Uma análise dos prós e contras em relação a aplicação de processos de software visando atingir a qualidade de software em MPEs

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Transcrição:

Uma análise dos prós e contras em relação a aplicação de processos de software visando atingir a qualidade de software em MPEs Ailton Florencio de Souza, Aline Yuri Ieiri, Anderson Vieira de Lana Universidade Nove de Julho - UNINOVE Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Software São Paulo / SP Brasil - 2013 ailton.souza@gmail.com, aline_yuieiri@hotmail.com, anderson-lana@hotmail.com Resumo: O presente artigo visa abordar e identificar os prós e contras em relação à aplicação de metodologias para atingir a qualidade de software em micro e pequenas empresas. Embora o objetivo principal deste documento seja ressaltar os prós e contras dessas aplicações, iremos também abordar ainda que de maneira subjetiva, a importância do investimento das pequenas e médias empresas ( conhecidas como MPEs ) em adotarem o modelo correto para poder promover melhoria no processo de software nas organizações, bem como suas respectivas definições. Palavras-chave: Qualidade de Software, MPEs, Metodologias, Processo de Engenharia de Software, ISO, MPS.BR. Abstract: This paper aims to approach and identify the pros and cons regarding the application of methodologies in order to achieve software quality in micro and small companies. Although the main purpose of this document is to highlight the pros and cons of these applications, it will also approach even subjectively, the significance of investment in small and medium enterprises ( also known as MSEs) in adopting the correct model to be able to promote the process improvement software in organizations and their respective definitions. Key-words: Software Quality, MPEs, Metodhologies, Software Engineering s Process, ISO, MPS.BR Introdução Atualmente, as pequenas e médias empresas (conhecidas como PMEs) têm sido fundamentais para promover o crescimento econômico, gerar empregos e renda, além de melhorar as condições de vida da população. Os indicadores desse segmento empresarial demonstram sua importância na economia, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Segundo estudos apontados em Sobrevivência das Empresas pelo SEBRAE (2009) a cada cem micro e pequenas empresas criadas no país cerca de 76 conseguem se manter em atividade após os dois primeiros anos de vida. Ou seja, os números indicam um crescimento significativo neste setor. Apesar da enorme importância e ascensão das PMEs em relação ao crescimento da economia brasileira, a maioria das pequenas e micros empresas não costumam investir muito na melhoria da qualidade de software. Tal evento ocorre devido ao fato do investimento muitas vezes, não condizer com a realidade financeira ou burocrática dessas empresas, que

muitas vezes acabam culminando em desenvolver trabalhos de forma até mesmo amadora, dependendo muitas vezes de grande esforço dos funcionários cujos quais nem sempre possuem treinamento básico ou adequado para executar tal tarefa, que almeja alcançar os objetivos do projeto. A adoção de processos de desenvolvimento de software permite que a empresa alcance melhor qualidade no seu produto final, sendo assim, de suma importância para que as PMEs consolidem e ofereçam cada vez mais, um serviço de qualidade e excelência em um mercado tão competitivo e cada vez mais exigente. O mercado brasileiro de software segundo Weber K.C. et. Al. (?, p.1) tem uma previsão de 15%, três vezes mais que o mercado mundial que é de 5,5%. Porém apenas 20% do mercado brasileiro é atendido por PMEs, enquanto os outros 80% são atendidos por empresas estrangeiras que tem atividade no país. Portanto é essencial que haja um investimento em qualidade nas empresas brasileiras, especialmente as PMEs, para que possam competir no mercado brasileiro e futuramente possamos exportar tecnologia para o mundo. Para solucionar este problema, algumas organizações como a Softex e a ISO, criaram soluções direcionadas às necessidades dessas PMEs, acessíveis e eficientes que supririam a necessidade dessas pequenas e micro empresas em relação a qualidade de software. Este artigo apresentará de maneira objetiva, os modelos de