ÁREA DE ASSUNTOS FISCAIS E DE EMPREGO - AFE nº 31- novembro 2001 E M P R E G O



Documentos relacionados
NOVAS ESTIMATIVAS DO MODELO DE GERAÇÃO DE EMPREGOS DO BNDES* Sheila Najberg** Roberto de Oliveira Pereira*** 1- Introdução

CARACTERIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Principais características da inovação na indústria de transformação no Brasil

Potencial Econômico dos Clientes dos Corretores de Seguros Independentes do Estado de São Paulo Francisco Galiza

SETOR DE ALIMENTOS: estabelecimentos e empregos formais no Rio de Janeiro

ICV-DEESE fica em 6,04%, em 2013

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS:

com produtos chineses perderam mercado no exterior em China Sendo que, esse percentual é de 47% para o total das indústrias brasileiras.

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás

Análise Setorial. Fabricação de artefatos de borracha Reforma de pneumáticos usados

Falta de mão-de-obra qualificada dificulta aumento da competitividade da indústria

Análise Setorial. Fabricação de artefatos de borracha Reforma de pneumáticos usados

Comentários gerais. desta publicação. 5 O âmbito de atividades da pesquisa está descrito com maior detalhamento nas Notas técnicas

Produção Industrial Cearense Cresce 2,5% em Fevereiro como o 4º Melhor Desempenho do País

Pesquisa Mensal de Emprego

ANÁLISE ESTRUTURAL DO EMPREGO NA ECONOMIA BRASILEIRA Comparação entre 1996 e 2002

PIB DO ESTADO DE SÃO PAULO 2005

Índice de Preços ao Produtor (IPP) de setembro fica em 1,23%

101/15 30/06/2015. Análise Setorial. Fabricação de artefatos de borracha Reforma de pneumáticos usados

ÍNDICES NACIONAIS DE PREÇOS AO CONSUMIDOR IPCA e INPC agosto 2014

Criação de emprego - Brasil. Acumulado. set/11 a ago/12

TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL II RELATÓRIO ANALÍTICO

A Carga Tributária para a Indústria de Transformação

INDICADORES INDUSTRIAIS RIO GRANDE DO SUL

GASTAR MAIS COM A LOGÍSTICA PODE SIGNIFICAR, TAMBÉM, AUMENTO DE LUCRO

DIRETORIA DE PESQUISAS - DPE COORDENAÇÃO DE CONTAS NACIONAIS CONAC. Nova Série do Produto Interno Bruto dos Municípios referência 2002

Redução da Pobreza no Brasil

ipea A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Natureza das simulações

Indústria de Transformação Cearense em 2013: Algumas Evidências para os Resultados Acumulados até o Terceiro Trimestre

PDR - Critério de classificação de microrregiões

Módulo 1 Questões Básicas da Economia Conceito de Economia

ANEXO 3 INDICADORES SETORIAIS SOBRE MODA E TÊXTIL

HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL NO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO

Taxa de desocupação foi de 9,3% em janeiro

O consumo dos brasileiros atingirá R$ 3,7 trilhões, em 2015

SONDAGEM ESPECIAL INDÚSTRIA TOTAL

Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação

O Mercado de Trabalho nas Atividades Culturais no Brasil,

Visão. O comércio entre os BRICS e suas oportunidades de crescimento. do Desenvolvimento. nº abr no comércio internacional

Energia Elétrica: Previsão da Carga dos Sistemas Interligados 2 a Revisão Quadrimestral de 2004

Como as empresas financiam investimentos em meio à crise financeira internacional

Crescimento Econômico Brasileiro: Análise e Perspectivas

Impactos Socioeconômicos da Indústria de Biodiesel no Brasil. Joaquim J.M. Guilhoto Marcelo P. Cunha

Presente ruim e futuro econômico desanimador para a construção civil

Tabela 72 Empresas da Indústria que Utilizavam Computadores, segundo Atividades Estado de São Paulo 2001 Atividades

Cenários Macroeconômicos para Wellington Santos Damasceno ETENE

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Outubro 2009

Módulo 2 Custos de Oportunidade e Curva de Possibilidades de Produção

GERAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS

AGROINDÚSTRIA. O BNDES e a Agroindústria em 1998 BNDES. ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 1 Gerência Setorial 1 INTRODUÇÃO 1.

