Cooperação e Colaboração em Ambientes Virtuais e Aprendizagem Matemática



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Transcrição:

Cooperação e Colaboração em Ambientes Virtuais e Aprendizagem Matemática Everton Knihs - epierobonk@yahoo.com.br Carlos Fernando de Araújo Jr - carlos.araujo@unicsul.br Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática UNICSUL Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo - SP Resumo As novas tecnologias de informação e comunicação, como os ambientes virtuais de aprendizagem, estão cada vez mais presentes no processo educacional. Nos ambientes virtuais de aprendizagem verifica-se a interação dos indivíduos participantes, com destaque para a cooperação e colaboração como meios de comunicação e construção do conhecimento. Neste trabalho propomos uma análise dos conceitos de cooperação e colaboração, uma visão geral das pesquisas em aprendizagem colaborativa apoiada por computador e aprendizagem matemática em ambientes virtuais. Palavras Chave: ambiente virtual de aprendizagem, cooperação, colaboração, aprendizagem colaborativa, aprendizagem matemática. 1. Introdução A aprendizagem matemática por meio de tecnologias de comunicação e informação, em particular o ambiente virtual de aprendizagem, nos remete ao contexto interativo entre indivíduos que se comunicam através destas tecnologias. A aprendizagem através de Ambientes Virtuais nos reporta a um novo contexto de interação e aquisição do conhecimento de alunos, nas mais diversas esferas de ensino. Ao deparar-se com uma situação de dúvida ou curiosidade, o indivíduo provavelmente procurará uma forma de interação; como possivelmente poderá sentir necessidade de discussões temáticas com o Docente ou demais discentes através de alguma ferramenta de comunicação existente no Ambiente Virtual de Aprendizagem. A nossa motivação para desenvolver este trabalho se deve a algumas leituras efetuadas no aspecto do ensino mediado pelo computador ou este sendo usado como ferramenta na aquisição do conhecimento; procurando entender a colaboração existente nos ambientes de aprendizagem e analisando os conceitos de cooperação e colaboração.

Veremos a seguir, a aprendizagem colaborativa apoiada por computador (CSCL-Computer Supported Collaborative Learning) como forma de apoio, um recurso para obter interação na construção do conhecimento. 2. Aprendizagem colaborativa apoiada por computador (CSCL Computer Supported Collaborative Learning) A aprendizagem colaborativa apoiada por computador (CSCL) surgiu para colaborar no ensino a distância e mostrou-se eficaz, podendo ser usada em qualquer momento em que se tenha disponibilidade. Seu objetivo é apoiar os grupos dos alunos nas tarefas de aprendizagem, com a intenção de levá-los a um maior interesse pela aprendizagem, podendo promover uma interação com o intuito de uma cooperação mútua. Colaboração é uma filosofia de interação e um estilo de vida pessoal, enquanto que a cooperação é uma estrutura de interação projetada para facilitar a realização de um objeto ou produto final. (PANITZ,1996, apud IRALA e TORRES, 2004, p.4) Os conceitos de colaboração e aprendizagem colaborativa apoiada por computadores (CSCL), possuem definições similares, mas são diferentes nas perspectivas teóricas e práticas. A aprendizagem colaborativa assistida por computador (CSCL- Computer Supported Collaborative Learning) pode ser definida como uma estratégia educativa em que dois ou mais sujeitos constróem o seu conhecimento através da discussão, da reflexão e tomada de decisões, e onde os recursos informáticos atuam (entre outros...) como mediadores do processo de ensino-aprendizagem. (Núcleo Minerva, 2000). Conforme Comasseto (2006) a aprendizagem colaborativa assistida por computador é uma estratégia educativa em que dois ou mais sujeitos constroem seus conhecimentos através da discussão, reflexão, tomadas de decisão de forma colaborativa. Nesse sentido, os recursos das tecnologias atuam como mediadores do processo de ensino e de aprendizagem, dessa maneira, o uso da tecnologia é mais uma ferramenta para a aprendizagem colaborativa que pode oferecer um suporte na comunicação entre indivíduos e grupos, possivelmente possibilitando uma organização nas atividades e dos processos desempenhados nesta aprendizagem. Podemos citar, conforme o Núcleo Minerva, da Universidade de Évora, algumas características existentes no CSCL, tais como as que estão a serem exploradas em ambientes educativos, que concentra a atenção do indivíduo no que está a ser comunicado e a sua finalidade é a de sustentar uma eficiente aprendizagem em grupo. 2

