FENÔMENOS NATURAIS E PAISAGEM NAS SÉRIES INICIAIS: DISCUSSÃO DE UMA EXPERIÊNCIA



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Transcrição:

FENÔMENOS NATURAIS E PAISAGEM NAS SÉRIES INICIAIS: DISCUSSÃO DE UMA EXPERIÊNCIA Luciana Serelli Macedo Aranha/UNIBH lserelli@gmail.com Carla Juscélia de Oliveira Souza/UNIBH carlaju@uol.com.br INTRODUÇÃO Cada lugar é, a sua maneira, o mundo (Milton Santos) A Geografia é uma ciência que tem como objeto de estudo o espaço geográfico, que contém, também, onde vivemos. Como campo de conhecimento, a Geografia busca analisar e interpretar a interação dos fatos naturais e humanos que ocorrem no espaço. O lugar é uma categoria de análise, do espaço geográfico, que tem bastante relevância, pois sendo um recorte do espaço global, dentro dele estão contidas todas as dinâmicas e transformações do espaço, assim como a paisagem que as pessoas a observam antes mesmo de vivenciar a geografia escolar. Este artigo faz uma discussão sobre as experiências vividas nos anos 2008 e 2009 nos laboratórios de geomorfologia MORFOLAB e de Práticas Educativas - EDUCALAB, do curso de Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte UNIBH, onde foi realizada a atividade de Laboratórios Integrados recebendo alunos das séries iniciais. Essa atividade teve como objetivo trabalhar a percepção das crianças a respeito dos conceitos paisagem e fenômenos naturais, levando em conta os conhecimentos prévios das mesmas e seus espaços de vivência. 1. A GEOGRAFIA UMA CIÊNCIA QUE ANALISA

A Geografia hoje busca ser uma ciência mais analítica e em estabelecer relações como o que acontece no espaço geográfico, diferente da tradicional que baseava no empirismo, sendo descritiva e não fazendo relações entre os seus campos de estudo. Com isso, hoje, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), busca-se Uma geografia que não seja apenas centrada na descrição empírica das paisagens, tampouco pautada exclusivamente na interpretação política e econômica do mundo; que trabalhe tanto as relações socioculturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte, investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição de um espaço: o espaço geográfico. (PCN Ensino Fundamental, 1997, p.4). É no espaço geográfico que a sociedade se relaciona e transforma a natureza e a partir desse contato o homem começa a fazer a leitura de seu espaço e/ou paisagem. A Geografia tem um papel importante na análise desse espaço, sendo essa análise facilitada por meio dos educadores. Para isso, È fundamental, assim, que o professor crie e planeje situações nas quais os alunos possam conhecer e utilizar esses procedimentos: A observações, descrição, experimentação, analogia e síntese devem ser ensinadas para que os alunos possam aprender a explicar, compreender e até mesmo representar os processos de construção do espaço e dos diferentes tipos de paisagens e territórios. (PCN Ensino Fundamental, 1997, p.8). Para que facilite a análise e o aprofundamento temático do espaço geográfico os conteúdos são ensinados de forma fragmentada, porém, os professores têm a responsabilidade de fazer relação entre eles em diferentes escalas local e/ou global, com esse exercício os alunos começam a estabelecer relações, analisando seu próprio espaço e comparando com outros lugares do mundo. De acordo com o PCN Ensino Fundamental (1997, p.9) a compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto global, é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade, de modo cada vez mais abrangente, desde os ciclos iniciais. Pois, por meio da curiosidade e dos conhecimentos adquiridos na sua vivência e na escola, as crianças vão descobrindo o seu espaço no mundo, e isso a criança vai fazendo e superando os desafios e ampliando cada vez mais sua visão linear do mundo (CALLAI, 2005 p.233).

