Adultério Onomástico em Angola: Discussão à Luz dos Direitos Linguísticos e Convenções Ortográficas

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Transcrição:

Adultério Onomástico em Angola: Discussão à Luz dos Direitos Linguísticos e Convenções Ortográficas Manuel da Silva Domingos 1 & Ezequiel Pedro José Bernardo 2 Resumo O presente artigo visa apresentar, de forma sucinta, alguns problemas ligados à realidade onomástica em Angola. À luz dos direitos linguísticos e de algumas convenções ortográficas, são discutidos alguns aspectos de variação ortográfica de alguns antropónimos e topónimos angolanos, principalmente. Também são discutidos alguns aspectos ligados à tendência para se evitar a atribuição de nomes que denotam tristeza ou desgraça. Palavras-chave: onomástica, direitos linguísticos, convenções ortográficas, antropónimos, topónimos. Introdução Este artigo é desenvolvido tendo em conta os seguintes factos intrínsecos à realidade linguística de qualquer comunidade de falantes: A língua, para além de ser um meio de comunicação entre os membros de uma determinada comunidade linguística, serve-se também como meio de identidade cultural, constituindo um dos patrimónios imateriais desta mesma comunidade. Desta forma, como produto social, independente do indivíduo, remete para direitos inalienáveis em que os seus utentes se revêem individual, social e culturalmente. Do ponto de vista individual, ontologicamente falando, a qualquer ser humano é atribuído, no mínimo, um nome que o distingue dos outros, ou vários nomes, de acordo com os critérios da sua comunidade, não só para facilitar esta distinção, como também para o identificar socioculturalmente. 1 ) Mestre em Fonética Forense e Fonologia, Professor Auxiliar da Faculdade de Letras da UAN. E-mail: russo_domingos@hotmail.com ; ddi_cfluan@hotmail.com. 2 ) Licenciado em Língua e Literaturas em Língua Portguesa, Assistente Estagiário na Universidade Onze de Novembro, ISCED de Cabinda. E-mail: bindumuka@hotmail.com. 1

Do ponto de vista social, a língua é o meio de que nos servimos para interagirmos no interior da comunidade em que estamos inseridos, identificando-nos, por isso, em função dos hábitos linguísticos que adoptamos para manifestarmos a nossa cultura. Em função das suas necessidades, os grupos sociais nomeiam o meio que os cerca, isto é, o ambiente físico exerce um poder sobre a linguagem e sobre a forma de uma determinada comunidade ver o mundo. Do ponto de vista cultural, podemos afirmar que nenhuma cultura existe sem que esta seja expressa numa determinada língua, ou seja, a manifestação cultural coabita com as realizações linguísticas que perpetram e afirmam uma determinada comunidade de falantes. É através da língua que a forma de pensar, os hábitos e costumes de um determinado povo se manifestam e se distinguem dos outros povos. Podemos facilmente dar conta deste facto na realidade africana em que, independentemente das fronteiras geográficas, os povos de uma mesma língua partilham traços culturais intrínsecos a essa língua. Concordamos aqui com a ideia de Benjamin Lee Whorf, segundo a qual o mundo não tem estrutura própria; a estrutura é imposta pela linguagem. A aprendizagem de outra língua significa criar um mundo novo, onde tudo é completamente diferente. Na visão de Ludwig Wittgenstein, as regras de uma determinada língua são semelhantes a um jogo que se joga quando se fala. Enquanto jogamos, praticamos alguma forma de vida. Neste caso, podemos facilmente notar que, sendo falantes nativos de uma determinada língua bantu, quando nos colocamos a falar o português, envolvemo-nos, em parte, na cultura portuguesa, ficando alienados culturalmente. É certo que quem come um cachorro quente designando-o hot dog comeo à inglesa e não à portuguesa e, quem o come à base de uma mera tradução, julga comer um cachorrito assado no forno. Nesta ordem de ideias, o presente artigo é desenvolvido em quatro secções. Na primeira secção, procuramos fazer uma breve abordagem sobre a Onomástica como ciência da identidade, anotando os factores subjacentes à nomeação dos entes que integram uma determinada comunidade linguística, lugar ou cultura. Na segunda secção, são abordadas questões relativas aos aspectos legais envolvidas no acto de nomear, respeitar e preservar os nomes específicos a uma comunidade de falantes. Na terceira parte, faz-se uma brevíssima abordagem sobre as convenções ortográficas e, mais especificamente, sobre a Normalização Ortográfica das Línguas Nacionais 2

