remotas de todas as coisas e, para elas, respostas. Dentre suas características destacamos: a) É valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. b) Não é verificável. c) Tem a característica de sistemático. d) É infalível e exato. 9

Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. 1.3 CONHECIMENTO CIENTÍFICO Surge com Galileu Galilei (1564 1642). Os gregos já distinguiam, no século VII a. C., a diferença entre o conhecimento racional (científico), o conhecimento mítico e o conhecimento empírico. Ligado à Filosofia até a Idade Média: a) a partir da determinação de um objeto específico de investigação; b) da explicitação de um método para essa investigação. CIÊNCIA GERAL enquanto conjunto de observações generalizáveis, expressas pelo enunciado de uma lei. CIÊNCIAS PARTICULARES à medida em que privilegia aspectos da realidade como a Física, a Química, a Contabilidade, a Pedagogia, a Administração, entre outras. a) Dispõe de métodos e linguagens próprias, com similaridades. b) Podem ser compreendidas como busca constante de: - explicação - previsibilidade - solução dos problemas da Humanidade. c) Deve-se considerar sua falibilidade e seus limites. CIÊNCIAS SOCIAIS têm peculiaridades que as distinguem das ciências físicas. a) Os fenômenos humanos não ocorrem de forma semelhante a do mundo físico, impossibilitando a previsibilidade. b) A quantificação dos resultados é falha e limitada. c) Os pesquisadores sociais têm crenças que podem prejudicar os resultados de suas pesquisas. d) O método por si só não pode explicar um fenômeno social. O conhecimento científico exige demonstrações, submete-se à comprovação, ao teste. O senso comum, representa a pedra fundamental do conhecimento humano e estrutura a captação do mundo empírico imediato, para se transformar posteriormente em um conteúdo elaborado que, por intermédio do bom senso, poderá conduzir às soluções de problemas mais complexos e comuns até as formas de solução metodicamente elaboradas e que compõe o proceder científico. 10

Suas características são: a) É real (factual), porque lida com ocorrências ou fatos. b) Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por intermédio da experiência e não apenas razão, como ocorre no conhecimento filosófico. c) É sistemático. d) Possui características de verificabilidade. e) É falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato. Vemos que o conhecimento científico se dá à medida que se investiga o que se fazer sobre a formulação de problemas, que exigem estudos minuciosos para seu equacionamento. Utiliza-se o conhecimento científico para se conseguir, por intermédio da pesquisa, constatar variáveis. As variáveis sãoa presença e/ou ausência de um determinado fenômeno inserido em dada realidade. Essa constatação se dá para que o estudioso possa dissertar ou agir adequadamente sobre as características do fenômeno que o fato apresenta. Representativamente, o estudioso pode estar interessado em investigar a situação do menor abandonado e delinqüente, com o objetivo de descrever as suas características, como também, procurar conhecer os fenômenos que encerram este fato para sobre eles (fenômenos) agir. Quer aconteça o procedimento mantido para um ou outro objetivo, conclui-se que o procedimento estará presente, desde que obedeça a um PROJETO determinado, cuja preocupação se estende às generalizações que possam até atender casos particulares. A atividade desempenhada pelo cientista tem em vista definir as situações fenomenais, pois somente definindo-as ele é capaz de tornar conhecidos os conceitos elaborados. Dessa maneira, o estudioso consegue atingir em termos de conhecimento as qualidades e quantidades próprias e próximas à verdade ou, às vezes, quase próximas, como também, a certeza que o fato encerra. Pretende-se, assim, atingir o melhor índice de validade e fidelidade do conhecimento de um fenômeno. Para atingir tal resultado, é necessário que a busca do conhecimento de um fenômeno seja guiada por perguntas básicas que encaminharão o encontro de respostas concernentes e, portanto, coerentes entre si. Essas perguntas podem ser sintetizadas em: a) O que conhecer? b) Por que conhecer? c) Para que conhecer? d) Como conhecer? e) Com que conhecer? f) Em que local conhecer? 11