A leitura da paisagem é trabalhada a partir do momento em que a criança começa a reconhecer os lugares, primeiramente, onde ele vive. Portanto esse conceito depende da leitura que cada um faz do mundo, ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens que podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na busca da sua sobrevivência e da satisfação das suas necessidades (CALLAI,2005 p.228). Quando levamos tais leituras para sala de aula e as trabalhamos junto com os conteúdos propostos, podemos cada vez mais melhorar ou aprimorar esse exercício de observação do mundo. Segundo Callai, a noção de espaço é constituída socialmente e a criança vai ampliando e complexificando o seu espaço vivido concretamente. A capacidade de percepção e a possibilidade de sua representação é um desafio que motiva a criança a desencadear a procura, a aprender a ser curiosa, para entender o que acontece ao seu redor. (CALLAI, 2005, p.233) Para que os alunos entendam a paisagem no qual estão inseridos, é necessário que a análise da paisagem deve focar as dinâmicas de suas transformações (...) a compreensão dessas dinâmicas requer movimentos constantes entre os processos sociais e os físicos e biológicos, inseridos em contextos particulares ou gerais (PCN Ensino Fundamental, 1997 p.6), e a partir desse momento eles vão começar a ter outro olhar sobre as paisagens do cotidiano. Além disso, a percepção espacial de cada indivíduo ou sociedade é marcada, também, por laços afetivos e referências socioculturais estabelecidas ao longo da vida, pois o homem como sujeito construtor do espaço geográfico é um homem social e cultural. (PCN Ensino Fundamental, 1997) 2. O LUGAR COM SUAS PAISAGENS E FENÔMENOS NATURAIS O lugar é um recorte do espaço global, e ao fazer esse recorte podemos analisar algumas categorias como a paisagem e os fenômenos naturais. Segundo SANTOS (1997, p.258) o lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo ou ainda cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente. (ibid. p.273), apesar de ser um recorte do global todos os seus acontecimentos podem influenciar não só em escala local mais também global.

As categorias lugar e a paisagem para a Geografia estão ligadas às identidades territoriais, e por meio desta identidade as populações caracterizam e modificam o seu meio, sendo assim, o lugar é um espaço social onde o homem constrói a sua própria paisagem e, por sua vez, a paisagem de cada lugar é a interação do homem com a natureza, e na Geografia possui uma identidade visual do local observado. A paisagem de acordo com SUERTEGARAY (2001) são as relações entre o homem e a natureza, essas se materializada no espaço, e segundo SANTOS (1997, p.83) é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizada entre homem e natureza. As ações da natureza e do homem participam da constituição da paisagem, portanto, a percepção dessas ações possibilita o próprio entendimento da paisagem. A ação do vento, do vulcão, das marés, da chuva, das águas fluviais promove a curiosidade, o medo e o interesse das crianças por saber o porquê de determinadas ações e fatos ocorrerem, assim como o porquê do homem construir e destruir continuamente os elementos existentes no espaço e como o homem convive com esses fenômenos e transformações. Portanto, nas séries iniciais, um ponto de partida para que os alunos comecem a pensar na relação do homem com a natureza, e na constituição da paisagem, pode ser a abordagem de alguns fenômenos naturais que ocorrem no espaço de vivência e em outros espaços, como a chuva, as marés, as ventanias e outros. No estudo da paisagem local e/ou do espaço vivido, a identificação dos elementos da natureza e da ação do homem contribui para o reconhecimento de aspectos importantes que ajudam a dar materialidade à paisagem. Nessa identificação, o professor não deve deixar de fazer a relação com outros lugares do mundo, para que os alunos possam comparar e estabelecer relações com os lugares. Assim como os fenômenos naturais devem ser identificado, pelas crianças, no local, elas devem, também, fazer relações com os fenômenos naturais do mundo. 2.1 Fenômenos naturais e paisagem: desenvolvimento das atividades A partir das ideias e referências apresentadas nos itens anteriores, as atividades realizadas com 50 crianças, entre 6 a 9 anos, nos laboratórios de Geomorfologia MORFOLAB 1 e de Práticas Educativas EDUCALAB 2, nos anos de 2008 e 2009, 1 -Professora responsável pelo laboratório: Carla Juscélia de Oliveira Souza 2 -Professora responsável pelo laboratório: Janete Regina de Oliveira

