UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Renato Luis Tauffer Termo de Referência para Elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais Para Empresas do Ramo Metal Mecânico no Município de Caxias do Sul RS Passo Fundo 2010

1 Renato Luis Tauffer Termo de Referência para Elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais Para Empresas do Ramo Metal Mecânico no Município de Caxias do Sul RS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientador: Dra. Luciana Londero Brandli Passo Fundo 2010

2 Em memória aos meus pais, pelo exemplo de vida que foram e mesmo não estando presentes, agradeço por me darem força e me guiarem nessa longa jornada, Fiorentino L. Tauffer e Sueli L. Tauffer Ao meu irmão por me apoiar sempre, Rafael A. Tauffer

3 AGRADECIMENTOS trabalho. À Professora Luciana Brandli, pela orientação e apoio na realização deste A todos os Professores do curso de Engenharia Ambiental pelos ensinamentos e pela parceria obtida durante todos esses anos. A todos os meus amigos e colegas pela oportunidade de conhecê-los e juntos vivermos intensamente esta etapa da vida. A todos os amigos (Irmãos) em que tive a oportunidade de dividir apartamento durante todos esses anos, Adriano Artuzo (Pelanka), Diego Langaro (Pato), Guilherme Langaro (Minho), Douglas Pozzebon (Posse), Frederico Lagrmann (Fredy), Euclesio Giuliani (Gordo). Em especial aos meus amigos e colegas (Irmãos) que conheci realmente nos últimos anos do curso, Evandro Schweig, Jonas Magoga e Heberton Jr. Santos. faculdade. A toda minha família que me apoiou e me deu força durante todos os anos da

4 RESUMO O presente Trabalho de Conclusão de Curso teve por finalidade, elaborar um termo de referência para a implantação de planos de gerenciamento de resíduos sólidos industriais, para empresas do ramo metal mecânico localizadas no município de Caxias do Sul. O termo foi elaborado visando o atendimento da lei 12.305 (Política Nacional dos Resíduos Sólidos). Para elaboração do termo, primeiramente fez-se uma pesquisa bibliográfica relacionada ao tema, após selecionou-se três empresas do setor metal mecânico no município para análise e levantamento de dados. Foram realizadas vistorias nestas empresas a fim de analisar a situação real, em relação ao gerenciamento dos resíduos sólidos e também para se ter uma perspectiva das características do setor metal mecânico. Os dados obtidos das empresas foram referentes aos seus processos produtivos e resíduos gerados. Uma pesquisa nas legislações vigentes e aplicáveis foi realizada no âmbito federal, estadual e municipal. Cumpridas todas as fases da pesquisa, elaborou-se o termo de referência apresentando os requisitos necessários para as empresas implantarem planos de gerenciamento de resíduos sólidos industriais, onde as etapas de implantação estão especificadas através de um roteiro apresentado no trabalho. Palavras-chave: Resíduos Sólidos Industriais, Gerenciamento de Resíduos, Termo de Referência.

5 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Caracterização e classificação de resíduos sólidos... 18 Figura 2: Geração de resíduos sólidos industriais por classes... 22 Figura 3: Geração de Resíduo Sólido Industrial Classe I por setor industrial... 22 Os resíduos sólidos industriais Classe II estão representados na figura 4, o setor metal mecânico representa 13% do total, de um total de 296.472 toneladas por ano de resíduos gerados, sendo o segundo ramo com destaque na geração desta classe de resíduos no Estado.... 22 Figura 4: Geração de Resíduo Sólido Industrial Classe II por setor industrial... 23 Figura 5: Destinação dos Resíduos Sólidos Industriais Classe I... 24 Figura 6: Destinação dos Resíduos Sólidos Industriais Classe II... 24 Figura 7: Localização dos principais pólos metal-mecânico no Rio Grande do Sul... 29 Figura 8: Regiões no estado do Rio Grade do Sul com destaque no ramo metalmecânico... 30 Figura 9: Fluxograma das etapas de decisão para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais... 36 Figura 10: Processo produtivo e fontes geradoras de resíduos... 48 Figura 11: Acondicionamento dos resíduos (limalha de Ferro)... 52 Figura 12: Acondicionamento dos resíduos... 52 Figura 13: Acondicionamento dos resíduos (Peças danificadas)... 52 Figura 14: Acondicionamento dos resíduos (Estopas)... 52 Figura 15: Processo produtivo e fontes geradoras de resíduos da Empresa (B)... 55 As tabelas 4 a 6 apresentam a caracterização dos resíduos referentes à Empresa (B)... 56 As fotografias foram obtidas no dia da vistoria na empresa, selecionaram-se as imagens referentes ao acondicionamento dos resíduos sólidos industriais.... 60 Figura 16: Acondicionamento de Resíduos (Tecidos e courvin)... 60 Figura 17: Acondicionamento de Resíduos (Serragem)... 60 Figura 18: Acondicionamento de Resíduos (Papelão)... 60 Figura 19: Acondicionamento de Resíduos (Retalhos de ferro)... 60 Figura 20: Acondicionamento de Resíduos (Retalhos de espumas)... 61 Figura 21: Acondicionamento de Resíduos (Plásticos)... 61 Figura 22: Processo produtivo e fontes geradoras de resíduos da Empresa (B)... 64 As fotografias foram obtidas no dia da vistoria na empresa, selecionaram-se as imagens referentes ao acondicionamento dos resíduos sólidos industriais bem como do processo produtivo da empresa.... 68 Figura 23: Acondicionamento de Resíduos (Sucatas de metais ferrosos)... 68 Figura 24: Acondicionamento de Resíduos (Retalhos de ferro e latas de tinta)... 68 Figura 25: Acondicionamento de Resíduos (Estopas)... 68 Figura 26: Processo Produtivo (Retalhos de espumas)... 68