Características do Emprego Formal RAIS 2014 Principais Resultados: GOIÁS

Análise dos resultados

Gastos Tributários do governo federal: um debate necessário

Monitor do Déficit Tecnológico. Análise Conjuntural das Relações de Troca de Bens e Serviços Intensivos em Tecnologia no Comércio Exterior Brasileiro

DIRETORIA DE PESQUISAS - DPE COORDENAÇÃO DE CONTAS NACIONAIS CONAC. Sistema de Contas Nacionais - Brasil Referência Nota metodológica nº 6

Cenário Moveleiro. Análise econômica e suporte para as decisões empresariais. Número 02/2006. Cenário Moveleiro Número 02/2006 1

MOBILIDADE DOS EMPREENDEDORES E VARIAÇÕES NOS RENDIMENTOS

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO PARANAENSE

GERAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE EMPREGO NOS SETORES DE PRODUÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL 1

RELATÓRIO TRIMESTRAL DE FINANCIAMENTO DOS INVESTIMENTOS NO BRASIL. Abril 2015

DESENVOLVENDO HABILIDADES CIÊNCIAS DA NATUREZA I - EM

Pesquisa sobre o Perfil dos Empreendedores e das Empresas Sul Mineiras

Gráfico 1: Goiás - Saldo de empregos formais, 2000 a 2013

Notas metodológicas. Objetivos

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

BRASIL EXCLUDENTE E CONCENTRADOR. Colégio Anglo de Sete Lagoas Prof.: Ronaldo Tel.: (31)

Os bancos públicos e o financiamento para a retomada do crescimento econômico

Maioria das empresas já adota ou pretende adotar medidas que contribuem para o controle das emissões

Maxi Indicadores de Desempenho da Indústria de Produtos Plásticos do Estado de Santa Catarina Relatório do 4º Trimestre 2011 Análise Conjuntural

Educação, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento FERNANDA DE NEGRI MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR

Empresas de Minas diminuem investimento

ANÁLISE CONJUNTURAL DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO CATARINENSE:

Emprego Industrial em Mato Grosso do Sul

Promessa: Controlar a Inflação

Simulações de impactos setoriais sobre a distribuição de renda e o crescimento econômico: evidências para o Brasil

GERAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS - JULHO/ Geração de Empregos no Brasil - Mercado de Trabalho Segue Demitindo

PROPOSTAS PARA O COMBATE À ALTA ROTATIVIDADE DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

PAINEL. US$ Bilhões. nov-05 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1

Ano I Boletim II Outubro/2015. Primeira quinzena. são específicos aos segmentos industriais de Sertãozinho e região.

Indústria. Prof. Dr. Rudinei Toneto Júnior Renata de Lacerda Antunes Borges

Avaliação das Contas Regionais do Piauí 2008

EVOLUÇÃO DO VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO DOS DOCENTES DAS UEBA S EM 2015

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

DA INDÚSTRIA NOS ESTADOS

na região metropolitana do Rio de Janeiro

TEMA: A Mulher no Mercado de Trabalho em Goiás.

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Jurídica ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL SIMPLIFICADA PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE

FALTA DE TRABALHADOR QUALIFICADO NA INDÚSTRIA. Falta de trabalhador qualificado reduz a competitividade da indústria

Efeitos da política cambial sobre a balança comercial brasileira no período de 2000 a 2007

Boletim de Conjuntura Imobiliária. Clipping. Águas Claras é a cidade mais rentável do Distrito Federal. 46ª Edição Comercial Abril de 2014

Custo Brasil Agosto de 2013

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Impactos da Crise Financeira sobre a Produção da Indústria

Avaliação Econômica. Relação entre Desempenho Escolar e os Salários no Brasil

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) NOVEMBRO/2013

Sustentabilidade da Dívida Brasileira (Parte 2)

Coeficiente de exportações líquidas da indústria de transformação cai abaixo de zero

Transcrição:

INFORME-SE ÁREA DE ASSUNTOS FISCAIS E DE EMPREGO - AFE nº 31- novembro 2001 E M P R E G O SETORES INTENSIVOS EM MÃO-DE-OBRA: Uma atualização do Modelo de Geração de Emprego do BNDES O Modelo de Geração de Emprego (MGE) do BNDES permite calcular o número de empregos gerados a partir de um aumento de produção em qualquer dos 41 setores da economia, segundo a desagregação setorial utilizada pelas publicações do IBGE, utilizadas como fontes de dados. Esses números possibilitam quantificar o impacto no nível de emprego e, principalmente, identificar quais setores são mais sensíveis a variações no produto setorial, tendo em vista exclusivame nte a variável emprego. O impacto no emprego, em geral, é determinado apenas sobre o emprego direto, isto é, o gerado exclusivamente no setor em que houve o aumento de produção. O MGE abrange o emprego direto, o emprego indireto, com a introdução da cadeia produtiva, e ainda o chamado emprego efeito-renda, quando a renda dos trabalhadores se transforma em consumo. Entre os setores mais intensivos em mão-de-obra estão Artigos do Vestuário, Agropecuária, Serviços Prestados à Família, Madeira e Mobiliário, os setores da Agroindústria (Indústria do Café, Abate de Animais, Fabricação de Óleos Vegetais, Beneficiamento de Produtos Vegetais, Indústria de Laticínios), e Comércio. 1 TIPOLOGIA DO EMPREGO Este Informe tem como objetivo identificar os setores com maior impacto na geração de emprego, com base em uma atualização do Modelo de Geração de Emprego (MGE) do BNDES. Aqui, neste breve espaço, não será apresentada com detalhes a metodologia do MGE 1, mas se concentrará na análise dos resultados, com ênfase para o papel da atualização das fontes de dados nos números finais do Modelo. Utilizando dados oficiais do IBGE como fonte de informação, o MGE estima a quantidade de trabalhadores, formais e informais, necessários para atender um aumento de demanda, a preços correntes, em qualquer um dos setores da 1 A última versão do MGE está disponível em Najberg e Ikeda (1999). Modelo de Geração de Emprego: Metodologia e Resultados. Textos para Discussão nº72. Rio de Janeiro, BNDES. economia brasileira. O Modelo trabalha com três tipos de empregos: 1. Emprego direto Corresponde à mão -deobra adicional requerida pelo setor onde se observa o aumento de demanda. Por exemplo, um aumento de demanda por vestuário impulsionará as empresas do setor a aumentarem sua produção, de forma a satisfazer este aumento de procura, contratando novos trabalhadores. No caso específico do emprego direto, portanto, haverá variação no nível de emprego apenas no setor onde ocorreu o aumento de demanda. 2. Emprego indireto Gerado em decorrência do impacto na cadeia produtiva, já que a produção de um bem final estimula a produção de todos os insumos nece ssários à sua produção. No exemplo anterior, para que sejam fabricadas roupas adicionais, é necessária a produção de fios, algodão, entre outros produtos, estimulando a indústria têxtil e a agricultura, gerando novos postos de trabalho nestes setores. Desse modo, Não reflete necessariamente as opiniões do BNDES. Informativo apenas para subsidiar análises da AFE, sob a responsabilidade de José Roberto Afonso. Elaborado por Sheila Najberg e Marcelo Ikeda, no âmbito do Projeto BNDES/Cepal. Maiores informações e esclarecimentos, consultar o site do Banco Federativo na Internet (http://federativo.bndes.gov.br); e-mail: sfiscal@bndes.gov.br ; ou fax. 21.533-1588.