processo de software compatíveis com a realidade das PMEs, bem como suas definições e características e relação com o objeto de estudo abordado neste contexto. Processos e qualidade Para alcançar a melhoria da qualidade dos produtos oferecidos no mercado de software, é fundamental analisar o processo de produção do software. Se houver a possibilidade de que o processo não esteja bem definido, deve-se sistematizar esse processo de forma que possa ser medida sua eficiência. Abaixo será descrito as características dos processos de software de forma geral e será citado como alguns deles estão definidos. Segundo Weber, Hauck e Von Wangenheim (2005, p.2) um processo é uma sequência de passos realizados para um determinado propósito. Isto significa que em um processo, as pessoas devem seguir rotinas pré-estabelecidas. Processos otimizados são alcançados através do conceito de melhoria continua, treinamentos proporcionados a equipe para torná-la apta para a execução do processo. Uma vez que se atinge estes objetivos, a empresa deve obter ganhos de produtividade e qualidade do produto, pois a implantação de processos favorece a repetição de rotinas de sucesso, minimizando impactos oriundos da rotatividade de funcionários e a falta de organização nos processos necessários para a produção do produto de software. Processo de software de acordo com Weber, Hauck e Von Wangenheim (2005, p.2) é um conjunto de atividades, métodos, práticas e tecnologias que as pessoas utilizam para desenvolver e manter software e produtos relacionados. O processo de software pode conter sub-processos, incluindo processos técnicos (codificação e testes), gerenciais (gerência de projetos e da qualidade) e organizacionais (melhoria de processos e treinamento). Para poder promover melhoria no processo de software de uma organização, é importante que haja adequação da proposta com a realidade da empresa, através de um modelo de processo de software, que é uma representação abstrata da arquitetura e projeto do processo de software que descreve em diferentes níveis de detalhes, uma organização destes elementos. Um modelo de processo de software inclui normalmente atividades, critérios de entrada e saída, papéis, produtos, ferramentas, métodos e medidas. Esses elementos são fundamentais para a caracterização do processo de software e guiam a empresa naquilo que é necessário implantar para atender o modelo de forma personalizada a sua realidade.

Um dos principais modelos de referência proprietário é o RUP (Rational Unified Process), criado pela IBM. Este modelo baseia-se na implantação de disciplinas, aonde cada disciplina é composta por uma série de papéis, atividades e tarefas que estão descritas detalhadamente seu escopo. Outro ponto interessante a ser ressaltado é que são estabelecidos marcos que indicam a finalização de etapas dentro do modelo proposto pelo RUP. Existem modelos para melhoria da qualidade que são baseados na classificação das empresas em graus de maturidade, como por exemplo o MPS.BR e o CMMI como modelos que utilizam esse conceito. A maturidade nos processos de software prevê estabelecimento de etapas que certificam a empresa em determinados processos ou parte de processos já localmente estabelecidos, criando a evolução gradativa da qualidade, uma vez que para certificar-se em uma etapa deve-se atender as exigências daquela etapa e de suas antecessoras. As etapas indicam graus de maturidade alcançados pela empresa e permitem a visualização dos resultados obtidos do esforço da empresa em conformidade com o grau de maturidade atingido. Porém, o custo de uma certificação para uma empresa pode ser bastante elevado, o que se torna inviável para empresas de micro, pequeno e médio porte. Este problema foi um dos motivadores para que em uma parceria entre a Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), Governo Brasileiro e Universidades, fosse criado o projeto MPS.Br ( Melhoria de processo de software brasileiro), que segundo Koscianski e Soares (2006, p.156), é um modelo de melhoria dos processos definidos em níveis e é a solução brasileira compatível com o modelo CMMI, está em conformidade com as normas ISO/IEC 12207 e 15504, além de ser adequado à realidade brasileira. O MR-MPS-SW define sete níveis de