Questão 4 (2,0 pontos). Defina função convexa (0,5 pontos). Seja f : I R uma função convexa no intervalo aberto I. Dado c I (qualquer)

Documentos relacionados
Questão 3. a) (1,5 pontos). Defina i) conjunto aberto, ii) conjunto

Notas Sobre Sequências e Séries Alexandre Fernandes

MAT 5798 Medida e Integração Exercícios de Revisão de Espaços Métricos

Propriedades das Funções Contínuas

CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I LMAC, MEBIOM, MEFT 1 o SEM. 2014/15 2 a FICHA DE EXERCÍCIOS. k + e 1 x, x > 0 f(x) = x cos 1, x > 0

1 Séries de números reais

ATIVIDADES EM SALA DE AULA Cálculo I -A- Humberto José Bortolossi

Aula 7 Os teoremas de Weierstrass e do valor intermediário.

Provas de Análise Real - Noturno - 3MAT003

Análise Real. IF Sudeste de Minas Gerais. Primeiro semestre de Prof: Marcos Pavani de Carvalho. Marcos Pavani de Carvalho

3.1 Limite & Continuidade

Sumários Alargados. Recomenda-se a leitura de: Capítulos 0 e 1 de: J. Lewin/M. Lewin, An Introduction to Mathematical Analysis;

Análise Matemática I 1 o Exame (Grupos I, II, III, IV, V e VI) 2 o Teste (Grupos IV, V e VI)

Estudo de funções. Universidade Portucalense Departamento de Inovação, Ciência e Tecnologia Curso Satélite - Módulo I - Matemática.

Cálculo Diferencial e Integral I. Jair Silvério dos Santos * Professor Dr. Jair Silvério dos Santos 1

Lista 1 - Cálculo Numérico - Zeros de funções

1, se t Q 0, se t R\Q

Cálculo Diferencial e Integral I/MEEC 2011/2012 Resolução do 1 o Teste

Fundação Universidade Federal de Pelotas Curso de Licenciatura em Matemática Disciplina de Análise II - Prof. Dr. Maurício Zahn Lista 01 de Exercícios

Análise Infinitesimal I. Maria Manuel Clementino, 2010/11

Universidade Federal de Goiás Campus Catalão Departamento de Matemática Disciplina: Fundamentos de Análise

Í ndice. Capítulo 1: Os Números Reais. Generalidades. Supremo e ínfimo de um conjunto. Exercícios. Sugestões e soluções. Desigualdade do triângulo

Apresente todos os cálculos e justificações relevantes

Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Matemática Curso de Verão Lista 1. Números Naturais

Funções reais de variável real.

Cálculo 1 Fuja do Nabo. Resumo e Exercícios P2

4.1 Preliminares. 1. Em cada caso, use a de nição para calcular f 0 (x) : (a) f (x) = x 3 ; x 2 R (b) f (x) = 1=x; x 6= 0 (c) f (x) = 1= p x; x > 0:

Ficha de Problemas n o 6: Cálculo Diferencial (soluções) 2.Teoremas de Rolle, Lagrange e Cauchy

Lista de Exercícios de Métodos Numéricos

Propriedades das Funções Contínuas e Deriváveis

Gabarito da Primeira Prova MAT0234 Análise Matemática I Prof. Daniel Victor Tausk 13/09/2011

CDI-II. Resumo das Aulas Teóricas (Semana 1) 2 Norma. Distância. Bola. R n = R R R

1 Álgebra linear matricial

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC. 1 Existência e unicidade de zeros; Métodos da bissecção e falsa posição

Aula 22 O teste da derivada segunda para extremos relativos.

PROVA EXTRAMUROS-MESTRADO (i) O tempo destinado a esta prova é de 5 horas.

Notas de Aula: Análise no R n

Aula 5 Limites infinitos. Assíntotas verticais.

{ 1 se x é racional, 0 se x é irracional. cos(k!πx) = cos(mπ) = ±1. { 1 se x Ak

s Gabarito da 1. a Prova de PMA Fundamentos de Cálculo Prof. Wagner - 3 de maio de a PARTE

Fórmulas de Taylor - Notas Complementares ao Curso de Cálculo I

Bases Matemáticas Continuidade. Propriedades do Limite de Funções. Daniel Miranda

Concluímos esta secção apresentando alguns exemplos que constituirão importantes limites de referência. tan θ. sin θ

Limites e Continuidade

Capítulo Topologia e sucessões. 7.1 Considere o subconjunto de R 2 : D = {(x, y) : xy > 1}.