um aumento de demanda em um setor específico (no caso, vestuário) provoca um aumento de produção não apenas do setor de vestuário, mas ao longo de toda a cadeia produtiva. 3. Emprego efeito-renda Obtido a partir da transformação da renda dos trabalhadores em consumo. Parte da receita das empresas auferida em decorrência da venda de seus produtos se transforma, através do pagamento de salários ou do recebimento de dividendos, em renda dos trabalhadores ou dos empresários. Ambos gastarão parcela de sua renda adquirindo bens e serviços diversos, segundo seu perfil de consumo, estimulando a produção de outros setores e realimentando o processo de geração de emprego. No exemplo anterior, um aumento da demanda de vestuário gerará empregos diretos no próprio setor e indiretos na indústria têxtil, por exemplo, que forneceram os insumos necessários para a produção das novas roupas. Esses trabalhadores adicionais, ao receberem seus salários, gastarão uma parte de sua renda em consumo, comprando alimentos, consumindo serviços diversos, como ir ao restaurante ou ao cinema, e inclusive comprando roupas, o que aumentará ainda mais a demanda e os empregos no setor. 2 BASE DE DADOS Como em todo modelo, a leitura dos resultados deve ser ponderada, tendo em vista as limitações da metodologia e da base de dados utilizadas. Por simplificação, o MGE considera que todos os setores produzem com retornos constantes de escala. Assim, um aumento de produção de 10% de artigos de vestuário impactará também em 10% todos os setores que fazem parte de sua cadeia produtiva. Da mesma forma, o MGE trabalha com uma produtividade constante. Caso um setor dobre sua produção, será contratado o dobro dos trabalhadores. Isso significa que, no exemplo anterior, o resultado em termos de emprego também será um aumento de 10%, tanto nos empregos diretos quanto nos indiretos. Essa simplificação afeta os resultados, mas na ausência de estudos que evidenciem quais setores trabalham com retornos crescentes ou decrescentes de escala, a opção pelo retorno constante parece adequada. Em relação à base de dados, parte-se do princípio que os dados mais recentemente divulgados sejam uma boa aproximação dos dados atuais. No entanto, uma divulgação dos dados defasada pode distorcer os resultados. Por exemplo, o Modelo 2 utiliza a estrutura produtiva disponível na Matriz de Insumo -Produto (MIP), divulgada pelo IBGE, para estimar os empregos indiretos. A última MIP disponível refere -se ao ano de 1996. De todo modo, a publicação de um conjunto de dados utilizados pelo MGE permite que as projeções sejam atualizadas com as melhores fontes de dados em disponibilidade. A fonte básica para o cálculo do emprego direto são as Contas Nacionais do IBGE, que apresentam a produção a preços correntes, e o número de trabalhadores, para os diferentes setores da economia. Na construção da Tabela 1, foram utilizadas as seguintes fontes de dados: Para o emprego direto: os números de emprego e de produção setoriais são obtidos das Contas Nacionais de 1999. A produção é corrigida até junho de 2001, com base em índices de preços oficiais 2. Para o emprego indireto : a cadeia produtiva setorial, que possibilita a estimação dos empregos indiretos, foi obtida da Matriz de Insumo -Produto de 1996. Para o emprego efeito-renda: toma como base a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 1995/1996 e a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD) de 1999. 3 PRINCIPAIS RESULTADOS A Tabela 1 apresenta os empregos gerados nos 41 setores da economia 3, segundo a desagregação 2 O MGE projeta a demanda de mão-de-obra para aumentos de produção, a preços correntes. Isto é, o modelo fornece uma estimativa de empregos gerados para um aumento de produção de, por exemplo, R$10 milhões. Quanto mais atual estiverem os dados utilizados pelo Modelo, menos viés nos resultados. Os dados mais atuais de produção são referentes ao ano de 1999. Apesar da baixa inflação observada nos últimos anos, houve uma mudança diferenciada nos preços setoriais que está sendo incorporada aos dados do MGE através do uso do IPA ( índice de preços por atacado), do IPC ( índice de preços ao consumidor) e do INCC (índice nacional da construção civil),até junho de 2001. 3 De fato, a desagregação setorial do IBGE é de 42 setores. No entanto, optou-se por excluir o setor Serviços Privados não-mercantis por se constituir de entidades associativas e sem fins lucrativos, que possuem proporcionalmente um valor da produção

