PREVALÊNCIA DOS POSSÍVEIS E OU TENDENCIOSOS CASOS A DESENVOLVEREM O TRANSTORNO DISMORFOBICO CORPORAL (TDC)

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Transcrição:

PREVALÊNCIA DOS POSSÍVEIS E OU TENDENCIOSOS CASOS A DESENVOLVEREM O TRANSTORNO DISMORFOBICO CORPORAL (TDC) Adane Camila Soczeck 1, Amanda Catarina Jordão Fukumothi 2, Evyllin Rafael dos Santos 3, Eunice Tokars 4 1 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 3 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 4 Fisioterapeuta, professora, doutora no curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); Endereço para correspondência: Adane Camila: camila.ck.14@gmail.com; Amanda Fukumothi: amanda.fukumothi@hotmail.com, Evyllin Santos: evyllin_ms@hotmail.com. RESUMO A dismorfobia também denominada Complexo de Quasímodo é uma desordem pouco reconhecida, caracterizada pela extrema insatisfação com a própria aparência, existindo ou não razões estéticas. Cerca de 1 a 6% da população geral foi incluída nos critérios de diagnóstico de TDC em estudos de prevalência, embora seja um transtorno mental pouco estudado. O presente artigo buscou o levantamento de dados sobre a prevalência da insatisfação e os tendenciosos a desenvolver o Transtorno dismorfico corporal. Foi realizado uma pesquisa qualiquantitativa com base no teste da Escala P'isa modificada para Complexo de Quasímodo, que ficou disponível na Web com suporte da tecnologia da internet por 3 meses, sem restrição ao público. Respondido por 1270 pessoas, os resultados foram divididos em perfil demográfico (96,3% sexo feminino), faixa etária ( 79,9% entre 20-39 anos) e apontou que 92,6% concordam que alguma parte do corpo não lhe agrada. É de grande importância que o tecnólogo em estética tenha conhecimento do transtorno dismórfico corporal, como também é importante a participação familiar para a obtenção de resultados positivos conforme tratamentos especializados. Palavras-chave: TDC, transtorno dismórfico corporal, imagem corporal, dismorfobia.

INTRODUÇÃO Atualmente o culto ao corpo está presente em todos as classes sociais e faixas etárias, tendo como base um discurso estético, de preocupação com a saúde e a busca por uma imagem perfeita. Observa-se que as cirurgias plásticas triplicaram no país, houve um aumento dos frequentadores de academias físicas e nunca venderam tanto cosméticos e produtos para emagrecer, apesar da crise econômica (RIBEIRO, OLIVEIRA,2011). Nesse contexto, identificam-se vários profissionais da área de saúde, como os tecnólogos em estética que se especializam para atender pessoas que desejam possuir corpos belos e saudáveis. Entretanto este ideal de beleza corporal pode agravar alguma insatisfação corporal existente, facilitando que indivíduos com predisposição desenvolvam o transtorno dismorfobico (AZEVEDO,2011). O transtorno dismorfobico corporal (TDC) foi descrito pela primeira vez em 1886 por Morcelli, como uma síndrome denominada dismorfobia, cuja principal característica é a extrema insatisfação do indivíduo em relação ao seu corpo, geralmente, associada a outros distúrbios psicológicos de graus variados (SULLA, 1886). É considerado um transtorno mental que afeta a percepção da própria imagem corporal, com preocupações irracionais sobre defeitos em alguma parte do corpo (por exemplo: nariz torto, olhos desalinhados, imperfeições na pele etc). Essa percepção distorcida pode ser totalmente falsa (imaginária) ou estar baseada em alterações sutis da aparência, resultando numa reação exagerada a respeito, com prejuízos no funcionamento pessoal, familiar, social e profissional(pavan et al,2008).caracteriza-se pela procura por tratamentos estéticos ou cirúrgicos sem acompanhamento psicológico, com o propósito de corrigir os defeitos fictícios, que resultará no insucesso, podendo ocasionar o crescimento da obsessão, inclusive estimular a ideia de suicídio. Afeta homens e mulheres, com incidência maior no sexo feminino o que é natural devido serem mais vaidosas. O pico maior é na adolescência, onde várias mudanças e

