ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e ORLANDO PISTORESI. São Paulo, 30 de maio de 2012.

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de, em que é apelante ALGARISMOS BRINQUEDOS LTDA sendo apelado VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO - VASP (MASSA FALIDA). ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e ORLANDO PISTORESI., 30 de maio de Marcos Ramos RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Apelação com Revisão nº Comarca: Juízo de Origem: 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais Ação Civil nº Apelante: Algarismos Brinquedos Ltda Apelada: Viação Aérea - Vasp (massa Falida) Interessados: Condomínio Shopping Center Ibirapuera e Maria Cristina Pinto Castro da Silva Classificação: Locação de imóveis - Renovatória EMENTA: Locação de imóvel não residencial - Ação renovatória Demanda de empresa locatária em face da massa falida da locadora - Sentença de improcedência - Manutenção do julgado Necessidade - Empresa locadora ré que, em meio à execução da avença, teve a falência decretada Reflexos da quebra com relação aos contratos bilaterais da falida Administrador judicial que pode optar pela manutenção do pacto, se o seu cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida, ou for necessário à manutenção e preservação dos ativos Inocorrência, na hipótese Faculdade, ainda, de alugar ou celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida, com o fito de produzir renda e, até mesmo, alienar o bem objeto da contratação, a qualquer tempo, independentemente do prazo contratado, rescindindo-se, sem direito a multa, o contrato anterior realizado Inteligência dos arts. 114, 117 e 119, da Lei nº /95 Direito à renovação compulsória inexistente. Apelo da autora desprovido. VOTO DO RELATOR Cuida-se de recurso de apelação interposto em ação renovatória de locação de imóvel não residencial, proposta VOTO

3 por Algarismos Brinquedos Ltda. em face de Viação Aérea Vasp (massa falida), onde proferida sentença que julgou improcedente a pretensão deduzida e, por consequência, condenou a autora no pagamento das verbas sucumbenciais fls. 208/209. Aduz a autora que a sentença merece integral reforma sob alegação, em apertada síntese, de que resta evidenciado o estrito cumprimento das cláusulas contratuais, bem como o atendimento aos requisitos exigidos pelos arts. 51 e 71, da Lei nº 8.245/91, suficientes à renovação da locação por mais cinco anos, sendo que a falência da empresa locadora não pode prejudicar a terceiros, do que decorre a total procedência da demanda fls. 215/219. Contrarrazões da ré às fls. 276/282. A douta Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer da lavra da Dra. Leila Mara Ramacciotti, é pelo improvimento do recurso fls. 319/322. É o relatório. O apelo não comporta acolhimento. VOTO

4 Demanda ajuizada em ao argumento de que a autora vem dando exato cumprimento ao contrato de locação de imóvel para fins não residenciais que celebrou com a ré, Viação Aérea Vasp, cuja falência fora decretada em (fls. 155/164), restando, assim, preenchidos os requisitos legais para a renovação do pacto, nos termos dos arts. 51 e 71, da Lei nº 8.245/91. Sem razão, no entanto. Resta comprovado através do contrato escrito de fls. 25/34, que em a ré locou à autora o imóvel não residencial ali descrito, pelo prazo de 5 (cinco) anos, término previsto para , ao que aquela pretendeu sua renovação compulsória pelo mesmo lapso temporal, com fundamento no art. 51, da Lei Inquilinária. Ocorre que também permanece demonstrado que durante a vigência do pacto locatício a falência da requerida acabou sendo decretada pelo Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Capital (fls /164). Como é cediço, a decretação da falência da empresa comercial faz com que as obrigações contratuais por ela assumidas passem a ser tratadas sob o regime da lei especial, que VOTO

5 no caso é a Lei nº /95, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. E, nesse sentido, o art. 119, desse diploma legal, é claro ao estabelecer que, em princípio, a falência do locador não resolve o contrato de locação. Contudo, e em que pese o art. 117, da mesma lei, dispor que os contratos bilaterais não se resolvem pela quebra, faculta sua execução por parte do administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida, ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê, se existente. E tal disposição nela foi inserida, a exemplo do que já existia na anterior Lei de Falência (Decreto-Lei nº 7.661/45), com o objetivo de propiciar ao administrador tomar a iniciativa que melhor atender aos interesses financeiros da massa falida. Ainda nesse sentido, o art. 114, caput, desse diploma legal, confere ao administrador judicial a possibilidade de alugar ou celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida, com o fito de produzir renda e, até mesmo, alienar o bem VOTO

6 objeto da contratação, a qualquer tempo, independentemente do prazo contratado, rescindindo-se, sem direito a multa, o contrato anterior realizado ( 2º). Na hipótese dos autos, existe prova documental de que o salão de uso comercial de nº 97 (SUC), que era ocupado pela apelante nas dependências do Shopping Center Ibirapuera, já foi objeto de arrematação em leilão perante a 30ª Vara do Trabalho de, cuja arrematante se manifestou nestes autos, às fls. 170/174, em sentido contrário à pretensão da autora. De tudo decore que a apelante não faz jus à renovação compulsória do contrato de locação em comento, por absoluta falta de amparo legal. Ante o exposto, nego provimento ao apelo. MARCOS RAMOS Relator Assinatura Eletrônica VOTO