utilizada pelo IBGE, em decorrência de um aumento de demanda de R$10 milhões (a preços de junho de 2001), dividindo-os de acordo com a tipologia do MGE em diretos, indiretos e efeitorenda, além de uma ordenação dos setores segundo os empregos gerados. O setor com maior número de empregos demandados é Artigos de Vestuário, com 1.080 empregos diretos, 168 indiretos e 327 empregos efeito-renda, totalizando 1.575 empregos, dado um aumento de produção de R$ 10 milhões. Em seguida, surge a Agropecuária, com 1.193 empregos, sendo 620 diretos, 186 indiretos e 387 empregos efeito-renda. Os demais setores que completam o ranking dos 10 mais intensivos em mão-de-obra são, respectivamente, Serviços Prestados à Família (educação, saúde, lazer), Madeira e Mobiliário, Indústria do Café, Comércio, Abate de Animais, Fabricação de Óleos Vegetais, Beneficiamento de Produtos Vegetais e Indústria de Laticínios. A expressiva participação de micro e pequenas empresas nesses setores justifica sua importância em termos de intensidade de mão -de-obra. Segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego 4, 88% das firmas no setor de vestuário e da agroindústria são de micro empreendimentos (com menos de 20 trabalhadores). Os setores da agroindústria se destacam pela grande quantidade de empregos indiretos e pela forte inter-relação com a agropecuária. O setor de Construção Civil, um setor comumente citado como um dos principais geradores de empregos, não figura entre os dez primeiros, considerando os três tipos de emprego. Isso se explica pela pequena quantidade de empregos indiretos, decorrente de um impacto reduzido na cadeia produtiva. No entanto, cabe ressaltar que a ótica do emprego não deve ser o único critério a ser utilizado para a definição de uma política de apoio governamental. A vantagem em termos de intensidade de mão -deobra deve ser relativizada diante da baixa produtividade verificada em alguns desses setores 5. Comparando-se os números dessa atualização (junho de 2001) com resultados anteriores do MGE (dados de 1998), observa-se uma expressiva redução na demanda por mão -de-obra, que pode ser explicada por dois fatores: aumento de produtividade setorial e variação de preços. Para visualizar o aumento de produtividade, a Tabela 2 apresenta os resultados obtidos das Contas Nacionais de 1998 (coluna A) e das Contas Nacionais de 1999 a preços de 1998 (coluna B). Mantendo o mesmo nível de preços, as duas colunas, portanto, comparam relações de emprego e produção. Por exemplo, um aumento de produção de R$ 10 milhões no setor de agropecuária em 1998, demandaria, em média, 983 trabalhadores. Mudanças na produtividade captadas pelo IBGE, ao longo de 1999, reduziram a demanda média esperada para 929 trabalhadores. Comparando, ainda na Tabela 2, a coluna A com a B, observa-se que, em alguns poucos setores houve aumento do número de empregados por produção, a preços constantes. É o caso dos setores de artigos plásticos, beneficiamento de produtos vegetais, construção civil, comércio e comunicações. Em geral, no entanto, houve reduções. Exceto nos setores de peças, café e açúcar, as mudanças não foram significativas. O impacto exclusivo da variação nos preços pode ser visualizado na Tabela 2 coluna C, que apresenta os resultados das Contas Nacionais de 1999, trazidos a preços de junho de 2001. Voltando ao exemplo do setor de agropecuária, um aumento de produção de R$ 10 milhões em junho de 2001 demandaria, em média, 620 trabalhadores. A principal justificativa para essa redução de trabalhadores é que uma demanda de R$ 10 milhões a preços de junho de 2001 é bastante inferior aos mesmos R$10 milhões a preços de 1998. A inflação setorial foi medida pelo IPA, que mede a variação de preços no atacado. A desvalorização do real em relação ao dólar, em baixo e um nível de emprego elevado, o que poderia distorcer os resultados. 4 Fonte: Relatório Anual de Informações Sociais RAIS 1999. 3 5 Ver Produtividade: a chave do desenvolvimento acelerado no Brasil, Mckinsey Global Institute, 1998 e Retratos da produtividade no Brasil do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paraná (IBQP-PR), 2000

