O MERCADO RUSSO DE FRUTAS / 2008-2010



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Transcrição:

O MERCADO RUSSO DE FRUTAS 2008 2010

O MERCADO RUSSO DE FRUTAS / 2008-2010 APEX-BRASIL AGÊNCIA BRASILEIRA DE PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÕES E INVESTIMENTOS Maurício Antonio Rocha Borges Presidente da Apex-Brasil Gilberto Lima Coordenador da Unidade de Imagem e Acesso a Mercados Hanna Tatarchenko Welgacz Gestora de Mercado / Europa Supervisão: Yuri Alexandre Ribeiro Chefe do Centro de Negocios da Apex-Brasil em Moscou Apoio: Yulia Mikhaleva Assistente / Centro de Negócios de Moscow Autor: Almir Ribeiro Americo almir.americo@apexbrasil.com.br Setor de Inteligencia Comercial Centro de Negocios de Moscou Centro de Negócios da Apex-Brasil em Moscou 123317 Moscou, Russia - Presnenskaya Naberezhnaya, 10 - Block C - Office 456 Tel: +7 (495) 967-7901 / Fax: +7 (495) 967-7600 www.apexbrasil.com.br Fevereiro de 2011 Todos os direitos reservados Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte O Mercado Russo de Frutas 1

SUMÁRIO Introdução Pg. 3 Panorama da Economia Russa Pg. 4-5 O mercado russo de Frutas Pg. 5-13 Certificação e imposto Pg. 14 A fruta brasileira na Rússia Pg. 15-20 Estudo do mercado russo para frutas selecionadas o Maçã Pg. 21-29 o Banana Pg. 30-34 o Cítricos: Laranja e Tangerina Pg. 35-45 o Cítricos: Limão / Limão Siciliano Pg. 46-50 o Uva Pg. 51-58 o Melão Pg. 59-67 o Manga Pg. 68-73 o Abacaxi Pg. 74-79 Lista de Importadores russos Pg. 80-83 ANEXO I Frutas e respectivos países fornecedores ANEXO II Países fornecedores e respectivas frutas O Mercado Russo de Frutas 2

INTRODUÇÃO O presente estudo foi realizado pelo setor de Inteligência Comercial do Centro de Negócios da Apex-Brasil em Moscou. Sua elaboração surgiu da necessidade, detectada logo nos primeiros meses de funcionamento do CN-Moscou, de se prover aos exportadores brasileiros informações mais detalhadas e análises específicas sobre o comércio importador de frutas da Rússia. É um esforço que se somará às outras iniciativas voltadas à promoção das exportações de frutas brasileiras para a Rússia, notadamente aquelas ações no âmbito do Projeto Setorial Integrado empreendido em parceria entre a Apex-Brasil e o IBRAF Insstituto Brasileiro de Frutas. O estudo é baseado em dados do comércio exterior da Rússia, extraídos diretamente de banco de dados de registros alfandegários. Na Rússia, essas informações brutas são comercializadas por consultorias especializadas, de forma aberta e legal, proporcionando uma valiosa oportunidade de se conhecer a dinâmica real do comércio exterior do país. Dessa forma, são amplas as possibilidades de extração de informações estratégicas sobre o mercado importador da Rússia para quem tenha a capacidade de processamento e consolidação estatística desses registros alfandegários brutos, e esse é o caso do Centro de Negócios da Apex-Brasil em Moscou. O estudo permitirá conhecer a dimensão e a diversidade do comércio importador de frutas da Rússia, as espécies de frutas predominantes, suas sazonalidades e exportadores. Mostrará também os caminhos que a fruta brasileira tem percorrido até chegar ao país (em grande parte é re-exportada a partir de terceiros países), informações que permitirão incrementar o trabalho prospectivo que o CN-Moscou realiza na Rússia. De uma forma geral, o conhecimento do potencial e da dinâmica do mercado pode revelar oportunidades a serem trabalhadas pelos exportadores brasileiros, indicando caminhos mais promissores para a ação comercial da fruta brasileira na Rússia. O objetivo final, para a Apex-Brasil, é qualificar as ações de promoção comercial, visando maior eficácia dos esforços empreendidos para a ampliação das exportações brasileiras. (Moscou, 04-fev-2011) O Mercado Russo de Frutas 3

PANORAMA DA ECONOMIA RUSSA A Federação da Rússia é o maior país do mundo, com 17 milhões de km2. Em 2010, o país registrava população de 140,3 milhões de habitantes, com expectativa de vida de 62 anos para homens e 74 para as mulheres (dados da ONU). Segundo o Banco Mundial, em 2009 a renda per capita na Rússia foi de USD 9370. Até a eclosão da crise econômica mundial, a Rússia experimentou uma década de forte crescimento econômico, após ter superado a crônica crise econômica nos anos 90 do século passado, que se seguiu à desintegração da antiga URSS. O ponto culminante dessa crise foi o colapso econômico de 1998, com reflexos na economia mundial. Foram os vastos recursos naturais, sobretudo as receitas de exportação de petróleo e gás, o motor da recuperação econômica da Rússia a partir de 1998, durante os governos do então presidente (e atual primeiro-ministro) Vladimir Putin e seu sucessor, o atual presidente Dmitri Medvedev. Nesse período, o país cresceu a taxas próximas de 7% anuais, impulsionado pelas altas cotações internacionais do petróleo. Esse fator, associado a uma serena política fiscal e a uma forte demanda interna, posicionaram a Rússia entre as 10 maiores economias do mundo, com reservas que chegaram ao pico de USD 584,4 bilhões em agosto de 2008. Esse período de crescimento teve conseqüências na diminuição da taxa de desemprego (atingiu recordes de baixa em 5,4%), bem como no aumento dos salários e da renda da população. Então veio a crise financeira, no final de 2008, e afetou severamente a Rússia, derrubando os preços do petróleo e interditando o fluxos de capitais e de financiamento da economia. Foi de 7,9% a queda do PIB russo em 2009, um ano em que secou a liquidez doméstica e de queda radical na produção industrial e na demanda agregada. A intervenção do governo, com um pacote de estímulos equivalente a 7% do PIB, impediu um colapso da moeda, a falência de bancos e quebradeira de empresas. Essas medidas incluíram aumentos nos salários mínimo e do setor público, e mais benefícios nas pensões. A taxa de desemprego subiu menos do que se esperava, O Mercado Russo de Frutas 4

estando atualmente (fev-2011) em 6,7% da população economicamente ativa, segundo os dados oficiais. Ao final de 2010, a economia russa voltou a apresentar sinais de recuperação, após ligeiro esfriamento apresentado em meados do ano. O governo manteve sua previsão de crescimento da economia de 4,5% para 2010 (ainda a ser confirmado). Em nov-2010, a taxa anual acumulada de crescimento industrial foi de 6,7%. A inflação sofreu pressões de alta nos últimos meses de 2010, relacionadas ao aumento dos preços dos alimentos devido às secas que atingiram o país em meados do ano. A país encerrou 2010 com uma taxa de 8,8 % de inflação acumulada e um déficit orçamentário de 3,9% do PIB. Depois de forte desvalorização no início de 2009, o rublo lentamente voltou a se valorizar em relação ao dólar, e a desde o final de 2009 vêm mantendo-se na casa 30-31 rublos por dólar. Fonte: Banco da Rússia Os dados mais atuais do Banco da Rússia apontam um nível de reservas de USD 479,4 bilhões em fevereiro de 2011. O preço do barril de petróleo fechou o ano a USD 78,2 o barril, 28,9% acima da cotação do ano anterior. Além de petróleo e do gás natural, as principais exportações do país incluem madeira, metais, fertilizantes, produtos químicos, armas e equipamentos militares. O Mercado Russo de Frutas 5

O MERCADO RUSSO DE FRUTAS O ciclo de crescimento econômico que a Rússia apresentou nos anos recentes contribuiu para elevar a importância das frutas na dieta de sua população. Segundo dados do Comitê Estatal de Estatística (Rosstat), em 2009 o país registrou consumo de 56 kg de frutas per capita, valor que é 47% superior ao consumo no ano 2000, que foi de 38 kg/capita. Apesar do clima frio, a Rússia é um grande produtor de frutas. Segundo o Rosstat, em 2009 a produção foi de 2,2 milhões de toneladas. Já em 2010, embora os dados do Rosstat ainda não estejam disponíveis, sabe-se que produção de frutas na Rússia teve uma queda considerável devido a fatores climáticos, como geadas extemporâneas na região sul e as extraordinárias ondas de calor que atingiram as regiões centrais do país e infestaram a Rússia de incêndios em meados do ano. Ainda não se tem um dado oficial da quebra da produção dos pomares, mas a imprensa divulgou a opinião de especialistas estimando queda de até 20% do total. Outro fator que contribui para a retração é a descontinuidade, por parte do Governo russo, de subsídios para a modernização da horti e fruticultura, que diminuiu o ritmo de replantação dos pomares antigos. Os principais tipos de frutas produzidos na Rùssia são maçãs, peras, uvas e frutas dos tipos berries e stone-fruit. Parte significativa dessas frutas são produzidas em propriedades não intensivas, geralmente para consumo próprio e realização dos excedentes em mercados locais. Há estimativas de que somente 10% dos pomares utilizam técnicas de produção intensivas modernas. As únicas frutas que são produzidas em larga escala e que escoam em canais mais amplos de distribuição comercial são a maçã e, em menor escala, a uva e a pêra. A Rússia depende dos fornecimentos do exterior para abastecer seu forte mercado interno. Segundo estimativas da USDA, em 2009 o país foi o terceiro maior mercado mundial para as frutas em termos de valor, com as importações ocupando significativa parte desse mercado. Em se Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base em dados alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 6

comparando os dados oficiais de produção de frutas na Rússia em 2009, com os dados alfandegários consolidados pelo CN-Moscou, conclui-se que nesse ano as importações responderam por mais de 70% de toda as frutas consumidas no país. Mesmo antes de dispor dos dados oficiais, é possível estimar que essa participação da fruta importada aumente mais ainda no ano de 2010, pois, além das causas de diminuição da produção russa anteriormente apontadas, os dados alfandegários coletados até o mês de outubro já indicam volumes médios mensais de importações superiores aos anos anteriores. Mesmo durante os períodos mais críticos da crise econômica, os volumes das importações russas de frutas mantiveram-se em altos patamares. Os dados mostram que o impacto da crise nesse mercado foi bastante inferior ao registrado em outros setores da economia russa. Em 2009, ano central da crise, as importações de frutas registraram uma queda inferior a 1% do volume do ano anterior. Em 2010, as importações já voltaram a apresentar crescimento: segundo as elaborações do CN-Moscou, nos dez primeiros meses de 2010, a média mensal das importações russas de frutas apresentou crescimento de 1,63% quando comparadas com o ano anterior e é ligeiramente superior mesmo ao valor médio mensal registrado em 2008, o que é um indício de recuperação do mercado. O Mercado Russo de Frutas 7