maturidade, sequenciais e cumulativos, a seguir: A (Em Otimização), B (Gerenciado Quantitativamente), C (Definido), D ( Largamente Definido), E (Parcialmente Definido), F (Gerenciado) e G (Parcialmente Gerenciado). A Escala de maturidade começa no nível G e evolui até o nível A. Cada nível de maturidade contempla processos prescritos para o nível e processos de níveis de maturidade inferiores de forma acumulativa. Outra proposta para qualidade nos processos de software destinada exclusivamente às micro empresas foi a criação da ISO: a certificação ISO 29110. Esta certificação é focada em atender empresas de até 25 funcionários e prevê abrangência sobre as áreas de domínio de gerência de projetos e gerência de requisitos conforme cita Softex (2012, p.5). Esta norma possui este foco porque a gestão de projetos e requisitos são vitais em qualquer empresa da área de software, e permitem uma abordagem aonde o objetivo é primeiramente focar na organização dos projetos estabelecendo controles que criam um ambiente propício para o crescimento da empresa de forma ordenada através da adoção de outras metodologias conforme a necessidade da empresa. Este modelo está em fase de adaptação pela ABNT para que possa ser publicado no Brasil e após esta fase de publicação, espera-se que esta norma seja adotada e auxilie as micro empresas. Prós e contras ao estabelecer processos de qualidade A adoção de processos de desenvolvimento de software permite que a empresa alcance melhor qualidade no seu produto final. Ao se estabelecer processos, torna-se possível a repetição de padrões na execuções do projeto de software, tornando a atividade algo mais previsível, conforme relata Humphrey (1987, p.6). A seguir, descreveremos alguns dos prós obtidos através do processo de desenvolvimento. Segundo Weber, Hauck e Von Wangenheim (2005, p.13) observa-se uma melhora no conhecimento dos funcionários a respeito dos processos envolvidos no desenvolvimento de software, através da comunicação dos processos e formalização dos mesmos. Sendo assim, os funcionários irão adquirir maior orientação sobre a visão geral do processo. Outro ponto

importante é que através do conhecimento disseminado na empresa, os funcionários possuirão um maior comprometimento com os processos de qualidade implantados e auxiliam com sugestões de melhoria. Outro ponto em que podemos observar melhoria é no processo de requisitos, pois através da documentação formalizada do gerenciamento de requisitos, a empresa consegue ter documentações mais completas e coerentes com os artefatos entregues em um projeto de software. Desta forma é possível a redução de gastos despendidos em retrabalho devido à falta de detalhes em seu processo de eliciação de requisitos. Os documentos devem ser formais, contendo requisitos detalhados e devem ser padronizados em toda a empresa, evitando que determinados analistas detenham modelos divergentes pertinentes ao processo de requisitos. A empresa através das avaliações periódicas, consegue estabelecer métricas que vão orientar a identificação e comparação do estágio de desenvolvimento da empresa, permitindo assim uma visão real das melhorias obtidas no decorrer do tempo, conforme declara Anacleto, Von Wangenheim e Salviano (2005, p.11). A empresa ao adotar um processo de software, geralmente encontra como barreira o custo do investimento para implantar um processo de desenvolvimento de software, especialmente se nos referirmos às micro e pequenas empresas. Isto ocorre devido ao fato de que normalmente os processos de software para certificar a empresa, demandam grandes custos como contratação de consultores para auxiliar na implantação, além disso existem ainda os gastos para certificação que visam pagar a empresa certificadora e avaliadores. Conforme o Swebok (2004, p.11-1) o custo da qualidade está dividido em 4 categorias: custo de prevenção, custo de avaliação, custo falha interna e custo de falha externa. Empresas que negligenciam os custos de prevenção e avaliação, costumam gastar de forma excessiva em custos de falha interna ou externa, pois os custos de falha normalmente estão associados ao retrabalho e deficiências no processo que podem ser evitados através dos custos de prevenção e avaliação. Outro fator importante ao adotar