6 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (A) em 2008... 50 Tabela 2: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (A) em 2009... 50 Tabela 3: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (A) em 2010... 51 Tabela 4: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (B) em 2008... 57 Tabela 5: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (B) em 2009... 58 Tabela 6: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (B) em 2010... 59 Tabela 7: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (C) em 2008... 66 Tabela 8: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (C) em 2009... 66 Tabela 9: Levantamento dos resíduos gerados pela Empresa (C) em 2010... 67

7 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Definição para os vários tipos de resíduos sólidos... 15 Quadro 2: Números de empresas por município... 21 Quadro 3: Distribuição da quantidade de resíduos sólidos industriais gerados por classe (em t/ano)... 22 Quadro 4: Geração de resíduos sólidos indústrias do setor metal mecânico... 23 Quadro 5: Indicadores do primeiro semestre 2008... 31

8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 10 1.1 Justificativa... 12 1.2 Objetivos... 13 1.2.1 Objetivo Geral... 13 1.2.2 Objetivos Específicos... 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 14 2.1 Resíduos Sólidos... 14 2.1.1 Definição de Resíduos Sólidos Industriais... 14 2.1.2 Resíduos Sólidos Industriais... 15 2.2 Normas Complementares... 19 2.3 Resíduos da Indústria Metal Mecânica... 19 2.3.1 Levantamento de Resíduos Sólidos do Setor Metal Mecânica no Estado do Rio Grande do Sul... 20 2.4 Impactos Ambientais dos Resíduos Sólidos Industriais... 24 2.5 Indústria Metal Mecânica no Brasil... 26 2.6 Indústria Metal-Mecânica na Região Sul... 27 2.7 Setor Metal-Mecânico de Caxias do Sul... 31 2.8 Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais... 32 2.8.1 Princípio da Gestão dos Resíduos Sólidos Industriais... 33 2.8.2 Metodologia para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais... 34 2.8.3 Ferramentas para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais... 37 2.8.4 Inventário de Resíduos Industriais... 37 2.9 Manuseio, Segregação, Acondicionamento, Transporte e Armazenamento dos Resíduos Sólidos Industriais... 38 2.9.1 Manuseio dos Resíduos Sólidos Industriais... 38 2.9.2 Segregação dos Resíduos Sólidos Industriais... 38 2.9.3 Acondicionamento dos Resíduos Sólidos Industriais... 39 2.9.4 Transporte Interno dos Resíduos Sólidos Industriais... 40 2.9.5 Armazenamento dos Resíduos Sólidos Industriais... 40 2.9.6 Transporte Externo dos Resíduos Sólidos Industriais... 41 2.9.7 Disposição Final dos Resíduos Sólidos Industriais... 42 3 MÉTODO DE PESQUISA... 43 3.1 Pesquisa Bibliográfica... 43 3.2 Seleção das Empresas... 43 3.3 Empresas Utilizadas Como Base na Pesquisa... 43 3.4 Vistorias in loco... 44 3.5 Levantamento de dados... 44 3.6 Análise da legislação... 45 3.7 Elaboração do termo de referência... 45 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS... 46 4.1 Dados Sobre as Empresas... 46 4.1.1 Empresa (A): Fabricação de Equipamentos Hidráulicos... 46 4.1.2 Empresa (B): Indústria e Comércio de Poltronas... 53 4.1.3 Empresa (C): Metalúrgica... 62 4.2 Proposta de Termo de Referência para PGRSI... 70 4.2.1 Considerações Iniciais... 70

4.2.2 Termo de Referência... 71 5 CONCLUSÃO... 83 5.1 Sugestões Para Trabalhos Futuros... 84 9

10 1 INTRODUÇÃO A partir do início da Revolução Industrial, no final do século XVIII que os efeitos das atividades humanas sobre o meio ambiente tiveram um aumento significativo. Percebe-se que desde esta época até os dias atuais, os impactos da expansão agrícola, dos grandes aglomerado e das atividades industriais sobre o meio ambiente só vem aumentando. A maneira como as indústrias encaram a minimização da poluição ambiental tem mudado nos últimos anos. Até a década de 80 o enfoque era dado sobre o tratamento de final de tubo, ou seja, deixava-se acontecer o impacto para posteriormente realizar o tratamento do efluente, do resíduo ou da emissão. Infelizmente, estas ainda são as práticas adotadas pela maioria das empresas brasileiras, onde acarreta em um custo adicional ao tratamento e a correta destinação dos resíduos gerados (SILVA, 2004). Seguindo a mesma questão, no decorrer dos anos surge o conceito da gestão ecoeficiente, que visa operar uma indústria reduzindo ao máximo o consumo de matériasprimas, insumos e energias, otimizando todo o processo produtivo e reduzindo o impacto ambiental. O acelerado processo de industrialização que vem ocorrendo nas ultima décadas, como é o caso do Brasil, aliado a expansão demográfica, acarreta em um aumento significativo da geração de resíduos sólidos, principalmente no que se refere aos de origem industrial. Como na maioria dos casos, os processos produtivos de uma indústria requerem a utilização de enormes quantidades de matérias-primas e insumos para a obtenção de um produto final, logo o volume de resíduos produzidos está diretamente associado ao seu grau de utilização e aproveitamento, ou seja, a eficiência destes processos. A tendência do mundo atual para as empresas que queiram se manter ativas no mercado, é que adotem práticas ambientalmente eficientes, não apenas se delimitando aos métodos de prevenção no final de processos. A prevenção da poluição e outras questões ambientais devem ser abordadas através de todos os aspectos dentro de uma empresa. A Política Nacional de Resíduos Sólidos que tramitou durante 21 anos no congresso nacional finalmente foi sancionada em agosto deste ano, a qual veio legislar o gerenciamento dos resíduos sólidos no país. A nova lei determina que o gerador é