Observa-se que tais procedimentos acabam por caracterizar uma ação metodológica que direciona o conhecimento do pesquisador, que se dirige a qualquer uma das propostas de formação profissional, seja ela própria ao advogado, ao psicólogo, ao contador, ao administrador, entre outros. Assim sendo, a realidade científica é uma realidade construída e que tem significado à medida que oferece características objetivas, quantativamente mensuráveis e/ou qualitativamente observáveis e controladas. Concluindo, é possível destacar que: O conhecimento científico surgiu a partir das preocupações humanas cotidianas e esse procedimento é conseqüente do bom senso organizado e sistemático. O conhecimento científico, considerado como um conhecimento superior, exige a utilização de métodos, processos, técnicas especiais para análise, compreensão e intervenção na realidade. A abstração e a prática terão que ser dominadas por quem pretende trabalhar cientificamente. 1.4 PARA COMPLETAR A COMPREENSÃO DO QUE FOI ESTUDADO (EXERCÍCIO PARA CLASSE) 1) O conhecimento científico foi desenvolvendo-se aos poucos, apropriando-se da realidade da natureza. Você crê que ele já atingiu a verdade em alguma área do universo real? Por quê? 2) O que é mais verdadeiro: o objeto real ou o conhecimento que temos dele? 3) Existe alguma diferença de qualidade entre conhecimento sensível e conhecimento intelectual? Se existe, qual a diferença? 4) Ao investigar a realidade, o homem extrapola os conhecimentos adquiridos e prevê uma realidade que ainda não conhece, ou seja, formula uma hipótese. Essa hipótese pertence a que tipo de conhecimento: vulgar, científico, filosófico ou teológico? Por que? 5) Por que motivo o conhecimento científico depende de investigação metódica? 6) Por que o conhecimento científico esforça-se para ser exato e claro? Isso tem a ver com a busca da verdade? 7) Que sentido tem o fato de o conhecimento científico se sistemático? De que nos serve conhecer e aplicar as leis da natureza? 8) Qual o sentido da afirmação: o método científico é um instrumento usado pela Ciência na procura da realidade? 9) Os procedimentos, técnicas e regras do método científico formam um sistema? Pode explicar por quê? 10) O método científico é infalível? Por que? 12

11) Em que circunstâncias os procedimentos, técnicas e regras do método cientifico podem sofrer mudanças? 12) Que sentido tem a rejeição do subjetivismo nas atividades científicas? 13) O que aconteceria se a Ciência aceitasse a concepção de verdade eterna para o conhecimento que tem da realidade? 14) Para que a Ciência submete constantemente seu conhecimento à verificação e à revisão? 15) A simples demonstração racional de um fato pode ser considerada compatível com o método científico? Por que? 16) Que objetivo tem a análise científica ao decompor o todo em suas partes componentes? 17) É possível afirmar-se que dedução e indução são processos lógicos de raciocínio? Por quê? 18) Qual é a função da síntese como procedimento científico de conhecimento da realidade? 19) Como característica da observação científica, a exatidão é absoluta ou relativa? Por que? 13

2. O MÉTODO CIENTÍFICO Considerando o que já foi estudado, reforça-se a concepção de que a Ciência é um procedimento metódico cujo objetivo é conhecer, interpretar e intervir na realidade, tendo como diretriz problemas formulados que sustentam regras e ações adequadas à constituição do conhecimento. Os métodos científicos são as formas mais seguras inventadas pelos homens para controlar o movimento das coisas que cerceiam um fato e, montar formas de compreensão adequada dos fenômenos. Fatos acontecem na realidade, independentemente de haver ou não quem os conheça. Fenômeno é a percepção que o observador tem do fato. Pessoas diversas podem observar no mesmo fato fenômenos diferentes, dependendo de seu paradigma. Paradigmas constituem-se em referenciais teóricos que servirão de orientação para a opção metodológica de investigação. Mesmo que os paradigmas sejam constituídos por construções teóricas, não há cisão entre a teoria e a prática, ou entre a teoria e a lei científica. Portanto, um e outro coexistem gerando o que se pode denominar praxiologia. Método Científico é a expressão lógica do raciocínio associada à formulação de argumentos convincentes. Esses argumentos, uma vez apresentados, têm por finalidade informar, descrever ou persuadir um fato. Para isso o estudioso vai utilizar-se de : Termos são palavras, declarações, significações convencionais que se referem a um objeto. Conceito é a representação, expressão e interiorização daquilo que a coisa é (compreensão da coisa). É a idealização do objeto. O conceito é uma atividade mental que conduz um conhecimento, tornando não apenas compreensível essa pessoa ou essa coisa, mas todas as pessoas e coisas da mesma época. 14

Definição é a manifestação e apreensão dos elementos contidos no conceito, tratando de decidir em torno do que se duvida ou do que é ambivalente. Saber utilizar adequadamente termos, conceitos e definições significa metodologicamente expressar na Ciência aquilo que o indivíduo sabe e quer transmitir. 2.1 MÉTODO INDUTIVO Para Francis Bacon (1561 1626) o conhecimento científico é o único caminho seguro para a verdade dos fatos. Como Galileu, critica Aristóteles por considerar que o silogismo e o processo de abstração não propiciam um conhecimento completo do universo. Aponta como essenciais à observação e a experimentação dos fenômenos. Bacon é considerado como um dos fundadores do Método Indutivo, que considera: a) as circunstâncias e a freqüência com que ocorre determinado fenômeno; b) os casos em que o fenômeno não se verifica; c) os casos em que o fenômeno apresenta intensidade diferente. A partir da Observação é possível formular uma Hipótese explicativa da causa do fenômeno. A Indução leva a conclusões de caráter geral, a partir de casos particulares. O método de Bacon é composto dos seguintes passos: a) Experimentação fase em que o cientista deve realizar experimentos acerca do problema estudado para poder observar e registrar sistematicamente todas as informações possíveis de serem coletadas. b) Formulação das Hipóteses com base nos experimentos e na análise dos resultados obtidos, as hipóteses procuram explicitar a relação causal entre os fatos. c) Repetição a repetição dos experimentos tem por finalidade acumular dados que servirão para o surgimento e formulação das hipóteses. d) Teste das Hipóteses por meio da repetição dos experimentos, testam-se as hipóteses, buscando-se novos dados, bem como as evidências que os confirmam. e) Formulação de Generalizações ou leis após ocorrerem todas as fases anteriores baseado nas evidências, o cientista formula as leis que descobriu. 15

