MECANISMOS DA INJUSTIÇA FISCAL Fatores que tornam o sistema tributário regressivo Fatores que potencializam a evasão fiscal Mitos são assim: alguém cria, outros repetem e os demais acreditam e passam adiante. E quanto mais a narrativa é ouvida sem reflexão, mais o mito se torna incontestável e se torna verdade. Instituto Justiça Fiscal IJF Dão Real Pereira dos Santos
INJUSTIÇA FISCAL DESIGUALDADE PIB BRASIL 2014 R$ 4,85 trilhões PIB PER CÁPITA R$ 24.065,00 80% da população tem renda inferior a R$ 1.000,00
INJUSTIÇA FISCAL DESIGUALDADE Valor anual em 2012 0,1% mais rico 1% mais rico 5% mais rico Mínima 871.700,00 203.100,00 57.600,00 Média 2.373.500,00 552.900,00 197.700,00 % do PIB 11% 25% 44% Fonte: O Topo da Distribuição de Renda no Brasil, 2006 a 2012, Medeiros, Souza e Castro
INJUSTIÇA FISCAL Sistema Tributário Regressivo (predominância dos tributos sobre o consumo) Baixa Progressividade nos Tributos Diretos Tratamento Não Isonômico entre as Rendas Baixa Tributação sobre o Patrimônio Privilégios aos Sonegadores
REGRESSIVIDADE DO IRPF
MECANISMOS Sobre representação política das elites econômicas Estrutura administrativa e jurídica que potencializa privilégios Globalização econômica
APROPRIAÇÃO PRIVADA DA POLÍTICA São as grandes empresas que financiam os candidatos que acabam sendo eleitos. Mais de 80% dos recursos utilizados nas campanhas vem de empresas. Os candidatos eleitos usam em torno de 60% dos recursos. O sucesso eleitoral é determinado pelo acesso aos recursos financeiros. Conflito de Interesses
ESTRUTURA DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Acomoda-se ao exequível e eficiente Arrecadação mais fácil e mais barata Potencializa a injustiça inerente a legislação tributária Exagero de privilégios concedidos aos sonegadores (inúmeras instâncias, inimputabilidade criminal, parcelamentos, anistias, sigilo, outros)
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA - A quem interessa uma administração tributária eficiente (Nícolas Kaldor)? A excelência da AT interessa muito mais às classes subalternas e despossuídas, enquanto incomoda as classes patronais, acostumadas à indulgência e complacência do Fisco nos níveis mais altos dos interesses dominantes na economia e de seus representantes políticos no Parlamento.
GLOBALIZAÇÃO - Reconfiguração do ambiente internacional de negócios desnacionalização das empresas - Centralização dos controles distribuição espacial da produção (fusões e aquisições) - Diversificação das cadeias de valor - Aumento da participação dos países no comércio internacional flexibilização dos controles nacionais - Una nova etapa da centralização da propriedade e do controle - Apoio dos Estados Nacionais - Incentivos Guerra Fiscal
GLOBALIZAÇÃO -Nos últimos 20 anos o volume de exportações no mundo aumentou cinco vezes -O PIB mundial praticamente dobrou -As grandes corporações econômicas se mundializaram pulverização das unidades de produção e de serviços pelos diversos países -Intensificação do comércio intrafirma e da utilização dos paraísos fiscais - Aumento brutal na concentração das riquezas (70% dos recursos nas mãos de 20% da população mundial 2% com 50% da população mundial)
CRESCIMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 1950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 exportação importação De 1990 até 2012 a corrente de comércio exterior do Brasil aumentou 9 vezes enquanto o PIB per capita aumentou 1,4 vezes
GLOBALIZAÇÃO: CONTRADIÇÕES
GLOBALIZAÇÃO = ARMADILHA Desregulamentação dos fluxos comerciais e financeiros redução de impostos e de controles Desmaterialização do valor dos bens (aumento abusivo das parcelas intangíveis de valor) Acordos internacionais que reduzem a soberania tributária dos países
VOLUMES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL Em 2011 a corrente de comércio internacional do Brasil alcançou US$ 482.3 bilhões. Exportações = US$ 256.0 bilhões; Importações = US$ 226.2 bilhões. PIB: R$ 4,4 trilhões Corrente de comércio internacional:cerca de 25% do PIB MAIS DE 60% DO COMERCIO INTERNACIONAL OCORRE INTRAFIRMA OU VIA PARAISOS FISCAIS
VOLUMES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
VOLUMES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL As grandes empresas representam 25% do total
ESQUEMA GERAL DE TRIBUTAÇÃO DOS LUCROS RECEITA Exportação de mercadorias Venda de serviços (CUSTO) LUCRO Importação de mercadorias e serviços Lucro tributado pelo Imposto de Renda Ajustado segunda a conveniência das empresas Empresas Vinculadas: A definição dos preços internacionais é feita para atender ao planejamento tributário sub ou superfaturamento
Como evadir impostos? 1. Criação de múltiplas filiais : fábrica, serviços financeiros, marketing, seguros, serviços jurídicos... 4.Transferência de lucros a filiais offshore via preços de transferência, pagamentos de serviços, de juros, sub e super valoração de operações 3. Extração de recursos, fábricas, distribuição : obtenção de benefícios fiscais e redução de custos 2. Localização de serviços/intangíveis em paraísos fiscais 5. Erosão das bases tributárias nos países e transferência de lucros para paraísos fiscais
Caso da banana Fuente: The Guardian, 2007
A Viagem da Banana Para cada 100 euros vendidos na Europa somente 20 euros retorna aos países produtores de banana Um problema global: Em 2007, a multinacional Fresh Del Monte declarou prejuízo de 29 milhões de euros nos EUA. No mesmo ano realizava lucros de 107 milhões em paraísos fiscais. Fuente: The Guardian, 2007
De acordo com a Tax Justice Network No total, 100 mil pessoas dos 20 países com maior volume de recursos depositados nas chamadas contas offshore detêm US$ 7,6 trilhões em 2010 (10% do PIB mundial). O Brasil é o quarto país com maior volume de recursos em paraísos fiscais, US$ 520 bilhões, o equivalente a R$ 1,05 trilhão. China, Rússia, Coreia do Sul, Brasil e Kuwait juntos possuem metade do estoque de investimentos offshore.
