Diagnostico ergonômico de um laboratório de desenvolvimento de sistemas em uma instituição pública de ensino superior

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Transcrição:

Diagnostico ergonômico de um laboratório de desenvolvimento de sistemas em uma instituição pública de ensino superior Taelen de Jesus Ferreira Sousa (taelen_ferreira@hotmail.com / UEPA) Antonio do Nascimento Branco (antonionascimentobranco@hotmail.com / UEPA) Nayana Teixeira Dias (nayana.t.dias@hotmail.com / UEPA) Ney Teixeira de Lacerda Junior (Ney_lacerda01@hotmail.com/ UEPA) Jonas de Sousa Silva (jonas7752@hotmail.com / UEPA) Resumo: Este artigo apresenta um diagnóstico ergonômico de um laboratório de análise e desenvolvimento de sistemas (TADS) em uma instituição pública de ensino superior localizada na cidade de Castanhal, Pará. Nesse trabalho, verificaram-se os principais problemas ergonômicos do ambiente que, neste caso, configuram-se como os assentos e as mesas não ajustáveis aos estudantes que frequentam o laboratório, podendo ocasionar riscos para a saúde destes. A metodologia utilizada é do tipo quantitativa, mais especificamente um estudo de caso. Foram feitas medições no local estudado objetivando identificar possíveis não conformidades ergonômicas e, paralelamente, foi aplicado um questionário aos usuários contendo questões objetivas com a finalidade de conhecer suas principais queixas durante o exercício de suas funções no local. Com isso, foi possível concluir este diagnóstico e apresentar possíveis soluções para os problemas encontrados. Palavras-chave: TADS, Diagnóstico ergonômico; Estudo de caso; Soluções. 1. Introdução Os diversos períodos históricos vividos pela humanidade apresentaram evoluções importantes nas formas de trabalho. Desde o Egito antigo, passando pelo feudalismo e chegando a revolução industrial, observa-se uma constante necessidade de melhorar os equipamentos utilizados e com isso diminuir os esforços físicos e aumentar a produção. Percebe-se então a presença, embora não definida, da ergonomia, ao procurar adaptar as formas de trabalho ao seu executor. A ciência da ergonomia só surgiu oficialmente em 12 de julho de 1949. Nesse dia, reuniu-se, pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Na segunda reunião desse mesmo grupo, ocorrida em 16 de fevereiro de 1950, foi proposto o neologismo ergonomia, formado pelos termos gregos ergon que significa trabalho e nomos, que significa regras, leis naturais (Murrell, 1965 apud LIDA, 2005). Varias são as definições do campo de estudo da ergonomia. Lida (2005) define tal ciência como o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Onde o trabalho não abrange somente aqueles executados com máquinas e equipamentos, mas também toda situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. O autor ressalta também que com os investimentos em ergonomia consequentemente vem à eficiência do trabalho, uma vez que as condições do ambiente proporcionam aos trabalhadores alivio físico e mental, fato que os deixa mais produtivos.

