Preâmbulo. Ensino do. Português

Transcrição

1 Da teoria à prática Ensino do Português Preâmbulo Os novos programas de Português para o Ensino Básico entram em vigor no ano letivo que se inicia em 2010, altura em que está igualmente prevista a aplicação do Dicionário Terminológico, publicado em Estes são dois documentos de referência, com carácter normativo, que vão, a partir de agora, orientar o ensino da disciplina de Língua Portuguesa em todos os ciclos do Ensino Básico. O Dicionário Terminológico define como objetivo fornecer a professores e a alunos os termos e definições que explicitam a conceptualização e a descrição da estrutura e do uso da língua, constituindo, assim, um instrumento de regulação e uma ferramenta de apoio ao ensino da gramática e ao estudo dos textos. Para tal, o Dicionário Terminológico integra os termos e conceitos prescritos nos programas a lecionar, mas vai mais além: incluindo, tendo em vista, exclusivamente, a melhor informação e orientação dos professores, a explicitação dos diferentes planos estruturais que integram as disciplinas da gramática assegurando, assim, a sua coerência interna e o seu rigor descritivo. 1 É, pois, este nexo indissolúvel de articulação entre o Dicionário Terminológico e os novos programas de Português para o Ensino Básico que estabelece o fio condutor para o trabalho em contexto de ensino. Com efeito, embora mantendo os (quatro) domínios que organizam os anteriores programas, os novos programas designam o domínio Conhecimento Explícito da Língua como um eixo transversal e estruturante dos restantes domínios: Compreensão do Oral, Expressão do Oral, Leitura, Escrita, remetendo estes, sistematicamente, para as disciplinas da gramática que organizam o Dicionário Terminológico e para os correspondentes termos e conceitos nele definidos. A publicação que a Lisboa Editora agora apresenta procura evidenciar essa conexão, facilitando, assim, o trabalho dos professores no primeiro ano da operacionalização dos novos programas e da nova nomenclatura gramatical. Toma como pressuposto indispensável a leitura e a análise integrais dos textos programáticos, tanto no que respeita os capítulos Questões Gerais e Organização Programática como os quadros dos Descritores de Desempenho e das Notas Explicativas que inserem os Conteúdos prescritos. 1 Relatório da Revisão da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, ME/DGIDC, setembro de

2 Sendo assim, a presente publicação constitui, certamente, um auxiliar para o trabalho em contexto escolar, ao propor uma organização que parte da hierarquização dos termos, assinala a sua distribuição pelos três ciclos do Ensino Básico e os localiza no elenco da definição dos conceitos. Esta opção formal permite uma melhor orientação na planificação por ciclo e por ano, e favorece uma visão de desenvolvimento dos conteúdos em espiral (de um conhecimento mais simples para um conhecimento mais complexo). Nestes termos, a obra pode servir de referência para uma metodologia de ensino que conduza a uma progressiva tomada de consciência, por parte dos alunos, da estrutura e dos processos que suportam o seu conhecimento implícito da língua: um percurso que parta da prática da observação e da reflexão sobre as falas, sobre a escrita e sobre a leitura, para chegar à sistematização de regularidades observadas. Com efeito, para que as competências específicas a desenvolver na disciplina de Língua Portuguesa sejam abordadas de forma integrada, o ensino da gramática e a aprendizagem da terminologia que a descreve não podem constituir um fim em si: é essencial que a sua operacionalização surja em contextos com sentido, que tomem em conta e valorizem a pessoa do aluno, as suas capacidades, interesses e saberes. É nesse sentido que as linhas orientadoras dos programas de Português enunciam claramente a natureza e os objetivos das atividades a desenvolver nas práticas pedagógicas: Escutar para aprender e construir conhecimento(s). Falar para aprender (aprender a falar, construir e expressar conhecimento). Participar em situações de interação oral. Ler para aprender (aprender a ler, obter informação e organizar o conhecimento). Ler para construir conhecimento(s). Ler para apreciar textos variados. Ler textos literários. Escrever para aprender (aprender a escrever, para construir e expressar conhecimento). Escrever em termos pessoais e criativos. 5

3 Da teoria à prática Ensino do Português Em conclusão, é no exercício destas atividades que os conteúdos prescritos nos programas do Ensino Básico, no domínio do Conhecimento Explícito da Língua, devem ser mobilizados, suscitando uma reflexão oportuna e integrada sobre os modos como a língua se realiza, para assim ir construindo progressivamente um conhecimento reflexivo, objetivo e sistematizado da estrutura e do uso do Português padrão 2. Simultaneamente, aos novos programas de Português para o Ensino Básico e ao Dicionário Terminológico, soma-se a adoção do novo Acordo Ortográfico. Como fator de apoio deste outro elemento de mudança, a Lisboa Editora integra na presente publicação as alterações ortográficas previstas pelo Acordo Ortográfico e resume, em apêndice, as regras e exemplos que regem esta matéria. Janeiro, 2011 Lisboa Editora 2 Currículo Nacional do Ensino Básico Competências Essenciais, ME/DEB,

4 DISTRIBUIÇÃO DOS CONTEÚDOS DO DICIONÁRIO TERMINOLÓGICO POR CICLO DE ENSINO* Pág. de acordo com o CEL dos novos Programas de Português do Ensino Básico A. Língua, comunidade linguística, variação e mudança A.1. Língua e comunidade linguística A.1.1. Comunidade e falante Comunidade linguística Falante Competência linguística Competência metalinguística A.1.2. Estatuto das línguas Língua oficial Língua materna Língua segunda, L2 Língua estrangeira A.2. Variação e normalização linguística A.2.1. Variação Conteúdo Variedades geográficas Variedades do português Variedade europeia Variedade brasileira Variedades africanas Variedades sociais Variedades situacionais Variação histórica A.2.2. Normalização linguística Língua padrão 1.º Ciclo * Os conteúdos assinalados a cinza são aqueles que designam tanto os títulos e subtítulos estruturantes da hierarquia da gramática da língua de interesse exclusivo do professor, como tópicos de terminologia que apenas serão explicitados aos alunos nos ciclos de ensino seguintes. Os conteúdos assinalados a negrito são aqueles que os alunos devem reter e manipular em cada ciclo de ensino. I 2.º 3.º 7

5 Da teoria à prática Ensino do Português Pág. Conteúdo 1.º Ciclo 2.º 3.º A.3. Contacto de línguas Substrato Superstrato Adstrato Bilinguismo Multilinguismo Crioulo Crioulos de base lexical portuguesa A.4. Mudança linguística A.4.1. Fatores e tipos de mudança Fatores internos Fatores externos Tipos de mudança Mudança regular Mudança irregular Gramaticalização A.4.2. História do português Português antigo Português clássico Português contemporâneo A.4.3. Etimologia e genealogia linguística Famílias de línguas Etimologia Étimo Palavras divergentes Palavras convergentes B. Linguística descritiva B.1. Fonética e fonologia B.1.1. Sons e fonemas Fonema 8

6 Pág. Conteúdo 1.º Ciclo 2.º 3.º Vogal Semivogal Consoante B Caracterização dos sons Modo de articulação Ponto de articulação Vozeamento B Sequências de sons Ditongo Grupo consonântico Hiato B.1.2. Prosódia / Nível prosódico B Características acústicas Tom Duração B Sílaba Intensidade Formatos de sílaba: Sílaba aberta Sílaba fechada Propriedades acentuais das sílabas: Sílaba tónica Sílaba átona Classificação das palavras quanto ao número de sílabas 55 Monossílabo Dissílabo Trissílabo 9