(Angolanas). Na última secção, são apresentados os resultados da pesquisa feita, seguidos de uma breve discussão. 1. A Onomástica como Ciência da Identidade A palavra onomástica deriva da raiz de onoma, termo usado para definir o conceito equivalente a nome. Utilizado na altura para designar objectos, seres individuais e actividades humanas. A onomástica oferece a possibilidade diversificada de interpretação dos nomes, quer a nível antroponímico (nomes de pessoas), zoonímico (nomes de animais), fitonímico (nomes de plantas), bem como a nível toponímico (nome de lugares), entre outros. A interpretação que se faz de um nome é ligada não apenas ao conteúdo linguístico, mas também e sobretudo ao valor histórico e cultural que o nome carrega consigo. Neste caso, no acto de nomear, o nomeador determina o conjunto de factores envolvido na nomeação em causa, tendo razões próprias para escolher um nome em vez de outro. Muitas vezes esta informação acaba por perder-se no tempo e cair na obscuridade, devido à falta de veiculação explicativa das razões da escolha do nome. É o caso, por exemplo, de muitos topónimos angolanos que, sendo de autoria de alguns portugueses que os indicaram, muitas vezes por má adaptação à pronúncia e estrutura silábica das línguas bantu, acabaram por não ser identificados com nenhuma língua e, portanto, ninguém se importa em buscar o seu significado. É verdade que, no caso do topónimo Luwanda, podem ser ouvidas várias versões do surgimento desse nome e nenhuma delas se vai refletir na realidade histórico-cultural do povo desta cidade. Este caso já não se dá, por exemplo, com o topónimo Mbuku Nzawu que, apesar de ser mal escrito (Buco Zau), conserva o seu significado original, ou seja, quando se pergunta o significado do nome a um habitante desta região, facilmente diz que significa terra do elefante. E, realmente, nesta terra abundou muitos elefantes, como reza a história. Alguns exercícios de nomeações são feitos a partir da etmologia da própria palavra, podendo ainda o nome surgir de influências políticas, religiosas, dos órgãos de comunicação, da literatura, do futebol, dos homónimos (charas, que surgem no intuito de homenagear aqueles que marcaram a história, as suas vidas, pais, avôs, padrinhos, tios, vivos ou falecidos). A onomástica, no entanto, admite a sinonímia como apelido, pseudónimo, nome do baptismo, nome de família, entre outros. 3

Dick (1990) apud Seabra (2006), existe uma relação entre a língua e a onomástica, onomástica e onoma, antroponímia e toponímia, fazendo saber o indivduo que existe um motivo que o leva a ser nomeado, isto é, pessoa ou lugar, o que muitas vezes nos encaminha a buscar resposta no campo da semântica. Figura: 1 Infograma de Dick (1990) apud Seabra (2006). Observa-se que entre a toponímia (T) e a antroponímia (A) há alguma motivação ou algo em comum, representados pela região hachurada. No entanto, o estudo onomástico não se revé na negligência de detalhes sociais, culturais, económicos, ambientais e outros, visto que para responder a questões como O que significa o seu nome?, a pessoa terá de ser baseada em diversos aspectos intrínsecos à nomeação. Em confirmidade com Berger e Luckmann apud Camilo (2012:38), existe uma pergunta que pode guiar os estudiosos da onomástica que é como se conhece alguém?. Tal pergunta leva-nos a ambientar a pessoa no seu contexto e descobrir diversas informações sociais sobre ela, inclusive por que possui um nome, um apelido ou por que é reconhecida por um epíteto (alcunha) ou um aposto. O processo onomástico é sempre baseado num facto qualquer, quer seja político, quer seja cultural ou social que tenha marcado o nomeador. Por esta razão, pode-se dizer que o nomear parte sempre de um pressuposto, podendo até ser inconsciente. No entanto, as circustâncias vivenciadas também têm influência na altura da nomeação. O nome pode ser dado através de uma homenagem a qualquer evento ocorrido durante os tempos. 4