PARAÍSOS FISCAIS Os dez países com maiores volumes de negócios com o Brasil são: Suíça, EUA, Holanda, Ilhas Cayman, Argentina, Reino Unido, Cingapura, Uruguai, Ilhas Turcas e Hong Kong. Os dez países com maiores volumes de exportação ou importações (considerando apenas a origem ou o destino dos bens) são: China, EUA, Argentina, Holanda, Japão, Alemanha, Venezuela, India, Italia e Reino Unido.
PARAISOS FISCAIS En 2011, o Brasil exportou US$ 256 bilhões 30% foi vendido para Suiça e Ilhas Cayman, mas somente 3% foi embarcado para aqueles países. De outro lado, 30% foi embarcado para USA e China. O fluxo financeiro não coincide com o fluxo físico das mercadorias.
TAMANHO DO PROBLEMA Global Financial Integrity, (KAR; LEBLANC, 2013) indicou que entre 2002 e 2011 os países em desenvolvimento perderam um montante de US$ 5,9 trilhões em fluxos financeiros ilícitos. Só em 2011, estas saídas chegaram a US$ 946,7 bilhões (13,7% a mais do que em 2010). O crescimento dos fluxos foi maior do que o crescimento do PIB no mesmo período.
A EVASÃO TRIBUTÁRIA NO BRASIL Operação ZELOTES Apurou que havia um esquema de corrupção no CARF. Esta corrupção de conselheiros seria para anular lançamentos tributário da ordem de R$ 20 bilhões de grandes contribuintes. O passivo que está sendo discutido no CARF é de aproximadamente R$ 540 bilhões, dos quais 70% se refere a grandes empresas.
A EVASÃO TRIBUTÁRIA NO BRASIL Faixa Qt. Valor total % Qt % Valor > 100 milhões 780 357.330.756.677,83 0,70% 66,66% entre 100 e 10 milhões 4.295 125.762.492.385,94 3,84% 23,46% entre 10 milhões e 100 mil 13.190 43.607.045.579,91 11,78% 8,14% < 100 mil 93.698 9.315.652.397,29 83,69% 1,74% Total 111.963 536.015.947.040,97
RELEVÂNCIA DO SETOR EXTRATIVO A exportação mineral em 2012 representou 21,6% do total exportado. O minério de ferro responde por cerca 90% das exportações de produtos minerais.
PECULIARIDADES DO SETOR EXTRATIVO Destinação predominante para exportação O insumo básico é de propriedade do Estado São produtos não renováveis (de colheita única) A manipulação dos preços promove a redução, não apenas dos tributos, mas também dos royalties (CFEM)
Quantidade e preços médios do minério de ferro
Preço médio de exportação e preço internacional do ferro
Fuga de capitais por manipulação de preços
FLUXOS POR EXPORTAÇÕES Entre 2009 e 2014 os fluxos por manipulação de preços em exportações de minério de ferro promoveram uma fuga de capitais de aproximadamente US$ 36 bilhões (26% do total exportado de minério de ferro). As exportações de minério de ferro resentaram 13,42% das exportações totais do Brasil em 2013.
FLUXOS POR EXPORTAÇÕES Adotando as mesmas proporções para os 60% de operações realizadas entre firmas relacionadas, chegamos a um valor estimado de fugas no mesmo período de US$ 161 bilhões. Este valor corresponde a uma média anual de US$ 32 bilhões anuais, somente para as exportações.
EFEITOS DA EVASÃO Os capitais que não ficam no Brasil são os mesmos que faltam para os serviços públicos. Os mecanismos de evasão que promovem a desregulamentação dos fluxos financeiros e comerciais pressionam o sistema tributário para a regressividade ou forçam a constituição de Estados mínimos.
NOSSAS CONTRADIÇÕES
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