foram organizadas a fim de contribuir com a discussão da noção de paisagem e fenômenos naturais. Essas atividades foram planejadas para serem realizadas em 4 momentos distintos, mas interligados, conforme apresentado no Quadro 1. Quadro 1: Planejamento das atividades Momentos Atividades Materiais Utilizados Apresentação dos Fenômenos - Fotos de Fenômenos (furacão, tsunami, 1º Problematizações e Sondagem vulcanismo, avalanche, terremotos) 2º Apresentação das Maquetes - Problematizações e Sondagem Maquetes (vulcão, geleira, ambiente cárstico) 3º Representação da Paisagem - Criação Pedaço de cartolina (13x13 cm) / Massinha de modelar (quatro cores distintas) Apresentação das Paisagens 4º Representadas - Socialização A modelagem das Crianças Fonte: Planejamento das atividades. Org. Luciana Aranha, 2008. Fotos 1 e 2: Organização do espaço dos laboratórios As atividades aconteceram de forma simultânea nos dois laboratórios, com duração, média, de 100 minutos. O primeiro momento foi iniciado com fotos de fenômenos naturais de várias partes do mundo, projetadas com o auxílio de datashow. Nesta etapa, as crianças ficaram atentas e participativas, o que permitiu sondar os seus conhecimentos sobre fenômenos naturais, a partir de questionamentos como: Existem fenômenos naturais onde vocês moram? Eles são parecidos com esses ou são outros?. A combinação de imagens e questionamentos suscitou outros questionamentos por parte das crianças, como: qual a diferença entre furacão e tornado? ; O que sai do vulcão? ; O furacão destrói tudo!. Aqui não tem terremoto?. Essas participações por meio de perguntas e colocações pessoais contribuíram para o enriquecimento da atividade, de maneira agradável e divertida.

No momento seguinte, diferente maquetes foram apresentadas e deixadas para serem exploradas e comentadas livremente. Durante essa atividade, aproveitou-se para verificar os conhecimentos prévios das crianças sobre paisagem e a relação do homem com o meio onde vivem e sobre as paisagens representadas. Foram feitas as seguintes questões: Como são as paisagens que vocês conhecem? Os homens modificam a paisagem? Como o homem modifica a paisagem? Ao abordar o que era paisagem, as crianças perguntaram A praia é uma paisagem? ; O jardim da minha casa é uma paisagem? ; E a escola?. A partir dos questionamentos das crianças foram usados os conhecimentos científicos para conceituar o que seria a paisagem. Quando foi abordada a relação do homem e o meio as crianças levaram para o lado dos fenômenos naturais e a ação antrópica. Eles fizeram a seguinte colocação: - se jogar mos lixo na boca-de-lobo vai entupir e a água não vai poder ir para o rio causando enchentes ; não podemos fazer nada para contrariar Deus ; não podemos jogar lixo nas ruas ; temos que cuidar bem dos rios. O explorar as maquetes também promoveu algumas colocações por parte das crianças, como: morar perto do vulcão é perigoso. A maquete que mais se destacou foi a do vulcão do Monte Fugi Japão, com as construções próximas à sua base. Esse arranjo espacial chamou a atenção das crianças que fizeram a seguinte colocação: - Se esse vulcão sair larva vai queimar todas essas casas e pessoas ; - Não tem como essas pessoas fugirem. A partir de suas observações aproveitou-se para falar e explicar sobre o sistema de monitoramento que existe nessa região e em outras onde existem pessoas convivendo com fenômenos como o vulcanismo, assim como a existência de vulcões inativos, por isso permite que pessoas morem bem próximas ao vulcão. As crianças gostaram também das maquetes de cavernas e perguntaram: - Como entra nas cavernas? ; É escuro lá dentro?. Já a maquete de geleira eles fizeram a relação com o fenômeno natural avalanche, fizeram uma relação entre as duas atividades iniciais.

