1. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
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- Camila Wagner Caiado
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1 Página1 1. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS Diversos autores vêm utilizando metodologias próprias de classificação de resíduos sólidos, tendo como referência a fonte de geração, o local de produção, os aspectos sanitários, econômicos e de incineração, além do grau de biodegradabilidade, entre outros parâmetros. Essas classificações são apresentadas a seguir Quanto à origem (Lima,1995 e Jardim et al., 1995): Residencial ou domiciliar: conhecido como lixo doméstico, constituído por restos de alimentos, invólucros, papéis, papelão, plásticos, vidros, trapos, papel higiênico, fraldas descartáveis, etc. Comercial: proveniente de estabelecimentos comerciais, tais como lojas, lanchonetes, restaurantes, escritórios, hotéis, bancos, etc., constituído principalmente por papéis, papelão, plásticos, restos de alimentos, embalagens de madeira, resíduos de lavagens, sabões, papéis toalha, papel higiênico, etc. Industrial: resultante de atividades industriais. É bastante diversificado, sendo formado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas, etc. Engloba a grande maioria do lixo considerado tóxico. Especial: resíduos cuja geração é intermitente, como: veículos abandonados, podas de jardins e praças, mobiliário, eletrodomésticos, animais mortos, descargas clandestinas, etc. Radioativo: derivados de fontes radioativas de metais como césio e urânio. No Brasil, o manuseio (coleta, transporte e destinação) destes resíduos está normatizado pelo CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear). Público: gerados nos serviços de limpeza urbana tais como varrição de vias públicas, limpeza de praias, de galerias, de córregos e terrenos baldios, podas de árvores e limpeza de áreas de feiras livres, composto por restos vegetais diversos e embalagens. Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: são os resíduos sépticos que contêm ou podem conter microorganismos patogênicos, trazidos aos portos, terminais rodoviários e aeroportos, constituídos por material de higiene pessoal e restos de alimentos. Os resíduos assépticos desses locais também são considerados domiciliares. Agrícola: originado nas atividades agrícolas e da pecuária, sendo constituído basicamente por embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. Entulho: originado na construção civil, em demolições; restos de obra, escavações, etc. É considerado material inerte. Para Lima (1995), esse tipo de resíduos é classificado como industrial Quanto ao local de geração (Gomes, 1989) Lixo urbano: aquele gerado em aglomerações humanas e suas periferias. Lixo rural: aquele gerado na zona rural, ou seja, fora dos limites da cidade. 1
2 Página Quanto ao aspecto sanitário (Oliveira, apud Gomes, 1989) Lixo orgânico, constituído de material putrescível ou fermentável. Lixo inerte, constituído de material não putrescível Quanto ao aspecto econômico (Oliveira, apud Gomes, 1989) Resíduos para a produção de compostos. Materiais recuperáveis. Resíduos inaproveitáveis Quanto ao aspecto da incineração (Oliveira, apud Gomes, 1989) Materiais combustíveis. Materiais incombustíveis Quanto aos diferentes graus de biodegradabilidade (Bowerman, apud Gomes, 1989) Facilmente degradáveis: matéria orgânica. Moderadamente degradáveis: papel, papelão e outros produtos de celulose. Dificilmente degradáveis: trapo, couro, borracha e madeira. Não degradáveis: vidro, metal, plástico, pedras e terra Quanto aos Resíduos de Serviços da Saúde (conforme NBR-12808). Classe A resíduos infectantes; Classe B e C resíduo especial; Classe D resíduo comum; Classe E Perfuro Cortante Quanto a Periculosidade (conforme NBR ). Classe I resíduos perigosos; Classe II resíduo não-inertes; Classe III resíduo inertes DEFINIÇÃO 2. RESIDUOS TIPO COMUM Fundamental como etapa inicial em projetos de reutilização e reciclagem, a coleta seletiva se caracteriza pelo recolhimento diferenciado de materiais descartados cuja segregação já se dá no próprio ato do descarte, de forma a minimizar sua contaminação e, em decorrência direta, os custos de sua reutilização ou reciclagem. Pode-se também destiná-los, dependendo de sua natureza, a outros processos, como compostagem, incineração ou destinação final em lixões ou aterros, sempre decorrendo da coleta seletiva benefícios de ordem prática e econômica CONSIDERAÇÕES A possibilidade de minimização de custos e produção em escala industrial de materiais reciclados, é fortemente impactada pela eficácia do processo de coleta seletiva. A segregação como forma de classificação de materiais visa garantir a possibilidade de o reciclador receber a sua matéria-prima em condições de processamento. 2