desarmonias, em relação ao desenvolvimento do corpo ocorrem. (MENEZES, et al, 2014). Este artigo teve como objetivo identificar a prevalência dos possíveis e ou tendenciosos casos a desenvolverem o transtorno dismórfico corporal (TDC). Imagem e transtorno dismórfico corporal A aparência física atualmente é supervalorizada em situações sociais, o que desencadeia uma procura pela beleza ditada pela sociedade. A busca pela beleza se tornou prevalente, as pessoas buscam uma aparência perfeita, na tentativa de melhorar sua autoimagem e auto percepção, de modo que isso ajude a melhorar suas relações sociais e aumente sua perspectiva de sucesso em uma variedade de situações sociais (JONZON,2009). A imagem corporal pode ser definida como a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente das pessoas, envolvendo todos os sentidos, provenientes de experiências vivenciadas por um indivíduo, no qual se cria um referencial corpóreo de si mesmo (PAULUCCI, FERREIRA,2009). A imagem corporal é uma construção multidimensional diretamente ligada ao pensar, sentir e se comportar a respeito de seus atributos físicos. Ao analisar a formação da imagem corporal, entende-se que a forma de se considerar o corpo está profundamente ligada à organização sociocultural em que o indivíduo está inserido, e que tais exigências culturais refletem na formação de imagens do corpo (SOUSA, ARAUJO, 2005). Pode-se dizer que três componentes fazem parte do conceito de imagem corporal: o perceptivo, ou seja, a percepção do corpo e uma estimativa do tamanho corporal e do peso; o subjetivo, referente a satisfação com a aparência acrescido da ansiedade e preocupação relacionado a ela; e o comportamental, que consiste em situações evitadas devido ao desconforto causado pela aparência corporal. (SAIKALI, SOUBILLA, SCALFARO, CORDAS, 2004). O transtorno dismórfico corporal (TDC) envolve sintomas de preocupação excessiva em relação a um defeito mínimo ou imaginário na

aparência e que traz prejuízos na vida social, ocupacional ou em outras áreas importantes para o indivíduo (SADOCK E SADOCK, 2007). A dismorfobia também denominada de Complexo de Quasímodo é uma desordem pouco reconhecida, caracterizada pela extrema insatisfação com a própria aparência, existindo ou não razões estéticas. Geralmente os indivíduos com esses transtornos não se dão conta da doença e não procuram tratamento psicológico, substituindo-o pelas cirurgias plásticas (ASSUMPÇÃO, 2007). Cerca de 1 a 6% da população geral foi incluída nos critérios de diagnóstico de TDC em estudos de prevalência. Embora seja um transtorno mental pouco estudado e sem diagnóstico na prática médica. Podem se manifestar na infância, adolescência, mudanças na aparência e após a menopausa. Há poucos estudos na faixa etária de idosos, em alguns casos podem surgir após algum evento traumático. Tornando-se importante a triagem para TDC em casos de cirurgia plástica, na medida em que podem afetar diferentes fases do desenvolvimento. As insatisfações com a imagem são diferentes entre os gêneros, porém são mais expressadas no sexo feminino e qualquer região do corpo pode ser alvo de preocupação, fatores socioculturais podem ter efeito marcante nos predisponentes a esta condição. Pesquisas sobre a prevalência do TDC são pouco frequentes, pois o diagnóstico confunde com a essência da motivação de pacientes para realizar a cirurgia plástica. Entrevistas e uma boa anamnese são importantes porque determinam se os defeitos percebidos são inexistentes. Também é necessária a identificação de características de critérios específicos como o risco de suicídio. Pessoas com TDC normalmente tem depressão, o que os desmotiva na recuperação, alguns não entendem que a insatisfação é uma imagem distorcida de si próprio e procuram tratamento estético para fugir dos psicológicos (BRITO, et al, 2014). Levando em conta a singularidade de cada indivíduo, a TDC apresentase em níveis e situações diferentes. Alguns comportamentos característicos podem ser confundidos muitas vezes e/ou relacionados a outro transtorno, como por exemplo o TOC (transtorno obsessivo compulsivo), no qual o indivíduo olhase no espelho ou superfícies refletoras várias vezes para checar a aparência,

isto pode consumir horas do dia. Outros, evitam o auto reflexo a fim de diminuir o desconforto, destacando que são atitudes repetidas ou evitadas excessivamente. Em alguns casos, o indivíduo está certo de que é o motivo de comentário em relação as pessoas a sua volta, tenta camuflar os defeitos, seja com maquiagens ou acessórios (KENDELL, 2003). Indivíduos com Transtorno Dismórfico Corporal deduzem que a solução para seu problema está no tratamento estético. Inicialmente é preciso a aceitação que esse transtorno exige tratamento psicológico, o que o torna mais complicado. O médico deve ter empatia pelo sofrimento e sintomas deles, porém não concordar que há algo errado com a aparência, tentar diminuir a angústia e a preocupação com a condição física e incentivar um tratamento podem melhorar a qualidade de vida. O tratamento pode incluir uma combinação de terapias como psicológico e farmacológico. Um diagnóstico precoce e o tratamento após o início dos sinais de TDC podem encorajar a percepções realistas sobre a imagem corporal e ajudar a não agravar o transtorno (PIRES, et al, 2014). Cirurgia Estética Segundo Sarwer e Cash (2008) a Imagem Corporal é o elemento central na motivação de estratégias de modificação da aparência, além de afirmarem que aproximadamente 5 e 15% das pessoas que se submetem a uma cirurgia estética podem sofrer deste transtorno. Cirurgia estética é denominada como aquela que não tem indicação medica, sendo que o principal motivo em que leva o indivíduo a submeter-se é de caráter estético como necessidade de obter mais afeto e aprovação. Como característica o transtorno Dismórfico é uma preocupação com um defeito na aparência, levando o paciente a procura especifica de um cirurgião plástico ao invés de um psicoterapeuta ou um psiquiatra. Embora diversas cirurgias apresentem resultados positivos na melhora na autoestima pela correção de algum defeito especifico, elas não