Constituindo os aspectos aludidos nos parágrafos precedentes, nesta secção, prosseguimos com a questão dos direitos das comunidades de falantes, relativamente ao acto de nomear. 2. A Onomástica como Matéria Jurídica Uma língua é o filtro que organiza o nosso mundo. Sonhamos nessa língua e definimos a nossa vida em função do que pensamos, do que vemos e ouvimos, dizemos ou escrevemos. Não se altera uma língua como se substitui o preço de um artigo no hipermercado. Porque, como escreveu Humboldt, uma língua não é uma etiqueta (uma weltbild). Uma língua é uma visão (uma weltansicht). Decisões voluntárias sobre esta devem, pois, rodear-se das maiores cautelas e justificam a maior prudência. Isso não impede que possa haver alguma intervenção, mas esta deve privilegiar a consagração em norma das mudanças verificadas, mais do que estimular a provocação de novas modificações. Nesta matéria, um acordo ideal consagra. Não provoca (Gomes, 2010:3). Como parte integrante da expressão cultural dos povos, a atribuição de nomes, não sendo feita aleatoriamente por uma comunidade de falantes, é plasmada na Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, Secção III, cujos artigos são seguidamente transcritos e comentados. Artigo 31º: Todas as comunidades linguísticas têm direito a preservar e usar em todos os domínios e ocasiões o seu sistema onomástico. Artigo 32º: 1.Todas as comunidades linguísticas têm direito a fazer o uso dos topónimos na língua própria do território, tanto no que respeita às utilizações orais e escritas, como nos domínios privados, públicos e oficiais. 2. Todas as comunidades linguísticas têm direito a fixar, preservar a rever a toponímia autóctone. Esta não pode ser suprimida, alterada ou adaptada arbitrariamente, nem pode ser substituída em casos de mudanças de conjuntura política ou outras. Artigo 33º: Todas as comunidades linguísticas têm a designarem-se a si próprias na sua língua. Consequentemente, qualquer tradução para outras línguas deve evitar denominações confusas ou pejorativas. 5

Artigo 34º: Todos têm direito ao uso do seu antropónimo na sua própria língua e em todos os domínios de utilização, bem como a uma transcrição fonética para outro sistema gráfico, quando necessário, tão fiel quanto possível. 3. Convenções e Normalização Ortográficas Em conformidade com a definição que vários dicionários da língua portuguesa comungam relativamente ao termo convenção, cumpre-nos aqui referir que este termo está relacionado com o ajuste, entre partes interessadas, de qualquer assunto/objecto que apresenta oscilações. Ou seja, quando é possível, sobre um dado assunto, as pessoas apresentarem várias opções capazes de comprometer a precisão e/ou identidade, chegase a um acordo em que só os critérios convencionados servirão para a tal precisão e/ou identidade do assunto/objecto em questão. Sobre a questão da linguagem e das línguas, Ferdinand de Saussure desenvolve este conceito com o de arbitrariedade do signo, para referir os casos em que a comunicação linguística é fundada numa espécie de acordo ou de contrato implícito sobre o qual repousa o código. Nesta perspectiva, a própria língua é convencional, considerando o facto de ser uma instituição social resultante do costume e da tradição, portanto, de um contrato tácito entre os homens (cf. Dubois, 2004: 152-153). Particularizando o caso das convenções ortográficas, este contrato social visa, por intervenção de especialistas, numa primeira fase, e de políticos da linguagem, numa segunda fase, estabelecer critérios unilaterais, sistemáticos, claros e económicos para escrever e ler a língua sancionada, contribuindo assim para a sua permanência como línguas viva. As convenções ortográficas contribuem para a normalização e homogeneização da escrita de uma determinada língua, facilitando a sua utilização. Este contributo permite, dentre outros aspectos, estabelecer: Uma redução da variação gráfica; Clareza, relativamente à anotação de alguns processos fonológicos específicos da língua em causa; Continuidade na tradição gráfica, considerando o facto de as convenções serem baseadas nas características originais da língua visada; 6

