PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

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Transcrição:

ORIGEM : 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE - SE RELATÓRIO O Sr. Des. Fed. FRANCISCO WILDO (Relator): Trata-se de apelação interposta pela CEF, em sede de ação sumária de usucapião ajuizada por EMANOEL FERREIRA e LUCIANE OLIVEIRA DOS SANTOS, contra sentença que julgou procedente o pedido para reconhecer em favor dos autores a aquisição do domínio pela usucapião sobre um imóvel descrito na inicial e na planta (fl. 23) como sendo Av. Adélia Franco, 2850, Bloco G, aptº 204, Cond. Jardim América, Bairro Luzia, Aracaju-SE, matriculado na 2ª Circunscrição Imobiliária de Aracaju sob o n.º 28.157. Houve, ainda, condenação da ré e de sua assistente ao pagamento de honorários advocatícios no valor fixo de R$ 3.000,00, sendo que a CEF arcará com 90% do valor e o assistente com 10%. O magistrado entendeu que por não conseguir antever a natureza pública do bem em razão de estar vinculada ao SFH, seja por inexistir previsão legal enfatizando desconhecer dispositivo legal nesse sentido nem tampouco as decisões judiciais lograram apontar -, seja pela natureza dos recursos, seja pela administração dos recursos pelo Poder Público, aliado ao fato de estarem presentes os requisitos da usucapião urbana especial, não há como não reconhecer em favor dos demandantes a aquisição do domínio pela usucapião. Alega a CEF, em resumo, que o primeiro grande equívoco engastado na sentença está no fato de o Magistrado ter desconsiderado o caráter público dos recursos investidos no imóvel vinculado ao SFH, tendo se posicionado em oposição à jurisprudência pacífica e majoritária acerca da impossibilidade de usucapir bens adquiridos com recursos do SFH. Sustenta, ainda, que a invasão de imóvel financiado pelo SFH é tipificada como crime de consumação permanente, razão pelo qual a clandestinidade da ocupação se perpetua no tempo, não havendo, pois, o animus domini. Contrarrazões às fls. 260/275. Parecer da Procuradoria Regional da República, às fls. 286/295, pelo provimento do recurso para julgar improcedente o pedido contido na exordial. É o relatório.

ORIGEM : JUÍZO FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE - SE VOTO O Sr. Des. Fed. FRANCISCO WILDO (Relator): O cerne da questão cinge-se em analisar a configuração de usucapião urbano, em imóvel da CEF, conforme suscita o particular apelante. O usucapião especial urbano está previsto tanto no art. 183 da CF, como no Código Civil no seu art. 1.240 e, ainda, no art. 9º da Lei n.º 10.257/01 (Estatuto da Cidade), inclusive, com a mesma redação, in verbis: Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirirlhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Portanto, são requisitos específicos para a modalidade urbana de usucapião: a) animus domini; b) utilização do imóvel para moradia do possuidor ou de membro de sua família; c) limitação de área; d) lapso temporal de 5 anos; e) que o possuidor não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. O animus domini, suficiente para ensejar o usucapião sobre um imóvel, caracteriza-se pela posse exercida com ânimo de dono, ou seja, de ter a coisa para si, como se dono fosse, excluindo desta forma os locatários, arrendatários e comandatários que tem a posse do bem imóvel, somente com o consentimento do proprietário. In casu, verifica-se que não houve o atendimento desse requisito constitucional, visto que a parte autora possuía o bem sabendo que esse era de propriedade de outrem, haja vista, o descumprimento pelo ex-mutuário do contrato firmado com a CEF, tendo sido o imóvel objeto de adjudicação em 2001, mediante execução extrajudicial, através da qual a recorrente retomou o imóvel da Sra. Maria da Glória Torres Nunes.

AC Nº 504304/SE (V-02) Desse modo, não há que se falar em caracterização da usucapião do imóvel em questão, haja vista a posse precária da parte demandante. Corroborando tal posicionamento, mas sob outros argumentos, manifestou-se o Ministério Público Federal, às fls. 286/295, na forma do ementário abaixo transcrito: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Ação de usucapião especial urbano. Imóvel hipotecado. Créditos da hipoteca da CEF, empresa pública federal. Ocupação de imóvel financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação através de esbulho possessório, que é definida como crime de ação civil pública, cuja natureza permanente, nos termos do artigo 9ª da Lei n.º 5.741/71. Prática criminosa que não gera, nem pode gerar a aquisição de direitos, de acordo com a Lei Civil. Ausência, assim, do direito à aquisição originária da propriedade. Provimento do recurso, com a reforma da decisum a quo em todos os seus termos. Além disso, esta Egrégia Corte Regional possui maciça jurisprudência repelindo a aquisição, via usucapião, de imóveis vinculados ao SFH, em face da natureza ilícita e precária da posse, bem como pelo viés público que tais bens assumem, porquanto financiados através de fundos públicos. Nesse sentido, são os seguintes precedentes: CIVIL E ADMINISTRATIVO. REIVINDICATÓRIA. PRELIMINARES. ADJUDICAÇÃO DE IMÓVEL PELA CEF. DL Nº 70/66. IMÓVEL OCUPADO POR TERCEIRO. POSSE SEM JUSTO TÍTULO. RESTITUIÇÃO DO BEM. RECONVENÇÃO. USUCAPIÃO URBANO. IMPOSSIBILIDADE. - O comparecimento espontâneo do demandado ao processo, supre a ausência de citação, conforme preceitua o parágrafo primeiro do artigo 214, do Código de Processo Civil. - Se, de um lado, a autora comprova ser a legítima proprietária do bem e, d'outra parte, não tendo os réus demonstrado a sua posse a justo título, é de ser mantida a sentença que, julgando procedente ação reivindicatória, determinou a restituição do imóvel em questão. - A ocupação de imóvel sem justo título, ainda que pacífica, não gera, em face de sua ilicitude, posse ad interdicta ou ad usucapionem, não havendo que se falar, nem de longe, em direito do acionado sobre o imóvel em vista da chamada prescrição aquisitiva. - Apelação desprovida. (AC - Apelação Civel - 435566, Quarta Turma, Relator Desembargador Federal Lazaro Guimarães, DJ - Data: 2/10/2008 - Página: 278 - Nº: 205) (destaque nosso)

