1. Evolução Legislativa: 2. Publicação, vacatio legis e vigência:

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Transcrição:

1 PONTO 1: Evolução Legislativa PONTO 2: Publicação, vacatio legis e vigência PONTO 3: Conceito de Droga PONTO 4: Norma Penal em Branco PONTO 5: Objetivos da Lei de Drogas PONTO 6: Bem jurídico tutelado PONTO 7: Sujeito Passivo PONTO 8: Usuários de Drogas PONTO 9: Produção não autorizada e tráfico ilícito de Drogas. PONTO 10: Figuras equiparadas ao tráfico art. 33, 1º. PONTO 11: Instigação, induzimento ou auxilio ao uso indevido de drogas art. 33, 2º. PONTO 12: Uso compartilhado art. 33, 3º. 1. Evolução Legislativa: Inicialmente eram tratadas pelo Código Penal, em 1976 as drogas passaram a ser tratadas pela lei 6.368/76, em 2002 pela Lei 10.409/02. Em 2006 passou a ser tratada pela Lei 11.343/06, salvo aquela situação militar. 2. Publicação, vacatio legis e vigência: - 23.08.2006. - 45 dias. - 08.10.2006. - Sucessão de leis: - Lex gravior, tem duas espécies: a) novatio criminis b) novatio legis in pejus Irretroativa - Lex mitior : a) abolitio criminis b) Novatio legis in mellius Retroativa e ultra-ativa 3. Conceito de Droga:

2 - Art. 1º, parágrafo único, LD: Art. 1 o. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. - Art. 66 Portaria 344/98. 4. Norma Penal em Branco: Ex: art. 28. Adquirir droga para consumo... Port. 344/98 Crack Maconha Cocaína... A lei de drogas contempla tipos penais em branco porque faz diferença genérica a expressão droga, carecendo por isso, de complementação. Como a complementação advém de fonte legislativa diversa ANVISA, órgão do poder executivo da união classifica-se em norma penal em branco heterogênea. 5. Objetivos da Lei de Drogas: Dois objetivos: 1) Prevenção do uso indevido. 2) Repressão a produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas. - Art. 1 1. - Art. 3, I e II 2. - Art. 4, X 3. 1 Art. 1 o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. 2 Art. 3º. O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com: I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.

3 - Art. 5, III 4. 6. Bem jurídico tutelado: O bem jurídico constante: saúde pública. No artigo 39 5 o bem jurídico tutelado é a incolumidade pública representada pela segurança aérea ou marítima fluvial. 7. Sujeito Passivo: a coletividade. - Por se tratar de sujeito passivo sem personalidade jurídica os tipos penais são classificados como crimes vagos. - Os crimes vagos são incompatíveis com a ação penal privada subsidiária da pública. 8. Usuários de Droga: A) configuração do tipo básico art. 28 6 : 3 Art. 4 o São princípios do Sisnad: X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social. 4 Art. 5 o O Sisnad tem os seguintes objetivos: III - promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios. 5 Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. 6 Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

4 Lei anterior Lei Atual Adquirir Adquirir Guardar Guardar Trazer consigo Trazer consigo... Ter em depósito... Transportar - No que diz respeito as condutas de ter em depósito e transportar o tipo contempla novatio legis incriminadora. Para os casos anteriores a Lei de Drogas em que o agente foi condenado por tráfico embora a evidencia nos autos o apontando como usuário é possível rescindir a coisa julgada pela via da revisão criminal. - O uso pretérito é fato impunível porque o agente não pode ser compelido a fazer a prova do consumo em face do princípio da não auto-incriminação ( nemo tenetur se detegere ) arts. 8º e 14 do Pacto de São Jose da Costa Rica e Pacto de Nova Iorque. Critérios diferenciadores tráfico x usuário: finalidade + circunstância. Autoridade Judicial: Art 28, 2º 7. Autoridade Policial: art. 52, inc. I 8. Finalidade do usuário: consumo pessoal. Como o tipo exige além do dolo a verificação da finalidade do agente (elemento subjetivo do tipo ou dolo específico) é classificado como assimétrico ou incongruente. 7 Art. 28, 2 o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 8 Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente.