Analisando de outra forma, os volumes de frutas importados não sofreram grandes impactos mesmo durante o período de forte valorização do dólar que ocorreu no segundo semestre de 2008 (vide gráfico), período de eclosão da crise internacional. Fonte: Banco da Rússia. Os preços médios das frutas importadas pela Rússia também não acompanharam a volatilidade apresentada pela cotação do rublo no período de crise: Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos dados alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 8

Passado os momentos mais tensos da crise, a partir de meados de 2009 a Rússia entrou num período de maior previsibilidade cambial, com a cotação do dólar oscilando em torno de 30-31 rublos. Essa estabilidade tem proporcionado uma lenta recuperação dos preços, de tal forma que em 2010, até outubro, o valor médio mensal das importações (USD per TON) apresentou aumento médio superior a 10% em relação aos preços de importação de 2009, o que é um indício de recuperação da capacidade de compra do mercado russo. Logo, com a superação gradativa dos efeitos recessivos da crise econômica mundial, a análise da trajetória recente do mercado russo importador de frutas indica sinais consistentes de recuperação e prenuncia a retomada de sua trajetória ascendente, interrompida pela crise. O principal importador do mercado russo, ZAO Group JFC, ao fazer suas projeções para o ano de 2015, estimou que a Rússia estará importando um volume 6500-6700 toneladas de frutas por ano, ou seja, prevê um crescimento médio anual superior a 4% para os próximos 5 anos. A COMPOSIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES No que diz respeito à preferência dos russos quanto às variedades de frutas, pode-se concluir que elas não tem variado substancialmente ao longo dos últimos anos. A média das importações de 2008 a 2010 revela que as frutas mais importadas são: maçã, banana, cítricos (laranja, tangerina, limões), uva e pêra, conforme a distribuição a seguir: O Mercado Russo de Frutas 9

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos dados alfandegários da Federação da Rússia O dados de 2010 alcançam somente até o mês de outubro, por essa razão o consumo de tangerina nesse ano está subestimado, já que a tangerina é a fruta mais consumida nos feriados de fim-de-ano na Rússia e seu desembarque aumenta consideravelmente nos últimos meses do ano. Feita essa correção, o que se pode concluir é que o hábito de consumo de frutas importadas na Rússia está bastante estabilizado quanto à distribuição das principais variedades importadas. Dessas frutas principais, somente maçã possui produção doméstica que poderia causar impacto nos volumes importados. De resto, o que se pode esperar é que esse padrão de preferência se mantenha sem grandes variações ao longo do tempo. O anexo I deste relatório traz a lista completa das frutas importadas desde 2008, ordenadas pela performance em 2010 (jan-out), com a indicação das parcelas de mercado de cada país exportador, bem como do produtor das frutas importadas em 2010. O Mercado Russo de Frutas 10

No que diz respeito à origem da fruta exportada para a Rússia, optou-se por fazer o ranking com base nos países produtores, em vez de listar o exportador final. Tal ranking permite conhecer a real diversificação de origem das frutas que os russos importam: O Mercado Russo de Frutas 11

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos dados alfandegários da Federação da Rússia Alguns países se destacam no comércio com a Rússia por serem grandes entrepostos ou pontos de re-exportação de frutas de terceiros países, entre os tais está a Lituânia. Essa ex-república soviética da região Báltica exportou para a Rússia mais de 180 mil toneladas de frutas em 2010, quase a totalidade oriunda O Mercado Russo de Frutas 12

de terceiros países. Ocorre que muitas empresas russas e internacionais abriram subsidiárias na Lituânia, outras hospedaram suas bases operacionais nesse país, devido a vantagens logísticas naturais. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos dados alfandegários da Federação da Rússia Quanto às frutas originárias de ex-repúblicas soviéticas, como Uzbequistão, Azerbaijão, Cazaquistão, Moldávia, Ucrânia, Tajiquistão e Kirguistão, elas continuam populares entre os russos, e seus canais de fornecimento permanecem ativados. São tradicionais as remessas de melancias, melões, uvas e outras frutas durante suas temporadas. Entretanto, durante o ano de 2010, a participação dos fornecedores de frutas da Ásia Central reduziu-se bastante em relação aos anos anteriores, devido a fatores climáticos que comprometeram a produtividade dos pomares na região. O Mercado Russo de Frutas 13

CERTIFICAÇÃO E IMPOSTO Em dezembro de 2009 foi celebrado o acordo de união alfandegária entre Rússia, Belorússia e Cazaquistão, que entrou em vigor em julho de 2010. O novo código alfandegário unificado já criou alguns novos procedimentos para o funcionamento das fronteiras russo-belarussa e russo-cazaque, mas, no que diz respeito às regras e requerimentos para a importação de frutas frescas para a Rússia, nenhuma mudança foi implementada até o momento. Para a liberação da carga, o importador deve obter um certificado fitosanitário emitido pelo Rosselkhoznadzor (Serviço Federal de Inspeção Veterinária e Fitosanitária da Rússia), que é baseado no certificado fitosanitário da respectiva autoridade do país exportador (no caso do Brasil, é o Certificado Sanitário emitido pelo MAPA). Outros documentos necessários incluem uma permissão de importação emitida pelo Rosselkhoznadzor, além daqueles referentes à transação comercial (contrato, invoice com packing list, B/L). Os lotes de frutas importadas deverão ser inspecionados pelo especialista do Rosselkhoznadzor, que emitirá o certificado fitosanitário. Após esses procedimentos, para que seja possível liberar as cargas de frutas na Alfândega, o importador deverá pagar os impostos de importação e o VAT (equivalente ao ICMS). A alíquota do imposto de importação para a maioria das frutas é de 10% sobre o valor alfandegário, e mais 18% do VAT. Alguns países desfrutam do status de "nação mais favorecida", o que lhes concede 25% de redução nas tarifas de certos tipos de frutas, durante períodos em que não competem com a produção local. Algumas frutas têm o seu imposto de importação calculados pelo peso, como é o caso da maçã e dos cítricos. Para a maçã, que é a fruta mais importada e também uma das poucas em que a produção local disputa mercado com o produto estrangeiro, o regime atual de taxação da importação é o seguinte: de janeiro a julho = 0,1 euro/kg; de julho a dezembro = 0,2 euro/kg - e mais 18% de VAT. O Mercado Russo de Frutas 14

A FRUTA BRASILEIRA NA RÚSSIA Segundo comparações realizadas pela USDA, em 2009 a Rússia foi o terceiro mercado mundial de frutas, tendo importado mais de 70% do total consumido. Por outro lado, dados da FAO comparando a produção mundial de frutas em 2009, apontam o Brasil como terceiro maior produtor, atrás somente de China e Índia. Apesar desse imenso potencial, o comércio de frutas entre Brasil e Rússia é pouco expressivo. No período recente, de 2008 a 2010, o volume de exportações tem sido declinante: 21,1 mil ton em 2008; 13,8 mil ton em 2009; e 11,8 nos dez primeiros meses de 2010. Com esses registros, o Brasil ocupou somente a 32 a posição no ranking dos países produtores das frutas importadas pela Rússia. Outro aspecto desses fornecimentos de frutas brasileiras para a Rússia é que predominam as exportações indiretas, a partir de entrepostos fruteiros como Holanda e Bélgica, bem como países como a Lituânia, que tem aumentado seu papel como polo logístico dos importadores russos de frutas. O quadro das páginas seguintes lista as frutas brasileiras que foram mais importadas pela Rússia, e os países que intermediaram esses fornecimentos no período de 2008 a outubro de 2010: O Mercado Russo de Frutas 15