Simplicidade, considerando o facto de os locutores terem um conjunto finito e preciso de códigos que devem usar harmoniosamente. Flexibilidade, tendo em conta casos particulares e especiais em que se abrem excepções sobre o uso de duas ou mais formas, desde que os contextos assim o permitam. As convenções remetem sempre para um processo de normalização. De acordo com Ninyoles (1987) apud Ntondo (2009: 101), a normalização pressupõe a existência de uma situação inadequada de que convém readaptar à corrente histórica para torná-la normal. No caso de Angola, como refere Ntondo (2009), o processo em questão tem por objectivo o desaportuguesamento da ortografia toponímica, implicando, do ponto de vista linguístico, a utilização de grafia adaptada, correspondente à fonologia das línguas em apreço. Desta forma, segundo o autor (op cit), esta normalização ortográfica dos topónimos vis restituir e inseri-los no seu contexto cultural e/ou histórico. Este objectivo é extensivo aos antropónimos. A normalização ortográfica dos itens onomásticos em Angola deveria simplesmente apoiar-se na Resolução nº 3/87, de 23 de Maio de 1987, que aprova, a título experimental, os alfabetos de algumas línguas nacionais que julgamos, particularizando determinadas especificidades fonológicas, afectam as outras línguas não contempladas nesta resolução. Actualmente, em Angola, os topónimos e os hidrónimos, principalmente os que anteriormente se escreviam com o grafema <k> passaram a ser escritos com o grafema <c>, por decisão unilateral do Ministério da Administração do Território, sendo também afectados os antropónimos que comportavam tal grafema. Este dado pode ser bibliograficamente observado no manual do Instituto Nacional de Estatística, referente aos Resultados Preliminares do Recenseamento Geral da População e Habitação, em que os mapas das dezoito províncias apresentam as localidades visadas com o novo grafema. Na realidade, desconhece-se uma convenção que resultasse de um estudo prévio dos linguistas e/ou técnicos do Instituto de Línguas Nacionais. Parece, nitidamente, que o governo angolano não trabalhou em paralelo com o referido instituto. Em matéria de decisão sobre as políticas linguísticas, como o refere Gomes (2008: 37), as decisões políticas levam a estabelecer estatutos de línguas, como, para o caso particular de Angola, consta no Artigo 21º da Constituição da República. Da 7

mesma forma, os governos decidem sobre as alterações que devem ocorrer numa dada língua, competindo a eles esta matéria legal. Contudo, de acordo com o autor citado (p. 38), é aos linguistas que compete, enquanto técnicos especialistas, estudar, descrever, propor alternativas para evitar catástrofe. Na visão de Ntondo (2009: 109), a uniformização, que nos parece ser a acção desencadeada pelo Governo Angolano, como fase posterior à normalização, efectua-se com base na proposta de um guia ortográfico que toma em consideração os sistemas fonológicos das línguas visadas. Neste caso específico, seria relevante a Resolução nº 3/87, de 23 de Maio de 1987. 4. Resultados e discussão 4.1. Resultados Na presente secção, são apresentados alguns dados relativos aos casos do adultério onomástico a que nos propusemos abordar. Como ilustram os dados, o adultério em causa pode estar relacionado ou com a forma de escrita ou com problemas na atribuição do nome. Os dados refletem, precisamente, duas áreas da onomástica, a toponímia e a antroponímia. Do ponto de vista da recolha, os dados sobre a toponímia foram recolhidos de várias fontes, tais como cartas geográficas, monografias de licenciatura e placas de localização nas vias públicas, constituindo um conjunto de dezoito (18) casos analisados. No que se refere aos dados relativos à antroponímia, foi desenvolvido um estudo de campo na escola primária da Caritas, onde foram selecionados alunos com antropónimos (nome próprios e sobrenomes) em línguas nacionais. Os antropónimos que constituem o corpus desta pesquisa foram aqueles que apresentam problemas na grafia. Em função do tempo de preparação do presente artigo, foram apenas recolhidos antropónimos ligados à cultura kongo e ambundu. A decisão sobre a realização desta escolha deveu-se à necessidade de percebermos os momentos actuais do fenómeno de adultério onomástico. Ainda sobre os antropónimos, para uma breve estatística, foram recolhidos cinquenta nomes (50) mal escritos, sendo vinte e dois (22) nomes próprios e vinte e oito (28) sobrenomes. 8

