AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA MBA Em Gestão em Auditoria, Perícia e Licenciamento Ambiental



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Transcrição:

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA MBA Em Gestão em Auditoria, Perícia e Licenciamento Ambiental ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, SEGUNDO O NOVO CODIGO FLORESTAL BRASILEIRO Acadêmico: José Antonio da Silva Orientadora: Cynthia Cândida Corrêa GUARANTÃ DO NORTE - MT

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA MBA Em Gestão em Auditoria, Perícia e Licenciamento Ambiental ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, SEGUNDO O NOVO CODIGO FLORESTAL BRASILEIRO Acadêmico: José Antonio da Silva Orientadora: Cynthia Cândida Corrêa Monografia apresentado para a Faculdade do Vale do Juruena AJES como requisito básico para a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-graduação MBA Gestão em auditoria, perícia e licenciamento ambiental.

GUARANTÃ DO NORTE - MT DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a duas pessoas muito importante em minha vida, pois perante a benevolência de DEUS, e pela compreensão e apoio de minha esposa Geni Matte, formarão os pilares e a base para que eu conseguisse chegar a conclusão deste curso, de grande

expressão profissional. AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus, e a todos que contribuirão de maneira direta ou indiretamente. Com muito carinho aos Doutores, Mestres e professores e aos colegas acadêmicos. A universidade e seus representantes intelectuais e os demais distribuídos pelos setores da minha amizade (amigos e família).

RESUMO Esta pesquisa busca compreender e analisar o que são as Áreas de Preservação Permanente, segundo o Novo Código Florestal Brasileiro, verificando suas mudanças e regulamentação. A metodologia utilizada foi bibliográfica utilizando conceitos e mudanças da legislação ambiental especificamente as APPs e levantamento de mais dados através de questionário aplicado a um com técnico florestal. As hipóteses levantadas foram todas confirmadas, pelo Código Florestal e pelo questionário, que estas estão vinculadas a vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área; que na vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos em Lei; e que é permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental. A pesquisa também trata que as APPs surgiram como consequência da grande preocupação em relação às áreas reconhecidas como importantes fontes de bens e serviços ambientais essenciais à sobrevivência do homem. Qualquer que seja o local estabelecido por lei como APP, independentemente se há ou não cobertura vegetal, se é em área urbana ou rural, deve ser considerado intocável, com exceção dos casos de utilidade pública, interesse social e atividades de baixo impacto ambiental sempre definido pelo CONAMA, ou pelo Código Florestal. E por fim os atos conclusivos da pesquisa através dos dados coletados e analisados caracterizando que ocorreram diversas modificações acerca das atividades permitidas em Área de Preservação Permanente tornando-se menos restritivo e aceitando o plantio de sistemas agro-florestais; desde que não implique em novos desmatamentos. Palavras-chave: área de preservação permanente, código florestal, legislação ambiental

ABSTRACT This research seeks to understand and analyze what are the Permanent Preservation Areas, according to the New Brazilian Forest Code, aiming its changes and regulations. The methodology used was literature using concepts and changes in environmental legislation specifically APPs and lifting more data through a questionnaire applied to a forest technician. The hypotheses were all confirmed by the Forest Code and the questionnaire, these are linked to vegetation located in Permanent Preservation Area shall be maintained by the owner of the area, that the vegetation located in Permanent Preservation Area, the owner of the area, is bound to promote the restoration of vegetation, except for the authorized uses provided for by law, and who is allowed access to people and animals to Permanent Preservation Areas for obtaining water and conducting activities with low environmental impact. The research also addresses the APPs have emerged as a result of major concern in relation to the areas recognized as important sources of environmental goods and services essential to the survival of man. Whatever the location established by law as APP, regardless of whether or not there is vegetation, whether in urban or rural, should be considered untouchable, except in cases of public utility and social interest activities with low environmental impact always set by CONAMA, or the Forestry Code. And finally acts conclusive research through data collected and analyzed featuring several changes that occurred on the activities allowed in Permanent Preservation Area becoming less restrictive and accepting the planting of agroforestry systems, since it does not result in further deforestation. Keywords: permanent preservation area, forest code, environmental legislation

LISTA DE SÍMBOLOS APP Áreas de Preservação Permanente CAR - Cadastro Ambiental Rural CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente

8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 1 REFERENCIAL TEÓRICO 11 1.1 História das Áreas de Preservação Permanente 11 1.2 Floresta e Área de Preservação Permanente 15 1.3 Locação e Averbação das APPs 18 1.4 Intervenção das APPs 20 1.5 Recuperação das APPs e Incentivo a Preservação 25 1.6 Implantação de Área Verde e Regularização Área Urbana 29 1.7 Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente 31 2 METODOLOGIA 35 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS 37 CONCLUSÃO 42 REFERENCIAS 43 APÊNDICES 45

9 INTRODUÇÃO A idéia de se proteger áreas representativas dos ecossistemas naturais de um determinado ambiente, no território brasileiro, vem desde a criação do Código Florestal de 1934. Este Código apresentava algumas características preservacionistas, estabelecendo o uso da propriedade em função do tipo florestal existente, definindo as categorias de florestas protetoras, remanescentes, modelo e de rendimento. As florestas protetoras apresentavam, para a época, um indício do que seria o instituto das florestas de preservação permanente, instituído pelo Código Florestal de 1965. Mesmo assim, a idéia e o espírito do Código Florestal de 1934 já era bastante conservacionista. Apesar das boas intenções, a legislação não funcionou devido à inércia e displicência das autoridades e a que, dependendo da localização, as áreas, que deveriam ser declaradas protetoras ou remanescentes continuavam sendo entregues ao machado e ao fogo. Já em 1965, com a edição do Segundo Código Florestal de 1965, o antigo Código Florestal de 1934 foi aperfeiçoado. Este novo Código representou importante instrumento disciplinador das atividades florestais ao declarar as florestas existentes no território nacional como bens de interesse comum a toda a população e limitou o uso da propriedade rural por seus proprietários. Hoje, por pressão, conflitos e interpretações dúbias, principalmente, essas áreas de proteção passaram a ser chamadas de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Áreas de Reserva Legal. A população deve estar atenta para o uso indiscriminado das APPs. O principal meio para atingir esse objetivo se dá pelo controle obrigatório exercido pelo cumprimento das normas jurídicas. Daí a preocupação em definir, analisar e interpretar, em sua essência, o que elas têm de mais importante a ser cumprido, sem causar males à sociedade e atendendo ao princípio da proteção do meio ambiente, espírito pelo qual as normas ambientais são criadas. A carência e, ou, insuficiência de embasamento técnico e legal, aliada às duvidas e confusões na interpretação das normas legais, tem gerado várias discussões acerca do entendimento das questões que envolvem as APPs. Para levantamento da problematização; são realmente protegidas por Lei os recursos hídricos, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteção do solo

10 garantindo o bem-estar da sociedade, pois o que se observa em noticiários são o grande número de casos de exploração da biodiversidade e degradação das áreas que por lei são protegidas. Se as APPs não forem preservadas os principais efeitos serão erosão do solo redução da disponibilidade de água, assoreamento dos corpos d água perda de biodiversidade, redução da capacidade de infiltração de água no solo, perda de fertilidade do solo. Proteger as APPs por serem áreas delicadas, onde a proteção oferecida pela vegetação nativa é essencial para garantir a conservação do solo, da água e do bem-estar da população. A preservação destas áreas serve principalmente para manter a quantidade e a qualidade da água, evitar a erosão e manter a fertilidade do solo. Outro benefício da preservação dessas áreas é a manutenção da vegetação natural da região e do lugar que serve de abrigo para os animais silvestres. Isto favorece a biodiversidade e, além de preservar a paisagem, auxilia no controle biológico de pragas. Empreendendo o estudo para APPs segundo o novo código brasileiro, foram levantadas as seguintes hipótese, ajudando a ampliar o estudo e melhorar o análise, compreendimento e resultado do mesmo. Se a vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área; Se na vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei; é permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental. Este trabalho tem como objetivo geral compreender e analisar as Áreas de Preservação Permanente, segundo o Código Florestal Brasileiro e as mudanças compreendidas pelo Novo Código Florestal. Os objetivos específicos apontam para analisar o que são as APPs, segundo o Código Florestal Brasileiro, suas aplicações e especificações e levantar as principais mudanças na regulamentação da APP nas propriedades pelo o novo Código Florestal Brasileiro. Justifica-se a escolha do tema Área de Preservação Permanente segundo o novo código florestal brasileiro decorreu de um fato de que se tem observado que trouxeram muitos desafios para a população. Assim, para adquirir informações sobre