As frutas de origem brasileira mais importadas pela Rússia FRUTA ( TON ) 2008 2009 2010 Exportador Final da Fruta Brasileira ( TON ) Exportador Final da Fruta Brasileira ( TON ) Exportador Final da Fruta Brasileira MANGA 4.362 HOLANDA (2366 TON) LITUÂNIA (1257 TON) BÉLGICA (530 TON) OUTROS (175 TON) BRASIL (33 TON) 3.210 HOLANDA (1401 TON) LITUÂNIA (1155 TON) BÉLGICA (564 TON) POLÔNIA (75 TON) OUTROS (14 TON) 3.659 LITUÂNIA (1988 TON) HOLANDA (1090 TON) BÉLGICA (232 TON) POLÔNIA (195 TON) ALEMANHA (107 TON) BRASIL (44 TON) OUTROS (3 TON) MAÇÃ 2.682 BRASIL (2203 TON) HOLANDA (207 TON) LITUÂNIA (187 TON) OUTROS (85 TON) 1.845 BRASIL (1243 TON) LITUÂNIA (369 TON) HOLANDA (108 TON) BÉLGICA (103 TON) ALEMANHA (21 TON) 3.355 BRASIL (3217 TON) LITUÂNIA (120 TON) FRANÇA (18 TON) LIMÃO 1.668 HOLANDA (694 TON) LITUÂNIA (565 TON) BRASIL (227 TON) BÉLGICA (128 TON) OUTROS (54 TON) 1.650 HOLANDA (716 TON) LITUÂNIA (693 TON) BÉLGICA (219 TON) OUTROS (22 TON) 1.883 LITUÂNIA (1339 TON) HOLANDA (395 TON) BÉLGICA (115 TON) OUTROS (34 TON) CASTANHA DE CAJU 781 BRASIL (749 TON) OUTROS (32 TON) 577 BRASIL (466 TON) FINLÂNDIA (79 TON) OUTROS (32 TON) 867 BRASIL (824 TON) OUTROS (43 TON) MELÃO 2.045 HOLANDA (968 TON) LITUÂNIA (821 TON) BÉLGICA (172 TON) OUTROS (84 TON) 1.275 LITUÂNIA (671 TON) HOLANDA (440 TON) BÉLGICA (128 TON) OUTROS (36 TON) 661 LITUÂNIA (409 TON) HOLANDA (199 TON) BÉLGICA (28 TON) OUTROS (25 TON) MELANCIA 594 HOLANDA (241 TON) LITUÂNIA (235 TON) BÉLGICA (93 TON) OUTROS (27 TON) 615 LITUÂNIA (309 TON) HOLANDA (232 TON) BÉLGICA (71 TON) OUTROS (3 TON) 233 LITUÂNIA (121 TON) HOLANDA (72 TON) OUTROS (40 TON) LARANJA 3.113 BRASIL (3048 TON) HOLANDA (40 TON) OUTROS (25 TON) 1.678 BRASIL (1459 TON) HOLANDA (208 TON) OUTROS (11 TON) 178 BRASIL (149 TON) OUTROS (29 TON) CASTANHA DO PARÁ 32 BRASIL (32 TON) 52 BRASIL (48 TON) OUTROS (4 TON) 177 BRASIL (177 TON) BANANA 0 0 166 BRASIL (152 TON) LITUÂNIA (14 TON) O Mercado Russo de Frutas 16

FRUTA ( TON ) 2008 2009 2010 Exportador Final da Fruta Brasileira ( TON ) Exportador Final da Fruta Brasileira ( TON ) Exportador Final da Fruta Brasileira PAPAYA 239 HOLANDA (93 TON) LITUÂNIA (80 TON) BÉLGICA (61 TON) OUTROS (5 TON) 180 LITUÂNIA (85 TON) BÉLGICA (53 TON) HOLANDA (41 TON) OUTROS (1 TON) 128 LITUÂNIA (98 TON) HOLANDA (21 TON) BÉLGICA (8 TON) OUTROS (1 TON) ABACAXI 1.605 HOLANDA (983 TON) LITUÂNIA (368 TON) BÉLGICA (231 TON) OUTROS (23 TON) 1.131 HOLANDA (542 TON) LITUÂNIA (292 TON) BÉLGICA (220 TON) OUTROS (77 TON) 101 LITUÂNIA (47 TON) HOLANDA (37 TON) OUTROS (17 TON) UVA 2.060 HOLANDA (909 TON) BRASIL (761 TON) LITUÂNIA (278 TON) BÉLGICA (82 TON) OUTROS (30 TON) 600 HOLANDA (299 TON) LITUÂNIA (165 TON) BRASIL (77 TON) BÉLGICA (31 TON) OUTROS (28 TON) 93 LITUÂNIA (51 TON) BRASIL (33 TON) HOLANDA (3 TON) BÉLGICA (2 TON) OUTROS (4 TON) CAQUI 96 LITUÂNIA (40 TON) HOLANDA (40 TON) BÉLGICA (15 TON) OUTROS (1 TON) 58 LITUÂNIA (28 TON) HOLANDA (20 TON) BÉLGICA (10 TON) 89 LITUÂNIA (50 TON) HOLANDA (34 TON) BÉLGICA (4 TON) OUTROS (1 TON) ABACATE 51 LITUÂNIA (21 TON) HOLANDA (20 TON) BÉLGICA (7 TON) OUTROS (3 TON) 42 LITUÂNIA (18 TON) HOLANDA (11 TON) BÉLGICA (11 TON) OUTROS (2 TON) 87 LITUÂNIA (84 TON) OUTROS (3 TON) FIGO 54 LITUÂNIA (30 TON) HOLANDA (20 TON) BÉLGICA (3 TON) OUTROS (1 TON) 26 LITUÂNIA (18 TON) HOLANDA (6 TON) BÉLGICA (2 TON) 27 LITUÂNIA (19 TON) HOLANDA (6 TON) OUTROS (2 TON) TANGERINA 1.056 BRASIL (1011 TON) LITUÂNIA (41 TON) HOLANDA (4 TON) 125 BRASIL (120 TON) HOLANDA (5 TON) 14 LITUÂNIA (14 TON) LIMÃO SICILIANO OUTRAS FRUTAS TOTAL: 541 BRASIL (500 TON) HOLANDA (30 TON) LITUÂNIA (8 TON) LETÔNIA (3 TON) 661 BRASIL (653 TON) LITUÂNIA (6 TON) OUTROS (2 TON) 142 95 30 21.121 13.819 11.761 12 LITUÂNIA (12 TON) Elaborado pelo CN da Apex-Brasil em Moscou, com base em dados alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 17

Ao se observar os caminhos dos fornecimentos de frutas brasileiras para a Rússia, torna-se mais adequado falar de "importações russas de frutas brasileiras" do que "exportações brasileiras de frutas para a Rússia", pois fica evidente que, nesse comércio, predomina a inciativa compradora dos russos, favorecida pela ação de países intermediários. Tendo em vista esse quadro, durante a última feira Moscow World Food 2010, a equipe do Setor de Inteligência Comercial da Apex-Brasil em Moscou sondou os grandes importadores russos presentes ao evento sobre quais tipos de frutas eles teriam interesse em importar diretamente do Brasil. A resposta predominante foi: maçã e cítricos. Quanto à maçã, trata-se da fruta mais consumida, mais produzida e mais importada pela Rússia, que a adquire praticamente em todos os cantos do mundo, inclusive o Brasil, que exportou mais de 3 mil toneladas em 2010 (até outubro), de forma direta, o que é uma performance excepcional comparada ao desempenho do Brasil em tantas outras frutas. Nos cítricos repousa um grande potencial a ser explorado pelo exportador brasileiro. A Rússia não produz frutas cítricas e todo o consumo é abastecido pelo produto importado, em sua grande maioria por fornecedores de fora da Europa. Como pode ser visto no capítulo dedicado aos cítricos, além da Turquia e de países do Norte da África (Egito, Marrocos), países do hemisfério sul, como África do Sul, tem uma performance forte na exportação de laranjas, e a Argentina exporta tangerinas. Já as exportações brasileiras de laranja e tangerina foi declinante no período deste estudo, mas são frutas comercializadas de forma direta entre os dois países, o que é um dado favorável. Tendo ciência de que a manga e o melão estavam no topo do ranking das frutas brasileiras mais importadas pela Rússia, ao indagar exportadores sobre essas frutas, a reposta predominante é de que não tinham planos de fazê-lo, pois seus fluxos atuais de distribuição não justificavam a importação de containers inteiros dessas frutas. Vamos, pois, investigar a freqüência e o peso médio das remessas das principais frutas brasileiras importadas pela Rússia: O Mercado Russo de Frutas 18

Importações russas de frutas brasileiras (de jan/08 a out/10) * (considera todas as frutas brasileiras exportadas, direta ou indiretamente) Análise das remessas: quantidade / peso médio em Kg FRUTA Peso Total ( Kg ) Quantidade de Remessas Peso médio (Kg) por remessa 1 MANGA 11.230.142 12.782 879 2 MAÇÃ 7.882.905 336 23.461 3 LIMÃO 5.200.765 9.368 555 4 LARANJA 4.969.080 117 42.471 5 MELÃO 3.980.727 6.479 614 6 ABACAXI 2.836.935 1.586 1.789 7 UVA 2.752.986 1.008 2.731 8 CASTANHA DE CAJU 2.225.637 123 18.095 9 MELANCIA 1.441.877 1.806 798 10 LIMÃO SICILIANO 1.213.596 61 19.895 11 TANGERINA 1.195.333 49 24.395 12 PAPAYA 547.496 6.494 84 13 CASTANHA DO PARÁ 261.064 18 14.504 14 CAQUI 242.876 899 270 15 ABACATE 180.062 725 248 16 BANANA 165.996 8 20.750 17 FIGO 106.840 3.419 31 18 GOIABA 41.968 753 56 19 KIWI 41.920 65 645 20 POMELO 36.059 17 2.121 21 CÔCO 32.567 114 286 22 PÊSSEGO 20.668 11 1.879 OUTRAS 93.794 Elaborado pelo CN da Apex-Brasil em Moscou, com base em dados alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 19

