SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Perfil populacional de moradores do bairro Cidade Atlântica e Canto Galo no município do Guarujá-SP. Josenildo Lopes Discente do Curso de Enfermagem UNAERP Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá teco.doc@hotmail.com Amanda de Paula Antunes Discente do Curso de Enfermagem UNAERP Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá amanda_p_a@yahoo.com.br Marilda dos Santos Discente do Curso de Enfermagem UNAERP Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá mar.tuca@yahoo.com.br Vivianni Palmeira Wanderley Docente do Curso de Enfermagem UNAERP Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá viviannipalmeira@hotmail.com Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee. Resumo: Estudo epidemiológico, exploratório-descritivo que objetivou identificar as características demográficas, socioeconômicas e a situação de saúde/doença da população residente no bairro Cidade Atlântica, no município do Guarujá, estado de São Paulo, Brasil, a fim de contribuir para o planejamento das ações de saúde desta população e como requisito de avaliação parcial de estágio da disciplina Assistência Integral a Saúde da Família. Coletou-se dados de 35 famílias, através de inquérito domiciliar, utilizando-se de instrumento a ficha A-SIAB do Programa de Saúde da Família do Ministério da Saúde. Verificou-se que a média de idade dos entrevistados era maior de 15 anos (69%). Do total de moradores estudados: 52% eram mulheres, 47,70% possuíam somente o primeiro grau incompleto e 22,9% possuíam renda correspondente a dois salários mínimos. Quanto à saúde, 51,40% referiram problemas no sistema circulatório e 67% aceitaram o encaminhamento a Clínica de Enfermagem da UNAERP para avaliação de saúde. Conclui-se que, embora os dados encontrados assemelhem-se a outros estudos, o conhecimento desses é fundamental para a adequação das ações de saúde da equipe do ESF estudado, com vistas à melhor atenção para esta população. 1
Palavras Chave: Enfermagem; Programa saúde da família; Saúde da família; Estratégia de saúde da família; Processo saúde-doença. Seção 1- Curso de Enfermagem Apresentação: Oral 1. Introdução Várias definições têm sido utilizadas nos meios técnicos e científicos na atualidade para descrever o que é saúde e a doença, mas primeiramente, faz necessário mostrar que a concepção de saúdedoença está diretamente atrelada à forma como o ser humano, no decorrer de sua existência, foi se apropriando da natureza para transformá-la, buscando o atendimento às suas necessidades. Em outras palavras, a prática cotidiana de assistência junto aos indivíduos e aos grupos sociais é orientada pela visão que se tem de saúde, doença, vida, trabalho e assim por diante. (FRACOLLI e BERTOLOZZI, 2001) Significa que saúde-doença compõe momentos de um processo maior, que refere à vida das pessoas, que, por sua vez, está intrinsecamente ligada ao potencial que elas têm ao acesso às necessidades para viver a vida, seja moradia, a alimentação, a educação, a saúde, o lazer, etc. Segundo Fracolli e Bertolozzi, 2001, conceber e de fazer/promover saúde, através de um quadro que evidencie dois planos: o da realidade atual dos serviços de saúde e o que se propõe com a abordagem da saúde-doença nas famílias/grupos sociais e no coletivo; através, portanto de um trabalho desenvolvido pelo Ministério da Saúde, primeiramente como Programa de Saúde da Família (PSF) e mais tarde como: Estratégia de Saúde da Família (ESF). A expansão e a qualificação da atenção básica, organizadas pela estratégia Saúde da Família, compõem parte do conjunto de prioridades políticas apresentadas pelo Ministério da Saúde e aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde. Onde, desenvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipes, dirigidas às populações de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade. A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis 2
assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assistidas às equipes saúde da família. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001) O atendimento é prestado pelos profissionais das Equipes de Saúde da Família (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentistas e auxiliares de consultórios dentário) na unidade de saúde ou nos domicílios. Diante do exposto, torna-se essencial a realização de estudos que investiguem as características da população de diversas áreas, seu processo de saúde-doença dentro do contexto social em que vivem, fornecendo, dessa maneira, subsídios para a atuação dos profissionais de saúde que exercem atividades nas ESF. 2. Objetivo 2.1 Geral Caracterizar o perfil populacional e socioeconômico da população residente nos bairros Cidade Atlântica e Canta Galo do município do Guarujá. 2.2 Especifico I- Identificar a idade média e escolaridade da população descrita pelos acadêmicos de enfermagem da Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá; II- Realizar levantamento acerca dos principais resultados encontrados quanto a situação socioeconômica e de saúde, e também quanto aos encaminhamentos oferecidos a população residente dos bairros Cidade Atlântica e Canta Galo à clínica de enfermagem e USAFA. 3. Metodologia Trata-se de estudo de caráter epidemiológico, transversal, de cunho exploratório-descritivo, com abordagem quantitativa. Surgiu como forma de avaliação parcial para a conclusão da disciplina Assistência de Saúde da Família, como grade curricular para o Curso Enfermagem da Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá (UNAERP), onde tal ESF (Estratégia de Saúde da Família) fornece campo para prática disciplinar dos acadêmicos de Enfermagem desta Universidade e desenvolveu-se junto a comunidade carente e moradora da Cidade Atlântica e Canta Galo, descrita na ESF deste município, sede do estudo, no período de 22/09/2011 a 06/10/2011. 3
A pesquisa foi um construto coletivo entre os professores e acadêmicos da UNAERP do curso de Enfermagem. A população/amostra do estudo compreendeu 35 famílias cadastradas. Os critérios de inclusão utilizados foram: todos os moradores que aceitaram participarem da pesquisa e serem entrevistados de forma aleatória. Os critérios de exclusão foram: ter mudado para fora da abrangência da ESF, não ser encontrado no seu domicílio após a escolha aleatória do mesmo no momento da visita por parte dos pesquisadores e as residências onde havia somente indivíduos menores de 18 anos no momento da abordagem para entrevistas. Para fins desse estudo, considerou-se utilizar as fichas de cadastramento A-SIAB do Programa Estratégia da Saúde da Família do Ministério da Saúde, como instrumento principal de informação de coleta de dados dos moradores participantes do estudo. Alguns moradores foram encaminhados para a clínica de enfermagem para consulta de enfermagem, coleta de citologia oncótica e sorologia e aos demais moradores, entrevistados receberam orientações sobre hipertensão, diabetes, a importância do pré-natal, planejamento familiar entre outras. 4. Resultados e Discussão Caracterização da amostra: Gráfico 1 Integrantes Familiares na faixa etária maior ou menor de 15 anos. Série1; Integ. Fam. < = 15 anos; 46; 31% Série1; Integ. Fam. > 15 anos; 103; 69% Observou-se que, na maioria da população dos domicílios visitados são compostos por pessoas com idade igual ou maior de 15 anos cerca de 69%. Segundo o estudo de Souza, L, 2006; o Brasil vem sofrendo mudança no 4