11 o assunto, pretende-se fazer um levantamento da relevância da aplicabilidade da App no novo código brasileiro, identificando os fatores que proporcionam a qualidade desses bovinos de corte para a diminuição de custo e aumento de lucros para o proprietário. A gradativa escassez ou mesmo a integral supressão da formação vegetal ao longo dos rios, arroios e nascentes é um sinal visível de grande comprometimento da nossa capacidade de suporte em relação aos usos quantitativos e qualitativos dos recursos hídricos, servindo de alerta para a ocorrência de grandes problemas ambientais, econômicos e sociais. Esta pesquisa esta delimitada a investigação do surgimento e contextualização, procurando entender as mudanças do Código Florestal Brasileiro vem sofrendo especificamente em relação as APP, apresentando um estudo das Apps, visando demonstrar os impactos ambientais. No desenvolvimento da presente pesquisa primeiramente enfatiza os aspectos históricos do código florestal, em seguida demonstra os elementos textuais dos princípios constitucionais e no encerramento da presente serão considerados os aspectos conclusivos do presente estudo, estimulando a continuidade dos estudos e reflexões sobre o tema e proporciando as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente.

12 1 REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 Histórico das Áreas de Preservação Permanente O primeiro processo de legalização e regularização destas áreas, onde se destacam os dispositivos legais, como a Lei Federal 4.771/65 alterada pela Lei 7.803/89 e a Medida Provisória 2.166-67/2001 que consideram no seu artigo dois a zona ciliar como uma área de preservação permanente, ou seja, uma reserva ecológica que não pode sofrer qualquer alteração, devendo suas florestas e demais formas de vegetação permanecer na condição original. Em áreas de formação ciliar devem ser mantidas extensões específicas de acordo com a largura dos diferentes corpos de água. Segundo a lei federal 4.771/65, alterada pela lei 7.803/89 e a medida provisória 2.166/67 de agosto de 2001 consideram-se áreas de preservação permanente pelo efeito de lei, as áreas situadas nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d água, qualquer que seja sua situação topográfica, devendo ter um raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura. Segundo a mesma lei em seus art. 2º e 3º a área protegida pode ser coberta ou não por vegetação nativa, com função ambiental de preservar os recursos híbridos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar da população humana. Art. 7 o A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. 1 o Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei. 2 o A obrigação prevista no 1 o tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. 3 o No caso de supressão não autorizada de vegetação realizada após 22 de julho de 2008, é vedada a concessão de novas autorizações de supressão de vegetação enquanto não cumpridas as obrigações previstas no 1 o. Art. 8 o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei. 1 o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública. 2 o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art.

13 4 o poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. 3 o É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas. 4 o Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei. Art. 9 o É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental. (BRASIL.2012) Atualmente, as matas ciliares estão amparadas por um conjunto de leis federais e estaduais. Também cabe citar as resoluções do CONAMA 303 e 302 de março de 2002 e no art. 255 da Constituição Federal tem como previsão básica a biodiversidade brasileira. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a

14 preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. (BRASIL, 1988). A Constituição Federal de 1988 no seu capítulo VI versa especificadamente do meio ambiente como um bem de todos e com uma estrutura baseada no desenvolvimento sustentável. Neste sentido, tanto as ações visando o esclarecimento dos diferentes usuários da água na bacia hidrográfica, principalmente produtores rurais, quanto ao cumprimento dos dispositivos legais existentes sobre o tema, quanto à divulgação de técnicas de restauração, ações de educação ambiental e incentivo à fiscalização são atribuições legítimas dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica, que acima de tudo, visam à manutenção da quantidade e qualidade da água e ao cumprimento dos princípios que norteiam a moderna gestão integrada dos recursos hídricos. No Programa de Ações de Qualquer Plano de Bacia Hidrográfica, devem ser considerados todos estes aspectos e a definição de medidas de preservação e restauração destas matas. Uso eficiente e racional da água nas bacias hidrográficas, passa primeiramente pela correta ocupação e uso do solo e pela preservação das matas ciliares e outras Áreas de Preservação Permanente, como matas de topo, nascentes, banhados, veredas e olhos d água. As áreas protegidas, definidas como APPs pela legislação ambiental brasileira, têm sido motivo de amplos estudos e debates nos níveis federal, estaduais e municipais. Ressalte-se que, para o entendimento dessas APPs, deve ser feito um estudo da evolução do seu conceito até sua disposição atual, constante na legislação ambiental brasileira. Os primórdios do que se conhece hoje como APP surgiu em 1934, data da edição do primeiro Código Florestal Brasileiro Decreto 23.793/34. Nesse mesmo ano, os recursos naturais foram tratados de maneira bastante protetiva, visto que também foram editados o Código das Águas Decreto n.24.643/34 e medidas de proteção e defesa dos animais Decreto n.24.645/34. Pelo Código Florestal de 1934, o que hoje se considera preservação permanente estava prescrito no art. 4º, que se referia às florestas protetoras. Essas