Essa tabela revela as características das remessas nas importações russas das principais frutas brasileiras. Trata-se de um ensaio estatístico, feito com base nas declarações alfandegárias registradas ao longo do período de janeiro de 2008 a outubro de 2010. Cada declaração alfandegária corresponde a uma remessa, dessa forma pode-se conhecer a frequência das importações e os volumes médios praticados para cada fruta. Ou seja, é possível identificar quais frutas foram importadas em lotes grandes, compatíveis com a carga de um container, ou quais são aquelas cujas remessas adentram o território da Rússia de forma mais fracionada, geralmente como parte de um mix de frutas transportadas num mesmo container ou por outra via, como a aérea. No caso da manga, fruta brasileira mais importada pela Rússia no período de abrangência deste estudo, foram 12,7 mil declarações de importação, com peso médio de cada remessa de 879 kg. Essa configuração revela um certo limite que os importadores têm para a distribuição dessa fruta no mercado russo em quantidades mais expressivas, que justificasse, por exemplo, mais importações diretas em vez das atuais remessas fragmentadas, realizadas a partir de fornecedores intermediários como Holanda, Bélgica e outros. Há que se enfatizar que essas conclusões são extraídas de num ensaio estatístico, baseado nas remessas de manga brasileira que chegou ao mercado russo no período de 2008 a outubro de 2010, mas obviamente que média estatística não exclui a ocorrência de remessas mais volumosas. Tanto que, de fato, entre as 12,7 mi remessas citadas foram registradas 102 delas (ou 0,8%) com carga superior a 10 toneladas. O melão é outra fruta brasileira cujas remessas se comportam no mercado russo de forma similar à manga. No período de 2008 a 2010 (até outubro), o total das remessas foi de 6,5 mil, com peso médio de 614 kg. Apenas 3% dessas remessas registraram peso superior a 10 ton. As remessas de limão são ainda mais fragmentadas que as de melão, com peso médio de 555 kg, calculado sobre as mais de 9368 registros de importação russa dessa fruta brasileira. Por outro lado, a tabela revela as frutas brasileiras que tiveram suas importações realizadas em remessas mais volumosas, com pesos mais próximos ao do volume de um container. Essas frutas são a maçã, a banana, a laranja, a tangerina e o limão siciliano. Não por acaso, são quase todas frutas líderes nas importações gerais da Rússia, o que explica a escala maior de suas remessas. Essa configuração favorece a prática de importações diretamente a partir dos países produtores, em vez da compra fracionada em países intermediários. O Mercado Russo de Frutas 20

O MERCADO RUSSO DA MAÇÃ A maçã é a fruta mais consumida na Rússia. De acordo com o Comitê Estatal de Estatística - Rosstat, em 2009 o consumo de maçã foi de 10,3 kg per capita. Além de ser a fruta mais importada, a maçã é também a fruta de maior produção no país. Segundo o Rosstat, em 2009 o cultivo da fruta respondeu por 44% de toda a fruticultura russa. A maçã é uma das poucas frutas que é plantada em larga escala na Rússia também para destinação comercial, num país em que a maioria das frutas são plantadas em pequenas escala, para consumação local e venda de excedentes no comércio próximo. As principais centros produtores de maçã na Rússia são os distritos econômicos Sul e Central, que respondem por mais de 85% do produto comercializável Os dados do Rosstat apontam para uma produção superior a 1,2 milhão de toneladas de maçãs em 2009. Mas 2010 foi um ano difícil para a fruticultura russa, em razão da perda de parte significativa das lavouras devido às secas e incêndios que assolaram o país no final do verão. Especialistas estimam que a produção de maçãs e pêras pode declinar em até 20% devido a razões climáticas. Os distribuidores classificam a maçã russa como de pequenas e de baixa qualidade, e seu fornecimento é muito irregular para os padrões de abastecimento das redes varejistas. Outra característica é a brevidade da validade da fruta nas prateleiras, razão pela qual a maçã russa permanece no mercado somente até o mês de dezembro. As principais espécies de maçãs cultivadas na Rússia são: Golden Delicious, Red Chief, Semerenka (variedade russa, verde e azeda), Granny Smith, Ida Red, and Gala. Há estimativas de que somente 10% da fruticultura russa aplica técnicas modernas de produção intensiva. A produtividade média é baixa, mesmo para as frutas que encontram condições climáticas favoráveis, como é o caso da maçã. Além disso, há uma carência de estruturas de armazenagem e uma falta de investimento na embalagem das frutas. Em parte, esses problemas explicam o grande mercado para o produto importado, em geral de melhor qualidade. AS IMPORTAÇÕES DE MAÇÃ A Rússia importa maçã em grandes quantidades. Segundo os dados obtidos dos registros alfandegários russos pelo CN-Moscou, em 2008 foram importadas 1,06 milhão de toneladas dessa fruta; em 2009, 1,11 milhão ton e em 2010, até o mês de outubro, já se registram importações superiores a 971 mil toneladas. A Polônia é de longe o maior fornecedor, conforme pode ser observado na tabela a seguir: O Mercado Russo de Frutas 21

É possível notar que as origens das importações russas de maçã são bastante diversificadas. Se, por um lado, predominam fornecedores europeus, por óbvias razões logísticas, por outro lado países como Argentina e Chile conquistaram fortes posições no mercado devido às sazonalidades da fruta, o que é um indício de oportunidades potenciais também para o exportador brasileiro. As exportações brasileiras de maçã para a Rússia são ainda pouco expressivas (veja tabela ao lado), mas os dados recentes mostram que o volume total exportado tem aumentado. As exportações diretas predominaram em 2010 (jan-out), ao passo que, no ano anterior, quase metade da maçã brasileira chegou à Rússia via exportações de terceiros países. A análise dos registros alfandegários permite estimar o freqüência e o peso médio das remessas das frutas importadas pela Rússia, revelando os padrões de distribuição de cada fruta no país. No caso da maçã, a importação é caracterizada O Mercado Russo de Frutas 22

por remessas em grandes lotes. Para que se tenha idéia, o peso médio das mais de 20 mil remessas de maçã que a Polônia exportou no período de 2008 a 2010 é de 21,5 tons. As remessas dos demais principais países fornecedores também são caracterizadas por elevado pesos médios, conforme se pode observar: Em se levando em conta os países de origem do produto, em vez da origem das exportações, podemos compreender a participação de cada país produtor, informações que nas estatísticas normais de exportação ficam mascaradas pela ação dos países que figuram como entrepostos logísticos para as exportações internacionais de frutas (no caso da Rússia, a Lituânia, além de Holanda e Bélgica): O Mercado Russo de Frutas 23

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia A SAZONALIDADE DAS IMPORTAÇÕES DE MAÇÃ A maçã, junto com a pêra, são as únicas frutas da Rússia que são produzidas em escala comercial e podem competir com o produto importado. Por essa razão, quando se projetam as quantidades de maçã importadas pela Rússia mês a mês, é possível se investigar a sazonalidade desse negócio, que certamente resulta da concorrência com o produto nacional no mesmo mercado: O Mercado Russo de Frutas 24

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia. Ao se analisar o gráfico anterior, é preciso se levar em conta que as estatísticas foram elaboradas com base nos registros alfandegários da Rússia, ou seja, apontando para a data de chegada da mercadoria ao país. É possível notar padrões de sazonalidade muito bem definidos, em que a chegada da fruta importada ao mercado decresce com a proximidade das estações quentes, quando enfrentará a concorrência do produto doméstico (colheitas de julho a setembro), voltando gradativamente a crescer a partir do outono. A seguir, projetam-se os gráficos dos totais mensais (em toneladas) de maçã importadas da Polônia, China, Moldávia e Azerbaijão. É importante notar que esses gráficos foram extraídos dos registros alfandegários russos, logo as datas referem-se ao mês de chegada da maçã ao mercado (data do desembaraço alfandegário). O Mercado Russo de Frutas 25

Já as exportações de Argentina e Chile (gráficos a seguir), revelam padrões de sazonalidade idênticos entre si. Os desembarques da maçã exportada por esses países ocorrem entre março e julho. A maçã do hemisfério sul chega à Rússia quando começam a decrescer as massivas remessas da fruta de origem européia, e encerram seu fornecimento com a chegada ao mercado da maça russo da maça de produção doméstica. Essa janela sazonal fica perfeitamente determinada na projeção dos desembarques anuais das maçãs de origem argentina e chilena. É um dado do mercado que se aplica também às exportações brasileiras de maçã, e O Mercado Russo de Frutas 26

que se revela como uma oportunidade também ao exportador brasileiro, pois é possível constatar grandes compatibilidades dessa sazonalidade da importação russa com o tempo de colheita da maçã produzida em Santa Catarina. OS NÍVEIS DE PREÇO Embora a Rússia seja grande produtora de maçãs, a formação de preços do produto importado depende mais da concorrência entre os diversos fornecedores internacionais do que com o produto nacional, de qualidade inferior. A maçã russa é geralmente de tamanho pequeno e possui cores inconsistentes, classificada no varejo como de segunda ou terceira categoria. Boa parte da colheita traz frutas danificadas, que só podem ser aproveitadas para a produção de suco concentrado. Apesar da diferença de qualidade do produto russo em relação ao importado, não é raro se ouvir queixas de produtores domésticos contra a crescente competição com Polônia, Moldávia e outras ex-repúblicas soviéticas, que oferecem preço baixo e melhor qualidade. Queixam-se sobretudo da concorrência com os poloneses, argumentando que estes recebem apoio governamental, como créditos subsidiados e seguro para a quebra de colheita. O ensaio estatístico abaixo foi realizado com base nos preços declarados nos registros alfandegários de importação no período de 2008-2010, optando-se por O Mercado Russo de Frutas 27

agrupar as frutas de acordo com o seu país de origem, o produtor, em vez de fazê-lo pelo país exportador: Preço médio anual de importação de maçãs, de acordo com a origem Período: 2008 a 2010 (até out), em USD por TON Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia. Muito embora os números acima constituam uma rigorosa consolidação estatística de todos os registros alfandegários do período de 2008-2010 (até outubro), eles devem ser interpretados com um certo grau de reserva, devido à fama de pouca ortodoxia na relações dos importadores russos com as formalidades alfandegárias. Algumas empresas russas operam subsidiárias no exterior e intermediam suas importações de forma ajustada às suas conveniências contábeis. Mas, tomadas como um todo, essa estatística é um bom indicador das tendências, além de ser um privilegiado comparativo dos preços da frutas de acordo com suas variadas origens internacionais. O Mercado Russo de Frutas 28