O estudo da ergonomia não deve ser valorizado somente por empresas, mas em todos os ambientes voltados a receber usuários, como é o caso de escolas e universidades. Neste sentido o presente estudo pretende fazer um diagnostico ergonômico de um dos laboratórios de desenvolvimento de sistemas em uma instituição pública de ensino superior, através de um confronto entre as informações levantadas com entrevistas e analise do local com o intuito de identificar os principais problemas ergonômicos do ambiente, bem como fazer sugestões de melhorias. 2. Ergonomia As discussões envolvendo a maneira como o homem deve se adaptar ao trabalho há muito permeiam o ambiente acadêmico. Segundo Lida (1998), este estudo, denominado de ergonomia, desde sua origem, vinculou-se ao estudo de atividades militares e de produção industrial. Para ele, este análise vem crescendo de importância e hoje é possível notar uma maior mobilização voltada às questões da ergonomia nos meios industriais. A ABEPRO (2003) ratifica esta teoria, pois para ela a preocupação com as questões ergonômicas vem crescendo no decorrer dos anos também no Brasil. Nesse sentido, a ergonomia é uma disciplina que busca modificar os sistemas de trabalho para adequar as atividades nele existentes às características, habilidades e limitações das pessoas com vista a um desempenho eficiente, confortável e seguro (ABERGO, 2000). Com esse objetivo, inúmeros autores divergem sobre a importância da ergonomia, seu objeto de estudo, assim como sua melhor aplicação. Para Güérin (2001), a análise ergonômica do trabalho permite conhecer e explicar melhor as relações entre as condições de realização do trabalho e a saúde dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, é possível propor pistas de reflexões úteis para a concepção de situações de trabalho, assim como melhorar a gestão dos recursos humanos e, como consequência, o desempenho da empresa como um todo. Pizo (2010) expande esse conceito, pois introduz a relação entre o trabalho planejado e o trabalho realizado. Para ele, há um enigma envolvendo a relação entre a tarefa e a atividade, o trabalho prescrito e o trabalho real, os limites da adaptação humana, os modelos do homem e suas dimensões, assim como os modelos da sociedade e da mudança social. Para ele, descobertas nesses campos contribuíram para reforçar o objeto de pesquisa, ou seja, o trabalho, e progredir em sua compreensão. Segundo Pizo (2010), tal fato permitiu que, progressivamente, a análise de uma atividade pudesse ser aplicada a quase a totalidade das atividades profissionais. Por outro lado, o avanço no estudo da ergonomia no trabalho e a confrontação com outras disciplinas tornou, segundo Danellou (2004), enfraquecido o paradigma inicial criado sobre a ergonomia. Para ele, a análise homem posto de trabalho é incompleta, pois outros fatores devem ser analisados, tais como: a diferença entre o trabalho prescrito e o trabalho real, a complexidade do raciocínio humano em inúmeras situações, a complexidade dos fatores de natureza coletiva na produção dos trabalhadores como regras coletivas, dimensões éticas, ideologias coletivas de defesa etc. Ao mesmo tempo, ele também ressalta a complexidade dos mecanismos de dano à saúde e o papel positivo que tem o trabalho na construção da saúde do funcionário. Nesse sentido, de acordo com as análises anteriores, a análise ergonômica, apesar de abrangente, objetiva primordialmente melhorar a produtividade, bem como as condições de trabalho. Para isso, antecipar ou solucionar problemas ergonômicos é fundamental. Moraes (2005) ressalta quais etapas são fundamentais para analisar essa questão. Para ele, é