Fotos 3 e 4: Apresentação das maquetes no MORFOLAB (Esquerda) e EDUCALAB (Direita). No terceiro momento, as crianças puderam utilizar de sua criatividade e de seus conhecimentos para representar a paisagem que quisessem, utilizando um pedaço de cartolina e massinha de modelar colorida. Para cada criança foram disponibilizadas quatro cores distintas. Eles acharam bastante divertidos e sempre faziam comentários com seus amigos sobre o que iam representar. Fotos 5 e 6: Crianças modelando suas paisagens No último momento, o da Socialização, as crianças apresentaram o resultado de suas representações. Pode-se dizer que eles foram bastante criativos e a maioria representou elementos da paisagem com a qual já tiveram contato um lugar que eles gostam como praia, lago, piscina e outros objetos que estão na paisagem como árvores, água, arcoíris, pedras, etc. A minoria utilizou, em suas representações, alguns dos elementos mostrados na maquete, como vulcão e gelo. Uma criança disse ter representado um furacão. Quando perguntamos a ela porque era furacão e não tornado,

ela respondeu: - é furacão porque está próximo da praia e que tornado não precisa de água para se formar. Fotos 7 e 8: Representações do Furacão (esquerda) e representação de elementos da natureza que fazem parte da vivência da criança (direita). Entre as representações das paisagens, muitas crianças utilizaram a massinha para fazer as árvores como modelagem em 3 dimensões (3D), mas também para fazer a casa em 2 dimensões (foto 8), como se desenhando no papel. Esse fato ocorre porque a criança não mantém o seu foco de observação a partir de um único ponto de vista, e leva em consideração a sua vivência com o objeto real e representado e a maneira mais fácil para representá-la. Entre os 7 e 9 anos, as crianças vão gradualmente aprendendo a estabelecer a relação de três dimensões altura, forma e volume - mas sem apresentar uma relação proporcional entre elas (GOULARD, 2002). Fotos: 9 e 10: A criança da esquerda representou o vulcão junto com outros elementos observados na natureza e a da direita representou a paisagem com elementos da natureza.

Outras crianças representaram todos os elementos da paisagem em formato 3D (fotos 9 e 10). Nesses dois casos mostrados nas fotos, os únicos elementos representados foram os que pertencem à dimensão natural. 3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As atividades foram realizadas com crianças de faixa etária entre 6 a 9 anos, o que corresponde, para Piaget, que algumas estão no estágio simbólico e outras estão entrando no operatório concreto. Ambas as fases fazem parte do desenvolvimento cognitivo das crianças, sendo que a primeira utiliza de símbolos para se comunicar e a outra fase a criança já começa organizar as informações, a questionar e fazer relações. (FERRACIOLI, 1999). Conforme Castellar, A epistemologia genética é importante porque nos revela que, para compreender algumas noções que estruturam o conhecimento geográfico, como, por exemplo, o conceito de lugar, é necessário que a criança desenhe o seu lugar de vivência (rua, escola, moradia e outros não tão próximos); mas, para agir sobre ele e transformá-lo, as atividades devem motivá-la a pensar sobre as noções e conceitos, relacionando o senso comum (vivência) com o conhecimento científico. (CASTELLA, 2005,p.225). Em função desses fatos, o cognitivo e o do significado para as crianças, as atividades foram pensadas de maneira que as crianças pudessem ficar livres, apresentar seus saberes espontaneamente e brincar com o conceito paisagem. Os procedimentos adotados deram certos, uma vez que as crianças se mostraram a vontade, dispostas a participarem e bastantes criativas ao representarem a sua paisagem por meio de massinha de modelar. Suas representações corresponderam, na maioria, a sua observação de mundo e na escala do vivido. Acredita-se que elas utilizaram de suas sensações (medo, curiosidade, contentamento, lembranças) combinadas com os estímulos visuais (imagens do real) para escrever a sua paisagem. Para essa escrita é necessário antes ler a informação existente no espaço vivido, a partir da identificação dos elementos naturais e construídos presentes na paisagem. De acordo com Castellar (2005), o importante é ir além da percepção das formas presentes na paisagem, mas chegar ao seu significado.