De maneira geral, a presente pesquisa conta com a análise de sessenta e oito (68) instrumentos linguísticos, que julgamos suficientes, para, numa primeira fase deste árduo trabalho, apresentarmos provas sobre o adultério em abordagem, como vem ilustrado nas subsecções seguintes. 4.1.1. Resultados sobre os topónimos e hidrónimos Um dos primeiros dados de adultério onomástico verificados está relacionado com a escrita errada de dois hidrónimos nas notas de cinquenta e duzentos Kwanzas, como se pode observar nas imagens seguintes. Este rio não existe em Angola. Será o Cihumbwe, localizado no município de Dala, Lunda Sul? Os linguistas e geógrafos não admitiriam tamanho erro. Fig 1 - Adultério na identidade de Cihumbwe Fig 2 - Adultério na ortografia do rio Kwemba A partir do erro verificado na nota de cinquenta kwanzas, foi possível observar que a estrutura fonológica da primeira sílaba da palavra Cuemba é semelhante à da palavra kwanza, questionando-nos sobre as razões subjacentes à diferença na ortografia destas duas palavras, particularmente as sílabas em questão. 9

Duas sílabas com a mesma estrutura fonológica apresentadas com escrita diferente. Os linguistas não admitiriam tamanho erro. Fig 3 - Problemas de dupla grafia Para além destes dois casos verificados nas notas da moeda angolana, foram também recolhidos dezasseis casos de topónimos cuja grafia é adulterada. Esta adulteração remete, muitas vezes, para implicações na pronúncia do topónimo em questão, considerando o falante nativo as particularidades fonológicas da sua língua, como se verificar nos seguintes dados: 1. Acongo <<< Akongo >>> do umbundu, caçadores. (Benguela, Lobito) 2. Alto Liro <<< Alto Ulilo >>> do Português Alto + Umbundu, Ulilo. (Benguela, Lobito) 3. Buco Maze <<< Mbuku Maze >>> do Ibinda (Fyote), região com abundância de água. (Cabinda) 4. Buco Zau <<<Mbuku Nzawu >>> do Ibinda (Fyote), região com abundância de elefantes. (Cabinda) 5. Canata <<< Kanata >>> do umbundu, pequena quantidade de lodo. (Benguela, Lobito) 6. Cangundo <<< Kangundu, do Kimbundu, lugar desabitado. (Malanji) 7. Cota <<< Kota, do Kimbundu, mais velho. (Malanji) 8. Kadianga <<< Kadyanga >>> do Kimbundu, pequeno caniço. (Malanji) 9. Kateco <<< Kateko, do Kimbundu, gesticulador. (Malanji) 10. Kuale/Cuale <<< Kwale, do kimbundu, forma do indicativo presente da terceira pessoa do singular do verbo ter. (Malanji) 11. Liro <<< Ulilo >>> do umbundu, limite, divisão, fronteira. (Benguela, Lobito) 12. Malange/Malanji <<< Malaji, do Kimbundu, pedras, malucos. (Malanji) 13. Massangu <<< Masangu, do Kimbundu, plural de foz de um rio. (Malanji) 10

14. Vicundo <<< Vikundu >>> do umbundu, cabos de facas, catanas ou enxadas. (Benguela, Lobito) 15. Zangoio <<< Nzangoyó >>> do Ibinda (Fyote), terra do Ngoyó (reino). (Cabinda) 4.1.2. Resultados sobre os antropónimos Nesta secção, são apresentados dados relativos a alterações gráficas de nomes próprios e sobrenomes de origem bantu e suas implicações fónicas, lexicais e semânticas. Pretendemos, com estes dados, demonstrar que a oscilação na escrita dos nomes pode remeter à presença de duas formas linguísticas distintas, correspondendo uma à forma original e a outra à forma adulterada, que, às vezes, não se reconhecem em nenhuma língua. Escrita correcta Transcrição fonética original Forma usada Implicações na pronúncia Mbundu [ m bú n dù] Bundo 3 [bú n dù] Nzawu [' n záù] Zau [' n záw] Makyese [mà'kjésè] Maquiesse [màkwìésè] Mukengeji [mùkè'ᵑgéʒì] Muquengueje [mùkwèᵑgwéʒì] Tabela 1 - Dados sobre a escrita incorrecta de alguns antropónimos Nos quadros seguintes, são ilustrados alguns casos em que a alteração da grafia, por ter implicações fonético-fonológicas, influencia na alteração ou do significado do nome ou da pronúncia do mesmo. 3 ) Os dois nomes existem na língua kikongo, mas, geralmente, a escrita frequente é Bundu, que corresponde a fruta, enquanto Mbundu corresponde a coração. 11