fevereiro de 1999, acarretou um aumento dos custos das matérias-primas importadas que se refletiu apenas no comportamento dos preços no atacado. O desaquecimento da atividade econômica impediu que este aumento fosse repassado para os preços de varejo em 1999, 2000 e até junho de 2001. Por exemplo, em 1999, a variação acumulada em 12 meses do IPA-DI ficou em 28,9% enquanto a variação do INPC ficou em 8,4%. A comparação entre as colunas A e B da Tabela 2 retrata uma mudança estrutural, corresponde ao aumento de produtividade entre os anos de 1998 e 1999. Já os dados das colunas B e C representam a perda do valor de compra da nossa moeda, refletindo a variação de preço observada entre 1998 e junho de 2001. Se não houvesse inflação nesse período, prevaleceriam, portanto, os números de coluna B. 4 UMA MUDANÇA METODOLÓGICA Esta versão do MGE apresenta uma pequena mas fundamental modificação na incorporação da fonte de dados, que altera os resultados do emprego efeito-renda. Como vimos, o emprego efeito-renda é obtido a partir do consumo da renda dos trabalhadores ou dos empregadores, seja através de salários ou de dividendos. Nas versões anteriores do MGE, considerava-se que todo o excedente operacional bruto se converteria em renda dos empresários. No entanto, a partir da taxa de investimento da economia e de dados da POF, divulgados pelo IBGE, estimou-se que 35% do excedente operacional bruto seriam reinvestidos. Essa mudança gera impacto apenas no emprego efeito-renda, mantendo-se inalterados os números dos empregos diretos e indiretos. É um pequeno aperfeiçoamento no sentido de aprimorar a qualidade dos resultados disponíveis. 4

5 - CONCLUSÃO Este Informe buscou atualizar o Modelo de Geração de Emprego (MGE) do BNDES com a introdução dos dados mais recentes em disponibilidade. Para o emprego direto, os dados de emprego e produção das Contas Nacionais de 1999 foram levados até junho de 2001 com índices de preços setoriais. Para o emprego indireto, a Matriz de Insumo-Produto de 1996. Para o emprego efeito-renda, a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio de 1999 e a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 1995/1996. O MGE calcula o número de empregos gerados em decorrência de um aumento de produção em 41 setores da economia. O setor maior gerador de empregos foi o de Artigos do Vestuário. Em seguida, surgem a Agropecuária, Serviços Prestados à Família, Madeira e Mobiliário, setores da Agroindústria (Indústria do Café, Abate de Animais, Fabricação de Óleos Vegetais, Beneficiamento de Produtos Vegetais, Indústria de Laticínios), e Comércio. Procurou-se também comparar os resultados atualizados do emprego direto do MGE com resultados de 1998. As diferenças observadas podem ser explicadas por mudanças de produtividade setorial e por mudanças no nível de preços. As mudanças na produtividade são mudanças estruturais, enquanto as no nível de preços refletem apenas a inflação acumulada no período. 5

Tabela 1 - Estimativa de Empregos Gerados por um aumento de produção de R$ 10 milhões (preços de junho de 2001) S e t o r Diretos Indiretos Efeito- Renda Total Diretos Indir. Efeito- Renda AGROPECUÁRIA 620 186 387 1.193 3 12 1 2 EXTRAT. MINERAL 134 150 376 660 13 16 3 16 PETRÓLEO E GÁS 11 98 358 467 40 30 13 30 MINERAL Ñ METÁLICO 125 143 350 618 14 21 17 21 SIDERURGIA 13 174 307 494 39 14 29 27 METALURG. Ñ FERROSOS 21 120 287 428 35 27 36 35 OUTROS METALÚRGICOS 140 135 314 589 12 23 27 23 MÁQUINAS E EQUIP. 78 98 336 512 18 30 21 26 MATERIAL ELÉTRICO 49 145 270 464 26 19 38 31 EQUIP. ELETRÔNICOS 46 98 248 392 27 30 41 39 AUTOM./CAM/ONIBUS 19 131 252 402 37 24 40 37 PEÇAS E OUT. VEÍCULOS 51 145 294 490 24 19 35 29 MADEIRA E MOBILIÁRIO 342 290 367 999 5 8 9 4 CELULOSE, PAPEL E GRÁF. 81 191 322 594 17 11 26 22 IND. DA BORRACHA 28 140 296 464 33 22 33 31 ELEMENTOS QUIMICOS 27 270 360 657 34 9 12 17 REFINO DO PETRÓLEO 4 73 279 356 41 38 37 41 QUÍMICOS DIVERSOS 34 126 295 455 32 26 34 34 FARMAC. E VETERINÁRIA 45 147 300 492 28 18 31 28 ARTIGOS PLÁSTICOS 82 79 298 459 16 36 32 33 IND. TÊXTIL 77 184 253 514 19 13 39 25 ARTIGOS DO VESTUÁRIO 1.080 168 327 1.575 1 15 24 1 FABRICAÇÃO CALÇADOS 261 212 334 807 7 10 23 12 INDÚSTRIA DO CAFÉ 51 529 380 960 24 2 2 5 BENEF. PROD. VEGETAIS 77 476 344 897 19 5 20 9 ABATE DE ANIMAIS 57 530 357 944 22 1 14 7 INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS 37 482 365 884 30 4 11 10 FABRICAÇÃO DE AÇÚCAR 42 441 354 837 29 6 15 11 FAB. ÓLEOS VEGETAIS 21 514 376 911 35 3 3 8 OUTROS PROD. ALIMENT. 119 330 336 785 15 7 21 13 INDÚSTRIAS DIVERSAS 161 150 323 634 11 16 25 19 S.I.U.P. 35 50 301 386 31 40 30 40 CONSTRUÇÃO CIVIL 179 98 349 626 9 30 18 20 COMÉRCIO 495 97 367 959 4 34 9 6 TRANSPORTES 228 108 345 681 8 29 19 15 COMUNICAÇÕES 52 51 311 414 23 39 28 36 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 59 89 371 519 21 35 6 24 SERV. PREST. À FAMÍLIA 653 131 369 1.153 2 24 7 3 SERV. PREST. À EMPRESA 342 74 369 785 5 37 7 13 ALUGUEL DE IMÓVEIS 15 11 372 398 38 41 5 38 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 176 112 352 640 10 28 16 18 Fonte: Modelo de Geração de Emprego - BNDES Fontes de dados: CN99, MIP96, PNAD99, POF95/96 * Ordenação crescente (1 - maior gerador de empregos; 41, menor) Última atualização: junho de 2001. Número de Empregos Ordenação* Total 6