Cálculo Diferencial e Integral I

Topologia do espaço Euclidiano

Neste capítulo estamos interessados em resolver numericamente a equação

Resumo Elementos de Análise Infinitésimal I

Apresente todos os cálculos e justificações relevantes. a) Escreva A e B como intervalos ou união de intervalos e mostre que C = { 1} [1, 3].

A derivada da função inversa, o Teorema do Valor Médio e Máximos e Mínimos - Aula 18

Notas de Aula - Minicurso de Analise Real. Aloizio Macedo

TESTE N.º 3 Proposta de resolução

Fundamentos do Cálculo Diferencial

Prova Extramuro BOA PROVA! Respostas da Parte II

Resumo das aulas dos dias 4 e 11 de abril e exercícios sugeridos

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ NOTAS DE AULA: ANÁLISE REAL. Profa.: Gislaine Aparecida Periçaro Curso: Matemática, 4º ano

A Equivalência entre o Teorema do Ponto Fixo de Brouwer e o Teorema do Valor Intermediário

LISTA 3 DE INTRODUÇÃO À TOPOLOGIA 2011

Análise Matemática III - Turma especial

AT4-1 - Unidade 4. Integrais 1. Cálculo Diferencial e Integral. UAB - UFSCar. Bacharelado em Sistemas de Informação. 1 Versão com 14 páginas

Propriedades das Funções Contínuas e Limites Laterais Aula 12

Fórmulas de Taylor. Notas Complementares ao Curso. MAT Cálculo para Ciências Biológicas - Farmácia Noturno - 1o. semestre de 2006.

Análise I. Notas de Aula 1. Alex Farah Pereira de Novembro de 2017

Cálculo Infinitesimal III. Gregorio Malajovich

MAT Complementos de Matemática (Contabilidade) - FEAUSP 2 o semestre de 2013 Professor Oswaldo Rio Branco de Oliveira

Matemática I. 1 Propriedades dos números reais

1 Máximos e mínimos. Seja f : D f R e p D f. p é ponto de mínimo global (absoluto) de f se. x D f vale f(x) f(p) f(p) é mínimo global (absoluto) de f.

Lista de Exercícios da Primeira Semana Análise Real

Propriedades das Funções Contínuas

1 Propriedades das Funções Contínuas 2

da dx = 2 x cm2 /cm A = (5 t + 2) 2 = 25 t t + 4

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas - CCE Departamento de Matemática Primeira Lista de MAT641 - Análise no R n

Alexandre L. Madureira

MAT 103 Turma Complementos de matemática para contabilidade e administração PROVA D

MAT 103 Turma Complementos de matemática para contabilidade e administração PROVA E

TEMPO DE PROVA: 2h30 Questão 1: (2.5 pontos) Estude a convergência, convergência absoluta ou divergência das séries abaixo. ( 1) m m.

P1 de Análise Real ou Análise I Data: 16 de abril de 2008

1 Limites e Conjuntos Abertos

Visto do Professor: Prof. Rafael D N X Laboratório de Informática para essa prova? Sim Não X

Convergência, séries de potência e funções analíticas

Questão (a) 4.(b) 5.(a) 5.(b) 6.(a) 6.(b) 6.(c) 7 Cotação

Cálculo Diferencial e Integral I Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores 2 o Teste (V1) - 15 de Janeiro de h00m

184 Instituto de Matemática UFF

O Teorema de Peano. f : D R n. uma função contínua. Vamos considerar o seguinte problema: Encontrar um intervalo I R e uma função ϕ : I R n tais que

*** Escolha e resolva 4 das 6 questões! *** *** Justifique TODAS as suas respostas! *** + µ(x, y)sen(89x + π) 0 φ 6 (x, y) + µ 6 (x, y) 1.