solucionam problemas emocionais, levando assim a um possível quadro de Complexo de Quasimodo (SOUSA, ARAUJO, 2005). No Brasil ainda são raras as pesquisas que investigam as relações entre a imagem corporal e as cirurgias estéticas. Em pacientes com TDC que preenchem todos os critérios como evitação social e física, incomodo excessivo, não devem ser submetidos a tratamentos cirúrgicos. Para isto e necessário acompanhamento psicológico ou farmacológico. Embora após tempo de tratamento adequado possam a vir realizar algum tratamento estético cirúrgico, sobre supervisão de um profissional psicológico. O cirurgião deve estar bem informado sobre o TDC, que identifique o caso, sinais e sintomas (BRITO, et al, 2014). As rinoplastias, lipoaspiração e colocação de próteses mamárias são os procedimentos cirúrgicos mais procurados pelos portadores de TDC (CRERAND et al,2006). Estudos em populações que demonstram maior preocupação com a aparência física, percebe-se que pacientes que possuem TDC e realizam determinada cirurgia plástica não obtém os resultados esperados (PHILLIPS, 2006). METODOLOGIA O presente estudo de caráter descritivo qualiquantitativo foi realizado no período de agosto a novembro de 2016, com base em publicações científicas indexadas nas bases de dados eletrônicas Scielo, Pedro, Lilacs, Medline sendo artigos de periódicos, resumos de artigos estruturados e expandidos, nos seguintes idiomas: português, inglês e aplicação de um questionário com base no teste da Escala de P isa modificada para Complexo de Quasímodo (ASSUMPÇÃO, 2007). As questões abordam a convicção e análise não satisfatória, rejeição ao auto reflexo e exposição da parte negativada, plena confiabilidade em cirurgias

plásticas, histórico cirúrgico, alteração de humor e sentimentos provenientes ao desconforto prejudicando relação social e pensamento de morte. O questionário ficou disponível na web por 3 meses, tendo como suporte à tecnologia da internet, sem restrição ao público, respondido por todos aqueles que de alguma maneira se sentiram dispostos ao estudo. Pretende-se atingir uma amostra de no mínimo mil indivíduos sem distinção de gênero. Após o resultado do teste os dados foram computados para identificação da prevalência dos possíveis e ou tendenciosos casos a desenvolverem a dismorfobia. RESULTADOS Observou-se que pelo fato da pesquisa não ser verbal proporcionou maior conforto aos 1270 indivíduos que responderam via internet ao teste da Escala de P isa modificada para Complexo de Quasímodo. Os resultados foram divididos em 2 tabelas: um referente ao perfil demográfico e a segunda aos resultados do questionário. Tabela 1 Perfil demográfico dos indivíduos SEXO Feminino Masculino 96,3% 3,7% FAIXA ETÁRIA Porcentagem 0-19 13,8% 20-29 55% 30-39 24,9% 40-49 5,3% 50-59 0,7% 60-69 0,3% Fonte: as autoras.