Forma correcta Transcrição fonética original Alteração em Nomes próprios Implicações na pronúncia Bikoka [bìkókà] Bicoca [ bìkókà ] (bitchotcha, como em Cokwe {tchokwe} e em calwa {tchalwa}) Makyese [màkjésè] Maquiesse [màkwèjésè] Mansanga [mà n sàᵑgá] Massanga [màsáᵑgà] Weza [wézà] Ueza [ùézà] Kilwangu [kìlwáᵑgù] Quiluango [kwìlwáᵑgò] Tetembwa [tèté m bwà] Tetembua [tèté m búà] Kijima [kìʒímà] Quijima [kwìʒímà] Bindumuka [bì n dùmíkà] Bindumuca [bì n dùmíkà] Twisana [twìsánà] Tuisana [tùìsánà] Ndele [ n délè] Dele [délè] Yeze [jézè] Ieze [ìézè] Tabela 2 - Dados sobre a alteração de nomes próprios Forma correcta Transcrição fonética original Alteração em Apelidos Implicações na pronúncia Madeka [màdékà] Madeca [màdét à] Kimbinda [kì m bí n dà] Quimbinda [kwì m bí n dà] Nzau [ n záw] Zau [záw] Kambila [ká m bilà] Cambila [t á m bilà] Makoso [màkósò] Macosso [màt ósò] Kifwetu [kìfwétù] Quifuetu [kwìfúétù] Bilwa [bílwà] Bilua [bìlúwà] Kiminu [kìmínù] Quimino [kwìmínò] Pukuta [pùkútà] Pucuta [pùt útà] Mwanda [mwá n dà] Muanda [muá n dà] Mayunga [màjúᵑgà] Maiunga [màìúᵑgà] Myaka [mjákà] Miaca [mìákà] Tabela 3 - Dados sobre a alteração de sobrenomes 12

4.2. Discussão Os dados analisados permitem-nos afirmar que não existe uma política linguística séria em Angola, considerando o facto de as decisões sobre questões ligadas às línguas serem decorrentes simplesmente de posições políticas. Como vimos ao longo da abordagem, uma política linguística séria deve respeitar os pressupostos técnicos segundo os quais a decisão política sobre as línguas deve anteceder aos trabalhos de linguistas (cf. Gomes 2008: 37-38). Os erros relativos à escrita dos hidropónimos Kwemba e Cihumbwe poderiam ser evitados, se fossem consultados técnicos especialistas na matéria da ortografia das Línguas Nacionais. O Instituto de Línguas Nacionais seria um dos conselheiros mais próximos do Governo, nesta perspectiva, considerando o facto de esta instituição reunir, para além de linguistas, técnicos de várias áreas cujo interesse também incide sobre as línguas. Constitui deveras uma vergonha e um certo analfabetismo funcional o facto que se verifica na nota de cinquenta Kwanzas, relativamente à diferença na escrita das palavras cuemba e Kwanza, cuja estrutura silábica da primeira sílaba destas palavras remete para uma mesma estrutura fonológica. É bem certo que, neste caso, se confirma a indispensabilidade da intervenção de técnicos especialistas neste fórum. Numa entrevista concedida ao Semanário Novo Jornal, de 21 de Novembro de 2014, pp. 10-11, o Linguista africanista Zavoni Ntondo refere que o linguista africanista é guiado por um princípio que consiste em considerar um som por uma única representação gráfica existente na língua local. Desta forma, alguns topónimos relativos a línguas do sul de Angola, que não apresentam o fonema /b/ no seu sistema fonológico, deveriam ser grafados com /v/. É o caso de Bié, que deveria ser escrito Mbiyé ou Viyé, e da palavra Lubango, que deveria ser escrito Luvangu, por exemplo. Isto é o que se encontra convencionado, pelo menos, na Resolução nº 3/87, de 23 de Maio de 1987, sobre o alfabeto das Línguas Nacionais (Angolanas). O maior problema em Angola conste no facto de o Governo criar instituições de carácter prático que só existem na teoria, porque mesmo trabalhando arduamente, os resultados das suas pesquisas são ignorados, independentemente de revelarem uma cientificidade profunda. Julgamos que a política não pode subjugar a ciência, porquanto esta permite revelar sério um país que integra recursos humanos competentes. 13