Conforme Tarouco (2001) descreve a seguir, encontramos características e relações de uma aprendizagem colaborativa apoiada por computador: CSCL Computer Supported Collaborative Learning Características Efeitos durante o processo Efeitos conseqüentes do processo Requisitos dos projetos Atividades básicas a serem apoiadas - Se faz no setor educacional; - Tem como objetivo apoiar grupos de alunos na tarefa de aprenderem através da colaboração mútua; - Focaliza nos conteúdo o que está sendo comunicado. - colaboração sem restrição de local e horário; - melhor acompanhamento por parte do orientador; - participações mais homogêneas. - desenvolvimento da habilidade da escrita; - maior reflexão. - suporte à discussão; - acesso compartilhado aos trabalhos desenvolvidos; - identificação, alocação e monitoração das tarefas; -desenvolvimento e revisão do trabalho. - comunicação : base para as interações sociais; - negociação: apoio à resolução de conflitos; - coordenação; - planejamento e acompanhamento das atividades; - percepção: provê maior sinergia do grupo; - compartilhamento: criação de uma base de dados que atue como memória do grupo ; - construção colaborativa de conhecimentos: aprendizagem ativa através de ações construtivistas; - representação dos conhecimentos: desenvolvimento da escrita, maior reflexão, compartilhamento do conhecimento; - avaliação colaborativa: maior participação ativa, revisão, discussão e aperfeiçoamento dos conhecimentos compartilhados do grupo. Quadro 1: Características dos sistemas colaborativos de aprendizagem baseados em computador Desta maneira, podemos analisar a Aprendizagem Colaborativa Assistida por Computador como sendo uma atividade que envolve metodologias pedagógicas buscando um aprendizado significativo por meio de interações colaborativas entre estudantes/indivíduos que trabalham na construção do conhecimento. 3. Cooperação e Colaboração Utilizar o Ambiente Virtual de Aprendizagem nos remete a alguns conceitos, como a cooperação e a colaboração. 3

Conforme Santarosa (1998, apud Barros, 1994, p. 27-28) a colaboração está relacionada à contribuição, já cooperação, envolve vários processos - comunicação, negociação, co-realização e compartilhamento... co-realização é um trabalho cooperativo em essência - é o fazer junto, em conjunto. É o co-projetar, co-desenvolver, co-realizar e co-avaliar. O prefixo co implica em uma série de requisitos para que ocorra uma atividade em conjunto. Dessa maneira, podemos verificar uma diferença entre estes dois conceitos, cooperação e colaboração. Cooperar seria um trabalho em comum, auxiliar no processo de um objetivo comum juntamente com outras ações conjuntas, tendo um propósito comum. E Colaboração tem um sentido de fazer junto, de trabalhar em conjunto com interação, não tendo uma figura hierarquizada no grupo. Podemos analisar a palavra colaboração como co-laborar, ou seja, co-trabalhar, trabalhar junto. Assim, tomemos como exemplo um objetivo comum, cujo certo indivíduo poderá cooperar em certo processo de outro indivíduo sem uma identificação prévia, sem que o segundo indivíduo saiba. Da mesma maneira, verificamos que para se obter um trabalho colaborativo, a participação na construção, no processo, é parte primordial para definição deste conceito. O conceito de cooperação engloba o conceito de colaboração, mas sua recíproca não é verdadeira.... a atividade de aprendizagem pode ser oportunizada de forma cooperativa se os alunos estiverem estritamente ligados de maneira que cada um deles saiba e sinta que o êxito pessoal ajuda os colegas aos quais está unido para alcançar o seu, os resultados almejados por cada membro do grupo são, portanto, benéficos para os outros membros com os quais está interagindo cooperativamente. (Castaneda y Figueroa, 1994, p.43, apud Santarosa, 1998). Verificamos, assim, que é possível surgir a colaboração através de um ambiente cujo trabalho se dê de forma cooperativa. Ambiente cooperativo: ambiente cujos objetivos são o trabalho colaborativo e a participação online. Existe muita interação entre os participantes por meio de comunicação online, construção de pesquisas, descobertas de novos desafios e soluções. O conteúdo do curso é fluido e dinâmico e determinado pelos indivíduos do grupo. O suporte e a orientação existem, mas neste caso são menores. É um curso também diferente do presencial por possibilitar a construção de comunidades de aprendizes. É importante que todos tenham um bom relacionamento e proximidade. (Mason,1998, apud Okada, 2003). 4