Quanto ao perfil demográfico a maioria do sexo feminino (96,3%) e a faixa etária compreendida entre 20 e 39 anos (79,9%) responderam ao questionário (tabela1). Tabela 2 Resultados da Escala de P isa modificada para Complexo de Quasímodo Questões SIM NÃO 1 - Você está realmente convicto de que alguma parte do seu corpo não é esteticamente satisfatória? 92,6% 7,4% 2 - Você se observa detalhada e demoradamente, analisando cuidadosamente a parte do seu corpo que não lhe agrada? 57% 47% 3 - Você evita radicalmente se ver no espelho e observar está parte que lhe desagrada? 40% 60% 4 - Você acredita que as pessoas lhe observam, especialmente a parte do seu corpo que não lhe agrada? 66,9% 33,1% 5 - Você tenta esconder a parte do seu corpo que lhe incomoda, usando maquiagem, roupas ou outros recursos? 84,1% 15,9% 6 - Você acredita que uma cirurgia plástica poderá mudar radicalmente a sua vida, corrigindo o defeito que lhe incomoda? 49,2% 50,8% 7 - Você tem negligenciado ou se sentido desanimado para realizar suas atividades rotineiras, por causa do defeito que lhe 39,4% 60,6% incomoda? 8 - Você já fez outros tratamentos ou cirurgias para corrigir este defeito, sem obter resultado satisfatório? 26% 74% 9 - Este defeito lhe causa raiva, impaciência, agressividade, principalmente no relacionamento com parentes, amigos ou 36,1% 63,9% colegas de trabalho? 10 - Há momentos em que você se sente tão aborrecido com este defeito, que você não vê sentido em sua vida e pensa 23,5% 76,5% inclusive em morrer? Fonte: Assumpção (2007). A tabela 2 demonstrou quanto aos resultados da Escala de P isa modificada para Complexo de Quasímodo que 92,6% dos pesquisados concordam que alguma parte de seu corpo está esteticamente em desarmonia, 57% possui percepção seletiva sobre a parte que lhe desagrada, 60% diz não evitar radicalmente o auto reflexo, 66,9% acredita ser alvo de comentários negativos relacionados à sua insatisfação. 84,1% camufla, de certa forma, seu defeito, 50,8% não cria expectativas irreais quanto a cirurgias plásticas, 60,6% não restringe suas atividades corriqueiras, 74% alega não ter buscado outros tratamentos e/ou cirurgias para correção, 63,9% não refere apresentar prejuízo no relacionamento social e 76,5% ainda não se sente tão aborrecido com este defeito a ponto de não ver sentido na vida e não pensa em morrer.

DISCUSSÃO O presente artigo teve o objetivo de investigar algumas lacunas do conhecimento a respeito do TDC, trazendo indicativos de que a insatisfação é maior no sexo feminino, porém não deixando de obter respostas ao lado masculino quanto a preocupação da sua imagem corporal ou da dúvida sobre possuir o Transtorno dismorfobico corporal, assim confirma Assunção (2002), o qual sinaliza que as preocupações mórbidas com a imagem corporal eram tidas até recentemente como problemas eminentemente femininos, mas que atualmente também existem pesquisas sobre essa temática com homens. Para Amâncio et al. (2002) e Battini et al. (2008) esse transtorno normalmente se inicia na adolescência. A respeito do perfil etário em artigos antecedentes a este notou-se que 50% se referem a pessoas adultas, 11,25% a adolescentes, 2,5% a crianças e 31,5% dos estudos não definiram a idade da amostra, diferenciando-se assim do presente estudo que aponta prevalência na juventude sendo está 55% (BRANDÃO AS, et al, 2011). É notório que devido a globalização o capitalismo, de forma crescente, vem interferindo como um todo sobre a imagem corporal. A cada época é possível destacar padrões estabelecidos pela mídia e sociedade diferentes, conforme cada geração. Recentemente destacava-se o corpo escultural com seus músculos a mostra vendendo a ideia de vida saudável, porém acarretou em inúmeras deficiências fisiológicas notadas posteriormente, por exemplo déficit de vitaminas no organismo essenciais ao bom funcionamento do corpo. Hormônios até então liberados naturalmente pelo organismo tiveram o acréscimo de substancias provenientes da biotecnologia, que interferiram diretamente defasando o sistema emocional, aumentando também a procura por cirurgias plásticas e/ou estéticas em busca do até então dito e cultuado ideal (FROIS E, et al, 2011). Os dismorfobicos contam com a ajuda clínica, porém é indispensável a participação familiar para obtenção de resultados positivos.

Devido à escassez de estudos a respeito, o diagnostico não é imediato trazendo também outras doenças como fator desencadeante e associando TDC. Supõe-se que para as indústrias da beleza, não é lucrativo o diagnóstico precoce de TDC, pois muito irá se gastar até o real conhecimento do caso, prejudicando todos os indivíduos que apresentam este transtorno. CONCLUSÃO Transtorno dismorfobico corporal ou dismorfobia, descrito há mais de 100 anos continua com as mesmas características do século passado: preocupação excessiva com um sentimento subjetivo de insatisfação ou defeito físico no qual os indivíduos acreditam que são observados por quem o rodeia, embora sua aparência esteja dentro dos limites da normalidade. Neste estudo verificou-se que a prevalência dos possíveis e ou tendenciosos casos a desenvolverem o transtorno dismorfobico corporal (TDC), foi no sexo feminino durante a juventude, podendo se prolongar, principalmente sem o devido reconhecimento e tratamento e que 92,6% percebem que alguma parte de seu corpo está esteticamente em desarmonia. É importante que o profissional da área de estética tenha conhecimento sobre o transtorno dismorfico corporal, verificando na anamnese ou durante o tratamento estético o sofrimento e isolamento social do cliente, obsessão com a aparência perfeita, para que além do tratamento estético também possa encaminhar a outros profissionais competentes. A cultura social está apoiada em uma imagem corporal fictícia, ilusória, por isso é preciso que a sociedade seja mais criteriosa em relação a modismos corporais.

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