fundamental o mapeamento dos problemas ergonômicos em uma empresa. Segundo ele, a apreciação ergonômica consiste na sistematização homem-tarefa-máquina e na delimitação dos problemas ergonômico-posturais, informacionais, acionais, cognitivos, comunicacionais, interacionais, de movimentação, operacionais, de espaço ou físico-ambientais. Tal análise, segundo Moraes (2005) é indispensável para a hierarquização dos problemas, priorização dos postos a serem diagnosticados e modificados e sugestões preliminares de melhoria. 2.1. Ergonomia corretiva Levando em consideração as alterações ergonômicas no trabalho e seus benefícios, a ergonomia dependendo do momento em que é utilizada, pode ser classificada em diversas dimensões. De acordo com Wisner (1987), classifica-se a Ergonomia em três dimensões, de acordo com a ocasião: Ergonomia de Concepção, Ergonomia de Conscientização e Ergonomia de Correção. Onde esta última dimensão contribui para resolver problemas em situações já existentes, buscando realizar correções. Schruber (2000) discorre ainda que a Ergonomia de Correção corresponde diretamente às anomalias que se traduzem por problemas de segurança e no conforto do trabalhador ou na insuficiência da produção, em qualidade e em quantidade. Neste contexto, faz-se necessário a aplicação da ergonomia corretiva a partir de um contexto exigido a adequação. A ergonomia de correção é aplicada em situações reais, já existentes, para resolver problemas que se refletem na segurança, fadiga excessiva, doenças do trabalhador ou quantidade e qualidade da produção. Muitas vezes, a solução adotada não é completamente satisfatória, pois ela pode exigir custo elevado de implantação. Por exemplo, a substituição de máquinas ou materiais inadequados pode tornar-se muito onerosa. Em alguns casos, certas melhorias, como mudanças de posturas, colocação de dispositivos de segurança e aumento da iluminação podem ser feitas com relativa facilidade enquanto, em outros casos, como a redução da carga mental ou de ruídos, tornam-se difíceis. 2.2 A ergonomia no uso de computadores Ter um dimensionamento correto do posto de trabalho é fundamental para o bom desempenho do usuário. Segundo Lida (2005) qualquer erro cometido no dimensionamento de um posto de trabalho pode submeter o usuário a sofrimentos por longos anos. Ambientes de trabalho que usam computadores merecem um estudo ergonômico minucioso, uma vez que expõem os usuários a muitos danos. Lida (2005) ressalta que as inadaptações ergonômicas destes postos de trabalho produzem consequências bastante incomodas e severas, elas provocam fadiga visual, dores musculares do pescoço e ombro e dores nos tendões dos dedos. Estas ultimas, em casos mais graves transforma-se em doença ocupacional chamada de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Para minimizar os efeitos negativos do uso frequente de computadores, deve-se investir em equipamentos (mesas, cadeiras) que melhor possam adaptar-se a diferentes usuários. As cadeiras, por exemplo, devem ter um encosto com inclinação regulável entre 90º e 120º, altura regulável do assento, bordas do assento arredondadas, pouco estofamento, eixo giratório, amortecimento vertical e cinco pés com rodas (LIDA, 2005). A figura a seguir mostra dimensões e observações recomendadas a postos de trabalho

com computadores. Figura 01: Dimensões recomendadas para um posto de trabalho com computadores. Fonte: LIDA (2005) Outro fator que deve ser observado é a luminosidade. O computador é um equipamento que oferece uma forte incidência de luz, a qual causa fadiga visual. Por isso é extremamente importante manter uma luminosidade adequada no posto de trabalho para evitar ofuscamento. O qual é, causado pela presença de fonte com muito brilho, no campo visual ou reflexos na superfície de vidro no monitor. O ofuscamento e os reflexos podem ser reduzidos, utilizando-se fontes de luz difusa ou indireta (LIDA, 2005). 2.3. Beneficios de investir em ergonomia Por ser um assunto abrangente e histórico de relativa importância para o ser humano e o trabalho, proporciona diversos benefícios, uma vez que, seu estudo auxilia para melhores condições no âmbito social e empresarial. Assim, a contribuição da Ergonomia para a sociedade se faz na medida em que esta área do conhecimento se propõe a solucionar problemas sociais ligados à saúde, segurança, conforto e eficiência, dinamizando a interação entre o homem e a máquina, ou entre o homem e a sua atividade, tornando, por exemplo, os meios de transporte mais cômodos e seguros, a mobília doméstica mais confortável e os aparelhos eletrodomésticos mais seguros (LIDA, 2005). Ao mesmo tempo, de acordo com Másculo (2003): A Ergonomia visa melhorar o trabalho humano. Ela estuda as diversas capacidades que o homem utiliza para realizar suas atividades e, a partir daí, faz a adaptação das