O ambiente cooperativo torna-se um ambiente onde pode surgir a interação necessária para um trabalho colaborativo. A aprendizagem por colaboração acontece através de trabalhos em grupo e ajuda mútua entre os participantes. Esta forma de aprendizagem é usada no ensino presencial, porém de maneira não tão freqüente. Nos ambientes informatizados, os propósitos da aprendizagem por colaboração são amplamente utilizados, pois a coletividade disponibilizada pelas ferramentas da internet auxilia e propicia esta forma de ensino. Abrem-se assim novos espaços para trabalhos em parcerias, em pequenos ou grandes grupos, que permitem formas inovadoras de aprendizagem. ( COMASSETO, 2006, p. 35). 4. Ambientes Virtuais de Aprendizagem O Ambiente Virtual de Aprendizagem é uma ferramenta de ensino e aprendizagem cada vez mais utilizada atualmente, caracterizados como softwares educacionais com o uso da internet, com o intuito de ser mais uma ferramenta para o ensino e aprendizado. Um ambiente de aprendizagem, suportado pelas tecnologias digitais, pode ser entendido como sendo um ambiente virtual de aprendizagem, ou cenário para a realização de cursos, desde que tenha presente uma proposta educacional identificada com o ambiente e com um paradigma educacional congruente. A realização de cursos, na modalidade a distância, requer estruturas que viabilizem os mesmos, tanto no que diz respeito à acessibilidade e facilidade de uso, quanto às ferramentas interativas e necessárias para propiciar a construção do conhecimento. (Sloczinski; Santarosa, 2004, p.1115). Conforme Maçada e Tijiboy (1998), os ambientes educacionais relacionados com o uso da internet estão revolucionando os conceitos de tempo e espaço na comunicação entre as pessoas, no acesso à informação, na produção e na construção do conhecimento. É a Internet, dentre os recursos telemáticos, que pode propiciar a criação de ambientes ricos, motivadores, interativos, colaborativos, cooperativos e de comunicação síncrona e assíncrona rápida e de custo relativamente baixo. Com isso, podemos verificar que o ambiente virtual de aprendizagem pode fazer parte de um processo de conhecimento, sendo este, um processo em permanente construção. Ao disponibilizar um recurso tecnológico como o Ambiente Virtual de Aprendizagem temos intuito uma aprendizagem, uma produção e aquisição do conhecimento. Neste momento, o aluno figura-se como aluno virtual ou aluno online, e as comunidades de aprendizagem como comunidades virtuais ou comunidades on-line. 5