15 florestas, de acordo com a sua localização, serviam para conservar o regime das águas, evitar erosão, garantir a salubridade pública, dentre outras. De 1934 até hoje, a legislação se tornou bastante rígida, o que, na prática, por causa das ambiguidades na sua interpretação, como se verá nos demais tópicos, permanecem, muitas vezes, confusas e inexequíveis. Passados 31 anos até a edição do 2º Código Florestal Brasileiro Lei 4.771/65, as normatizações que tratavam das florestas protetoras não se modificaram muito e foi a partir da edição do Código Florestal que todas as florestas e demais formas de vegetação existente no território nacional passaram a ser considerados bens de interesse comum de todos os habitantes do Brasil. Pela menção bens de interesse comum, o código florestal de 1965 pode ser considerado o precursor da Constituição Federal de 1988 por conceituar meio ambiente como bem de uso comum do povo brasileiro. O Código Florestal também trouxe limitações à propriedade privada, versando sobre os cuidados com as APPs e RL que devem ser mantidas e protegidas. O direito de propriedade à época era considerado praticamente ilimitado, ou seja, a preservação ambiental no interior de uma propriedade apenas se fazia quando uma determinada área fosse considerada de interesse social, como, por exemplo, a proteção de um manancial de abastecimento urbano. O processo de uso da propriedade rural, que era praticamente ilimitado, a partir de 1965, passou a obedecer a alguns princípios de proteção, desobrigando o Poder Público de indenizar o proprietário para a proteção de certas áreas. O CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente possui atribuição de dispor as diretrizes, parâmetros e padrões ambientais que visam a tornar as normas legais aplicáveis às diversas situações com as quais os cidadãos podem se deparar. Cabe ao CONAMA a regulamentação dos procedimentos dos órgãos ambientais competentes para concederem autorização ou licenciamento de funcionamento, ou seja, é responsável pela elaboração dos termos de referência para que as atividades potencialmente poluidoras possam segui-las. O CONAMA é um importante norteador e disciplinador das exigências legais e, por meio das Resoluções editadas, tornam as normas claras e aplicáveis à realidade. As normas surgem da necessidade de orientar o cidadão a seguir ou a coibir-lhe certos comportamentos. A norma jurídica existe para regular o que é permitido e o que é proibido fazer. Com

16 relação às APPs, as normas evoluíram da simples proteção ambiental de certos locais para algo mais abrangente, que realça a inter-relação homem-meio ambiente. A interpretação ecológica das APPs deve incluir, além dos aspectos ambientais, também os aspectos econômicos, sociais e culturais. Atualmente já existe a possibilidade legal de intervenção em Áreas de Preservação Permanente, conforme resolução do CONAME 369/2002, a mesma dispõe sobre os casos excepcionais de utilidade pública, interesse social e baixa impacto ambiental que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente, sendo importante, pois regulamenta e delimita intervenções que podem sofrer as APPs. As áreas de preservação permanente foram estabelecidas por lei como alternativas mitigadoras dos impactos da ação antrópica, funcionando como reguladores do fluxo de água, sedimentos e nutrientes, formando ecossistemas estabilizados como regulados as margens dos rios, lagos e nascentes, atuando na diminuição e filtragem do escoamento superficial. 1.2 Florestas e Áreas de Preservação Permanente Inicialmente, em 1965 as APPs eram conhecidas como florestas de preservação permanente. Essa nomenclatura gerava duplo sentido na interpretação da norma jurídica, pois se considerava de preservação permanente apenas as formações vegetais compostas por florestas. Isso fazia com que a norma não fosse cumprida nos locais onde não havia vegetação. Seguindo o espírito pela qual foi estabelecida, aparentemente, a norma não queria dizer bem isso. Este fato gerou a substituição do termo antigo e consolidação da Área de Preservação Permanente nos textos legais vigentes. Para tornar o entendimento das APPs mais evidente, em 2001, foi promulgada a Medida Provisória 2.166-67, que consagrou a terminologia APP. Na antiga redação, áreas que não tinham cobertura florestal poderiam ser sujeitas a intervenção humana, sem a obrigatoriedade da preservação (BRANDÃO, 2001). Já