Bacon sugeriu as seguintes regras para a experimentação: a) Alargar a experiência. b) Variar a experiência. c) Inverter a experiência. d) Recorrer aos casos da experiência O método de Bacon pode ser assim sistematizado: aparecendo a causa, dá-se o efeito; retirando-se a causa, não se dá o efeito; variando-se a causa, altera-se o efeito. C efeito C1 E1 2.2 MÉTODO ANALÍTICO e SINTÉTICO OU MÉTODO DE INDUÇÃO EXPERIMENTAL Como já foi visto, Galileu Galilei (1564 1642), foi o primeiro teórico do método experimental. O primeiro a desenvolver estudos sobre a sistematização das atividades no âmbito do conhecimento científico. As Ciências, para Galileu, têm como foco principal as relações quantitativas. Discordou dos seguidores de Aristóteles, que consideravam que o estudo do conhecimento da essência íntima das substâncias individuais deveria ser substituído pelo conhecimento da lei que preside os fenômenos. Para Galileu a pesquisa científica tem aspectos: a) Analíticos - observação empírica do fenômeno. b) Sintéticos reprodução experimental do fenômeno. A confirmação da HIPÓTESE a transforma em LEI. Portanto, o método de Galileu pode ser chamado de Método de Indução Experimental, que chega a uma generalização por meio das fases: a) observação dos fenômenos; b) análise dos elementos que compõem os fenômenos; c) indução de hipóteses; d) verificação de hipóteses aventadas por intermédio das experiências; e) generalização do resultado das experiências; f) confirmação das hipótese obtendo-se leis gerais. 2.3 MÉTODO DEDUTIVO René Descartes (1596 1650) apresenta o Método Dedutivo, a partir da matemática e de suas regras de evidência, análise, síntese e enumeração. 16

O protótipo do raciocínio dedutivo é o SILOGISMO, que, a partir de duas proposições chamadas premissas, retira uma terceira chamada conclusão. EXEMPLO: Todo mamífero tem um coração. Ora, todos os cães são mamíferos. Logo, todos os cães têm um coração. Em sua obra Discurso do Método estabelece quatro regras fundamentais: a) Regra da evidência não acolher como verdadeiro coisa nenhuma que não se reconheça evidentemente como tal. b) Regra da análise dividir cada uma das dificuldades em tantas partes necessárias para melhor resolvê-las. c) Regra de síntese conduzir ordenadamente o pensamento, começando com os objetivos que não se disponham de forma material em seqüência de complexidade crescente. Para melhor compreensão: Análise é o processo de um todo em suas partes constitutivas. Caminha do mais complexo ao menos complexo. Síntese e a reconstrução do todo decomposto pela análise. Caminha do mais simples ao mais complexo. Sem a análise, o conhecimento é incompleto. A análise deve obrigatoriamente seguir-se à síntese. 17

3. PROCESSOS DO MÉTODO CIENTÍFICO Na história da Metodologia do conhecer, muitas modificações foram feitas baseadas no surgimento de novas concepções filosóficas, físicas e sociais. Dessa forma, qualquer que seja o método científico, esse campo da investigação, deve cumprir, segundo Bunge 1, estas etapas: a) descobrimento do problema ou lacuna em um conjunto de conhecimentos; b) colocação precisa do problema ou, ainda, a recolocação de um velho problema à luz de novos conhecimentos; c) procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes do problema (dados empíricos, teorias, aparelhos de medição, técnica de medição, entre outros); d) tentativa de uma solução (exata ou aproximada do problema com o auxílio de instrumento conceitual ou empírico disponível); e) Investigação da conseqüência da solução obtida; f) prova (comprovação da solução, isto é, confronto da solução com a totalidade das teorias e das informações empíricas pertinentes); g) correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta. 3.1 OBSERVAÇÃO A observação científica pode ser classificada de assistemática e sistemática. Em ambas o observador deve ter competência para observar e obter dados com imparcialidade, procurando controlar suas próprias opiniões e interpretações. a) Observação assistemática não estruturada, sem controle anteriormente elaborado e sem instrumental apropriado. b) Observação sistemática planejada ou controlada, objetivos e propósitos predefinidos. Utiliza instrumento adequado: Indica e delimita a área a ser observada; Requer planejamento prévio para seu desenvolvimento; Considera: - por que observar? - para que observar? 1 Bunge apud Aidil Jesus da Silveira Barros et al. Fundamentos de metodologia científica. 2000, p. 60. 18