máquinas, das ferramentas, do ambiente e da organização do trabalho, às características humanas. Contudo, dentro dos vários benefícios que a ergonomia proporciona, podemos destacar: Redução dos acidentes de trabalho; Redução dos custos decorrentes de incapacidade dos trabalhadores; Aumento da produção; Melhoramento da qualidade do trabalho; Diminuição do absenteísmo; Aplicação das normas existentes; Diminuição das perdas de matéria-prima. Sendo assim, vale ressaltar que tais fatores tornam a ergonomia de fundamental importância tanto para o operário como para a empresa. Desta forma deve ser utilizada visando obter o maior proveito possível de ambas as partes. 3. Método de Pesquisa Este trabalho é caracterizado como estudo de caso, o qual segundo Araújo et al. (2008) é uma abordagem metodológica de investigação adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores. Para a realização do estudo seguiu-se a seguinte sequencia: Primeiramente, houve a escolha do local a ser estudado. O local foi escolhido levando em consideração a importância do estudo para o ambiente. Por se tratar de um laboratório para o uso de computadores, onde normalmente alunos passam cerca de 4 horas, faz-se extremamente importante que tal local seja adequado para não gerar danos físicos e mentais para os usuários. Posteriormente, houve a realização de um levantamento bibliográfico, em que as principais fontes de pesquisa foram artigos e livros relacionados ao tema. Paralelamente, um questionário (ANEXO A) foi elaborado após uma analise do ambiente e estudo do material bibliográfico. Buscou-se elaborar perguntas que pudessem fazer uma analise profunda das condições do ambiente. Nesse sentido, tais perguntas foram feitas de forma objetiva para que posteriormente fosse possível analisar os resultados de forma estatística. Após esta etapa, foi realizado um levantamento de todas as medidas do local inclusive dos espaços entre as mesas, assim como das dimensões do mobiliário utilizado no ambiente. Por fim, após a aplicação dos questionários com 18 (dezoito) usuários do ambiente em questão, os resultados foram computados e juntamente com as observações do ambiente foi possível fazer um diagnostico ergonômico do local, apontando os principais problemas ergonômicos encontrados, assim como fazendo sugestões de melhorias. 4. Resultados 4.1. Análise dos postos de trabalho Como podem ser verificados na figura 2, os mobiliários utilizados no ambiente em

questão e que formam os postos de trabalho dos estudantes são bancadas e cadeiras. A bancada é a mesma para todos os usuários. Figura 02: Posto de trabalho com computadores. Fonte: Autores (2015) Ao mesmo tempo, a figura 3 destaca a cadeira utilizada pelos usuários. Esta imagem evidencia a vista frontal e lateral da cadeira. Figura 03: Cadeira usada pelos estudantes. Fonte: Autores (2015) Paralelamente, na tabela 1 estão inseridas as respectivas medidas realizadas durante a análise desse mobiliário. TABELA 1 Medidas analisadas. Variáveis Dimensões analisadas (m) Observações Altura do assento 0,41 Ângulo do assento 90 Altura do teclado 0,79 Ângulo do assento não ajustável Dependendo da altura do usuário, não fica na altura do cotovelo

Altura da mesa 0,79 Altura da cadeira 0,89 Profundidade da cadeira 0,48 Largura da cadeira 0,41 Altura da tela 0,98 Fonte: Autores (2015). Não permite a movimentação lateral das pernas 4.2. Análise das entrevistas Dando continuidade à pesquisa, foram realizadas entrevistas com os usuários do ambiente em questão. Tal fato teve como principal finalidade obter informações a respeito de suas condições físicas, assim como, suas opiniões acerca dos equipamentos e o ambiente de trabalho. Foi realizado um total de 18 (dezoito) entrevista com os usuários do local. Ao mesmo tempo, para o tratamento dos dados em informações pertinentes ao projeto, o software Excel versão 2010 foi utilizado para a geração de banco de dados, assim como para a posterior análise através do recurso denominado Tabelas Dinâmicas. Como resultados, foi verificada a idade média de aproximadamente 22 (vinte e dois) anos entre os entrevistados. Ao mesmo tempo, a altura média dos usuários foi estimada em 1,73 (um e setenta e três) metros, assim como um peso médio de aproximadamente 72 (setenta e dois) quilos. De acordo com o questionário, para o tópico dificuldade de visualização,61% dos entrevistados não apresentam dificuldade para visualizar o quadro magnético; 33% apresentam alguma dificuldade para realizar essa tarefa e somente 6% dos usuários relataram ter muita dificuldade nesse aspecto. Para o tópico conforto das cadeiras, 50% dos entrevistados consideram as cadeiras confortáveis ou muito confortáveis, 33% consideram os acentos como normais e 17% os consideram desconfortáveis. O Tópico Dor Relacionada às atividades em sala apresentou resultados relevantes. Nele, 78% dos entrevistados relataram sofrem de dores na coluna ou costas relacionadas às atividades em sala. Nessa pesquisa, apenas 22% dos usuários não relataram a presença de dores. Para o tema qualidade da postura nas cadeiras, 33% dos entrevistados consideram que estão mal sentados em seus postos de trabalho. Por outro lado, 67% deles avaliaram de forma positiva a qualidade da postura em seus respectivos acentos. Paralelamente, as condições de trabalho e do ambiente da sala foram analisadas, obtendo os seguintes resultados: Para 55% dos entrevistados, a temperatura do local de estudo não interfere em suas respectivas produtividades. Já para 45% deles, a temperatura interfere de algum modo em suas atividades. A Acústica do ambiente também foi analisada, porém não obteve resultados relevantes. Segundo os usuários, 94% dos entrevistados não considera a acústica do local como empecilho às suas atividades diárias. Já a Iluminação do ambiente apresentou resultados divergentes. Segundo a pesquisa, apenas 11% dos usuários consideram a luz ambiente ruim. O restante deles, os 89%, tem uma avaliação positiva da iluminação do local. Ao mesmo tempo, quando indagados pelo tópico Incomodo/Iluminação do computador, 78% dos usuários responderam que não tem dificuldades com a luz dos monitores; 6% a consideraram suportável, 11% relataram algum tipo de incomodo e 5% responderam estar bastante incomodados com a luz do computador.