1 Geometria: Funções convexas

MAT Cálculo I - POLI Gabarito da P2 - A

Probabilidade IV. Ulisses U. dos Anjos. Departamento de Estatística Universidade Federal da Paraíba. Período

Cálculo 1 - Complementos sobre Extremos e o Teorema do Valor Médio e Aplicações

Números Reais. Víctor Arturo Martínez León b + c ad + bc. b c

Polinómio e série de Taylor

Métodos iterativos dão-nos uma valor aproximado para s. Sequência de valores de x que convergem para s.

Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Exatas Departamento de Matemática

g) 2 x2 (2 x ) 2, 6 x i) x 2 x + 2, j) k) log ( 1 l) log ( 2x 2 + 2x 2) + log ( x 2

Cálculo Numérico A - 2 semestre de 2006 Prof. Leonardo F. Guidi. 2 a Lista de Exercícios - Gabarito. 1) Seja a equação não linear x e x = 0.

Transcrição:

DM IMECC UNICAMP, Análise I, Prof. Marcelo M. Santos Exame Final, 15/07/2009 Aluno: RA: Ass.: Observações: Tempo de prova: 100min; Justifique sucintamente todas as suas afirmações; Disponha as suas resoluções das questões nas folhas em branco (frente e verso) em ordem crescente e da seguinte forma: 1a. folha - Q.1; 2a. folha - Q.2; 3a. folha - Q.3; 4a. folha - Q.4. A última folha pode ser usada para rascunho. Proibido usar calculadora. Não desgrampear a prova. Desligar o celular. Questão 1. a) (1,5 pontos) Seja X um subconjunto dos números reais limitado inferiormente. Defina inf X (o ínfimo de X) justificando porque ele existe (0,5 pontos) e prove que inf X = sup( X), onde X := { x; x X } (1,0 ponto). b) (1,0 ponto) Dê as definiçõs de sequência monótona e sequência limitada e enuncie o Teorema de Bolzano-Weierstrass (0,6 pontos). Prove que a sequência (x n ) definida por x 1 = 2 e x n+1 = (x n + 2/x n )/2 é convergente (0,4 pontos). Sugestão: Note que (x + 2/x) 2 /4 2, para todo x R {0}, e (x + 2/x) 2 /4 x 2, para todo x tal que x 2 2. c) (1,5 pontos). Falso ou verdadeiro: Se uma série converge então ela converge absolutamente. Se verdadeiro, prove; se falso, dê um contraexemplo, sem esquecer de justificar todas as suas afimações. Questão 2. a) (1,0 ponto). Caracterize um conjunto compacto (qualquer) via sequências e subsequências (0,5 pontos) e mostre que se X, Y R são compactos então o conjunto X Y := {x y; x X e y Y } também é compacto. (0,5 pontos) b) (1,5 pontos). Sejam f, g : R R definidas por f(x) = 0 se x é irracional e f(x) = x se x Q; g(0) = 1 e g(x) = 0 se x 0. Mostre que lim x 0 f(x) = 0 e lim y 0 g(y) = 0 (1,0 ponto) porém não existe lim x 0 g(f(x)). (0,5 pontos) c) (1,5 pontos). Enuncie o Teorema do Valor Intermediário (0,5 pontos) e sabendo que a função f(x) = x 2 é contínua, mostre a existência de 2, i.e. que existe a R tal que a 2 = 2 (1,0 ponto). OU (exclusivo)