processos é estar ciente de que eles demandam um maior rigor com documentos formais, logo um volume maior de trabalho pode ocorrer em relação ao que a empresa esperava reduzindo assim, sua produtividade. O treinamento é fator que deve ser previsto para toda a equipe que tiver que lidar com processos de qualidade, assim como um tempo necessário para adaptação, pois as alterações necessárias nas rotinas dos funcionários demandaram tempo para serem colocadas em prática e atingir a melhor performance possível. Conclusão Neste artigo apresentamos os modelos de processo de software compatíveis com a realidade das PMEs, suas definições e características e relação com a qualidade de software que elas representam. Com o conhecimento da dificuldade e inacessibilidade de uma PME brasileira adotar um processo de software para poder competir com o mercado nacional e mundial, concluímos através de análises e dados sobre a realidade das PMEs, que para aumentar a competividade e o crescimento da organização, deve-se investir na melhoria da qualidade. Para que tal melhoria seja possível, é necessário considerar os processos de trabalho como uma etapa de suma importância, pois uma vez que a qualidade do processo melhore gradativamente, haverá melhoria geral da qualidade oferecida pelos produtos e serviços oferecidos pela empresa. Infelizmente, apesar de atualmente existir opções que facilitem tal processo, como o MPSBr, o investimento ainda é alto para estas PMEs, e embora este tipo de empresa ocupar um lugar importante na economia dos países através da geração de postos de trabalho, muitas vezes não possui capital o suficiente para obter, manter e atualizar tais processos.

Empresas que não possuem a tradição de adotar nenhum tipo de processo de software e não preocupam-se com qualidade, acabam criando um ambiente inseguro e instável para o seu futuro, pois uma vez que não há preocupações com a visão macro do processo de desenvolvimento e qualidade, existem várias lacunas que favorecem a ocorrência de problemas no projeto que fatalmente impactam no produto final, gerando retrabalho, comprometendo prazos e até mesmo projetos. O artigo também destacou que os processos de software trazem consigo pontos positivos que auxiliam a empresa na competividade no mercado, mas também deve-se observar que existem pontos de atenção e que a empresa deve estar preparada para gerenciar as situações oriundas dessas dificuldades e entender que o processo de melhoria é um investimento que demanda recursos e tempo para ser estabelecido e possa ser alcançado os resultados esperados. Referências PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do Trabalho Cientifico: Métodos e Técnicas de Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2013. SEBRAE - SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Sobrevivência das Empresas. Relatório de pesquisa. São Paulo, 2009. KOSCIANSKI, André; SOARES, Michel Santos. Qualidade de Software. São Paulo: Novatec, 2006. WEBER, Sergio; HAUCK, Jean Carlo Rossa ; VON WANGENHEIM, Cristiane Gresse. Estabelecendo processos de software em micro e pequenas empresas. Porto Alegre, 2005. Disponível em: http://www.inf.ufsc.br/~gresse/download/aspe-sbqs2005.pdf. Acesso em 07, ago. 2013. SOFTEX - Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. MPS.BR - Melhoria de Processo do Software Brasileiro Guia de Implementação Parte 12: Análise da Aderência do MR-MPS-SW:2012 em relação à NBR ISO/IEC 29110-4 1:2012 - Engenharia de Software -Perfis de ciclo de vida para micro - organizações (VSEs) - Parte 4-1: Especificações de perfil: Grupo Perfil Genérico. 2012. ANACLETO, Alessandra; VON WANGENHEIM, Cristiane Gresse; SALVIANO, Clenio. Um método de Avaliação de Processos de Software em Micro e Pequenas Empresas. Porto Alegre, 2005 HUMPHREY, Watts S., Characterizing the Software Process A Maturity Framework. Pittsburgh, 1987 IEEE The Institute of Electrical and Electronics Engineers, Swebok Guide to the Software Engineering Body of Knowlegment. Los Alamitos, 2004. WEBER, Kival Chaves; MONTONI, Mariano; ROCHA, Ana Regina Cavalcanti; SANTOS, Gleison; BARBIERI, Carlos; ANTONIONI, José Antonio. MPS.BR - Melhoria de Processo do Software Brasileiro: Resultados Alcançados e Lições Aprendidas (2004-2008).?