Nesse triênio analisado, a Polônia isoladamente respondeu por um quarto do volume total de maçãs exportadas para a Rússia. Se considerarmos a China e a Moldávia, já teremos mais da metade do mercado abastecido. E se acrescentarmos mais o Azerbaijão e a Ucrânia, já teremos 65% do mercado abastecido. São esses os fornecedores que ditam os preços dos produtos exportados para a Rússia, por possuírem vantagens logísticas devido às suas relativas proximidades com o destino das importações, as facilidades de transporte e a margem maior de prazo para operar. Ao se analisar esses gráficos, fica mais do que evidente as razões de a exportações de frutas do hemisfério sul (veja acima, gráficos da Argentina e Chile) se restringirem a uma janela de sazonalidade muito bem delimitada, que é exatamente o período de entresafra no hemisfério norte. Do contrário, seria impossível concorrer com os preços e as facilidades logísticas proporcionados pela diversificada gama de fornecedores de maçãs do hemisfério norte. O CONSUMIDOR Os consumidores russos têm preferência pelas frutas de tamanho maior. Esse é um dos critérios de escolha, além do preço, da aparência e da integridade da fruta. Geralmente não se dá muita atenção a fatores como produção orgânica ou práticas ecologicamente responsáveis. Apesar da diversificação da oferta, os consumidores urbanos ainda não distinguem as variedades de espécies de frutas. Essa característica não raro leva os varejistas a oferecerem diferentes espécies a um mesmo preço. Como exemplo desse fato, em janeiro de 2011 a seção de frutas de um supermercado Perekryostok, o mais popular de Moscou, oferecia quatro diferentes espécies de maçãs importadas dos EUA ao preço de 89 rublos o kg (pouco menos de 3 dólares), conforme as ilustrações ao lado. O Mercado Russo de Frutas 29

O MERCADO RUSSO DE BANANA A banana é uma das frutas preferidas dos russos. De acordo com o Rosstat, o consumo per capita da fruta em 2009 foi de 5,6 kg por habitante, atrás somente das maçãs e dos cítricos. A banana não é cultivada na Rússia e é a segunda fruta mais importada, após a maçã. Segundo os registros alfandegários russos, em 2008 foram importadas 982.190 ton dessa fruta; em 2009, 973.096 ton e em 2010, até o mês de outubro, as importações já alcançaram o total de 865.449 ton. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Como se pode constatar, o Equador é de longe o maior fornecedor de bananas para a Rússia, respondendo por mais de 91% do total importado. Esse valor é tão expressivo, que o torna esse país o maior exportador geral de frutas para a Rússia tanto em valor, quanto em quantidade (tons). Para que se tenha uma idéia, os volumes anuais de banana fornecidos para a Rússia pelo Equador são superiores a O Mercado Russo de Frutas 30

todas as exportações brasileiras anuais de frutas frescas, tanto em peso quanto em valor. Segundo dados da Secex, em 2009 o Brasil exportou 780 mil toneladas de frutas frescas, num valor total de USD 559,5 milhões. As exportações equartorianas de banana para a Rússia nesse ano superaram as 903 mil toneladas, perfazendo USD 578,6 milhões. A DISTRIBUIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES AO LONGO DO ANO O fluxo das importações russas de bananas é intenso ao longo do ano, não existindo mês em que o volume médio de importações seja inferior a 60 mil toneladas. No entanto, as importações são mais intensas ao longo do primeiro semestre, e diminuem a partir de junho-julho, quando surge no mercado russo opções de frutas baratas de produção domésticas ou importadas das repúblicas da Ásia Central. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia A tabela a seguir permite estimar o fluxo de remessa das bananas pelos principais países exportadores. Trata-se da média dos volumes declarados na Alfândega a cada operação de importação.mais de 98% da banana importada chega à Rússia por transporte marítimo e, no caso do Equador e da Costa Rica, os volumes médios das remessas são extraordinariamente elevados. O Mercado Russo de Frutas 31

A liderança do Equador como fornecedor de bananas para a Rússia é tão consolidada, que grandes empresas russas mantém escritórios comerciais ou mesmo bases produtivas no país. O maior importador de frutas da Rússia, a ZAO Group JFC, produz bananas no Equador desde 2005, tendo já adquirido mais de 2000 hectares de plantações nesse país sul-americano. As importações de banana são o principal negócio da JFC e o Equador tornou-se seu principal fornecedor. A JFC também adquiriu plantações de banana na Costa Rica. A JFC atua em todas os níveis do negócio: produz a banana no Equador e na Costa Rica; transporta o produto para a Rússia através de frota própria de navios e, na Rússia, comercializa o produto por meio de estruturas próprias de armazenagem, transporte e distribuição em várias regiões do país. Tal especialização das empresas russas no negócio da banana contribuiu para tornar essa fruta um produto de consumo de massa, que se dá ao longo do ano todo. No caso do Brasil, as remessas de banana para a Rússia foram pouco expressivas, mas em sua maioria ocorreram através de exportações diretas, sem a participação de países intermediários: O Mercado Russo de Frutas 32

OS NÍVEIS DE PREÇO Quanto aos preços médios praticados pelo mercado russo ao longo do período pesquisado, é de se observar uma estabilidade impressionante, em torno de USD 650 por tonelada. A avassaladora predominância do Equador como grande fornecedor de banana para a Rússia (mais de 91% no período!), bem como o fato de empresas russas controlarem as duas pontas do negócio, contribui para o nivelamento dos preços. Certamente contribui para essa configuração o fato de mais de 90% da banana importada pela Rússia ser procedente do Equador, país com economia totalmente dolarizada desde o ano 2000. Logo, as expressivas desvalorizações da moeda americana desde o final de 2008 não tiveram impacto nos preços da banana comprada do Equador. O Mercado Russo de Frutas 33

Há que se levar em conta ainda as perculiaridades desse negócio, em que expressiva parte das importações russas são transacionadas entre uma mesma empresa, como no caso da JFC, que produz a banana no Equador e exporta para si própria, na Rússia. Logo, esses dados devem ser interpretado com ressalvas, pois é grande a margem para artificialismo nos preços alfandegários declarados para as importações de banana. Também se elaborou o ensaio abaixo, com as médias anuais dos preços alfandegários praticados no período de 2008 a 2010 (até outubro) para cada país de origem da fruta exportada para a Rússia. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia. O Mercado Russo de Frutas 34

O MERCADO RUSSO DE LARANJAS E TANGERINAS Todos os produtos cítricos consumidos na Rússia são importados. Na lista das frutas mais importadas pelos russos, logo após a maçã e a banana, estão a laranja e a tangerina. Neste estudo, considera-se a fruta clementina como uma espécie de tangerina, pois não raro é assim que essa fruta é classificada em muitos países. A clementina é na verdade uma fruta híbrida entre a tangerina e a laranja. As laranjas dominam o mercado, seguidas pela tangerina, que são muito populares especialmente nas temporadas de festividade de final de ano. Os padrões de comércio e consumo dessas duas frutas cítricas são bastante parecidos, assim como há elevado grau de compatibilidade entre os agentes que desenvolvem esse comércio, logo vamos analisá-las neste único capítulo, para tornar a análise mais compacta e comparativa. Segundo os registros alfandegários russos, os volumes importados de laranja e tangerina no período de 2008 a outubro de 2010 são muito próximos: 1,336 bilhão de toneladas de laranja e 1,372 bilhão de toneladas de tangerinas. Conforme pode se observar das tabelas a seguir, Egito, África do Sul, Marrocos, Turquia, Argentina e China são os países com posições mais expressivas no fornecimento dessas frutas cítricas para a Rússia: Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 35

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Importações Russas de Laranjas e Tangerinas 2008 a 2010 (jan-out) Laranja Tangerina Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 36

Um aspecto interessante que o trabalho com o banco de dados alfandegário permitiu extrair é o cálculo estatístico do peso médio das remessas. Considerando que cada registro alfandegário corresponde a um lote de produto importado pela Rússia, pode-se conhecer o fluxo das remessas de cada um dos principais fornecedores de Laranja e Tangerina, conforme a seguir: Elaborado pelo Centro de Negócios da Apex-Brasil em Moscou, com base em dados alfandegários da Federação da Rússia Mais de 93,4% de toda a laranja que adentrou o mercado russo no período considerado foi transportada por via marítima, o que é compreensível quando se considera a origem distante dos principais fornecedores. Já com relação à tangerina, 74,4% do produto foi transportada por via marítima. As configurtação dos pesos médios por remessa de cada país exportador são indicados na tabela seguinte: O Mercado Russo de Frutas 37

Elaborado pelo Centro de Negócios da Apex-Brasil em Moscou, com base em dados alfandegários da Federação da Rússia AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS No que diz respeito às exportações brasileiras de laranjas e tangerinas para a Rússia, pode-se concluir que foram pouco expressivas em relação ao tamanho do mercado e decrescentes ao longo do período pesquisado. Outros fornecedores do hemisfério sul, tais como África do Sul, Argentina e Uruguai, demonstraram performance superior à do Brasil, o que é um indicador de potencial do mercado russo para produtores com sazonalidades e desafios logísticos semelhantes aos dos exportadores brasileiros. O Mercado Russo de Frutas 38

Elaborado pelo Centro de Negócios da Apex-Brasil em Moscou, com base em dados alfandegários da Federação da Rússia Elaborado pelo Centro de Negócios da Apex-Brasil em Moscou, com base em dados alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 39

A SAZONALIDADE DO MERCADO Ao se analisar os volumes mensais de laranja e tangerina importados pela Rússia a partir de 2008, é possível notar comportamentos sazonais muito bem determinados. As importações dessas frutas cítricas diminuem consideravelmente na primavera e no verão, pois é nesse período que predominam na Rússia as frutas de produção doméstica e oriundas das ex-repúblicas soviéticas, que são tradicionais na temporada, além de baratas. As importações de laranja e tangerina ganham força a partir do outono e permanecem em alta durante o inverno russo. A tangerina, em particular, registra um notável pico de importação em dezembro. Além da coincidência com a temporada dessa fruta nos principais países exportadores como Marrocos, Turquia e China, a principal explicação para esse pico é o fato dessa fruta, por tradição, ser considerada indispensável nas mesas durante a temporada de festejos de fim-de-ano na Rússia. Outra fator que ajuda a explicar esse pico é o recesso dos portos russos na primeira quinzena de janeiro, quando encerram totalmente suas operações, obrigando os importadores a programarem a chegada de seus containers antecipadamente, no mês de dezembro. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia. O Mercado Russo de Frutas 40