A Figura 4 a seguir reúne os principais pontos negativos evidenciados durante a análise dos dados: Figura 4: Problemas Ergonômicos Encontrados. Fonte: Autores (2015) 5. Conclusões Dada à importância da ergonomia tanto no âmbito social quanto trabalhista, pois esta área aborda a importância da saúde relacionada com a qualidade no posto de trabalho, se faz necessário que o ambiente profissional esteja adequado ás condições ergonômicas adequadas, pois é fundamental garantir a saúde dos funcionários, assim como evitar potencias acidentes de trabalho. Todavia, o estabelecimento de um posto de trabalho com qualidade, assim como dentro dos padrões determinados por lei, refletirá diretamente no desempenho dos funcionários, assim como reduzirá eventuais riscos ergonômicos. Seguindo esta lógica de estudo, após examinar o ambiente em questão, pôde-se averiguar a presença de algumas não conformidades dentro desta sala de aula. Nesse sentido, segundo constatado através das medições do mobiliário, assim como através da consulta bibliográfica, tanto as cadeiras como as mesas do ambiente são impróprias para a atividade analisada, ou seja, o estudo em sala de aula. Segundo esta análise, esses móveis apresentam comprimentos incompatíveis com os recomendados. Desse modo, é aconselhável adequar as bancadas segundo os conceitos indicados pela literatura para possibilitar melhor conforto aos usuários desse posto de trabalho. Ao mesmo tempo, é recomendada a troca imediata das poltronas deste ambiente, pois elas não são adequadas a este tipo de atividade já que, além de apresentarem medidas inferiores às exigidas, elas não são ajustáveis ao usuário. Ao mesmo tempo, através da análise dos questionários respondidos, foi verificada a presença de potenciais riscos ergonômicos para os usuários desse local. Segundo foi constatado, o maior índice de reclamações quanto às condições de trabalho foram sobre dores relacionadas às atividades desenvolvidas diariamente. Tal dado ratifica a necessidade de