Concordando com Ntondo (2009), a reconstrução onomástica que o governo impõe deveria ser antecedida de uma normalização e uniformização decorrentes de uma prévia análise técnica por parte dos linguistas. Por outro lado, no que diz respeito ao direito, em Angola, viola-se o ponto 1 do Artigo 32º da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, não só por defender o uso de topónimos na língua própria do território, mas principalmente no que se prende às utilizações orais e escritas. Julgamos que, embora na situação toponímica de Angola esteja envolvido o português, por influências do colonialismo, os topónimos em línguas locais deveriam conservar a realidade etnolinguística da nomeação. Neste conspecto, Conclusão Em função dos aspectos teóricos aludidos nesta abordagem e dos resultados decorrentes da pesquisa feita, concluímos que as comunidades linguísticas têm direitos inalienáveis que os governos devem respeitar, valorizando assim a cultura e a identidade de cada povo. Nesta perspectiva, todos os ramos da onomástica devem preservar a realidade etnolinguística de cada povo. Embora a língua, como organismo vivo, esteja em constante evolução e mudanças de vária ordem, que podem decorrer do simples facto de uso e de maneira implícita, as alterações técnicas devem sempre ser baseadas em convenções. As convenções linguísticas, mormente as ortográficas, devem ser antecedidas de um estudo aprofundando dos linguistas especialistas em matéria a que as mudanças convencionadas se referem. A distância que se nota entre políticos, linguistas e outros especialistas de áreas afins coloca a situação linguística de Angola num clima de desordem babilónica em que cada um fala a sua língua, não se importando com a harmonia e o contrato social que deve caracterizar os falantes em relação à sua língua. Embora a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos não espelhe aspectos processuais penais, talvez, que levassem à condenação estados ou pessoas que violamse um desses direitos, sabemos todos que existem leis subsidiárias com as quais uma dada lei se pode conjugar. Aliás, qualquer lei é estabelecida para regular o funcionamento das instituições/entidades envolvidas. No caso dos direitos linguísticos, 14

não se isenta nenhuma instituição ou sociedade humana, concorrendo, por isso, com os Direitos Humanos. Referências Bibliográficas CAMILO, Elisabeth Maria de Souza. Estudo da Onomástica em Anúncios Fúnebres Impressos das Cidades de Ouro Preto e Mariana MG: Análise da Frequência de Hipocorísticos Diante de Nomes Femininos. UFOP,2012. CHAMARELLI FILHO, Milton. O Nome como Assinatura do Desejo. Disponível em http://www.paratexto.com.br/document.php?id=535 DICK, M. Vicentina de P. do A. A Investigação Linguística na Onomástica Brasileira. Estudos de Gramática Portuguesa III. Frankfurt am Main, v. III, p. 217 239, 2000. DICK, M. Vicentina de P. do A. Motivação Toponímica e a Realidade Brasileira. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo. Edições Arquivo do Estado, 1990. DUBOIS, Jean et al, Dicionário de Linguística, 19ª edição, São Paulo, editora cultrix, São Paulo, 2006. FERRAMOSCA, Fabiano, Onomástica e Lexicologia: o Léxico Toponímico como Catalisador e Fundo de Memória. Estudo de caso: os Sociotopônimos de Aveiro (Portugal), Revista USP, n.56, dezembro 2002-fevereiro 2003, p. 172-179. FERRAMOSCA, Fabiano, A Onomástica no Termo do Porto no Século XV. Disponível em web.letras.up.pt/aphes29/files/aphes29_programa.pdf, acesso em 14 de maio 2011 FERRAMOSCA, Fabiano, Intersecções Línguo-Culturais na Onomástica: a Questão Religiosa. Disponível em www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo-368.pdf. FRANCHETTO, Bruna, A guerra dos alfabetos: os povos indígenas na fronteira entre o oral e o escrito, http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0104-93132008000100002 acedido em 05 de Maio de 15, às 00:36. MUSSALIM, F e BENTES, A. C., Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos, S. Paulo, Cortes, 2004. NTONDO, Zavoni, A Contribuição para uma Normalização Ortográfica da Toponímia Angolana, In Kulonga: Revista de Ciências de Educação e Estudos Multidisciplinares, nº 04, Luanda, ISCED, 2009, pp. 97-111. RAPOSO, Domingos e FERREIRA, Manuela Barros, Convênções Ortográficas da Língua Mirandesa, Universidade de Lisboa, Lisboa, 1999. 15

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