Tal qual a tangerina, as importações de laranja também perdem intensidade entre os meses de maio e setembro, o que também coincide com as demarcações de temporada dessa fruta nos principais países fornecedores - Marrocos Egito e Turquia. Essas oportunidades sazonais têm sido aproveitadas por países do hemisfério sul, como a África do Sul e a Argentina, que iniciam seus fornecimentos quando as exportações de laranja no hemisfério norte diminui. Essa oportunidade de acessar o mercado russo em cítricos na temportada de baixa concorrência é uma prerrogativa que obviamente também se apresenta países do hemisfério sul, como o Brasil. Nos gráficos a seguir, vamos comparar os fornecimentos de laranja e tangerina dos países que são os maiores exportadores para a Rússia. Como já observamos, as datas em consideração referem-se aos meses de chegada do produto à Rússia, pois as estatísticas foram feitas com base nos registros alfandegários de importação. O Mercado Russo de Frutas 41

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OS NÍVEIS DE PREÇO DE IMPORTAÇÃO O gráfico a seguir explicita os preços médios mensais das importações de laranja e tangerina, com base nos preços declarados na Alfândega. Os números devem ser interpretados com reservas, devido ao fato de que, na Rússia, o preço alfandegário declarado não raro são artificializados por estratégias empresariais, sobretudo quando empresas do país operarem através de suas subsidiárias internacionais. Não devem, pois, ser tomados como parâmetros absolutos de cotação, mas, analisada como um todo, a estatística é um bom guia para se entender as tendências e variações dos preços ao longo do ano: Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia. Já os quadros estatísticos a seguir comparam os preços anuais médios das laranjas e tangerinas importadas pela Rússia de acordo com os diferentes países de origem da fruta, no período de 2008 a 2010 (até outubro). Ao fazer a consolidação estatística, optou-se por agrupar as frutas de acordo com o seu país de origem (o produtor), em vez de fazê-lo pelo país exportador. Dessa forma, pode-se comparar os preços da frutas que chegam ao mercado russo de acordo com suas variadas origens internacionais, que agregam aos seus preços particularidades de espécies e de sazonaliodade. O Mercado Russo de Frutas 43

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Da comparação acima, pode-se concluir que a fruta brasileira chega ao mercado russo com preços competitivos, mesmo em se considerando a valorização que a moeda brasileira sofreu no período abrangido pelo estudo. Quando comparado aos competidores do hemisfério sul, que se encaixam na mesma janela de sazonalidade, a fruta brasileira pode é competitiva. Obviamente que essas são conclusões estatísticas, que não levam em contra as espécies de laranja típicas de cada país, bem como outros fatores que influenciam a compatibilidade do produto no mercado. O Mercado Russo de Frutas 44

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 45

O MERCADO RUSSO DE LIMÕES A espécie de limão mais consumida na Rússia é o limão siciliano, conhecido no país como limon, que domina o mercado de forma convincente. Quanto às demais espécies, como o nosso tahiti (em russo denominado como laym ou lime ), resta um mercado residual muito pequeno: para cada 100 tons de limão siciliano, o mercado russo adquire no máximo 1,5 tonelada de outros limões. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Para que se tenha um panorama mais recente do mercado, vamos plotar as importações de limões na Rússia no ano de 2010 (até outubro), com indicação do país de origem da fruta. Optou-se pela classificação por país de origem por propiciar um quadro mais real do mercado, já que muitas empresas russas importam frutas através de suas subsidiárias em países vizinhos, como a Lituânia, ou indiretamente através de entrepostos fruteiros, como Bélgica ou Holanda, e a classificação pelo país exportador forneceria um quadro distorcido em relação às reais origens dos produtos. O Mercado Russo de Frutas 46

LIMÃO SICILIANO IMPORTAÇÕES EM 2010 (ATÉ OUT) ORIGEM ( TONS ) ( % ) TURQUIA 76.156 44,94% ARGENTINA 43.966 25,94% ÁFRICA DO SUL 20.918 12,34% ESPANHA 16.682 9,84% CHINA 4.431 2,61% URUGUAI 1.939 1,14% EUA 1.689 1,00% EGITO 1.234 0,73% MARROCOS 1.075 0,63% ISRAEL 614 0,36% SUAZILÂNDIA 269 0,16% CHILE 182 0,11% ITÁLIA 108 0,06% ALEMANHA 61 0,04% SÍRIA 38 0,02% UZBEQUISTÃO 36 0,02% BOLÍVIA 23 0,01% BÉLGICA 20 0,01% AUSTRÁLIA 13 0,01% BRASIL 12 0,01% OUTROS 11 0,01% 169.480 LIMÃO IMPORTAÇÕES EM 2010 (até OUT) ORIGEM ( TONS ) ( % ) BRASIL 1.883 72,23% MÉXICO 608 23,31% ISRAEL 105 4,02% PERU 6 0,23% OUTROS 6 0,21% 2.607 Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Pode-se constatar que o Brasil é extremamente competitivo na variedade de limão que é a menos importada na Rússia. Ao mesmo tempo, tem participação desprezível no mercado do limão siciliano, que predomina na Rússia. Acontece que o limão siciliano, ou "limon", é uma fruta de grande consumo, consagrada no mercado russo, com tradições culinárias e até propriedades medicinais, já que seu consumo é popularmente recomendado para a prevenção de doenças como resfriados, etc, além de ser adicionado ao chá. E essa fruta popular não é substituída por outros espécies, como o limão tahiti ou galego. Na percepção do consumidor russo, limão siciliano é considerado quase como uma outra fruta, em relação aos outros limões. O Mercado Russo de Frutas 47

A SAZONALIDADE DAS IMPORTAÇÕES RUSSAS DE LIMÕES As tabelas a seguir expõem a sazonalidade das importações de limões (siciliano e outros), de acordo com os volumes mensais desembaraçado na Alfândega, no período de 2008 a outubro de 2010. É sempre conveniente lembrar que as estatísticas foram feitas com base nas declarações alfandegárias de importação, logo a data considerada é a data de chegada do produto ao mercado russo. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Pode-se constatar que as importações de limões sicilianos na Rússia prolongamse ao longo de todo o ano, com diminuição dos volumes importados em meados de cada ano, período em que as frutas de produção doméstica chegam ao mercado em grandes quantidades. Em uma escala muito inferior, as outras espécies de limão também desfrutam de certa estabilidade no fornecimento ao longo do ano, com volumes mensais por volta de 200 toneladas. O Mercado Russo de Frutas 48

OS NÍVEIS DE PREÇO A presente consolidação estatística foi elaborada com base nos registros alfandegários russos, e os preços apontados refletem a média dos valores declarados pelos importadores nas Alfândega. Há que se fazer a leitura desses dados com certa reserva, pois há certas avaliações no mercado de que os preços declarados pelas empresas russas nem sempre correspondem à realidade das transações comerciais, mas ajustam-se às conveniências dos importadores, sobretudo daquelas que operam através de subsidiárias internacionais. De qualquer forma, essa estatísticas são parâmetro útil para a análise comparativa das transações de acordo com suas origens, bem como para a observação das tendências do mercado russo de frutas. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia. Pode-se constatar o descolamento do preço do limão em relação ao limão siciliano, a partir de meados de 2008, fenômeno que se intensifica ao longo do ano de 2009 e alcança 2010. Esse fenômeno pode ser entendido como consequência da valorização da moeda brasileira, já que o Brasil lidera os fornecimentos de limões (não siciliano) para a Rússia. As tabelas as seguir confirmam esse fato, sobretudo quando se compara os valores médios (em USD) do limão brasileiro entre os anos de 2008 e 2010. O Mercado Russo de Frutas 49

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O MERCADO RUSSO DE UVAS FRESCAS A uva, juntamente com a maçã e, em menor escala, a pêra, são as únicas frutas produzidas na Rússia em escala comercial, num país em que predomina a fruticultura em pomares não intensivos, com excedentes de produção vendidos em mercados locais. Estimativas do Comitê Estatal de Estatísticas (Rosstat) indicam que, no ano de 2009, a uva respondeu por 11% do volume total de frutas produzidas na Rússia, sendo 270 mil tons de uvas vinícolas e 30 mil tons de uvas de mesa. De acordo com o Rosstat, em 2009 o consumo de uva foi de 2,6 kg per capita. A produção doméstica não bastaria para que se atingisse esse patamar, já que a uva é a quarta fruta mais importada pela Rússia - após maçã, banana e laranja. O volume importado nos dez primeiros meses de 2010 foi de 389,4 mil toneladas, tendo a Turquia contribuído com cerca de 37% desse total, seguida pelo Uzbequistão (16%) e pelo Chile (12%). Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia As importações russas de uvas no ano de 2010 (até outubro) foram tabuladas a seguir, de acordo com a origem do produto e das exportações. Muitas empresas russas importam frutas através de suas subsidiárias em países vizinhos, como a Lituânia, por isso se classificou as importações de acordo tanto com país de origem da fruta, como pelo país exportador: O Mercado Russo de Frutas 51