Questão 2 (2,0 pontos). Sejam f : X R uniformemente contínua e g : X R definida por g(z) = f(z) se z X e g(z) = lim x z f(x) se z X /X. Mostre que g é uniformemente contínua. Questão 3. Denotemos por I R, um intervalo aberto qualquer, e f : I R, uma função qualquer. a) (1,0 ponto). Suponhamos que f seja derivável e tenha um conjunto de raízes com um ponto de acumulação c I. Mostre que c também é uma raiz (0,2 pontos) e que é um ponto crítico (f (c) = 0). (0,8 pontos) b) (1,0 ponto). Falso ou verdadeiro? i) Se f (x) = 0 para todo x I então f é constante; ii) Se f é derivável então f é de classe C 1 i.e. f é contínua. No caso verdadeiro, prove, e no caso falso, dê um contra-exemplo. c) (1,0 ponto). Suponhamos que f seja três vezes derivável num ponto a I. Enuncie a fórmula de Taylor com polinômio de grau dois e com resto de Lagrange (0,5 pontos) e mostre que se f (a) = f (a) = 0 e f (3) (a) > 0 então a é um ponto de máximo local à direita e um ponto de mínimo local à esquerda, i.e. existe um δ > 0 tal que f(x) < f(a) < f(y) para quaisquer x (a δ, a) e y (a, a + δ). (0,5 pontos) Questão 4 (2,0 pontos). Seja h : ( 1, 1) R contínua exceto no ponto x = 0. Mostre que se existem os limites laterais lim x 0+ h(x), lim x 0 h(x), e lim x 0+ h(x) lim x 0 h(x), então não existe uma função f : ( 1, 1) R derivável tal que f = h. Sugestão: Use o o Teorema de Darboux do valor intermediário para a derivada. OU (exclusivo) Questão 4 (2,0 pontos). Defina função convexa (0,5 pontos). Seja f : I R uma função convexa no intervalo aberto I. Dado c I (qualquer) mostre que a função ϕ(x) = [f(x) f(c)]/(x c) é monótona não decrescente no intervalo I (c, ) (0,5 pontos) e que ϕ(x) [f(a) f(c)]/(a c) para todo x nesse intervalo, onde a é um ponto qualquer em I (, c) (0,5 pontos). Conclua que existe a derivada lateral f +(c) (0,5 pontos). Não se esqueça de justificar todas as suas afirmações. Boa prova!

Gabarito Questão 1. a) Um dos axiomas dos números reais (talvez o principal) é que todo conjunto limitado superiormente possui uma menor cota superior, a qual chama-se supremo. O ínfimo de um conjunto X R limitado inferiormente é definido como sendo a maior das cotas inferiores de X, a qual existe e é igual sup( X). Com efeito, X ser limitado inferiormente é equivalente a X ser limitado superiormente (c x x c) (0,5 pontos até aqui) e escrevendo b = sup( X), pela definição de supremo e pela definição de X, temos: i) x b, logo, x b, x X, i.e. b é uma cota inferior de X e; ii) se c é qualquer cota inferior de X então c é uma cota superior de X, logo, b c (pois b é a menor cota superior de X)) i.e. c b. Portanto, b é a maior cota inferior de X. b) Uma sequência (x n ) (de números reais) é dita monótona se ela é não decrescente (x n x n+1, n N) ou não crescente (x n x n+1, n N). (0,2 pontos até aqui.) Uma sequência (x n ) (de números reais) é dita limitada se existe um c R tal que x n c, n N. (+ 0,2 pontos) Teorema de Bolzano-Weierstrass (v. livro-texto). (+ 0,2 pontos) A sequência dada (um exemplo do livro-texto) é não crescente e limitada, logo convergente, por um teorema visto em aula (do livro-texto). Com efeito, satisfaz x n > 0 para todo n N (pois x 1 = 2 > 0 e se x n > 0 então também x n+1 = (x n + 2/x n )/2 > 0) e x n 2 para todo n N, pois x 1 = 2 > 2 e x 2 n+1 = (x n + 2/x n ) 2 /4 2 para todo n N (pois para qualquer x R, temos (x + 2/x) 2 /4 2 x 2 + 2 x (2/x) + (2/x) 2 8 (x 2/x) 2 0) logo, a sequência é limitada inferiormente (por 2). (+ 0,2 pontos) Além disso, x n+1 x n x 2 n+1 x 2 n (x n + 2/x n ) 2 /4 x 2 n, o que vale, pois para todo x R tal que x 2 2, temos (x + 2/x) 2 /4 x 2 (x 2 2 (x + 2/x) 2 /4 (x + x 2 /x) 2 /4 = (2x) 2 /4 = x 2 ). (+ 0,2 pontos) c) Falso (0,5 pontos). A série alternada ( 1) n /n é convergente, pelo Teorema de Leibniz, mas ( 1) n /n = 1/n (a séria harmônica) é divergente.