11 responsável pelos resíduos, desde a sua geração até o destino final, impondo responsabilidade civil, criminal e administrativa pelos danos causados ao homem e ao meio ambiente, em virtude da gestão e do gerenciamento de maneira ambientalmente inadequada dos resíduos sólidos industriais. O crescimento populacional aliado as atitudes modernas de consumo, desencadearam uma produção cada vez maior de resíduos sólidos trazendo uma diversidade de problemas ambientais e desequilíbrios ecológicos, como a contaminação de mananciais de águas, solos e o ar. Diversos são os resíduos produzidos pelas atividades humanas: domiciliar, comercial, público, serviços de saúde, portos, aeroportos, construção civil, agrícola, terminais rodoviários e ferroviários. Além destes, tem-se os resíduos industriais, que ultimamente a geração desses tornou-se um problema de ordem mundial. Quando não tratados adequadamente, os resíduos sólidos industriais constituem uma ameaça permanente à saúde pública e ao meio ambiente. As indústrias têm pela frente um grande desafio a ser enfrentado, é o de compatibilizar o desenvolvimento tecnológico, industrial e comercial com o equilíbrio ambiental e a preservação dos recursos naturais (NASCIMENTO, 2002). Os setores da indústria metal mecânica apresentam índices de crescimento significativos nos últimos 8 anos que variam entre 8,7%, o setor de metalurgia básica se destaca nessa evolução, e 145% máquinas para escritório e equipamento de informática. (MACEDO; CAMPOS, 2001). Na região sudeste é onde se concentra a maior parte das indústrias metal mecânicas do Brasil, em segunda tem-se a região sul do país com um grande numero de empresas instaladas, destaque para o município de Caxias do Sul RS. O município de Caxias do Sul se apresenta como o segundo pólo metal mecânico do Brasil e um dos maiores da América Latina com aproximadamente 6.500 empresas instaladas, conforme dados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (SIMECS, 2008). Devido ao elevado número de empresas em operação no município de Caxias do Sul e consequentemente grande volume de resíduos gerados, tem-se a necessidade de implantar programas de gerenciamento de resíduos sólidos adequados vistos os grandes problemas relacionados à questão dos resíduos sólidos industriais. O problema de pesquisa que este trabalho busca responder é:

12 Quais os requisitos básicos necessários para elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais para empresas do ramo metal mecânico? 1.1 Justificativa Com a aprovação da lei nº 12.305 que dispões sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a tendência para adequação a mesma quanto ao gerenciamento dos resíduos sólidos se dará de forma muito mais rígida. Desta forma quaisquer estabelecimentos que geram resíduos sólidos industriais conforme especificado no art. 13 e no art. 20 da nova legislação serão obrigados a gerenciarem seus resíduos corretamente, para evitar possíveis sanções jurídicas e/ou o cancelamento da licença de operação do estabelecimento. Para as empresas esta pesquisa é importante, pois apresentará subsídios para a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais, facilitando assim sua implementação. Este plano deverá ser adequado as particularidades de cada empresa, mas sua essência estará incluída nos requisitos básicos dos termos de referência originados nesta pesquisa. Assim, a pesquisa poderá auxiliar muitas empresas a se enquadrarem nas novas exigências da lei nº 12.305.

13 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Desenvolver uma proposta de Termo de Referência para Elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais para empresas do ramo metal mecânico da cidade de Caxias do Sul RS. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Caracterizar a geração de resíduos sólidos industriais das empresas usadas como base do estudo. b) Avaliar o desempenho ambiental das empresas com relação aos seus resíduos. c) Analisar as legislações pertinentes a serem atendidas para a implantação de planos de gerenciamento de resíduos no ramo metal mecânico. d) Apresentar os requisitos mínimos a serem atendidos para elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais.

14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Resíduos Sólidos 2.1.1 Definição de Resíduos Sólidos Industriais A definição de Resíduos Sólidos, de acordo com a Norma Brasileira (NBR) 10.004 da Associação Brasileiras de Normas Técnicas ABNT (2004), é que resíduos sólidos são os resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

15 Quadro 1: Definição para os vários tipos de resíduos sólidos Tipos de Resíduos Definição Sólidos Chamado de lixo domiciliar, constituído de restos de Residencial alimentação, invólucros diversos, varredura, folhagem, ciscos e outros. Proveniente de diversos estabelecimentos comerciais, como escritórios, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados, Comercial quitandas e outros. É constituído principalmente de papel, papelão, plástico, caixa, etc. Resultante de diferentes áreas da indústria e, portanto, de Industrial constituição muito variada. Constituído de resíduos das mais diferentes áreas do Serviço de Saúde estabelecimento: refeitório e cozinha, área de patogênicos, administração, limpeza e outros. Lixo constituído por resíduos e materiais produzidos Especial esporadicamente como: folhagens de limpeza de jardins, restos de poda, animais mortos, entulhos etc. Proveniente de varrição regular das ruas, conservação da Feira, Varrição e limpeza de núcleos comerciais, limpeza de feiras, constituindose de papéis, cigarros, invólucros, restos de capinação, areia, Outros ciscos e folhas. Fonte: Classificação dos Resíduos Sólidos (SCHALSH, 1991) 2.1.2 Resíduos Sólidos Industriais A Resolução nº 313, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 29 de outubro de 2002, define resíduo sólido industrial como todo o resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos estados sólido, semi-sólido, gasoso quando contido, e líquido cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d água, ou exijam para isso soluções técnicas ou