5 B) Configuração do tipo equiparado art. 28, 1º 9 : - semear; - cultivar; + pequena quantidade - colher Observações: - Essas condutas são proibidas em todo território nacional, salvo com autorização para fins científicos ou medicinais, ressalvado o caso de uso estritamente ritualístico religioso, nos termos do art. 2º 10 da LD. - Se praticadas visando posterior distribuição configuram crime equiparado ao tráfico (art. 33, 1º, II 11 ). - Antes da LD configuravam tão somente crime equiparado ao tráfico. Assim, se dos autos configurar o usuário é possível o manejo da revisão criminal. C) Penas art. 28: - advertência (inc. I); - prestação de serviços à comunidade (inc. II); - programas educativos. - Podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa, bem como substituídas a qualquer tempo uma pela outras, sendo ouvido o MP e defesa. - As penas dos incisos II e III tem duração máxima de 5 meses, salvo se reincidente o usuário em que pode chegar a 10 meses. 9 Art. 28, 1 o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 10 Art. 2 o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. 11 Art. 33. 1 o Nas mesmas penas incorre quem: II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas.

6 O legislador não previu duração mínima, ferindo o princípio da individualização da pena no plano legislativo. A PSC da LD se diferencia da pena análoga do CP nos seguintes termos: PSC / CP: Caráter substitutivo Descumprida: reverte na PPL Prescreve ao tempo da PPL PSC / LD: Caráter autônomo Descumprida: admoestação verbal Multa Prescreve em 2 anos D) Procedimento art. 48 12 : - Flagrado, o usuário é encaminhado imediatamente ao Juiz art. 48, 2º 13. - Não havendo Juiz para recebê-lo, será lavrado termo circunstanciado pela autoridade policial. Discute-se a possibilidade de fazer a condução coercitiva do usuário ao órgão policial - Art. 48, 3º 14. Flagrante Usuário: Captura Sim Condução coercitiva Autoridade judicial art. 48, 2º Autoridade Policial art. 48, 3º Lavratura de auto de Prisão de flagrante Lavratura do Termo Circunstanciado Custódia - Encarceramento Vedada a detenção. - Há dois entendimentos: 1) Não é possível porque a LD expressamente veda a sua detenção, determinando a lavratura do TC no local onde se encontrar. 12 Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal. 13 Art. 48, 2 o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários. 14 Art. 48, 3 o Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no 2 o deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.

7 2) é possível, pois o que efetivamente a LD proíbe é a prisão do usuário. - Aplica-se ao usuário o procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95. - O usuário é processado, de regra, no JECRIM. Salvo, prerrogativa de função. - A transação penal do usuário só pode versar sobre as medidas do art. 28 da LD. E) descriminação, despenalização ou descarcerização: - Tese da descriminação: Luis Flavio Gomes art. 1º 15 da Lei de introdução ao CP - não é crime nem contravenção, é chamada de infração sui generis (antes de entrar em vigor a lei de drogas). Thums desmoralização. - Despenalização: doutrina Majoritária/ STF. - Descarcerização Salo de Carvalho. F) Discussão sobre a legalização da maconha: Discute-se a incriminação do usuário em face do princípio da alteridade ou transcedentalidade, segundo o qual ninguém pode ser punido por fazer mal a si mesmo. - Princípio da Alteridade ou Transcendência Claus Roxin. Duas exceções que é crime: lesão para fraudar seguro e lesão para não prestar serviço militar. - Princípio da Laicização ou Securalização ninguém pode ser punido por suas escolhas. Porém, o problema de drogas é da sociedade também. 15 Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