Questão 2. a) Um conjunto K R é compacto se, e somente se, toda sequência de pontos de K tem uma subsequência convergente (0,25 pontos) para um ponto de K. (+ 0,25 pontos) Seja (x n y n ) uma sequência qualquer de pontos de X Y. Como X é compacto existe uma subsequência (x nj ) convergente para um ponto x X. (+ 0,5/3 pontos) Como Y também é compacto, a sequência (y nj ) tem uma subsequência (y njk ) convergente para um ponto y Y. (+ 0,5/3 pontos) Daí, tomando o limite lim k, obtemos que a subsequência (x njk y njk ) k converge para o ponto x y X Y. (+ 0,5/3 pontos) b) f(x) x para todo x, logo, pelo Teorema do Confronto ( Regra do Sanduíche ) temos que lim x 0 f(x) = 0. g(x) = 0 para todo x 0, logo, lim x 0 g(x) = lim x 0 0 = 0. Se x Q e x 0, temos g(f(x)) = g(x) = 0, e se x Q, temos g(f(x)) = g(0) = 1, logo não existe lim x 0 g(f(x)), pois tomando uma sequencia de racionais x n tendendo a zero, temos lim g(f(x n )) = lim 0 = 0, e tomando uma sequencia de irracionais y n tendendo a zero, temos lim g(f(y n )) = lim 1 = 1 lim g(f(x n )). c) Teorema do Valor Intermediário (v. livro-texto). 0 = f(0) < 2 < f(2) = 4, logo, pelo Teorema do Valor Intermediário, existe a ( (0, 2)) tal que f(a) = 2, i.e. a 2 = 2. Segunda Questão 2. Uma maneira: Seja ɛ > 0. Como f é uniformemente contínua, existe um δ > 0 tal que ( ) x, y X, x y < δ f(x) f(y) < ɛ. (0,4 pontos até aqui.) Dados x, y X, pela definição de fecho, existem sequências x n, y n X tais que lim x n = x e lim y n = y. Se tomarmos x, y X com x y < δ/3 e n 0 N tal que n > n 0 x n x, y n y < δ/3, teremos x n y n < δ para todo n > n 0

(de fato, x n y n x n x + x y + y n y < δ/3 + δ/3 + δ/3 = δ). Então, por ( ), segue-se que f(x n ) f(y n ) < ɛ para todo n > n 0. Daí, tomando o limite lim n, obtemos f(x) f(y) ɛ para quaisquer x, y X tais que x y δ/3. Portanto, g é uniformemente contínua. Outra maneira Por contradição: Suponhamos que g não seja uniformemente contínua. Então (pela negação da definição de continuidade uniforme) existem um ɛ > 0 e sequências x n, y n X tais que x n y n < 1/n e g(x n ) g(y n ) ɛ, para todo N. (0,4 pontos até aqui.) Pela definição de g, existem x n, y n X tais que x n x n < 1/n, y n y n < 1/n, f(x n) f(x n ) < ɛ/3 e f(y n) f(y n ) < ɛ/3 (tome x n x n se x n X; analogamente, tome y n y n se y n X) Daí, temos sequências x n, y n X tais que lim(x n y n) = 0, e, somando e subtraindo o termo g(x n ) g(y n ), temos f(x n) f(y n) = (g(x n ) g(y n )) + (f(x n) g(x n )) + (g(y n ) f(y n)) g(x n ) g(y n ) f(x n) g(x n ) f(y n) g(y n ) (pela desigualdade triangular ao reverso ) ɛ ɛ/3 ɛ/3 = ɛ/3, logo, f não pode ser uniformemente contínua. Questão 3. a) Como c é um ponto de acumulação de raízes de f, existe uma sequência (c n ) de raízes de f tais que c n c para todo n N e lim c n = c. (0,4 pontos) Como f é derivável, temos que f é contínua, logo, f(c) = lim f(c n ) = lim 0 = 0. (0,2 pontos) Daí, da primeira conclusão e da definição de derivada, temos: f (c) := lim f(c n) f(c) c n c = lim 0 0 c n c = lim 0 = 0. b) i) Verdadeiro (0,1 pontos). Prova: Seja x 0 um ponto (arbitrário) em I. Dado qualquer x x 0 em I, pelo Teorema do Valor Médio, temos