A comunidade de aprendizagem on-line, que se inicia nos final do século XX e adentra no século XXI, é constituída por pessoas com características determinadas, com interesses ou necessidades comuns, com políticas e regras que surgem com a interação, com algumas já pré-estabelecidas no ambiente virtual. Essa comunidade de aprendizagem on-line se difere de uma comunidade on-line pelas discussões, pela troca de idéias, onde os participantes compartilham um interesse, a ser alcançado, através de fóruns ou lista de discussão virtual. Analisando alguns aspectos, podemos verificar se realmente formou-se a comunidade on-line: - Interação ativa que envolve tanto o conteúdo do curso quanto a comunicação pessoal. - Aprendizagem colaborativa evidenciada pelos comentários dirigidos primeiramente de um aluno a outro e não do aluno ao professor. - Significados construídos socialmente e evidenciados pela concordância ou questionamento, com a intenção de chegar a um acordo. - Compartilhamento de recursos entre os alunos. - Expressões de apoio e estímulo trocadas entre os alunos, tanto quanto a vontade de avaliar criticamente o trabalho dos outros (Palloff e Pratt, 2004, p. 32). O professor estimula e compartilha informações iniciais, na formação da comunidade on-line, mas muito se faz por parte do aluno, com a participação social, mandando e respondendo mensagens aos colegas, ou seja, criando um ambiente de comunidade, esta, agora, on-line. Este aluno deve ter vontade de trabalhar em grupo, ser flexível e responsável, expor suas expectativas e participar efetivamente de uma interação, cooperando e colaborando com os colegas virtuais, também deve dispor informações biográficas, pessoais, assim socializando o ambiente de aprendizagem virtual. O aluno deve agir com humor, superar pequenos problemas como, por exemplo, as dificuldades técnicas. O mais importante é criar um comprometimento estimulado pelas discussões de idéias e opiniões, refletir e aprender com a ligação ou conexão existente entre outros alunos e professores do curso, caracterizando uma aprendizagem transformadora e auto-reflexiva, objetivada desde o início. Não é necessário a criação de muitas atividades ou abordagens, de um mesmo conteúdo, para discussão de um conceito, mas a utilização de meios colaborativos, fazendo o aluno descobrir seu potencial e desenvolver amplamente a aprendizagem, o que pode ser por meio de resolução de situações-problemas, para que possa interagir com as suas vivências e participe de um grupo para discussões. O aluno on-line precisa ter acesso a todos os recursos e serviços disponíveis na instituição, que deve oferecer experiência educacional de alta qualidade e infra-estrutura tecnológica, juntamente com suporte técnico, permitindo 6

que o aluno on-line tenha todos os recursos e serviços disponíveis aos alunos presenciais. O tempo despendido pelo aluno conectado a um curso on-line é algo muito importante, geralmente não é percebido pelo mesmo; deve ser então, definido e discutido o tempo necessário à freqüência on-line do curso, estes aspectos são formas de transparecer a estrutura de um curso, por exemplo. É fundamental um estudo do tempo disponível para um aprendizado virtual, que não deve ter uma sobrecarga de horário, desestimulando a freqüência participativa e para não caracterizar uma sensação de sobrecarga, de funcionamento contínuo e sem intervalos. Além do tempo, outro aspecto importante seria discutir a avaliação que deve a ser estabelecida. A avaliação do curso, que segue uma forma singular e possui discussões e debates diferentes da aprendizagem tradicional, deve ser peculiar; logo, o aluno virtual também deve ser avaliado sob uma nova óptica, de maneira diversa da avaliação tradicional. A avaliação de um aluno de um curso on-line se torna eficaz quando percebe-se que aquele adquiriu habilidades cognitivas de forma a aplicar o que aprendeu e contribuir para o grupo de estudo, formando um aprendizado colaborativo. O plágio ou cola também deve ser abordado com antecedência, mostrando suas complicações, se acontecerem, e que interferem no seu desempenho como aluno. Mas, para que não aconteça um plágio, a avaliação deve se estender a discussões, resolução de problemas, verificação de argumentos, testes e provas, trabalhos em grupo e auto-reflexão. Os alunos virtuais de sucesso têm a mente aberta e compartilham detalhes sobre sua vida, trabalho e outras experiências educacionais... são capazes de usar suas experiências no processo de aprendizagem e também de aplicar sua aprendizagem de maneira contínua a suas experiências de vida. (PALLOFF e PRATT, 2004, p.26).... aluno virtual acredita que a aprendizagem de alta qualidade pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento não apenas na sala de aula tradicional. O aluno não sente a necessidade de ver e ouvir seus colegas ou professores para aprender com eles, ficando à vontade para trabalhar em um ambiente relativamente não-estruturado. (PALLOFF e PRATT, 2004, p.28). No ambiente virtual que tem por finalidade uma aprendizagem colaborativa encontramos uma ação compartilhada, uma interação que deve estar presente no decorrer do trabalho que possibilitará rever os conceitos e idéias dos participantes, desenvolvendo um conhecimento compartilhado. (Miskulin, et al, 2006). 7