8 9. Produção não autorizada e tráfico ilícito de Drogas: A) configuração do tipo básico art. 33, caput 16 : - condutas + distribuição da droga. Trata-se de tipo misto-alternativo, conteúdo variado ou ação múltipla. Assim, se evidenciado na conduta do agente verbos distintos haverá crime único desde que no mesmo desdobramento causal. - Princípio da Insignificância: Parte da doutrina entende que a ínfima quantidade de droga enseja a falta de justa causa para ação penal. As Cortes Superiores, entretanto, não admite o princípio da insignificância no crime de lei de drogas por se tratar de delitos de perigo abstrato, em que a presunção de ofensa a bem jurídico é dada pelo legislador de forma absoluta. Neste sentido, o STF (HC 88820) e o STJ (HC 59190). B) Penas: Lei anterior Lei atual Reclusão de 3-15 anos. Reclusão de 5-15 anos. 50-360 dias multa 500-1500 dias-multa. Para o tráfico a LD representou novatio legis in pejus, na medida em que promoveu o aumento da PPL e da multa. Aos fatos praticados antes de sua vigência observa-se a ultraatividade da lei anterior. 16 Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

9 10. Figuras equiparadas ao tráfico art. 33, 1º 17 : A) inciso I - matéria prima, insumos e produtos químicos. - Em relação a lei anterior a LD ampliou a incriminação na medida em que acrescentou os insumos e produtos químicos. - Não se exige que a substância contenha o efeito farmacológico (toxidade = o princípio ativo) da droga que o originará, bastando que se faça prova de sua destinação. B) Inciso II - semear, cultivar e colher: Usuário Pequena quantidade Finalidade: consumo próprio Tráfico Pequena, média ou grande quantidade Finalidade: distribuição - As plantações ilícitas são destruídas pela autoridade de polícia judiciária depois de colhidas as amostras para os exames. - As glebas utilizadas a cultura ilícita são expropriadas pela União e se destinam a assentamento de colonos. Art. 243 18 da CF. C) Inciso III local ou bem de qualquer natureza para o tráfico: 17 Art. 33, 1 o Nas mesmas penas incorre quem: I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 18 Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

10 Se o local (casas, bares, hotéis, etc) ou bem de qualquer natureza (veículos, aeronaves ou embarcações) forem utilizados para o consumo indevido há dois entendimentos: 1) é fato atípico, pois o dispositivo se refere tão somente ao tráfico. 2) a conduta se amolda ao tipo do art. 33, 2º 19. 11. Instigação, induzimento ou auxilio ao uso indevido de drogas art. 33, 2º: - induzir: criar, idéia; - instigar: reforçar idéia; - auxiliar: prestar ajuda. A LD promoveu a abolitio criminis da apologia ao uso e tráfico da droga. Movimentos do tipo marcha para maconha são justificados pela garantia constitucional da livre manifestação do pensamento. 12. Uso compartilhado art. 33, 3º 20 : - Configuração: a) oferecimento eventual da droga; b) ausência de objetivo de lucro; c) consumo em conjunto; d) pessoa do relacionamento. - Condição: A + B + C + D - Ausente qualquer um dos elementos do tipo a conduta se amolda a figura do caput. 19 Art. 33, 2 o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa 20 Art. 33, 3 o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

11 - Enquanto a ausência de objetivo de lucro é o elemento negativo, consumo em conjunto é o elemento positivo do tipo. É crime bi-próprio porque exige relacionamento entre o sujeitos ativo e passivo. - É infração de menor potencial ofensivo, gera Termo Circunstanciado, processada, de regra, no JECRIM, admitindo transação penal e SCP se presentes os requisitos legais (arts. 61 21, 69 22, 76 23 e 89 24 da Lei 9099/95). - Parte da doutrina denomina a figura como tráfico privilegiado. O STF, entretanto, tem utilizado esta designação para a causa de diminuição de pena do art. 33, 4º 25. 21 Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 22 Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 23 Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 24 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 25 Art. 33, 4 o Nos delitos definidos no caput e no 1 o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.