As importações russas de UVAS em 2010 (jan-out) PAÍS PRODUTOR ( TON ) % TURQUIA 144.017 36,98% UZBEQUISTÃO 61.860 15,88% CHILE 46.730 12,00% ITÁLIA 19.287 4,95% IRÃ 19.216 4,93% MOLDÁVIA 13.785 3,54% ARGENTINA 12.065 3,10% ÁFRICA DO SUL 11.909 3,06% QUIRGUISTÃO 11.779 3,02% AFEGANISTÃO 10.776 2,77% CHINA 9.769 2,51% PERU 5.721 1,47% ÍNDIA 4.204 1,08% ARMÊNIA 4.063 1,04% TAJIQUISTÃO 3.496 0,90% EGITO 3.032 0,78% NAMÍBIA 1.354 0,35% MACEDÔNIA 1.207 0,31% ESPANHA 861 0,22% EUA 845 0,22% GRÉCIA 810 0,21% AUSTRÁLIA 721 0,19% ISRAEL 693 0,18% SÉRVIA 334 0,09% TURQUEMENISTÃO 306 0,08% JORDÂNIA 159 0,04% BRASIL 93 0,02% OUTROS 341 0,09% 389.431 PAÍS EXPORTADOR ( TON ) % TURQUIA 112.341 28,85% UZBEQUISTÃO 62.184 15,97% CHILE 44.456 11,42% BULGÁRIA 30.873 7,93% IRÃ 19.018 4,88% MOLDÁVIA 14.823 3,81% LITUÂNIA 13.180 3,38% QUIRGUISTÃO 11.779 3,02% ARGENTINA 11.707 3,01% AFEGANISTÃO 10.350 2,66% CHINA 9.697 2,49% ÁFRICA DO SUL 8.042 2,06% ITÁLIA 7.121 1,83% HOLANDA 5.509 1,41% PERU 4.789 1,23% ARMÊNIA 4.063 1,04% TAJIQUISTÃO 3.496 0,90% EGITO 2.962 0,76% ÍNDIA 2.882 0,74% POLÔNIA 1.924 0,49% REP. TCHECA 1.776 0,46% MACEDÔNIA 1.385 0,36% EUA 836 0,21% AUSTRÁLIA 702 0,18% ALEMANHA 681 0,17% ISRAEL 497 0,13% ESPANHA 496 0,13% OUTROS 1862 0,48 389.431 Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia A Turquia consolida-se na liderança dos fornecimentos de uvas de mesa. A espécie turca Kish Mish (Thompson verde, sem sementes) é muito competitiva no mercado e agrada ao paladar russo. Já a uva importada da Itália ocupou a quarta posição no mercado em 2010 (até outubro) - é um produto mais de nicho, considerado premium no mercado russo. As uvas produzidas no hemisfério sul, representadas com destaque por Chile, Argentina e África do Sul, devido à suas características contra-sazonal, chegam ao mercado a partir de janeiro e são ofertadas ao longo do primeiro semestre. O Mercado Russo de Frutas 52

As ex-repúblicas soviéticas respondem por mais de um quarto dos fornecimentos externos de uva para a Rùssia, com destaque para o Uzbequistão, que sozinho abocanhou 16% do volume total de uva importada pela Rússia nos primeiros dez meses de 2010. Os russos estão acostumados com essas variedades de uva dos países vizinhos, que são oferecidas no máximo até o mês de dezembro. A uva chinesa atende preferencialmente às regiões orientais da Rússia (Far East). As exportações brasileiras de uva para a Rússia são inexpressivas. Foram somente 93 toneladas no ano de 2010 (até outubro), indicando uma performance declinante ao longo dos últimos três anos. A vocação natural da uva brasileira no mercado russo é encaixar-se na janela de sazonalidade que favorece o produto chileno, argentino e sul-africano. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia As tabelas a seguir analisam o comportamento do mercado russo no que diz respeito às remessas de uvas de acordo com seus diferentes pólos exportadores. Conforme anteriormente informado, trata-se da quarta fruta mais importada pela Rússia, logo o fluxo de produto realizado pelos distribuidores é compatível com o grande mercado dessa fruta no país. Para que se tenha idéia da escala, os exportadores líderes - Turquia, Uzbequistão e Chile - que respondem por aproximadamente metade do mercado russo, realizam anualmente milhares de remessas de uva, com peso médio de cerca de 50 toneladas. É uma fruta cuja importação é realizada em grande escala, tal qual a maçã e os principais cítricos. O Mercado Russo de Frutas 53

A presença do Brasil no mercado russo é ainda pouco significativa, em comparação com o volume praticado pelos concorrentes. No período de 2008 a 2010, foram somente 871 toneladas exportadas diretamente para a Rússia, e mais 1882 toneladas exportadas através de países intermediários, como Holanda, Bélgica e Lituânia. O Mercado Russo de Frutas 54

A SAZONALIDADE DAS IMPORTAÇÕES RUSSAS DE UVA Conforme evidencia o gráfico a seguir, as importações russas de uva seguem padrões de sazonalidade muito bem definidos. Há que se considerar que esta consolidação estatística foi feita com base em registros alfandegários da Rússia, significando que as datas indicadas correspondem à data de chegada do produto importado. A partir do mês de agosto a Rússia é inundada com grandes volumes de uvas que chegam principalmente da Turquia e do Uzbequistão, com os fornecedores do hemisfério sul oferecendo volumes menores nos primeiros meses de cada ano, na entresafra dos tradicionais fornecedores da Ásia Central e Europa (ver gráficos subsequentes). Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 55

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia OS NÍVEIS DE PREÇO DE IMPORTAÇÃO O gráfico a seguir expõe os preços médios mensais das importações de uvas, com base nos valores declarados na Alfândega. Os números devem ser interpretados com reservas, pois há avaliações no mercado de que os preços declarados pelas empresas russas nem sempre correspondem à realidade das transações comerciais, mas ajustam-se às conveniências dos importadores, sobretudo daquelas que operam através de subsidiárias internacionais. Os preços médios são medidas estatísticas, e não devem, pois, serem tomados como parâmetros absolutos de cotação, mas, analisada como um todo, essas medidas estatísticas são um bom guia para se entender as tendências e variações dos preços ao longo do período estudado. O Mercado Russo de Frutas 56

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia No que diz respeito uva importada, há um padrão sazonal nos preços, que sofrem uma ligeira queda de preço nos meses de agosto a novembro, meses de grande oferta de uva no mercado russo, devido à chegada de grandes fornecimentos de uvas mais baratas, oriundos das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, como o Uzbequistão. Essa queda só não é maior porque a Turquia, que é isoladamente o maior fornecedor de uvas para a Rússia, não oferece sua fruta a preços tão baratos quantos seus concorrentes da Ásia Central. Em geral, os preços atingem seu pico nos meses de junho e julho, entre o final dos fornecimentos do hemisfério sul (junho) e antes do início dos fornecimentos dos tradicionais exportadores da Ásia Central e Turquia. O ensaio estatístico seguinte, igualmente realizado com base nos preços declarados nos registros alfandegários de importação no período de 2008-2010, discrimina os níveis médios anuais de preços das frutas de acordo com o seu país de origem, o produtor, em vez de fazê-lo pelo país exportador. Dessa forma, pode-se comparar os preços da frutas que chegam ao mercado russo de acordo com suas variadas origens internacionais, que são influenciados por fatores tais como espécie, sazonaliodade, além das particularidades logísticas. Pode-se perceber que a Turquia, apesar de ser o fornecedor líder do mercado russo, não oferece as uvas tão baratas como o Uzbequistão e Moldávia. Os preços médios da fruta de origem turca são até elevados, se considerarmos os massivos fornecimentos que o país proporciona em época de temporada (julho a dezembro). Mesmo o produto chileno, que é contra-sazonal no mercado russo, é oferecido no mercado russo em níveis médios de preços não muito discrepantes dos preços da uva turca. O Mercado Russo de Frutas 57

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 58

O MERCADO RUSSO DE MELÕES O melão, que é a fruta mais exportada pelo Brasil, esteve somente na décima terceira posição no ranking das frutas mais importadas pela Rússia no ano de 2010, não somente atrás das campeãs da importação maçã, banana, cítricos, uva e pêra, mas também de outras frutas menos populares, como pêssego, cereja, damasco, nectarina e ameixa. Mas o ano de 2010 foi um ano atípico para as importações russas do melão, devido à significativa queda em seu fornecimento a partir dos países da Ásia Central, por razões climáticas. Nos anos anteriores, a posição do melão foi sempre mais elevada no ranking das importações. Em 2008, foi a nona fruta mais importada na Rússia, com 142.088 ton, 2,6% das importações totais; manteve a mesma posição em 2009, com 142.741 ton (2,7% do total). Já em 2010, até o mês de outubro, foram registrados somente 71.590 ton, que correspondem a 1,6% do total parcial das importações nesse ano. Ou seja, até o mês de outubro de 2010, a média mensal de importações de melões é, em toneladas, cerca de 50% inferior aos volumes importados nos anos anteriores. Essa queda se deve à dependência russa das importações de melão da Ásia Central, como se pode notar na tabela abaixo: Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia As importações russas de melão no ano de 2010 (até outubro) foram tabuladas a seguir, de acordo com a origem do produto e das exportações: O Mercado Russo de Frutas 59

As importações russas de melões em 2010 (jan-out) PAÍS EXPORTADOR ( TON ) % UZBEQUISTÃO 63458 88,64% CHINA 3307 4,62% CAZAQUISTÃO 1430 2,00% LITUÂNIA 1118 1,56% HOLANDA 490 0,68% BULGÁRIA 434 0,61% QUIRGUISTÃO 406 0,57% COSTA-RICA 240 0,34% ESPANHA 124 0,17% TURQUIA 118 0,17% BÉLGICA 97 0,14% ALEMANHA 71 0,10% TAJIQUISTÃO 65 0,09% POLÔNIA 55 0,08% ITÁLIA 49 0,07% UCRÂNIA 33 0,05% TURQUEMENISTÃO 19 0,03% REP. TCHECA 18 0,03% OUTROS 58 0,08% TOTAL: 71590 PAÍS PRODUTOR ( TON ) % UZBEQUISTÃO 63499 88,70% CHINA 3346 4,67% CAZAQUISTÃO 1391 1,94% ESPANHA 710 0,99% BRASIL 661 0,92% COSTA-RICA 637 0,89% TURQUIA 561 0,78% QUIRGUISTÃO 406 0,57% HONDURAS 93 0,13% ITÁLIA 80 0,11% MARROCOS 45 0,06% UCRÂNIA 33 0,05% TAJIQUISTÃO 24 0,03% TURQUEMENISTÃO 19 0,03% PANAMÁ 19 0,03% EGITO 17 0,02% FRANÇA 16 0,02% ISRAEL 11 0,02% OUTROS 22 0,03% TOTAL: 71590 Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia A tabela informa que o melão importado pela Rússia é quase em sua totalidade originado das ex-repúblicas soviéticas, tendo o Uzbequistão e Cazaquistão como seus fornecedores básicos. O ano de 2010 houve uma quebra radical nas exportações do Cazaquistão, devido a fatores climáticos. Entre os grandes exportadores, a Lituania é um caso à parte, pois o país virou um fornecedor natural de frutas para a Rússia, devido à sua posição logística privilegiada em relação ao território russo, bem como a facilidades logísticas e de infra-estrutura. Algumas empresas russas e outros distribuidores internacionais construíram suas bases logísticas nesse país, a partir de onde remetem frutas para a Rússia de forma expressa, por via rodoviária. Não é por acaso que a Lituânia lidera os rankings de exportação de muitas frutas produzidas em todos os cantos do mundo, inclusive o Brasil. O Mercado Russo de Frutas 60