Apesar do curto período de tempo de realização das atividades, foi possível verificar entre algumas crianças o entendimento do significado de alguns fenômenos naturais e a associação dos mesmos com alguns elementos sociais. Nas modelagens, a percepção dos elementos naturais presentes no espaço de vivência foi o que mais se destacou nas representações das crianças. A maioria representou lugares que tiveram contato ou elementos que já observaram na natureza. Isso mostra que essa leitura é feita a partir do momento que os mesmos começam a observar o meio onde vivem o lugar de origem e essas observações são suas bagagens de conhecimentos empíricos, que devem ser utilizados junto com os conteúdos a geografia escolar, assim, os alunos podem fazer relações com outros lugares do mundo, que podem ser igual ou não a paisagem observada, por meio destas relações eles ampliam seu campo de conhecimento. A atividade permitiu que as crianças fizessem comparações do imaginário com o real, em todos os momentos das atividades. A etapa da modelagem de uma paisagem demandou das crianças representarem e organizarem o que pensa sobre o assunto. Em suas representações apareceram elementos como árvores, água, sol, chuva, arcoíris, flores. Esse fato revela que para eles a paisagem tem um apelo para o natural, sem expressarem, ainda, com clareza, a paisagem como relação entre homem e natureza. As crianças representaram também alguns elementos apresentados, como furacão, gelo e vulcão, sendo a minoria das representações, algumas crianças conseguiram assimilar as imagens apresentadas a elas. Analisar as semelhanças e diferenças entre os modos de vida das sociedades relativas ao trabalho, às construções e moradias, aos hábitos cotidianos, às expressões de lazer e de cultura. Por meio dessas atividades e procedimentos, é possível ampliar as discussões para a questão do modo de vida das pessoas em diferentes lugares, combinado com as condições naturais e tecnológicas desses lugares. E, ainda, reconhecer semelhanças e diferenças entre os modos de vida, relativas ao trabalho, às condições de moradias, aos hábitos cotidianos, às manifestações culturais e dos fenômenos naturais. Dessa maneira, habilidades como reconhecer, correlacionar, compreender são trabalhadas, a partir de fatos conhecidos e significativos para as crianças. Gradualmente, a noção do conceito de paisagem, dentro da abordagem geográfica, vai sendo construída. Mas, para isso, é necessário um tempo maior do que o utilizado nas atividades nos laboratórios, nos anos de 2008 e 2009.

No Quadro 2, em anexo, encontra-se a síntese das atividades realizadas. Nele, são relacionados os 4 momentos e os respectivos procedimentos didáticos e resultados. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O espaço de vivência e a paisagem são importantes para a formação do conhecimento da criança, e servem de parâmetros para fazer relações com outras paisagens espalhadas pelo mundo e na escola. Cabe ao professor explorar essas duas dimensões do espaço geográfico espaço de vivência e a paisagem a fim de construir a noção desses, também, conceitos. O trabalho prático, lúdico e em outros espaços são importantes e possibilitam a participação ativa dos alunos. O aprender torna-se uma grande brincadeira, onde se pode manifestar-se sem medo de errar. Embora não se tenha feito um levantamento quantitativo e qualitativo das possíveis mudanças conceituais ocorridas entre os alunos, acredita-se que cada um, no seu ritmo e a partir do que já se sabia, pôde construir outros conhecimentos e outras vivencias coletivas. As experiências nos laboratórios MORFOLAB E EDUCALAB tem sido uma outra possibilidade de diferentes espaços formadores, para as escolas que queiram visitá-los, como também uma grande oportunidade para os graduandos, em Geografia, vivenciarem outras práticas pedagógicas, diferentes das encontradas no estágio supervisionado.