16 economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição. Segundo Pinto (2004), praticamente, toda a atividade humana produz resíduos de consistências sólidas, líquidas ou gasosas. A produção industrial de bens é, pela lei da natureza, acompanhada pela geração de resíduos. Estes resíduos sólidos industriais são originados das atividades industriais, que estão classificadas em: indústrias extrativas compreendem todas as atividades de extração com ou sem beneficiamento, de minerais sólidos, líquidos ou gasosos, que se encontram em estado natural; indústrias de transformação transformam matérias-primas de origem mineral, vegetal ou animal em produtos de consumo. Todos e quaisquer resíduos sólidos recebem tratamento em todas as etapas pelas quais transitam, do inicio ao fim do processo, tais como: acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição final. As decisões técnicas e econômicas tomadas em cada fase fundamentam-se na classificação dos resíduos. A necessidade de aplicar medidas especiais nas fases estará baseada nessa classificação que influirá em uma elevação dos custos. Por isso, é de fundamental importância a classificação de um resíduo (CETESB, 1993). Quanto à classificação dos resíduos sólidos se dá pela NBR 10004 Resíduos sólidos (Classificação), classifica-os quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, indicando quais deles devem ter manuseio e destinação mais rigidamente controlados. A classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser criteriosa e estabelecida de acordo com as matériasprimas, insumos e o processo que lhe deu origem (PINTO, 2004). Segundo a Norma NBR 10004 de 2004, os resíduos são classificados em dois grupos Perigosos e Não perigosos, sendo ainda este último grupo subdividido em Não inertes e Inertes:

17 Resíduos Classe I Perigosos São aqueles que apresentam periculosidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade; Resíduos Classe II Não perigosos Resíduos Classe II A Não inertes São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos Classe I Perigosos ou de resíduos Classe II B Inertes, nos termos da NBR 10004/04. Os resíduos Classe II A Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; Resíduos Classe II B Inertes Quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa, segundo a NBR 10007 (Amostragem de resíduos sólidos), e submetidos a um contato dinâmico ou estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme NBR 10006 Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Os resíduos são classificados em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas e com base na identificação de contaminantes presentes na massa. Essa identificação, contudo é bastante complexa em inúmeros casos. Portanto, um conhecimento prévio do processo industrial é imprescindível para a classificação do resíduo, identificação das substâncias presentes nele e verificação de sua periculosidade. Quando um resíduo tem origem desconhecida, o trabalho para classificá-lo torna-se ainda mais complexo (PINTO, 2004). Muitas vezes, mesmo aqueles com origem conhecida, tornam-se impossível conseguir uma resposta conclusiva e, nesses casos, será necessário analisar parâmetros indiretos ou mesmo realizar bioensaios (CETESB, 1993). O fluxograma da Figura 1 apresenta a metodologia a ser adotada na caracterização e classificação de resíduos segundo a NBR 10004. (ABNT, 2004).

18 Resíduo O Resíduo tem origem conhecida? Consta nos anexos A ou B da NBR 10004/04? Tem características de: Inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenecidade? Resíduo perigoso classe I Resíduo não perigoso classe II Possui constituintes que são solubilizados em concentrações superiores ao anexo G da NBR 10004? Resíduo inerte classe II B Resíduo não-inerte classe II A Fonte: Adaptado da NBR 10004. ABNT (2004) Figura 1: Caracterização e classificação de resíduos sólidos

19 Ainda é necessário analisar e conhecer as normas NBR-10005, NBR-10006 e NBR-10007 para que haja uma aplicação correta da NBR-10004. 2.2 Normas Complementares NBR-10005/2004 (Lixiviação de Resíduos): Operação de separação de certas substâncias contidas nos resíduos industriais por meio de lavagem ou percolação. NBR-10006/2004 (Solubilização de Resíduos): Operação que consiste em tornar a amostra de um resíduo solúvel em água, a fim de medir a sua concentração no extrato. NBR-10007/2004 (Amostragem de Resíduos): Ato ou processo de seleção de amostra para ser analisada como representante de um todo. Os resíduos radioativos não se enquadram nesta classificação, pois o gerenciamento destes é de competência exclusiva da CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. 2.3 Resíduos da Indústria Metal Mecânica Os resíduos são gerados em todos os setores e processo da atividade industrial e podem se apresentar na forma de gases, cinzas, óleos usados e graxas, ácidos, borrachas, escórias metálicas, vidros, cerâmicas, etc. Muitos desses resíduos são tóxicos (BRITO, 1999). Segundo inventário dos resíduos sólidos industriais no estado de Pernambuco (2001), o setor metal mecânico gera diferentes tipos de resíduos, tais como: Bombonas plásticas

20 Borras de retífica Embalagens metálicas (latas de pigmentos, corantes e auxiliares) Escórias de fundição Lodos perigosos de ETE Óleos usados Outros resíduos perigosos de processo (resíduos corrosivos, resinas) Resíduos de ambulatório Resíduos de varrição não perigosos Resíduos de vidros Resíduos plásticos (filmes e pequenas embalagens) Resíduos sólidos compostos por metais não tóxicos (jateamento de areia) Resíduos sólidos de ETE com substâncias não tóxicas Resíduos têxteis de manutenção contaminados (buchas, panos) Sais de tratamento térmico Solventes contaminados Sucatas de metais ferrosos Sucatas de metais não ferrosos Tambores metálicos 2.3.1 Levantamento de Resíduos Sólidos do Setor Metal Mecânica no Estado do Rio Grande do Sul O Inventário Nacional, etapa Rio Grande do Sul, foi realizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental FEPAM (2003), órgão ligado à Secretaria do Meio Ambiente do estado do Rio Grande do Sul, a partir de convênio firmado com o Ministério do Meio Ambiente, visando a atender o estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, através da Resolução 313/02 e coletou informações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação dos resíduos sólidos gerados por determinadas tipologias industriais no parque industrial gaúcho. Todas as indústrias inventariadas têm processo de licenciamento na FEPAM.

21 Para a realização do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais foram selecionados os ramos industriais representativos no estado com potencial de geração de resíduos perigosos (Classe I), ou seja, os setores metalúrgico, do couro, mecânico, químico, de minerais não metálicos, têxtil, papel e celulose e lavanderias industriais. Vale salientar que o inventário de resíduos se deu apenas nas empresas licenciadas pela FEPAM, principalmente as empresas que disponibilizavam seus dados através das planilhas trimestrais de resíduos sólidos. Portanto grande parte das empresas do ramo metal mecânico localizadas no Estado não tiveram seus resíduos levantados. Distribuição dos municípios com o maior número de indústrias inventariadas no estado. Observa-se que Caxias do sul é o primeiro monócito no ranking em número de indústrias. Quadro 2: Números de empresas por município Fonte: Fepam (2003) O quadro 3 apresenta a quantidade de resíduos sólidos industriais gerado por classe de resíduos, ou seja, resíduos Classe I, e resíduos Classe II no estado. Lembrando que os dados são referentes ao ano de 2002 e são extraídos através das planilhas trimestrais.