TABELA 2 - Empregos Diretos Gerados por um aumento de produção de R$ 10 milhões Setores A B C AGROPECUÁRIA 983 929 620 EXTRAT. MINERAL 213 213 134 PETRÓLEO E GÁS 32 28 11 MINERAL Ñ METÁLICO 174 173 125 SIDERURGIA 24 21 13 METALURG. Ñ FERROSOS 36 34 21 OUTROS METALÚRGICOS 204 203 140 MÁQUINAS E EQUIP. 115 106 78 MATERIAL ELÉTRICO 71 60 49 EQUIP. ELETRÔNICOS 60 58 46 AUTOM./CAM/ONIBUS 25 24 19 PEÇAS E OUT. VEÍCULOS 81 64 51 MADEIRA E MOBILIÁRIO 456 435 342 CELULOSE, PAPEL E GRÁF. 138 130 81 IND. DA BORRACHA 52 45 28 ELEMENTOS QUIMICOS 39 36 27 REFINO DO PETRÓLEO 8 8 4 QUÍMICOS DIVERSOS 59 59 34 FARMAC. E VETERINÁRIA 61 56 45 ARTIGOS PLÁSTICOS 123 125 82 IND. TÊXTIL 96 92 77 ARTIGOS DO VESTUÁRIO 1168 1142 1080 FABRICAÇÃO CALÇADOS 463 403 261 INDÚSTRIA DO CAFÉ 70 55 51 BENEF. PROD. VEGETAIS 93 94 77 ABATE DE ANIMAIS 87 81 57 INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS 51 50 37 FABRICAÇÃO DE AÇÚCAR 94 76 42 FAB. ÓLEOS VEGETAIS 25 24 21 OUTROS PROD. ALIMENT. 157 159 119 INDÚSTRIAS DIVERSAS 212 216 161 S.I.U.P. 44 41 35 CONSTRUÇÃO CIVIL 210 222 179 COMÉRCIO 621 648 495 TRANSPORTES 360 327 228 COMUNICAÇÕES 50 54 52 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 79 68 59 SERV. PREST. À FAMÍLIA 765 745 653 SERV. PREST. À EMPRESA 385 390 342 ALUGUEL DE IMÓVEIS 17 16 15 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 237 208 176 Fonte: Modelo de Geração de Emprego - BNDES A = Contas Nacionais (CN) 1998 B = CN 1999 a preços de 1998 C = CN 1999 a preços de junho de 2001 OBS.: B - A: produtividade 1999/1998; C - B: inflação jun/2001-1998 7