Antes de se prosseguirmos na investigação sobre as importações russas de melão, é necessário fazer uma observação sobre a espécie de melão que predomina na Rússia, que é melão conhecido no país como Torpedo (foto ao lado), que pesa de 7 a 9 kg e é tão grande como uma melancia. É justamente o melão que predomina nas exportações do Uzbequistão e Cazaquistão, que são os maiores fornecedores de melões para a Rússia. É esse produto que é tradicionalmente consumido pelas populações das ex-repúblicas soviéticas nas temporadas, é provavelmente a primeira idéia de melão que os russos têm. De certa forma, as modalidades de melão exportadas pelo Brasil, Espanha e outros não são concebidas pelos consumidores não como um melão tradicional, mas quase como uma outra fruta mais exótica e mais cara do que o melão Torpedo, tradicional. Com base nessas considerações, a comparação que se faz entre os fornecimentos de diferentes melões demandará do leitor a compreensão de que estão em consideração espécies tão diferentes. Feita essa ressalva, a seguir se investigará os volumes de importação de melão mês a mês, para que seja possível ter uma idéia da sazonalidade associada aos fornecimentos dessa fruta. Deve-se levar em consideração que esta consolidação estatística foi feita com base em registros alfandegários da Rússia, significando que as datas indicadas correspondem à data de chegada ao país do produto importado. Como fica evidente no gráfico a seguir, as importações russas de melão obedecem a padrões de sazonalidade muito bem definidos. Pode-se dizer que o melão é uma fruta do verão, pois a partir de julho o país é invadido por grandes volumes da fruta oriunda da Ásia Central, principalmente de países como o Uzbequistão e o Cazaquistão (vide gráficos subsequentes), fluxo que prolonga-se até o mês de outubro. O Mercado Russo de Frutas 61

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 62

Os dois exportadores acima destacados, Uzbequistão e Cazaquistão, respondem pela quase totalidade dos melões importados pela Rússia. Mas, pode-se notar que ambos correspondem a uma mesmo regime sazonal. Para efeito de comparação, a seguir a performance de alguns exportadores com regime distinto. Não deixem de observar a escala muito mais reduzida dos fornecimentos de China, Espanha e Brasil (enquanto uma remessa mensal do Uzbequistão e Cazaquistão pode chegar a dezenas de milhares de toneladas, as maiores exportações mensais de Espanha e Brasil não superam as 500 toneladas). Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 63

Os gráficos a seguir revelam os preços médios mensais das importações de melões, com base nos valores declarados na Alfândega. Os números devem ser interpretados com reservas, pois há avaliações no mercado de que os preços declarados pelos importadores nem sempre correspondem à realidade das transações comerciais, mas ajustam-se às conveniências dos importadores. Não devem, pois, ser tomados como parâmetros absolutos de cotação, mas esses dados estatísticos são importantes para indicar as tendências e variações dos preços do mercado russo importador de melões. O Mercado Russo de Frutas 64

Com relação aos preços médios dos melões, fica evidente que o produto exportado pelos países da Ásia Central têm preços (USD per TON) incomparavelmente inferiores aos produtos de outras origens: O Mercado Russo de Frutas 65

O MELÃO BRASILEIRO NA RÚSSIA Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Não há registro de exportação direta de melões brasileiros para a Rússia no período estudado (2008-2010). Toda a exportação foi realizada a partir de terceiros países, como Lituânia, Holanda e Bélgica. Com relação ao produto brasileiro que chaga à Rússia a partir de terceiros países, vale a pena investigar a característica de suas remessas, conforme tabela ao lado. Constatase que os melões brasileiros têm sido reexportados para a Rússia em remessas com peso O Mercado Russo de Frutas 66

médio variando entre 500 e 900 kg. Pode-se estimar que essa fruta brasileira é exportada em um mix de outras frutas, o que é um indício de que os distribuidores russos talvez ainda não tenham encontrado escala maior para seus fornecimentos de melão brasileiro no mercado russo. De fato, essa configuração coincide com a opinião de alguns exportadores russos consultados pelo representante do CN-Moscow durante o evento World Food 2010, que afirmavam que a razão de não importarem melões brasileiros diretamente do Brasil é a dificuldade de escoar grandes quantidades dessa fruta no mercado russo. É preciso ressaltar que aqui estamos tratando de uma média estatística, que não exclui a ocorrência de remessas mais volumosas do melão brasileiro para a Rússia (de fato, a título de exemplo, ocorreram 18 remessas com peso superior a 10 toneladas). De qualquer maneira, para efeito de comparação, a tabela a seguir ilustra os pesos médios das remessas de melões enviados para a Rússia por cada um dos principais países exportadores dessa fruta. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 67

O MERCADO RUSSO DE MANGA A manga é considerada uma fruta exótica na Rússia. Na ranking das frutas mais importadas pelo país em 2010, a manga ocupa a 31ª posição, com 5775 toneladas realizadas até o mês de outubro. Nas estatísticas alfandegárias que deram origem a este estudo, os principais fornecedores de mangas para a Rússia são a Lituânia e a Holanda, tradicionais intermediários na exportação de frutas: No entanto, a origem da manga exportada para a Rússia é predominantemente brasileira, que em 2010 respondeu por mais de 63% de todas as importações: Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 68

No entanto, apesar da preferência dos importadores russos pela manga brasileira, as exportações diretas do Brasil para a Rússia foram insignificantes no período considerado neste estudo (2008 a outubro de 2010). Quase a totalidade dos fornecimentos foram realizados por países intermediários como Holanda, Lituânia e Bélgica: Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Durante a feira Moscow World Food 2010, a equipe de Inteligência Comercial da Apex-Brasil consultou algum dos grandes exportadores russos de frutas sobre quais frutas importariam diretamento do Brasil, e a resposta predominante foi: cítricos e maçã. Quando indagados sobre a manga, a resposta quase sempre era a de que não realizavam volume suficiente da fruta para justificar importação direta. O gráfico a seguir de certa forma confirma esse afirmação, uma vez que aponta que, na média, a manga brasileira é importada em pequenos lotes, dificilmente superiores a 1,2 toneladas. É provavelmente importada num mix de produtos, que são transportados num mesmo container até seu destino na Rússia. A partir desse gráfico, pode-se afirmar que a manga brasileira é majoritariamente importada em pequenos lotes de países como Holanda, Bélgica e Lituânia. Esse tem sido o comportamento do mercado russo e vale não somente para a manga de origem brasileira, mas para a fruta de todas as origens, conforme fica evidente so gráfico subsequente: O Mercado Russo de Frutas 69

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia. O Mercado Russo de Frutas 70

No que diz respeito à sazonalidade das importações russas de manga, pode-se dizer que ela segue um padrão que tem sido observado para a maioria das frutas: as importações decrescem nos meses mais quentes do ano, na medida em que se impõe no país a oferta de frutas de produção nacional, mais baratas. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O mesmo gráfico pode ser visto com a origem da manga importada pela Rússia: Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 71

O pico de importação no mês de dezembro explica-se não só como um comportamento do mercado, mas sobretudo por razões logísticas, já que os principais portos do país tradicionalmente encerram suas operações nas primeiras semanas do mês de janeiro, devido à extenção do feriado nacional no calendário ortodoxo, razão pela qual no mês de dezembro os importadores antecipam a entregas das frutas que deveriam chegar nos meses seguintes. OS NÍVEIS DE PREÇO DE IMPORTAÇÃO Com relação aos preços médios (USD per TON) calculados com base nos valores declarados na Alfândega pelos importadores, é possível se observar que, ao longo de 2009, os preços médios praticados pelo mercado não diminuíram nem mesmo nos meses em que a oferta do produto é maior, o que talvez possa ser parcialmente explicado pelo encarecimento da manga brasileira devido à valorização do Real nesse período recente, uma vez que, mesmo indiretamente, o Brasil é o maior fornecedor do produto consumido na Rússia. Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia Já a tabela abaixo compara os preços médios declarados na Alfândega, para mangas de diferentes origens. Em vez de estabelecer o preço médio de acordo com o país responsável pela transação comercial, fizemos aqui o ranking de acordo com o país produtor, para que os produtores brasileiros tenham uma idéia do preço médio de re-exportação da manga brasileira, exportada por países europeus intermediários. O Mercado Russo de Frutas 72

Elaborado pelo CN-Apex Brasil em Moscou, com base nos registros alfandegários da Federação da Rússia O Mercado Russo de Frutas 73

O MERCADO RUSSO DE ABACAXI Na ranking das frutas mais importadas pela Rússia até em 2010, o abacaxi posiciona-se na 19ª posição, com 37,5 mil toneladas. O principal fornecedor de abacaxis para a Rússia é a Costa Rica que, considerando as exportações diretas e indiretas, atende a quase metade do mercado russo dessa fruta. O Mercado Russo de Frutas 74