22 Quadro 3: Distribuição da quantidade de resíduos sólidos industriais gerados por classe (em t/ano) Fonte: Fepam (2003). Percebe-se que a grande quantia de resíduos gerados se apresenta como os de Classe II (Não Perigosos). Fonte: Fepam (2003) Figura 2: Geração de resíduos sólidos industriais por classes Na figura 3 apresenta o percentual de resíduos sólidos industriais Classe I gerados pelas indústrias, o setor metal mecânico representa 10% do total, com 20.620 toneladas de resíduos gerados no Estado. Fonte: Fepam (2003) Figura 3:Geração de Resíduo Sólido Industrial Classe I por setor industrial Os resíduos sólidos industriais Classe II estão representados na figura 4, o setor metal mecânico representa 13% do total, de um total de 296.472 toneladas por ano de

23 resíduos gerados, sendo o segundo ramo com destaque na geração desta classe de resíduos no Estado. Fonte: Fepam (2003) Figura 4: Geração de Resíduo Sólido Industrial Classe II por setor industrial Através do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Industriais pôde-se ter uma perspectiva de geração dos resíduos sólidos indústrias pelo setor metal-mecânico no Estado do Rio Grande do Sul. O Quadro 4 resume a quantidade de resíduos sólidos gerados pelas empresas do setor metal mecânico no Rio Grande do Sul. Quadro 4: Geração de resíduos sólidos indústrias do setor metal mecânico Setor Metalúrgico Quantidade (t/ano) Classe I 20.624 Classe II 296.472 Total 317.096 Fonte: Adaptado Fepam (2003) As informações relativas à destinação final dos resíduos sólidos industriais realizadas pelas indústrias no estado do Rio Grande do Sul estão apresentadas na Figura 5, referente aos resíduos Classe I e na Figura 6, referente aos resíduos Classe II. Na destinação final dada aos resíduos Classe I, destaque para as centrais de resíduos sólidos e em seguida aterros industriais próprios.

24 Fonte: Fepam (2003) Figura 5: Destinação dos Resíduos Sólidos Industriais Classe I Já na destinação final dada aos resíduos Classe II, percebe-se que a maior parte se dá para reaproveitamento e/ou reciclagem. Fonte: Fepam (2003) Figura 6: Destinação dos Resíduos Sólidos Industriais Classe II Conforme apresentado no Inventário, os setores couro, mecânico e metalúrgico são os maiores geradores de resíduos sólidos industriais perigosos (Classe I), e os setores alimentar, metalúrgico e químico são os maiores geradores de resíduos sólidos industriais não perigosos (Classe II). 2.4 Impactos Ambientais dos Resíduos Sólidos Industriais Naumoff e Peres (2000) apud Brito (1999) relatam que os resíduos sólidos são oriundos de varias atividades em diversos ramos industriais, tais como metalúrgica,

25 química, petroquímica, papeleira, alimentícia, etc., sendo bastante variados, podendo ser representados por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papéis, madeiras, fibras, borrachas, metais, escórias, vidros e cerâmicas, dentre outros. Durante o processamento industrial podem ser gerados resíduos sólidos perigosos, não-inertes ou inertes, o que recomenda atenção nos setores operacional e de meio ambiente da indústria, para que se evite ao máximo possíveis impactos relacionados ao manejo inadequado destes resíduos. Atualmente, algumas indústrias brasileiras estão realizando programas internos para reciclagem dos seus resíduos sólidos, pois a segregação do material, ainda na fonte geradora, diminui o volume total de resíduos, reduz os gastos operacionais e, em alguns casos, pode gerar uma nova receita para indústria. Entre os principais tipos de reciclagem estão a de material orgânico, para fabricação de compostos e fertilizantes; a de papel, cartões, cartolinas e papelões, para fabricação de papel reciclado; a de plásticos, cacos de vidro e metais, para uso na própria indústria ou fabricação de produtos recicláveis, como embalagens. No caso de contaminação do meio ambiente, próximo de aterros industriais, o responsável pelo empreendimento pode ter transtornos jurídicos para justificar esse passivo ambiental. Vale observar que as normas brasileiras de aterros de resíduos perigosos (NBR 10157) e não perigosos (NBR 13896) estabelecem que, após o encerramento da capacidade do aterro, a empresa responsável deverá monitorar as águas subterrâneas por 20 anos e realizar a manutenção do mesmo (BRITO, 1999). Os resíduos sólidos industriais causam impactos significativos, de maneira a serem considerados irreversíveis do ponto de vista de saúde pública e ambiental. Os mesmos comprometem a saúde pública e o meio ambiente, transcendendo a área física em que foram depositados, afetando pessoas e o meio físico além de comprometer os mananciais de águas e uma parcela significativa do solo nas grandes cidades (AWAZU, 1997; ALVES,1997 apud BRITO, 1999). Os principais pontos referentes aos problemas dos resíduos sólidos industriais são os seguintes: ausência de controle oficial institucionalizado e atualizado sobre o problema, existem empresas prestadoras de serviço sem qualificação necessária para tal, ausência por parte da sociedade quanto à importância da destinação final dos resíduos, ausência de programa estadual de gerenciamento dos resíduos sólidos e a excessiva burocracia na busca e obtenção de autorizações oficiais (AWAZU, 1997 apud BRITO, 1999).