f(x) f(x 0 ) = f (c)(x x 0 ) para algum c entre x 0 e x. Mas f (c) = 0, pela hipótese, então f(x) f(x 0 ) = 0, donde f(x) = f(x 0 ) para todo x I, i.e. f é constante. (0,4 pontos) ii) Falso (0,1 pontos). Contra-exemplo (dado em aula; do livro-texto): Seja f : R R definida por f(x) = x 2 sen(1/x) se x 0 e f(0) = 0. Para x 0, temos f (x) = 2xsen(1/x) cos(1/x) e para x = 0, f (0) = lim x 0 x 2 sen(1/x) x = lim x 0 xsen(1/x) = 0, logo, f é derivável (+ 0,2 pontos) mas não existe o limite lim x 0 f (x) = lim x 0 (2xsen(1/x) cos(1/x)), logo, f não é contínua (no ponto x = 0). (+ 0,2 pontos) c) Fórmula de Taylor com polinômio de Taylor de grau dois e com resto de Lagrange: f(x) = f(a) + f (a)(x a) + f (c) 2 (x a)2, x, a I, para algum c entre x e a. (1,0 ponto até aqui.) Para a segunda parte desta questão deveria ter sido pedida a fórmula de Taylor infinitesimal com polinômio de grau três: f(x) = f(a) + f (a)(x a) + f (a) 2 onde o resto r(x) satisfaz lim x a (x a) 2 + f (3) (a) (x a) 3 + r(x), x, a I, 3! r(x) (x a) 3 f(a + h) = f(a) + f (a)h + f (a) 2 com lim h 0 r(h) h 3 = 0, ou, de forma equivalente, h 2 + f (3) (a) h 3 + r(h), a, a + h I, 3! = 0. Daí e da hipótese f (a) = f (a) = 0, vem f(a + h) = f(a) + f (3) (a) [ h 3 + r(h), 6 ] f(a + h) f(a) = f (3) (a) + r(h) h 3, 6 h 3 logo, como lim h 0 r(h) h 3 = 0 e f (3) (a) > 0, existe um δ > 0 tal que f(a + h) > f(a) se 0 < h < δ e f(a + h) < f(a) se δ < h < 0. (+ 0,5 pontos extras para quem fez esta parte.)

Questão 4. Suponhamos lim x 0 h(x) < lim x 0+ h(x) (caso lim x 0 h(x) > lim x 0+ h(x), o raciocínio é análogo). Escrevamos a = lim x 0 h(x) e b = lim x 0+ h(x). Pela permanência do sinal, existe um δ > 0 tal que h(x) < (a + b)/2 para todo x ( δ, 0) e h(x) > (a + b)/2 para todo x (0, δ). (1,0 ponto) Se f existisse, teríamos então f (x) = h(x) < (a + b)/2 < h(y) = f (y), para x ( δ, 0) e y (0, δ), logo, pelo Teorema de Darboux, existiria c ( δ, δ) tal que f (c) = h(c) = (a + b)/2, o que resulta numa contradição, pois h(x) (a + b)/2 para todo x ( δ, δ). (1,0 ponto). Segunda Questão 4. Uma função f : I R definida no intervalo I é dita convexa se dados a < x < b quaisquer em I, temos f(x) f(a) + ou, equivalentemente, f(x) f(b) + f(b) f(a) (x a) (0,5 pontos até aqui.) b a f(b) f(a) (x b), b a (o gráfico da função está acima de qualquer uma uma de suas secantes; notemos que y = f(a) + f(b) f(a) (x a), y = f(b) + f(b) f(a) (x b) são b a b a equações equivalentes da reta passando pelos pontos (a, f(a)), (b, f(b)) ) donde, ( ) f(x) f(a) x a f(b) f(a) b a f(b) f(x), b x sempre que a < x < b. Escrevendo c no lugar de a, obtemos ϕ(x) = f(x) f(c) x c f(b) f(c) b c = ϕ(b) para quaisquer c < x < b em I, i.e. a função ϕ é não decrescente em I (c, ). (0,5 pontos)

Aém disso, dados a < c < x, escrevendo em ( ) x no lugar de b e c no lugar de x, obtemos f(c) f(a) c a f(x) f(a) x a f(x) f(c) x c = ϕ(x), logo, ϕ também é limitada inferiormente no intervalo I (c, ) (por (f(c) f(a))/(c a)). (0,5 pontos.) Toda função não decrescente limitada inferiormente possui o limite pela direita em qualquer um de seus pontos de acumulação à direita. Logo, existe o limite f(x) f(c) lim ϕ(x) = lim =: f x c+ x c+ x c +(c). (0,5 pontos.)