17 com a redação da MP 2.166-67 de 2001, toda área, mesmo aquela desprovida de vegetação, passou a ser, definitivamente, considerada de preservação permanente. Integram o desenvolvimento sustentável, as áreas de preservação permanente como instrumento de interesse ambiental, institui-se pela Resolução nº 303 de 20 de março de 2002 em seu art. 2º. Art. 2º Para os efeitos desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso d`água perene ou intermitente; II - nascente ou olho d`água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea; III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d`água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo e outras formas de vegetação típica; IV - morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade; V - montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a trezentos metros; VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol d`água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao seu redor; VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de águas; VIII - restinga: depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, também consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do substrato do que do clima. A cobertura vegetal nas restingas ocorrem mosaico, e encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivos e abóreo, este último mais interiorizado; IX - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os estados do Amapá e Santa Catarina; X - duna: unidade geomorfológica de constituição predominante arenosa, com aparência de cômoro ou colina, produzida pela ação dos ventos, situada no litoral ou no interior do continente, podendo estar recoberta, ou não, por vegetação; XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de topografia plana, com declividade média inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes superfícies a mais de seiscentos metros de altitude; XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinação igual ou superior a quarenta e cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando limitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé por ruptura negativa de declividade, englobando os depósitos de colúvio que localizam-se próximo ao sopé da escarpa;

18 XIII - área urbana consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios: a) definição legal pelo poder público; b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana: 1. malha viária com canalização de águas pluviais, 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de esgoto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km2. (BRASIL, 2002). Assim, Mendonça e Naves (2006) APPs são realmente de preservação e não apenas de conservação e afiguram-se como de caráter permanente e não provisório ou transitório, independentemente de possuir ou não cobertura vegetal. A definição de APP demonstrou categoricamente o grau de importância que o legislador atribuiu a essas áreas. Abordou a proteção do solo, da flora, da fauna, da paisagem e da biodiversidade, culminando com a sua significância para o bem-estar das populações humanas. Não deve haver uma visão específica ou unilateral. Logo, os recursos naturais existentes nas APPs devem ser vistos como um todo e, por isso, preservados de maneira permanente. Assim as áreas de preservação permanente são constituídas de áreas, conforme art. 3º da Resolução nº 303 de 20 de março de 2002 em seu art. 2º. Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada: I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com largura mínima, de: a) trinta metros, para o curso d`água com menos de dez metros de largura; b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de largura; c) cem metros, para o curso d água com cinqüenta a duzentos metros de largura; d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de largura; e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de largura; II - ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte; III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de: a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas; b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água com até vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros; IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado;

19 V - no topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação a base; VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível para cada segmento da linha de cumeada equivalente a mil metros; VII - em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e cinco graus na linha de maior declive; VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa; IX - nas restingas: a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar máxima; b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues; X - em manguezal, em toda a sua extensão; XI - em duna; XII - em altitude superior a mil e oitocentos metros, ou, em Estados que não tenham tais elevações, à critério do órgão ambiental competente; XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias; XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas de extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal; XV - nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre. Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais morros ou montanhas cujos cumes estejam separados entre si por distâncias inferiores a quinhentos metros, a Área de Preservação Permanente abrangerá o conjunto de morros ou montanhas, delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura em relação à base do morro ou montanha de menor altura do conjunto. (BRASIL, 2002). 1.3 Locação e Averbação das APPs O Código Florestal limita o uso das propriedades rurais pela preservação do meio ambiente, por meio da instituição das chamadas APP e RL. As APPs são classificadas em duas modalidades pelo Código, de acordo com seus arts. 2º e 3º. As APPs descritas no artigo 2º do Código Florestal são as APPs legais, instituídas por Lei, caracterizando o local que deve ser mantido preservado, independentemente se há ou não cobertura vegetal. Essas APPs têm relação com a situação topográfica ou locacional das áreas, quer esteja coberta ou não por vegetação, que são as áreas ao longo dos rios, ao redor das lagoas, no entorno das nascentes, no topo de morros, nas encostas, nas restingas, nas bordas dos tabuleiros e em altitude superior a 1800m.