26 Atualmente os processos produtivos industriais são muito diversificados, e geram uma infinidade de subprodutos e resíduos sólidos. Na maioria dos casos os resíduos sólidos provenientes dos processos produtivos das indústrias não retornam para serem processados novamente, podendo ser utilizado como forma de recuperar matéria prima e energia, e assim sendo lançados ao meio ambiente de forma inadequada. Esta disposição incorreta é conseqüência da escassez de recursos humanos e limitações tecnológicas no que diz respeito ao manejo, tratamento e destinação final de tais resíduos (TEIXEIRA, 1998). A incineração de resíduos sólidos industriais é uma das técnicas usadas para a redução de seu volume, porém ainda é uma alternativa muito discutida. Os que a defendem consideram que é uma forma de eliminar possíveis riscos para a saúde pública, enquanto os que a combatem argumentam que a má operação dos incineradores aliada à utilização de equipamentos e tecnologias ineficientes, pode ser uma nova fonte de poluição atmosférica, principalmente com gases e material particulado (LIMA, 2003). A disposição dos resíduos em aterros industriais é muito utilizada, pois essas grandes escavações no terreno armazenam grande volume desse material. Contudo, os aterros industriais precisam ser construídos e operados com grande segurança, para que não ocorra contato do material com o solo ou percolação de líquidos para o aquífero livre. 2.5 Indústria Metal Mecânica no Brasil O complexo metal mecânico no âmbito nacional apresentou, no início dos anos 90 grandes deficiências em sua capacidade competitiva devido, principalmente, a crise e ao baixo dinamismo da economia verificada nos ano 80. Nesse período, as empresas do complexo apresentaram declínio nos investimentos em formação de capital fixo, significativo atraso tecnológico, reduzidos gastos em pesquisas e desenvolvimentos, pouca importância à difusão de sistemas de gestão de qualidade e problemas estruturais, com expressiva verticalização e diversificação (MACEDO, 2000 apud SILVA, 2004). Os problemas de competitividade foram diferenciados em cada segmento do complexo. O segmento de insumos apresentou um maior grau de competitividade, em

27 função não só de estar mais próximo da matéria-prima básica, mas também por ter realizado grandes investimentos na década de 70. Por sua vez, os segmentos automotivo, de máquinas e equipamentos apresentaram deficiência de competitividade, principalmente em virtude de terem incorporado poucos avanços tecnológicos aos seus produtos e processos produtivos (COUTINHO; FERRAZ, apud SILVA, 2004). O complexo metal mecânico abrange tanto as indústrias que se destinam a produção como também as que trabalham no ramo de transformações de metais, o que inclui tanto as empresas de bens de serviços intermediários como por exemplo: fundição, forjarias, oficinas de corte, soldagem, etc., quanto os estabelecimentos destinados aos produtos finais como; bens de consumo, equipamentos, maquinaria, veículos e material de transporte. Pode-se dizer que este grupo de atividades também representa o conjunto da produção de bens de capital e de bens de consumo (MACEDO e CAMPOS, 2001). Segundo Macedo e Campos (2001), só é possível nomear as atividades metal mecânicas de complexo devido à existência de encadeamentos econômicos de suma importância entre as atividades, como exemplo: o fornecimento de equipamentos, componentes e acessórios de uma atividade para outra. No entanto, é importante destacar que o complexo mostra uma grande heterogeneidade, não só em relação aos produtos e ás firmas, mais principalmente em relação à tecnologia utilizada nas diversas atividades. Estas atividades estão contidas nos seguintes segmentos industriais: (a) indústria metalúrgica; (b) indústria de máquinas e equipamentos; (c) indústria de bens finais; e (d) outras atividades como a produção de ferramentas, ferragens e outros artefatos metálicos e a indústria de material elétrico. Apesar dessa diversidade de atividades industriais, podem-se destacar algumas características e tendências gerais do setor metal-mecânico como um todo (FERREIRA, 2002). 2.6 Indústria Metal-Mecânica na Região Sul Em virtude da desvalorização cambial no final de 1999, as exportações aumentaram, melhorando a atividade produtiva como um todo. A vocação agroexportadora do Rio Grande do Sul aliada aos fortes vínculos existentes entre as

28 atividades primárias e secundárias contribuíram para elevar a demanda por produtos industriais, principalmente de bens do setor metal-mecânico. Devido os setores, agrícola e metal-mecânico apresentarem uma trajetória comum, esse desenvolvimento resultou tanto nas ligações a montante quanto a jusante (GUARIENTI, 2008). As ligações a montante ocorrem quando o produtor adquire insumos e equipamentos para o cultivo como, por exemplo, máquinas e implementos agrícolas, consequentemente estimulando a indústria para atividade primária. Já as ligações à jusante, ocorrem em razão da maior procura por máquinas e equipamentos utilizados para o processamento da produção rural, bem como sua armazenagem e escoamento. A interação de atividades, entre os segmentos que fornecem peças e equipamentos para as empresas que comercializam bens, diretamente a outros segmentos e ao consumidor final, esta diretamente relacionada ao crescimento do setor metal mecânico na região sul do Brasil e, conseqüentemente influenciado pelo desempenho da atividade rural (GUARIENTI, 2008). O setor metal-mecânico do Estado do RS abrange um diversificado ramo industrial, e de certa forma desenvolveu e ainda desenvolve as regiões da serra gaúcha, a região metropolitana de Porto Alegre e região norte do estado. Como exemplo de segmentos importantes das indústrias deste setor temos, a indústria automobilística, indústria de auto-peças, equipamentos agrícolas, armas e armamentos e equipamentos eletro-eletrônicos (GUARIENTI, 2008). O setor metal-mecânico é responsável por 19% do produto industrial do Rio Grande do Sul, o que tornou o Estado um dos principais pólos metal-mecânicos do país. Entre as empresas deste setor destacam-se as de autopeças e de máquinas e implementos agrícolas, sendo que ambas exportam uma parcela significativa de suas produções (NASCIMENTO, 2002). No Estado do Rio Grande do Sul, pode-se ver as mudanças estruturais, particularmente no setor metal-mecânico, com desenvolvimento da indústria automobilística, máquinas e implementos agrícolas entre outros segmentos que compõe este setor, e também podemos observar que grande parte destas indústrias estão localizadas na serra gaúcha. A Figura 7 mostra onde se encontram os principais pólos industriais do Estado do Rio Grande do Sul, em destaque o setor Metal-Mecânico, conforme dados da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).