Quadro 2 Síntese das Atividades e Resultado Momentos Atividades Procedimentos Didáticos Resultados 1º Apresentação dos Fenômenos Sondar os conhecimentos prévios sobre o que são os Fenômenos Naturais/ Estimular a observação e a participação das crianças/ fazer relação em diferentes escalas (local e global) e se esses fenômenos existem onde eles moram. Neste momento as crianças se mostraram bastante curiosa e atenta, com as fotos apresentadas, houve a interação com os alunos a partir do momento em que surgiam as dúvidas como: "qual a diferença entre furacão e tornado?" "O que sai do vulcão?" "O furacão destrói tudo?", "aqui não tem terremoto?" 2º Apresentação das Maquetes 3º Representação da Paisagem Sondar sobre o conhecimento das crianças sobre paisagem e a relação do homem com o meio onde vivem e sobre as paisagens representadas (vulcão, geleira e ambiente cárstico); Estimular a observação e a participação dos mesmos e fazer relação em diferentes escalas (local e global) como são as paisagens que eles conhecem? O homem modificar a paisagem? Pedaço de cartolina (13x13 cm) e quatro cores de massinha de modelar colorida. Com esses materiais as crianças após as explicações e apresentações de diversas paisagens elas puderam modelar a paisagem que quisessem, fazendo relação ou não com o que foi apresentado. As crianças continuaram bastante envolvidas e curiosas com as apresentações das maquetes. Na apresentação da maquete do vulcão "Monte-Fuji - Japão" como as construções de casa estavam próximas as crianças problematizaram "se esse vulcão sair larva vai queimar todas essas casas e pessoas" "não tem como essa pessoas fugir" para acabar com as duvidas, foi explicado sobre o sistema de monitoramento que existe nesta região, por isso permite que as pessoas morarem bem próximo dele. Ao abordar o que era paisagem, as crianças perguntaram "a praia é uma paisagem? O jardim da minha casa? A escola?" E a partir dos questionamentos foi que usei dos conhecimentos científicos (literatura) para conceituar o que seria a paisagem. Quando foi abordada a relação do homem e o meio as crianças levaram para o lado dos fenômenos naturais com ação antropica que são as enchentes. "se jogar mos lixo na boca- de - lobo vai entupir e a água não vai poder ir para o rio causando enchentes." outro "não podemos fazer nada para contrariar Deus" outro "não podemos jogar lixo nas ruas" "temos que cuidar bem dos rios" As crianças ficaram bastante empenhadas em fazer uma paisagem, usaram de muita criatividade. 4º Apresentação das Paisagens Representadas Apresentação e explicação das crianças do que tinham representado. As crianças foram bastante criativas, sendo que a maioria representou elementos da paisagem com a qual já tiveram contato um lugar que eles gostam como praia, lago, piscina e outros objetos que estão na paisagem como árvores, água, arcoiris, pedras, etc. A minoria utilizou, em suas representações, alguns dos elementos mostrados na maquete, como vulcão e gelo outro dos fenômenos como o Furacão "quando perguntou para a criança que não era tornado e não furacão ele respondeu que era furacão porque estava próximo da praia e que tornado não precisa de água para se formar. O Espaço de vivência é de muita importância e deve ser abordado de maneira significativa junto com os conteúdos propostos, pois nas representações o que prevaleceu foram os conhecimentos já adquiridos em seu meio. Fonte: Síntese das Atividades e Resultado. Org. Luciana Aranha, 2009.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALLAI, H.C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005. <http://www.cedes.unicamp.br> Acesso em: 05 jun. 2009 CASTELLAR, S. M. V. Educação geográfica: a psicogenética e o conhecimento escolar. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 209-225, maio/ago. 2005. <http://www.cedes.unicamp.br> Acesso em: 05 jun. 2009 FERRACIOLI, L. Aprendizagem, desenvolvimento e conhecimento na obra de Jean Piaget: análise do processo de ensino-aprendizagem em ciências. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 80, n. 194, p. 5-18, jan./abr. 1999. GOULART, I. B. Piaget Experiências básicas para utilização pelo professor. Petrópolis: Vozes, 2002. 160 p. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, Secretária do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais Geografia (PCN). 1997. 28p. SANTOS, M. A natureza do espaço. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1997. 308p. SUERTEGARAY, D. M. A. Espaço geográfico uno e múltiplo. Revista eletrônica de geografia y ciências sociales: Universidad de Barcelona, nº 93, 15 de Julio de 2001.< http://www.ub.es/geocrit/sn-93.htm> acesso em 10 jul. 2009