readequação dos postos de trabalho e troca imediata às poltronas, pois a maioria dos entrevistados relatou apresentar dores na coluna e nas costas, ou seja, há uma relação direta entre a dor apresentada pelos usuários do ambiente e o tipo de mobiliário utilizado por eles. Portanto, ao final deste estudo, foi possível constatar a real importância da ergonomia em um posto de trabalho, assim como a influencia de um ambiente não adequado ergonomicamente na saúde dos usuários. Nesse sentido, foi possível evidenciar a presença de riscos ergonômicos em um ambiente real, assim como tal estudo propiciou a criação de sugestões para reduzir esses riscos, assim como contribuir para a melhoria da saúde dos usuários desse ambiente. Referências ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia). <http://www.abergo.com.br>. Acessado em 16 de novembro de 2003. ARAUJO, C et al. Estudo de caso: Métodos de investigação em educação. Instituto de educação e psicologia, Universidade de Minho, 2008. Disponível em <http://grupo4te.com.sapo.pt/estudo_caso.pdf>. Acesso em 16 de mar, 2015. DANIELLOU, F. Apresentação à edição brasileira. In: DANIELLOU, F. (Coord.). A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos. 2ª edição rev. Ocupacional. UTP, 2000. GÜÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. LIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2004a. p. 8-10 e ampl,. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. SCHRUBER, J. Aula de ART II Módulo de Ergonomia. Curso de Terapia. WISNER, A. Por dentro do trabalho. São Paulo: Oboré/FTD, 1987. MÁSCULO, F.S. Ergonomia. Aula para o Curso de especialização em Engenharia de Produção. UFPB/CT/DEP. João Pessoa, 2003. MORAES, Ana de (Org.). Ergodesign de produto: agradabilidade, usabilidade, segurança e antropometria. Rio de Janeiro 2005. Pizo, C. A. et al. Análise ergonômica do trabalho do conhecimento gerado. Prod. v. 20, n. 4, p. 657-668, 2010 ANEXO A Questionário de Avaliação Ergonômica 1. Como você avalia as cadeiras em que você senta diariamente em sua sala de aula? ( )Muito desconfortável ( )Desconfortável ( ) Normal ( )Confortável ( )Muito confortável 2. Como você avalia a qualidade da sua postura quando sentado nas cadeiras da sua sala? ( )Muito Mal sentado ( )Mal sentado ( )Sentado normalmente ( )Bem sentado ( )Muito bem sentado

3. Você já sentiu algum tipo de dor relacionada às suas atividades em sala de aula? (Dor nas costas, nas mãos, nos pés, na coluna, etc.) ( )Sim ( )Não 3.1. (Só responda se sua resposta à questão anterior foi: SIM ) Em qual do seu corpo há maior incidência de dor relacionada com suas atividades em sala de aula? ( )Costas ( )Coluna ( )Mãos ( )Pés ( )Outros : 4. Em sua opinião, a temperatura da sua sala de aula interfere na sua produtividade diária? ( )Sim ( )Não 4.1. (Só responda se sua resposta à questão anterior foi: SIM ) Como você avalia a temperatura do ambiente em sua sala de aula? ( )Muito quente ( )Quente ( )Normal ( )Frio ( )Muito frio 5. Você sente dificuldades em enxergar as anotações no quadro magnético de sua sala? ( )Sim ( )Não 5.1. (Só responda se sua resposta à questão anterior foi: SIM ) Como você avalia a sua dificuldade em enxergar as anotações no quadro magnético de sua sala? ( )Não enxergo ( )Muita dificuldade para enxergar ( )Depende da fonte das anotações ( )Um pouco de dificuldade ( )Quase não tenho Dificuldade para enxergar 6. Como você avalia a iluminação do seu ambiente de estudo (sala de aula)? ( )Muito ruim ( )Ruim ( )Normal ( )Boa ( )Muito Boa 7. A luz da tela do seu computador lhe incomoda? ( )Sim ( )Não

7.1. (Só responda se sua resposta à questão anterior foi: SIM ) Como você avalia a iluminação da tela do seu computador? ( )Insuportável ( )Me incomoda muito ( )Me incomoda, mas é suportável ( )Me incomoda um pouco ( )suportável 8. A Acústica de sua sala de aula lhe incomoda quando você está estudando ou em aula? ( )Sim ( )Não 8.1. (Só responda se sua resposta à questão anterior foi: SIM ) Como você avalia esse incomodo? ( )Insuportável ( )Me incomoda muito ( )Me incomoda, mas é suportável ( )Me incomoda um pouco ( )suportável