AC Nº 504304/SE (V-03) ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. APELAÇÃO CÍVEL. INADIMPLÊNCIA DOS ANTIGOS MUTUÁRIOS. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. DECRETO- LEI 70/66. IMÓVEL ADJUDICADO À CEF. OCUPAÇÃO DO IMÓVEL POR PESSOA ESTRANHA AO ANTIGO CONTRATO DE FINANCIAMENTO. ALEGAÇÃO DE CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS NECESSÁRIOS À CONFIGURAÇÃO DA USUCAPIÃO DE IMÓVEL URBANO. INEXISTÊNCIA DE POSSE MANSA E PACÍFICA. A PROPRIEDADE DO IMÓVEL PERTENCE À CEF. EXISTÊNCIA DE POSSE PRECÁRIA PELO ATUAL OCUPANTE. INEXISTÊNCIA DE ÓBICE À REIVINDICAÇÃO DA POSSE DIRETA DO IMÓVEL PELA CEF. SENTENÇA MANTIDA. 1. A sentença objurgada julgou procedente o pedido reivindicatório para condenar a apelante a desocupar o imóvel, no prazo de 60 dias, sob pena de expedição do respectivo mandado de imissão de posse em favor da CEF. 2. A alegativa da apelante de cumprimento aos requisitos legais para configuração da usucapião de imóveis urbanos é insubsistente, tendo em vista a inexistência de posse mansa e pacífica e a configuração indubitável da posse precária da recorrente. 3. Apelação improvida. (AC 404396, Segunda Turma, Relator Desembargador Federal Manoel Erhardt, DJ - Data::15/10/2008 - Página: 260 - Nº: 200) (grifos nossos) Em reforço a tais precedentes, cumpre salientar que o TRF da 2ª Região também possui o entendimento de que "permitir a aquisição de imóvel vinculado ao SFH por usucapião consiste em privilegiar o interesse puramente particular em prejuízo da sociedade e do interesse público e permitir a burla do ordenamento jurídico, favorecendo-se o mutuário inadimplente que transfere o imóvel irregularmente, em detrimento do mutuário que mantém em dia as suas obrigações contratuais". (TRF da 2ª Região, AC - APELAÇÃO CIVEL - 386440, Relator Desembargador Federal GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, DJU - Data: 30/06/2009 - p. 92/93). Dessa forma, revela-se inviável o reconhecimento da prescrição aquisitiva sobre imóvel objeto de financiamento do Sistema Financeiro da Habitação em face da proibição contida no art. 9º da Lei 5.741/71. Por tais fundamentos, dou provimento à apelação para julgar improcedente a pretensão contida na exordial. Sem honorários advocatícios, em face de a parte autora litigar sob os auspícios da justiça gratuita, concedida à fl. 58 dos presentes autos. É como voto.

ORIGEM : JUÍZO FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE - SE EMENTA PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO. IMÓVEL VINCULADO AO SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO - SFH. OCUPAÇÃO DO IMÓVEL POR PESSOA ESTRANHA AO ANTIGO CONTRATO DE MÚTUO. NATUREZA ILÍCITA E PRECÁRIA DA POSSE. PRESCRIÇÃO AQUISITIVA NÃO CONFIGURADA. SENTENÇA REFORMADA. 1. Esta egrégia Corte Regional possui maciça jurisprudência repelindo a aquisição, via usucapião, de imóveis vinculados ao SFH, em face da natureza ilícita e precária da posse, bem como pelo viés público que tais bens assumem, porquanto financiados através de fundos públicos. 2. "Permitir a aquisição de imóvel vinculado ao SFH por usucapião consiste em privilegiar o interesse puramente particular em prejuízo da sociedade e do interesse público e permitir a burla do ordenamento jurídico, favorecendo-se o mutuário inadimplente que transfere o imóvel irregularmente, em detrimento do mutuário que mantém em dia as suas obrigações contratuais". (TRF da 2ª Região, AC 386440, Rel. Des. Fed. Guilherme Calmon Nogueira da Gama, DJU: 30/06/2009, p. 92/93). 3. Apelação provida para julgar improcedente o pedido. Vistos, etc. ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação, nos termos do Relatório, Voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 29 de março de 2011. (Data de julgamento) Des. Fed. FRANCISCO WILDO Relator