3 Página SIMBOLOGIA UTILIZADA Alguns modelos de rotulagem para coleta de material para reciclagem. A Resolução CONAMA 275 de 25 de abril de 2001 normatizou as cores para identificação de materiais no processo de coleta seletiva, conforme descrito abaixo: Azul Vermelho Verde Amarelo Preto Laranja Branco Roxo Marrom Cinza Vermelho Padrão de cor Tipo de residuos Papel / papelão Plástico Vidro Metal Madeira Residuos perigosos Residuos da área da saúde I Resíduo radioativo Orgânico Resíduo não reciclável (Lixo) Resíduo da área da saúde II 3. PGRSS RESOLUÇÃO CONAMA Nº 283, DE 12 DE JULHO DE 2001 : Dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde. Classificação por grupos, conforme o Anexo I da Resolução: Resíduos Grupo A Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos: Inoculo, mistura de microrganismos e meios de cultura inoculados provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, bem como outros resíduos provenientes de laboratórios de análises clínicas; Vacina vencida ou inutilizada; Filtros de ar e gases aspirados da área contaminada, membrana filtrante de equipamento médico hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; Sangue e hemoderivados e resíduos que tenham entrado em contato com estes; Tecidos, membranas, órgãos, placentas, fetos, peças anatômicas; Animais inclusive os de experimentação e os utilizados para estudos, carcaças, e vísceras; suspeitos de serem portadores de doenças transmissíveis e os mortos a bordo de meios de transporte, bem como os resíduos que tenham entrado em contato com estes; Objetos perfurantes ou cortantes, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde; Excreções, secreções, líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes; Resíduos de sanitários de pacientes; Resíduos advindos de área de isolamento; Materiais descartáveis que tenham entrado em contato com paciente; 3
4 Página4 Lodo de estação de tratamento de esgoto (ETE) de estabelecimento de saúde; e Resíduos provenientes de áreas endêmicas ou epidêmicas definidas pela autoridade de saúde competente. Resíduos Grupo B Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características físicas, químicas e físico-químicas: Drogas quimioterápicas e outros produtos que possam causar mutagenicidade e genotoxicidade, e os materiais por elas contaminados; Medicamentos vencidos, parcialmente interditados, não utilizados, alterados e medicamentos impróprios para o consumo, antimicrobianos e hormônios sintéticos; demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). Resíduos Grupo C Resíduos radioativos: Enquadram-se neste grupo os resíduos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a Resolução CNEN 6.05 acima. Resíduos Grupo D Resíduos comuns: São todos os demais, que não se enquadram nos grupos Resíduos Grupo E Perfuro cortantes: São todos os que envolvem laminas e objetos perfurantes. 4. PGRSI As decisões técnicas e econômicas que devem ser tomadas em todas as fases do trato dos resíduos sólidos industriais (manuseio, acondicionamento, armazenagem, coleta, transporte e disposição final), devem estar fundamentadas na classificação desses resíduos. Essa classificação condiciona ou não a necessidade de medidas especiais para todas as fases, influindo, obviamente, nos custos. A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas propõe um conjunto de normas para padronizar em nível nacional a classificação dos resíduos. Essas normas as seguintes: Norma NBR Resíduos Sólidos - Classificação; Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados. Norma NBR Lixiviação de Resíduos - Procedimento; Fixa as condições exigíveis para a Lixiviação dos resíduos tendo em vista a sua classificação. Norma NBR Solubilização de Resíduos - Procedimento 4