5. Uma ferramenta de Interação e Colaboração no Ambiente Virtual de Aprendizagem Umas das ferramentas a serem utilizadas é o Fórum de Discussões ou ferramentas de bate-papo/chats de um Ambiente Virtual de Aprendizagem baseado ou disponível na internet. Um Fórum de Discussões pode ser identificado como um espaço onde ocorre diálogo de forma assíncrona e as mensagens dos participantes ficam disponíveis para todos os demais ao mesmo tempo. O fórum de discussões é organizado em tópicos que podem ser ordenados, utilizando-se como critério, por exemplo, as últimas respostas enviadas. Os tópicos são agrupados por assunto, podendo-se também criar categorias de fórum (fórum privado, aberto, de acesso restrito a um grupo, etc). (FURTADO, E et al, 2004). O bate-papo/chat, pode se caracterizar como algo mais informal, direcionado a um indivíduo ou a um grupo, onde todos se relacionam sem a organização de tópicos, a discussão poderá ficar disponível ao grupo ou a um indivíduo. Através dessa interação e das discussões surge uma comunidade de aprendizagem. A comunidade de aprendizagem virtual é constituída por pessoas com características determinadas, com interesses ou necessidades comuns, com políticas e regras que surgem com a interação, com algumas já pré-estabelecidas no ambiente virtual. Essa comunidade de aprendizagem virtual se difere de uma comunidade virtual pelas discussões, pela troca de idéias, onde os participantes compartilham um interesse, a ser alcançado, através de fóruns ou lista de discussão virtual. Nos fóruns de discussões, de comunicação, os indivíduos utilizam a linguagem escrita, bem como a possibilidade de anexarem arquivos para se expressarem e se comunicarem. Dessa maneira, o fórum de discussão estabelece um meio de comunicação entre indivíduos, uma comunicação existente entre o processo de formação do conhecimento e a aprendizagem de colaborativa, uma forma de cooperação entre os indivíduos participantes. 6. Contexto virtual e Inovação no Ensino e Aprendizagem da Matemática O ensino e aprendizagem da matemática se procede pelas diversas linguagens, formas de comunicação existentes, como a linguagem natural e a linguagem escrita. O ambiente virtual de aprendizagem, através de uma prática interativa, forma um contexto que pode contribuir significativamente para o aprendizado da 8