3.2 INDUÇÃO - o que observar? - quem observar? Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal não contida nas partes examinadas. EXEMPLO: O vestido amarelo é bonito. O vestido azul é bonito. O vestido branco é bonito. O vestido n é bonito. Logo (todo) vestido é bonito. A indução pode ser: a) Formal ou completa (de Aristóteles) é o inverso da dedução. Não induz de alguns casos, mas de todos os casos de uma espécie ou gênero. Nesse tipo de indução, há uma simples substituição de uma coleção de termos particulares por um equivalente. EXEMPLO: Os corpos A, B, C, D se aquecem Ora, os corpos A, B, C, D são todos metais Logo, os metais se aquecem. b) Indução incompleta ou científica É a alma das ciências experimentais - criada por Galilei e aperfeiçoada por Bacon. Fundamenta-se na causa ou na lei que rege o fato ou fenômeno. 3.3 DEDUÇÃO A dedução consiste em um recurso metodológico em que a racionalização ou combinação de idéias, em sentido interpretativo, vale mais que a experimentação de caso por caso. Em termos mais simples, pode-se dizer: é o raciocínio que caminha do geral para o particular. Para a Metodologia, é importante entender que no modelo dedutivo a necessidade de explicação não reside nas premissas, mas na relação entre as premissas e a conclusão. O processo dedutivo e utilizado amplamente na Matemática. Os seus argumentos são, na maior parte, dedutivos. Os teoremas são demonstrados a partir de axiomas e postulados (premissas). EXEMPLO: Toda ave bota ovo. Ora, todas as galinhas são aves. Logo, todas as galinhas botam ovo. Críticas ao processo dedutivo: 19

O processo dedutivo é de alcance limitado, pois a conclusão não pode assumir conteúdos que excedam o das premissas. A dedução não é condição suficiente de explicação, como também não é condição necessária, pois muitas são as explicações que não têm qualquer lei como premissa. A descrição dos fatos ou fenômenos pode ser feita externamente de um ponto de vista especial, sendo que essa descrição serve de explicação sem, necessariamente se processar qualquer dedução. Segundo Saloman 2, as características básicas que distinguem os argumentos dedutivos dos indutivos, são: DEDUTIVOS Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira. Toda a informação do conteúdo fatual (coisa ou ação feita) da conclusão já estava pelo menos implicitamente (inclusa) nas premissas. INDUTIVOS Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira. A conclusão encerra informações que não estavam implicitamente nas premissas. O dedutivo tem o propósito de enunciar formalmente, claramente, o conteúdo das premissas. O indutivo tem a finalidade de ampliar o alcance dos conhecimentos. 3.4 EXPERIMENTAÇÃO A experimentação pode ser definida como um conjunto de procedimentos estabelecidos para verificação das hipóteses. A experimentação é sempre realizada em situação de laboratório, isto é, com controle de circunstâncias e variáveis 3 que possam interferir na relação de causa e efeito que está sendo estudada. Variável independente quando as hipóteses enunciam uma relação de antecedência. Variável dependente quando as hipóteses enunciam uma relação de conseqüência entre os dois fenômenos. Na experimentação busca-se descobrir se a relação existe e qual é a proporção de variação encontrada nessa relação. 2 Saloman apud Aidil Jesus da Silveira Barros et al. op.cit. p. 64. 3 Variável tudo aquilo que pode mudar, que pode variar, que é inconstante. 20

4. A PESQUISA Pesquisa é o processo de desenvolvimento do método científico; seu objetivo é descobrir respostas mediante o uso de procedimentos científicos. De maneira bem simples, significa procurar respostas para indagações propostas. Pesquisar é um conjunto de ações propostas para encontrar a solução de um problema, que tem por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se tem informações para solucioná-lo. Portanto, pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. Os procedimentos comuns à pesquisa são: a) Formulação de questões ou proposição de problemas e levantamento de hipóteses de trabalho ou solução. b) Realização de leituras e observações. c) Registro e interpretação das observações e das leituras. d) Elaboração de explicações, conclusões, generalizações e previsões. As pesquisas podem ser do tipo exploratório, descritivo, explicativo e participante. As etapas desses tipos de pesquisas são: a) Formulação de um problema. b) Construção de hipóteses. c) Delineamento metodológico. d) Operacionalização de conceitos e variáveis. e) Seleção da amostra ou fonte de dados. f) Elaboração de instrumentos de coleta dos dados. g) Coleta dos dados. h) Análise e interpretação dos resultados. i) Redação do trabalho científico. 4.1 O PROBLEMA Um problema é um fato ou fenômeno que ainda não possui resposta ou explicações. Sua solução só é possível por meio da pesquisa. A escolha do problema de pesquisa deve ser a primeira tarefa do pesquisador. 21