5 Página5 Fixa as condições exigíveis para diferenciar os resíduos das Classes II e III. Aplica-se somente para resíduos no estado sólido. Norma NBR Amostragem dos Resíduos - Procedimento. Fixa as condições exigíveis para a amostragem de resíduos, visando manter as suas características para a classificação. Este conjunto de normas está bastante completo e, por si só, permite que os técnicos classifiquem os resíduos PERICULOSIDADE As características que conferem periculosidade a um resíduo, são: Inflamabilidade, Corrosividade, Reatividade, Toxicidade Patogenicidade. Com base nisso, os resíduos são classificados em três classes a saber: Resíduos Classe I - Perigosos Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças; e apresentarem efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou destinados de forma inadequada; Resíduo Classe II - Não Inertes São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos Classe I Perigosos ou de Classe III Inertes. Os resíduos Classe II podem apresentar propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. Resíduo Classe III - Inerte Resíduo Sólido ou mistura de resíduo sólido que, ao serem submetidos ao teste de solubilidade, proposta na norma NBR Solubilização de Resíduos Procedimento, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, conforme definidos na listagem nº 8 (anexo H) da NBR Como exemplo, podemos citar rochas, tijolos, vidros e alguns plásticos e borrachas que não se decompõem prontamente ANEXOS A NBR utiliza também, em anexos, como apoio à classificação, listagens de resíduos e de substâncias, na determinação de algumas características dos resíduos. As listagens apresentadas na norma são: Listagem nº 1 - Resíduos Perigosos de Fontes não Específicas; Listagem nº 2 - Resíduos Perigosos de Fontes Específicas; Listagem nº 3 - Constituintes perigosos, base para a relação de resíduos e produtos das listagens nº1 e 2; 5
6 Página6 Listagem nº 4 - Substâncias que conferem periculosidade aos resíduos; Listagem nº 5 - Substâncias agudamente tóxicas; Listagem nº 6 - Substâncias tóxicas; Listagem nº 7 - Concentração - Limite máximo no extrato obtido no teste de lixiviação, Listagem nº 8 Padrões para o teste de solubilização PRODUTOS PERIGOSOS A classificação adotada para os produtos considerados perigosos, feita com base no tipo de risco que apresentam e conforme as Recomendações para o Transporte de Produtos Perigosos das Nações Unidas, sétima edição revista, 1991, compõe-se das seguintes classes, definidas nos itens 1.1 a 1.9: Classe 1 - EXPLOSIVOS Classe 2 - GASES, com as seguintes subclasses: Subclasse Gases inflamáveis; Subclasse Gases não-inflamáveis, não-tóxicos; Subclasse Gases tóxicos. Classe 3 - LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS Classe 4 - Esta classe se subdivide em: Subclasse Sólidos inflamáveis; Subclasse Substâncias sujeitas a combustão espontânea; Subclasse Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis. Classe 5 - Esta classe se subdivide em: Subclasse Substâncias oxidantes; Subclasse Peróxidos orgânicos. Classe 6 - Esta classe se subdivide em: Subclasse Substâncias tóxicas (venenosas); Subclasse Substâncias infectantes. Classe 7 - MATERIAIS RADIOATIVOS Classe 8 - CORROSIVOS Classe 9 - SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS. 5. PGRCC A Classificação dos Resíduos da Construção Civil no Brasil se dá através da Resolução de número 307 da seguinte forma: Resolução CONAMA 307 Art. 3 : Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Resolução, da seguinte forma: como: I Classe A são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; 6
7 Página7 II Classe B são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; III Classe C são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; IV Classe D são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. 6. O conteúdo mínimo de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos O Art. 21 da Lei /2010 estabelece como conteúdo mínimo de um PGRS os seguintes pontos: 1. Descrição do empreendimento ou atividade; 2. Diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles relacionados; 3. Observadas as normas estabelecidas pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos: 4. Explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resíduos sólidos; 5. Definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador; 6. Identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores; 7. Ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes; 8. Metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos; 9. Se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 10. Medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos; 11. Periodicidade de sua revisão. 7
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