matemática, utilizando recursos visuais e escritos, para a comunicação entre participantes de um mesmo curso, por exemplo. Softwares, fóruns de discussão, sala de bate-papo (chat), sites na internet, etc. são alguns recursos que podem ser utilizados na abordagem de conteúdos matemáticos e que podem auxiliar para um melhor entendimento, atribuindo significados e agindo de forma mediadora para uma interação. 7. Considerações Finais A educação e a forma como se inova é particular conforme as diferentes abordagens, tanto presencial como virtual, assim como nos diferentes níveis de colaboração. Como acontece a abordagem do conteúdo, a preocupação em manter o conhecimento para novas gerações e principalmente, o desenvolvimento, a colaboração e inovação do conhecimento se tornam cada vez mais evidentes no momento histórico atual. A colaboração dos diferentes atores numa produção mútua é indispensável nesta nova pedagogia, sendo presencial ou não, os diferentes ambientes de aprendizagem nos remetem a reflexões e interesses complexos, individuais e muitas vezes coletivos. Tratar da aprendizagem colaborativa numa era tecnológica, cujas discussões não precisam necessariamente ser presenciais, nos reporta ao aperfeiçoamento cognitivo mútuo; e a muitos avanços científicos a serem alcançados, devido a esse desenvolvimento do conhecimento fruto de uma aprendizagem colaborativa. 8. Referências Bibliográficas BARBOSA, Rommel M.; Santos, Ieda. O uso de um fórum de discussão para desenvolver atividades colaborativas. In: Rommel M. Barbosa (Org.). Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005. 182 p. CHOI, Mina. Communities of practice: an alternative learning model for knowledge creation. British Journal of Educational Technology. Vol. 37 N. 1, 2006, p. 143-146. FURTADO, E et al. A importância do Projeto da Interação Humana Centrado na Comunidade para melhorar a Usabilidade e Sociabilidade em Fóruns de Discussão. In Anais do XV Sbie, 2004. Atualizada em: 08 ago. 2005. Acesso em: 26 set. 2005. Disponível em <http://sbie2004.ufam.edu.br/anais_cd/extras/indicextras.html>. GOMEZ, Margarida Victoria. Educação em Rede: uma visão emancipadora. São Paulo: Cortez, 2004, 214 p. 9

IRALA, E.A.F., TORRES, P.L. O Uso do Amanda Como Ferramenta de Apoio a Uma Proposta de Aprendizagem Colaborativa Para Língua Inglesa. In Educação a Distancia nos Sistemas Educacionais. 2004. Atualizado em : 31 out. 2004. Acesso em : 06 nov. 2005. Disponível em <http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/172-tc-d4.htm> MACADA, D. L.; TIJIBOY, A. V. Aprendizagem cooperativa em ambientes telemáticos. IV Congresso RIBIE: Brasília, 1998. Acesso em: 01 abr. 2007. Disponível em <http://mathematikos.psico.ufrgs.br/textos/aprendizagem_cooperativa.pdf> MASSETO, L. S. Novos espaços virtuais para o ensino e a prendizagem a distância: estudo da aplicabilidade dos desenhos pedagógicos. Tese de Doutorado. Florianópolis: UFSC, 2006. MISKULIN, R. G. S. ; SILVA, M. R. C. ; AMORIM, J. A.. As Potencialidades Didático-Pedagógicas das TICs na Prática Docente de Professores- Formadores. In: VIII Encontro Paulista de Educação Matemática, 2006, São Paulo. Anais do VIII Encontro Paulista de Educação Matemática. São Paulo : Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2006. Núcleo Minerva/Centro de Competência Nónio Século XXI da Universidade de Évora. Aprendizagem Colaborativa Assistida por Computador: CSCL Computer Supported Collaborative Learning. In Aprendizagem Colaborativa, Área de Projecto. Atualizada em: mar. 2000. Acesso em: 06 out. 2005. Disponível em < http://www.minerva.uevora.pt/cscl/>. PALLOFF, R.M.; PRATT, K. O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. São Paulo: Artmed, 2004, 216 p.. Construindo Comunidades de Aprendizagem no Ciberespaço: estratégias eficientes para salas de aula on-line. Porto Alegre: Artmed, 2002, 248 p. SANTAROSA, C.; SLOCZINSKI, H. Aprendizagem coletiva em curso mediado pela web. Anais do VII Congresso Iberoamericano de Informática Educativa, México, 2004. Acesso em: 12 abr 2007. Disponível em: http://www.niee.ufrgs.br/ribie2004/trabalhos/comunicacoes%20breves/ breves1112-1121.pdf. TAROUCO, L.M.R, OTSUKA, J.C.F., VIT, A. R. Suporte para atividades de grupo. In Colaboração via redes, Pós-Graduação Informática na Educação/UFRGS, slides 27-32. Atualizada em: 05 set. 2001. Acesso em: 26 set. 2005. Disponível em <http://penta2.ufrgs.br/edu/colaborede/groupware/index.htm>. 10