As diretrizes do problema são: a) O problema deve ser formulado como uma pergunta. b) Deve ser delimitado de modo claro, preciso e viável. c) Apresentar, sempre que possível, algumas referências empírica. Inclui indagações: Por que pesquisar? Qual a relevância do problema? Quem será o beneficiário do resultado? 4.2 HIPÓTESE A hipótese sugere explicações para o fato estudado e antecipa soluções para o problema escolhido. a) A Construção da hipótese é realizada a partir: Da observação dos fatos. De poder incluir resultado de outras pesquisas. Da intuição do pesquisador. De constituir-se, em relação ao pesquisador, de : - suas crenças; - seus valores; - suas aspirações; - suas esperanças; - seus sonhos. b) Características - boas hipóteses têm: Clareza conceitual. Definição operacional. Especificidade. Referências empíricas, evitando o uso de julgamentos de valor (bom, mau, pobre, bonito, e outros). Relacionar-se a uma teoria, quando possível. 4.3 DELINEAMENTO O delineamento metodológico de uma pesquisa inicia-se com a seleção da fonte de dados. Os dados podem ser fornecidos por pessoas ou papel (documentos). Uma pesquisa pode ser: bibliográfica, documental, descritiva e experimental. 4.3.1 Pesquisa Bibliográfica 22

Trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada em forma de livros, revistas, teses, publicações avulsas e imprensa escrita. A pesquisa bibliográfica objetiva colocar o pesquisador em contato com tudo o que foi escrito sobre determinado assunto, com a finalidade de colaborar na análise de sua pesquisa. É importante diferenciar a pesquisa documental (ou de fontes primárias, direta) da pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias, indireta). Pesquisa bibliográfica é aquela que se desenvolve tentando explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a partir das teorias publicadas em livros ou obras congêneres, como foi dito anteriormente. A pesquisa bibliográfica compreende oito fases distintas: a) escolha do tema; b) elaboração do plano de trabalho; c) identificação; d) localização; e) compilação; f) fichamento; g) análise e interpretação; h) redação. 4.3.2 Pesquisa Documental Utiliza de material sem tratamento analítico ou interpretativo: documentos oficiais, cartas, contratos, reportagens veiculadas a jornais, filmes, fotografias, diários, entre outros. É proveniente dos próprios órgãos, entidades ou empresas, correspondendo aos documentos de primeira mão, ainda não elaborados, escritos ou não, mas que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica. Desenhos, indumentárias, fotografias, registros de manifestações folclóricas, relatórios técnicos, gravações de entrevistas, pinturas, objetos de arte, canções, entre outros. 4.3.3 Pesquisa Descritiva Observa, registra, descreve, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem interferência do pesquisador. Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolvem o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento. A pesquisa descritiva pode assumir a forma de: 23

a) Estudo Exploratório - visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explicito ou construir hipóteses. b) Estudo de Caso - caracteriza-se pelo estudo exaustivo de poucos objetos, sendo possível com a Pesquisa Exploratória. A dificuldade está na generalização dos dados obtidos, porém suas vantagens superam esta dificuldade. Sugere-se para esse delineamento: objetos extremos ou marginais. c) Levantamento de Dados - pesquisas que se caracterizam pela interrogação direta dos sujeitos. As conclusões obtidas podem se projetadas para todo o universo. Diferem do censo porque não recolhe informações de todos os sujeitos, mas sim de uma amostra significativa. a) As vantagens: Contato com a realidade pesquisada. Economia e rapidez na coleta de dados. Tratamento estatístico dos dados. b) As limitações: Subjetividade incontrolável. Pouca profundidade. Validade restrita à época e ao lugar da coleta de dados. 4.3.4 Pesquisa Experimental Quando se determina um objeto de estudo. Seleciona-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, define-se as formas de controle e observação dos efeitos que a variável produz. Em ciências sociais, cujos objetos de estudos são pessoas, grupos ou instituições as limitações éticas e técnicas reduzem, consideravelmente, o uso da experimentação. OBSERVAÇÃO: Procedimento alternativo EX POST FACTO (fatos já ocorridos) assemelha-se ao delineamento experimental mas exclui o pesquisador do controle do fato. Quando o experimento se realiza depois dos fatos. 4.4 ROTEIRO DE PLANO DE PESQUISA I. Título da pesquisa. II. Objeto e Justificativa. Introdução ao tema. O problema da pesquisa (o que será pesquisado; a pergunta ). Justificativa (por que escolheu esse problema). III. Revisão Bibliográfica (Estado da Arte). Expor resumidamente as principais idéias já discutidas por outros autores que trataram do problema, levantando críticas e dúvidas, 24