perfil demográfico de sua população é o reflexo de alguns fatores, projeções apontam que, em 2020, 12,6% da população brasileira será constituída de idosos e que, em 2050, esse índice alcançará 16%. Gráfico 2 Gênero de moradores maiores ou igual a 15 anos. Série1; Masculino; 49; 48% Série1; Feminino; 54; 52% Verificou-se que, mais da metade da população da comunidade visitada é do gênero feminino (52%). Em comparação com um estudo de campo de Souza, L, 2006, onde mais da metade (62,2%) dos entrevistados eram mulheres com idade média de 69,9 anos, caracterizando o que os autores chamam de feminização da velhice, alicerçada, especialmente, pelas maiores taxas de mortalidade da população masculina. Gráfico 3 Escolaridade de moradores maiores ou igual a 15 anos. Série2; 1º grau incompleto; 47,70% Série2; Sem alfabetizaçao; 2,90% Série2; 1º grau Série2; 2º grau completo; imcompleto; 9,70% 8,70% Série2; 2º grau completo; 21,30% Série2; 3º grau Série2; 3º grau completo; Série2; Não incompleto; 4,90% identificado; 2,90% 1,90% 5
Verificou-se que a maior parte da população estudada possuem apenas o primeiro grau incompleto (47,70%). Segundo dados da Fundação SEAD, os níveis de conclusão do ensino fundamental no Guarujá (61%) foram muito inferiores a média estadual (77,5%). Gráfico 4 Renda Familiar. 22,9% 20% 17,1% 17,1% 14,4% 5,7% 2,8% O estudo mostrou a maioria com renda familiar cerca de dois salários mínimos por mês (22,9%). Como foi referenciado no estudo de Souza, L, 2006 que esses rendimentos, muitas vezes, são insuficientes para suprir o padrão de necessidades e que 21,4% da população estudada informou ter necessidade de desenvolver alguma atividade remunerada com vistas ao complemento da renda mensal. Gráfico 5 Doenças ou Condições Referidas em Pessoas de idade maior ou igual a 15 anos. Série1; Sist. Circulatorio; 51,40% Série1; Sist. Respiratorio; 8,10% 21,60% Série1; Sist. Série1; Outros; Gastro Série1; Sistema 10,80% intestinal; nervoso; 5,40% 2,70% 6
Notou-se que a doença mais referida pela população estudada foi o sistema circulatório (51,40%), comparando com o estudo de Souza, L, 2006 onde também foi observado que 50% da população eram idosos e hipertensos e 16,3% diabéticos. Associando-se essas duas patologias com a participação no grupo HIPERDIA (47,3%) dos indivíduos eram hipertensos ou diabéticos. Gráfico 6 Relação de Encaminhamentos para USAFA e para Clínica de Enfermagem UNAERP. Série1; USAFA; 33,30%; 33% Série1; Clinica de Enfermagem; 66,70%; 67% Cerca de 67% da população entrevistada preferiram o encaminhamento para Clínica de Enfermagem e conforme o estudo de Turini et al, 2002, referiu que os entrevistados (68%) informaram que a lentidão e a burocracia atrapalha o fluxo mais rápido e eficaz no atendimento da atenção básica. 5. Considerações finais Quanto aos resultados encontrados, conclui-se: a população estudada apresentam características semelhantes quando comparados com outros estudos do mesmo perfil, ou seja: maior número de adultos e mulheres, baixa escolaridade, pouca renda, presença de patologias crônicas nãotransmissíveis, rede de suporte social frágil e pouca aderência à terapêutica, entre outras. 6. Bibliografia FUNDAÇÃO SEAD. Índice Paulista de Responsabilidade Social - IPRS, 2010. 7
Ministério da Saúde (BR). Anuário estatístico de saúde do Brasil 2001. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2002. Rosa WAG, Labate RC. Programa de Saúde da Família: a construção de um novo modelo de assistência. Rev Latino-am Enfermagem 2005 novembro-dezembro; 13(6):1027-34. SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS Unaerp Guarujá, Normas, disponível em http://sici.unaerp.br/?local=normas. Acesso 24 ago 2012. Souza LM, Morais EP, Barth QCM. Características demográficas e socioeconômicas e situação de saúde da família de Porto Alegre, Brasil. Rev Latino-am Enfermagem 2006 novembro-dezembro; 14(6). Turini RTN, Marra CC, Murai HC, Chaccur MIB, Duarte YAO, Bersusa A, et al. Avaliando a assistência ao idoso: a construção de um formulário para coleta de dados. In: Cianciarullo TI, Gualda DMR, Silva GTR, Cunha ICKO. Saúde na família e na comunidade. São Paulo (SP): Robe editorial; 2002. p. 340-74. Veras R. Modelos contemporâneos no cuidado à saúde: novos desafios em decorrência da mudança do perfil epidemiológico da população brasileira. Rev USP 2001;51:72-85. 8