29 Fonte: Adaptado de FIERGS, 2006 Figura 7: Localização dos principais pólos metal-mecânico no Rio Grande do Sul O desempenho da produção industrial gaúcha no primeiro semestre de 2007, depois de dois anos de queda em 2005 e 2006, a atividade industrial apresentou o melhor resultado dentre os 14 estados pesquisados, crescendo 8,5%. O setor metalmecânico expandiu-se a uma taxa de 14,19% em relação a 2006. O quarto maior índice de desempenho industrial medido pela Federação das indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) nos últimos 16 anos, apontando que o mesmo foi estimulado pela boa safra agrícola, pela queda dos juros, pelo aumento de renda e pela expansão do crédito. E, posteriormente, esse bom resultado influenciou diretamente os setores de máquinas, e equipamentos e vestuário (SINMETAL, 2008). Uns dos gêneros mais importantes da região sul relacionado ao setor metalmecânico é o metalúrgico, que junto com outros setores representam 63% da indústria regional e o gênero mecânica que também se destaca, mas um pouco abaixo do gênero anteriormente citado (BREITBACH, 2004). Os municípios de Porto Alegre, Caxias do Sul, Carlos Barbosa, São Leopoldo, Farroupilha e Cachoeirinha (Figura 8) destacam-se no ramo metalúrgico. Hoje, o estado concentra o principal pólo produtor de máquinas e implementos agrícolas do Brasil, que responde por cerca de 60% da produção nacional - 70% da produção nacional de colheitadeiras e mais de 50% de tratores, onde também são abastecidos pelo setor metalúrgico do estado (BREITBACH, 2004).

30 Fonte: Secretaria da Coordenação e Planejamento do RS (2002) apud Breitbach (2004) Figura 8: Regiões no estado do Rio Grade do Sul com destaque no ramo metalmecânico O IBGE mostra que a indústria do Rio Grande do Sul teve um aumento na sua produção em 2007 e considera que os principais impactos positivos no cômputo geral vieram dos setores de máquinas e equipamentos com o aumento significativo de 33,3% e veículos automotores 27,2% (SINMETAL, 2008). A produção industrial no Brasil cresceu 6,3% no primeiro semestre do corrente ano e o setor metal-mecânico mostrou forte expansão no mesmo período com uma variação acumulada de 12%. Mais especificamente, a produção de máquinas e equipamentos tiveram uma variação positiva de 9,4%, seguido da metalurgia básica com alta de 7,56% bem como a indústria de produtos de metal, com 8,95%, conforme ilustrado no quadro 5 (SINMETAL, 2008). Em 2008 o bom desempenho continua, pois, de acordo com dados da Fundação de Economia e Estatística do RS o (FEE), a indústria gaúcha, que tem 30% do PIB do estado, teve crescimento de 7,2%, sendo a indústria de transformação com o melhor

31 desempenho entre todos os setores pesquisados com quase 8,0% de aumento em relação a 2007, onde ainda permanece em destaque máquinas e equipamentos com 31,7%. O quadro 5 mostra que a produção industrial do setor metal-mecânico e eletrônico tinha tido variação positiva no primeiro semestre de 2008. Quadro 5: Indicadores do primeiro semestre 2008 Produção Industrial do Setor Metal-Mecânico no Brasil Variação (%) Acumulada Primeiro Semestre de 2008 Segmentos Janeiro/Junho Indústria Geral 6,3 Setor Metal-Mecânico 12 Metalurgia Básica 7,56 Produtos de Metal 8,95 Máquinas e Equipamentos 9,40 Equipamentos para Automação Industrial, Cronômetros e Relógios 12,1 Automotivo 21,18 Fonte: Adaptado Sinmetal (2008) 2.7 Setor Metal-Mecânico de Caxias do Sul Em relação a atividade industrial da serra gaucha, os dados mostram que o produto interno bruto industrial, que representava em 1970 10% do PIB industrial do estado, passou a ser de ordem de 15,4% em 1997. Isso significa que a indústria da região cresceu a ritmo acelerado mais acelerado que a indústria do Rio Grande do Sul (BREITBACH, 2004). Conforme informações obtidas junto ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material elétrico de Caxias do Sul, que congrega 19 municípios, em 2001 existiam 2379 empresas cadastradas somando 40.812 funcionários, números superiores aos de 2000, respectivamente, 2.225 e 39.432, sendo prioritariamente vinculados às atividades do pólo automotivo local (SIMECS, 2004). Caxias do Sul é considerado o segundo maior pólo metal-mecânico no Brasil e um dos maiores da América latina, com cerca de 6.500 empresas instaladas no

32 município, essas indústrias fazem com que o município responda por cerca de 5,83% do PIB do Rio Grande do Sul (SIMECS, 2008). O setor metal-mecânico no município de Caxias do Sul, em sua maior parte, é responsável pela fabricação e manufatura de peças e componentes para ônibus, caminhões, máquinas e implementos agrícolas e implementos rodoviários. Além disso, estão presentes na região distribuidores de matérias-primas, prestadores de serviços, fabricantes de ferramentas diversas e uma grande rede de instituição de ensino e pesquisa que viabilizam o dinamismo das empresas da região. A indústria automotiva compreende as empresas montadoras de automóveis, veículos médios, ônibus, caminhões, máquinas agrícolas e seus fornecedores de partes, peças e componentes. A cidade de Caxias do Sul e a algumas cidades ao entorno concentram um grande pólo regional de autopeças e implementos rodoviários, na parte de caminhões e chassis de ônibus, o estado responde por mais de 40% da produção nacional (SIMECS, 2004). O município de Caxias do Sul sedia grande numero de empresas, sendo seu setor industrial responsável pela geração de aproximadamente 60% do Valor Agregado da Indústria (VAI) da região e 8% do VAI do total do Estado. A região como um todo, participa com 13% desse valor (SIMECS, 2004). 2.8 Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais A gestão de resíduos sólidos são expressões muito utilizadas hoje, principalmente em função da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Pode-se dizer que gerenciamento refere-se ao conjunto de ações e gestão é a política que rege estas ações. Conforme Pinto (2004) a gestão dos resíduos industriais pode ser entendida como o controle integrado e sistemático da geração, coleta, segregação na fonte, estocagem/ armazenamento, transporte, processamento, tratamento, recuperação e disposição de resíduos, ou seja, fazer a gestão dos resíduos é pôr em prática um conjunto de medidas que, em linhas gerais, deverá atingir os seguintes objetivos principais:

33 a prevenção da geração de resíduos; a minimização dos resíduos gerados; a re-utilização, a reciclagem e a recuperação ambientalmente segura de matérias ou de energia dos resíduos ou produtos descartados; o tratamento ambientalmente seguro dos resíduos; a disposição final ambientalmente segura dos resíduos remanescentes; a recuperação das áreas degradadas pela disposição inadequada dos resíduos. Vários são os motivos que levam à necessidade de se adotarem práticas para a gestão dos resíduos sólidos industriais devido a todas as questões que envolvem o tema. Uns dos principais motivos se trata da necessidade de a comunidade preservar o meio ambiente e racionalizar o consumo de recursos naturais, como matéria prima e energia, e também em relação as vantagens para o setor industrial, por meio de economias em diversos níveis e melhoria de imagem pública da empresa. 2.8.1 Princípio da Gestão dos Resíduos Sólidos Industriais Segundo Pinto (2004) o principio da gestão dos resíduos sólidos industriais está baseado em quatro ações básicas que representam uma hierarquia real em termos de custos, esforços e energia. As quatro ações básicas são (4 R s): Repensar (Oportunidade de inovação e desenvolvimento tecnológico ao longo da cadeia de transformação); Reduzir (Oportunidade de minimização da geração de resíduos na fonte); Re-reutilizar (Aproveitamento dos resíduos nas condições em que se encontram); Reciclar (Processo pelo qual os resíduos retornam ao processo produtivo como matéria-prima).

34 2.8.2 Metodologia para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais A metodologia descrita neste item, grande parte é baseada na dissertação de PINTO (2004), o qual apresenta um estudo aprofundado sobre resíduos sólidos industriais para o Estado do Ceará. O gerenciamento de resíduos sólidos industriais envolve ações mais abrangentes do que o mero cumprimento da legislação e regulamentações ambientais. A redução de riscos ao meio ambiente e a saúde humana, bem como a minimização de resíduos são itens importantes a considerar. O gerenciamento de resíduos sólidos industriais deve englobar como um todo: A minimização de riscos associados ao uso de produtos químicos e à geração de resíduos, principalmente os classificados como perigosos; A minimização de custos e danos ambientais associados à destinação de resíduos; A minimização do volume e da toxicidade dos resíduos; A redução dos custos de tratamento dos resíduos; A melhoria da eficiência dos processos industriais; O cumprimento das leis e regulamentos ambientais e a observância das normas técnicas e padrões; e A minimização dos instrumentos e custos ambientais decorrentes da obrigatoriedade do cumprimento de alguns desses dispositivos. A Agência de Proteção Ambiental (EPA), Agência Ambiental dos Estados Unidos, propõe uma metodologia para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais, onde deve ser considerada a definição de ações necessárias à obtenção de soluções adequadas do ponto de vista do desempenho industrial e do atendimento às exigências dos órgãos de controle ambiental responsáveis. Devem ser respondidas três questões (PINTO, 2004): 1. Se a empresa produz resíduos, quais são eles, quais suas taxas e suas fontes geradoras; 2. Como os resíduos gerados são classificados de acordo com os instrumentos legais; e

35 3. Quais são os instrumentos de controle aplicáveis e as tecnologias e metodologias disponíveis para o gerenciamento desses resíduos O próximo passo decidir a metodologia a ser utilizada para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais. Sempre evidenciando como etapa inicial a minimização da geração de resíduos e trabalhando com que a ultima etapa, que é a destinação final venha a ser a mais adequada, diminuindo custos, volume de resíduos, impactos ambientais e ocupação de aterros. A Figura 9 apresenta o fluxograma das etapas de decisão para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais.

36 Fonte: BRITO (1999) Figura 9: Fluxograma das etapas de decisão para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais

37 2.8.3 Ferramentas para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais Os conhecimentos dos princípios básicos, a aplicabilidade, os investimentos necessários, bem como todos os benefícios alcançados do ponto de vista ambiental, quando de sua implantação constituem informações imprescindíveis para se efetivar a gestão de resíduos sólidos industriais (PINTO, 2004). As ferramentas relacionadas a questão do gerenciamento de resíduos sólidos industriais estão expressas nas subseções a seguir. 2.8.4 Inventário de Resíduos Industriais Segundo a Resolução nº 313/2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais. É o conjunto de informações sobre a geração, caracterização, armazenamento, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias do país. Conforme Pinto (2004) o Inventário de resíduos, além de disponibilizar todas as informações de interesse sobre os resíduos sólidos gerados, também possibilita a: Identificação, classificação e descrição de todos os resíduos produzidos na unidade industrial; Identificação das áreas e processos que produzem resíduos, suas características, quantidades e volumes; Informações rápidas e precisas sobre qualquer situação crítica decorrente de transporte, manuseio ou disposição final inadequada dos resíduos após sua entrega a terceiros; e Fornecimento de subsídios para a pesquisa de tecnologias que visem a reduzir a geração de resíduos, sua reciclagem e/ou reaproveitamento como energéticos.