quando for o caso. Explicar no que o seu trabalho vai se diferenciar dos trabalhos já produzidos sobre o problema a ser trabalhado e/ou no que vai contribuir para o conhecimento do mesmo 4. IV. Hipóteses. Explicar as hipóteses (respostas provisórias baseadas na revisão bibliográfica) que foram formuladas para estudar o problema. V. Procedimentos Metodológicos (como verificar as hipóteses). Identificar como realizar a pesquisa, especificando suas etapas e os procedimentos que serão adotados em cada uma delas. Entre os procedimentos, explicar: o tipo de pesquisa (estudo setorial, histórico, de caso entre outros); tipos de dados; período coberto; âmbito espacial; fontes de informação qualitativa e quantitativa. VI. Desenho da Pesquisa. Apontar, em grandes linhas, o conteúdo que terá o relatório final da pesquisa indicando também quais os prováveis capítulos que constituirão o relatório. VII. Bibliografia. VIII. Cronograma. Portanto, o delineamento experimental constitui-se da seleção de variáveis capazes de influenciar: a) O objeto de estudo. b) A definição das formas de observação. c) O controle dos possíveis efeitos da variável sobre o objeto de estudo. 4.5 EXERCÍCIO SOBRE PROJETO DE PESQUISA Com base no que já foi estudado, inicie a elaboração de um projeto de pesquisa sobre um problema já vivenciado. VOCÊ PODE SIMULAR O QUE SE PEDE ABAIXO a) Indicar o problema a ser investigado:... b) Planeje o seu estudo exploratório observando: referências bibliográficas sobre o tema:... exame de documentos sobre pesquisa realizada no país, na área:... separe as obras, artigos e resenhas a serem pesquisados:... c) Redefina e formule melhor o problema a ser estudado:... 4 A bibliografia citada e/ou consultada deve ter suas referências ao final do projeto, de acordo com as normas oficiais. 25

d) Especifique o que conduziu a pesquisar tal tema e formule os problemas enunciados:... RASCUNHE O SEU PROJETO DE PESQUISA a) Seu projeto deve apresentar alguns dados de identificação como: Título da pesquisa:... Pesquisador:... Entidade (Instituição responsável):... Período de realização: b) Proposta de estudo Tema a ser pesquisado:... Formulação do problema:... Hipóteses:... Objeto:... Objetivos:... Metodologia de estudo:... Instrumentos de coleta de dados:... Referencial teórico:... Cronograma:... Plano orçamentário:... 26

5. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Para Gil 5, a pesquisa tem um caráter pragmático, é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. Existem várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de classificação serão apresentadas a seguir: a) Quanto à natureza Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. b) Quanto à forma de abordagem Pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-los e analisá-los. Requer recursos estatísticos. Pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. 5 Antônio C. Gil. Como elaborar projetos de pesquisa. 1999, p.42. 27

5.1 FASES DO MÉTODO DE PESQUISA 1º FASE SELEÇÃO DO TEMA FORMAÇÃO DO PROBLEMA HIPÓTESE ANTEPROJETO Processo de Planejamento da Pesquisa 2 a. Fase SELEÇÃO DA AMOSTRA 3 a FASE COLETA DE DADOS ESCOLHA DA TÉCNICA CLASSIFICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS 4 a FASE INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 5 a FASE COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS RELATÓRIO FINAL 5.1.1 O tema É o assunto que se deseja provar ou desenvolver. Deve-se levar em consideração os seguintes fatores: a) Internos Selecionar um assunto, tendo presente o domínio sobre o qual vai trabalhar. Assunto compatível com qualificações pessoais, da formação universitária e pós-graduação, ou seja, da aprendizagem, da vivência intelectual no meio do estudo universitário e no ambiente científico e cultural. Encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente, formulado e determinado em função da pesquisa. 28

b) Externos Disponibilidade do tempo para realizar uma pesquisa completa e aprofundada. Existência de obras pertinentes ao assunto. Possibilidade de consultar especialistas da área. c) Delimitação do assunto Deve-se evitar assuntos já explorados recentemente, como também temas muito amplos, que conduzem a discussões intermináveis, fazendo-se a delimitação do assunto que implica: Distinguir o sujeito e o objeto da questão. Exemplo: - Organização do Trabalho- o sujeito é trabalho; o objeto é organização. Tema Especificar os limites da extensão tanto do sujeito quanto do objeto, por intermédio de: Adjetivos explicativos ou restritivos. EXEMPLO: - Adjetivo explicativo: Organização social do trabalho. - Adjetivo restritivo: Organização atual do trabalho. - Complementos nominais ou especificação especificam os substantivos ou adjetivos. EXEMPLO: Organização social do trabalho de produção artesanal. - Determinação das circunstâncias especialmente de tempo e espaço. EXEMPLO: Organização social do trabalho de produção artesanal durante a Idade Média na Europa Ocidental. 5.1.2 Elaboração do Plano de Trabalho. Na elaboração do plano deve-se observar a estrutura de todo trabalho científico: introdução, desenvolvimento e conclusão. a) Introdução- apresentação sintética da questão. b) Desenvolvimento - fundamentação lógica do trabalho que apresenta três fases: Explicação, Discussão e Demonstração. c) Conclusão - Consiste no resumo completo, mas sintetizado, da argumentação desenvolvida na parte anterior (desenvolvimento). 5.1.3 Identificação É a fase de reconhecimento do assunto pertinente ao tema em estudo. Procura-se catálogos onde se encontram as relações das obras. Faz-se o levantamento, pelo sumário ou índice, dos assuntos nele abordados e por 29

último, faz-se a verificação da bibliografia ao final do livro ou do artigo, se houver. 5.1.4 Localização Após o levantamento bibliográfico, passa-se à localização das fichas bibliográficas nos arquivos das bibliotecas públicas, nas de faculdades oficiais ou particulares e outras instituições. 5.1.5 Compilação É a reunião sistemática do material contido em livros, revistas, publicações avulsas ou trabalhos fotocopiados. Esse material pode ser obtido por meio de fotocópias, xerox ou microfilmes. 5.1.6 Fichamento A ficha é um importante instrumento de trabalho que permite identificar as obras, conhecer seu conteúdo, fazer citações, analisar o material e elaborar críticas. O sistema de fichas é altamente utilizado nas mais diversas instituições, para serviços administrativos, e nas bibliotecas, onde existem fichas de autores, de títulos, de séries e de assuntos, para consulta do público. a) Aspecto físico É importante que se dê atenção ao aspecto físico das fichas, uma vez que será utilizada por muitos anos. Os tamanhos mais comuns são: - pequeno (intencional) 7,5cm x 12,5cm. - médio 10,5cm x 15,5cm - grande 12,5cm x 20,5cm. Precisando utilizar o reverso das fichas, para continuar as anotações, será mais adequado fazer coincidir a última linha do anverso com a primeira do reverso, de forma que a ficha possa ser girada sobre si mesma, para permitir a leitura do verso sem retirar a ficha do seu lugar. b) Composição das fichas A estrutura das fichas compreende três partes principais: cabeçalho, referência bibliográfica e corpo ou texto. Deve-se colocar, também, a indicação da obra e o local em que se acha disponível o material. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Normas para apresentação de trabalho científico. Vol. 6. Biblioteca da UNICE a) Tipos de fichas Existem vários tipos de fichas: fichas de leitura, ficha bibliográfica, ficha de citações, fichas de resumo ou de conteúdo, ficha de esboço e fichas de comentário ou analítica. Há autores que apresentam, ainda, ficha de assunto e ficha de título da obra. Fichas de leitura- contém todas as informações sobre um artigo ou livro. Exemplo: citado anteriormente. 30

Ficha bibliográfica- refere-se ao tema abordado, conclusões alcançadas, utilização de recursos ilustrativos, tais como: tabelas, quadros, desenhos, etc; fontes dos dados. Exemplo: pág. 131 do livro MTC Univ. Est. Vale do Acaraú. Ficha de citações- consiste na reprodução fiel de fases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em pauta. Exemplo: NÉRICE. Didática. São Paulo: Atlas, 1983. P. 38, 30 parágrafo (Livro emprestado do prof. José Carlos). Ficha de resumo ou de conteúdo- apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou resumo dos aspectos essenciais da obra. Ficha de esboço- assemelha-se à ficha de resumo ou conteúdo, pois refere-se à apresentação das principais idéias expressas pelo autor, ao longo de sua obra ou parte dela, porém de forma mais detalhada. Ficha de comentário ou analítica- consiste na explicação ou interpretação crítica pessoal das idéias expressas pelo autor, ao longo de seu trabalho ou parte dele. À medida que o pesquisador tem em mãos as fontes de referência, deve transcrever os dados em fichas com o máximo de exatidão. A ficha permite a ordenação do assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de um lugar para o outro, facilitando o desenvolvimento das atividades acadêmicas e profissionais. Na face dessas fichas são transcritos os dados referentes ao documento em si, conforme as técnicas bibliográficas. 5.1.7 Análise e Interpretação a) A primeira fase é a crítica do material bibliográfico, sendo considerado um juízo de valor sobre determinado material científico. b) A segunda fase compreende a decomposição dos elementos essenciais e sua classificação. c) A terceira fase é a generalização. d) A quarta fase exige uma análise crítica, utilizando instrumental e processos sistemáticos e controláveis. A crítica pode ser externa e interna: Crítica externa - é feita sobre o significado, a importância e o valor histórico de um documento, considerado em si mesmo, e em função do trabalho que está sendo elaborado 6. Abrange a crítica do texto, crítica da autenticidade e a crítica da proveniência (estudo de onde provieram os documentos). 6 Délcio Vieira Saloman. Como fazer uma monografia. 1972, p. 256. 31

Crítica interna - é aquela que aprecia o sentido e o valor do conteúdo. Compreende: crítica de interpretação ou hermenêutica que averigua o sentido exato que o autor quis exprimir e crítica do valor interno do conteúdo que aprecia a obra julgando a autoridade do autor e o valor que representa o trabalho e as idéias nele contidas. hipóteses. Por fim, a interpretação exige a comprovação ou refutação das 5.1.8 Redação A redação da pesquisa bibliográfica varia de acordo com o tipo de trabalho científico que se deseja apresentar. Pode ser uma monografia, uma dissertação ou uma tese. 32

6. COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS FONTE DE DADOS UNIVERSO OU POPULAÇÃO DE ESTUDO RETIRA-SE A AMOSTRA ALEATÓRIA ESTATÍSTICA E CONSIDERADA CONSTITUÍDA DE ACORDO COM A OPORTUNIDADE 6.1 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS a) Observação pesquisa de campo estudo direto junto às fontes informativas. Utiliza os sentidos na obtenção de determinados dados. Simples. Participante. Sistemática. 33

c) Informações bibliográficas Livros. Periódicos. Bibliografias retrospectivas. Internet. d) Coleta de dados estatísticos Fontes nacionais e internacionais (dados primários e secundários) Pesquisa de campo (população ou amostragem). e) Entrevista pesquisa de campo é uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária. Informal. Focalizada. Pautada. Formalizada. d) Questionário pesquisa de campo - é a técnica por excelência da pesquisa social, possibilita atingir um grande número de sujeitos. É constituído por uma série de perguntas que devem ser respondidas por escrito, sem a presença do pesquisador. Compreende em: - Pouco gasto. - Garante o anonimato. - Dá liberdade ao respondente. - Não expõe o pesquisado à influência das opiniões do pesquisador. Construção do Questionário - é a tradução dos objetivos específicos da pesquisa. As perguntas podem ser: - Abertas. - Fechadas. - Duplas. O conteúdo pode ter perguntas sobre: - Fatos: idade, sexo, estado civil, naturalidade. - Crenças: preconceitos, ideologias, convicções. - Sentimentos: medo, desconfiança; afeto; desafeto. - Padrões de comportamento: ética, estética, beleza, justiça, cidadania. Como devem ser as perguntas: - Claras. - Levar em consideração a escolaridade. - O sistema de referência do sujeito. - Possibilitar uma única interpretação. - Não sugerir resposta. - Referir-se a uma única idéia. 34

A análise dos dados coletados, pressupõe o estabelecimento de categorias, da codificação, tabulação, análise estatística e interpretação desses dados. 35

7. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UM TRABALHO CIENTÍFICO 7.1 ESTRUTURA Todos os trabalhos científicos se desenvolvem em três fases: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão que serão detalhadas posteriormente. 7.2 TIPOS DE TRABALHO CIENTÍFICO Para efeito de nosso estudo, iremos detalhar os três mais importantes trabalhos científicos: Monografia, Dissertação e Tese. 7.2.1 Monografia Na definição da ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas, Monografia é o documento que apresenta a descrição exaustiva de determinada matéria, abordando aspectos científicos, históricos, técnicos, econômicos e artísticos, entre outros. A monografia pode ser feita durante os cursos superiores e nos pósgraduação. Pode até ser feita independentemente de regime escolar, pelo prazer de estudar e pesquisar, por qualquer pessoa. a) Características Tema específico. Tratamento específico. Contribuição importante para a ciência. Tema limitado. Tratamento com profundidade. Limitação a uma ciência ou a uma parte dela. Tema restrito e particular. Uso de metodologia científica. Contribuição pessoal à ciência. Trabalho escrito, sistemático e completo. 36

b) Objetivos Descobrir verdades sobre temas de interesse de uma ciência ou parte dela. Redescobrir e reestudar assuntos já estudados anteriormente. Esclarecer fatos ou teorias já estudados mas que permanecem obscuros e sem pleno conhecimento. Ordenar e metodizar saber e conhecimento. Aumentar o referencial científico por meio de trabalho metódico. Levar ao conhecimento da comunidade científica e do público as novas descobertas. c) Finalidades Externa: - quando se destina à obtenção de título e como avaliação escolar. Interna: - para satisfazer o desejo interior de saber, conhecer e produzir conhecimento. É feita pelo prazer de estudar e de pesquisar. - expor cultura, saber e conhecimento. - comunicar por escrito o resultado de uma descoberta pessoal. 7.2.2 Dissertação A dissertação é um tipo de trabalho científico apresentado ao final do curso de mestrado, visando obter o título de mestre. Requer apresentação pública do trabalho. Exige a orientação de um professor pesquisador da área. É um estudo teórico, de natureza reflexiva, que consiste na ordenação de idéias sobre determinado tema 7. Como estudo teórico, de natureza reflexiva, requer sistematização, ordenação e interpretação dos dados. Por ser um estudo formal, exige metodologia própria do trabalho científico. 7.2.3 Tese É um trabalho científico exigido nos cursos de doutoramento e na livredocência. Trata de pesquisa científica em torno de um assunto, tema ou fato qualquer ainda não tratado cientificamente. Uma das exigências é a originalidade, isto é, deve ser fruto de pesquisa original, deve ser inédito. a) Conceito Tese é opinião ou posição que alguém sustenta e está preparado para defender 8. A tese apresenta o mais alto nível de pesquisa e requer não só exposição e explicação do material coletado, mas também, e principalmente, análise e interpretação dos dados. b) Objetivos Como atividade acadêmica, tem o objetivo de obtenção de um título de doutor ou de livre-docente. Em si mesmo, o objetivo de uma tese seria o de adquirir novos conhecimentos e colaborar na solução de dado problema. 7.2.4 Trabalho gráfico 7 Ângela Domingos Salvador. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográficas. 1980, p. 35. 8 Robert Barrass. Os cientistas precisam escrever. 1979, p. 152. 37