A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO TERAPÊUTICO COM CRIANÇAS, UM DIÁLOGO ENTRE A PSICANÁLISE WINNICOTTIANA E A ANÁLISE BIOENERGETICA

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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO TERAPÊUTICO COM CRIANÇAS, UM DIÁLOGO ENTRE A PSICANÁLISE WINNICOTTIANA E A ANÁLISE BIOENERGETICA Nadja Nunes de Lima Perisson Dantas do Nascimento RESUMO Esse trabalho objetiva fazer uma revisão bibliográfica sobre a importância psicodinâmica do brincar no desenvolvimento infantile a aplicação teórica e técnica dentro da Psicanálise Winnicottiana e da Análise Bioenergética na psicoterapia infantil. Para Winnicott, no brincar, a criança gradativamente se diferencia como um indivíduo e exerce seu potencial criativo, pois serve como um elo entre as manifestações internas da criança (fantasias) e os objetos do meio externo (real).na terapia infantil bioenergética o brinquedo é também entendido como objeto transacional, facilitador para a entrada no mundo da criança, sem interromper seu circuito energético. O brinquedo simboliza o corpo, podendo representar a tensão corporal a ser elaborada, sendo assim fonte de diagnóstico e intervenção terapêutica considerando a criança como ser em desenvolvimento plástico do ego. Palavras-chave:Análise Bioenergética; Psicoterapia infantil; Brincar; Winnicott. O brincar na perspectiva das relações objetais em Winnicott As contribuições de Winnicott enriqueceram a concepção psicanalítica sobre as bases do desenvolvimento emocional na criança, principalmente se tratando do conceito de fenômenos e objetos transicionais, que são produzidos em uma área intermediária situada entre o mundo interno e o mundo externo. Diferentemente da concepção de Freud, onde o objeto era pensado como objeto da pulsão, na vertente Winnicottiana o objeto está relacionado à experiência da transicionalidade. Antes de expor o conceito de transicionalidade, trataremos de um conceito fundamental para seu entendimento, que é a mãe suficientemente boa. Para Winnicott a mãe suficientemente boa é aquela que efetua uma adaptação ativa às necessidades do bebê, a mãe que no principio da vida do bebê se dispõe a organizar o meio ambiente de Página 1

acordo com as necessidades da criança, onde a partir dessa adaptação do meio a criança adquire uma confiança em si mesmo e no mundo. Essa adaptação diminui gradativamente de acordo com a capacidade do bebê em aceitar o fracasso da adaptação e tolerar os resultados das frustrações. É importante salientar que essa mãe não necessariamente precisa ser a mãe biológica da criança, mas sim aquela pessoa que oferece maior cuidado e preocupação para com a criança, assim consideraremos aqui o termo cuidador (a). Winnicott (1997) conceitua os fenômenos transicionais como a área intermediária de experiência entre o erotismo primário e a verdadeira relação de objeto, entre a atividade criativa primaria e a projeção do que já foi introjetado. E como objetos transicionais, aqueles que são apresentados à criança e mesmo pertencendo à sua realidade externa, não são reconhecidos como tal pela mesma, mas sim como objetos que são uma extensão do seu corpo e estão presentes na sua fantasia. O objeto transicional é como um substituto da mãe, um símbolo que tem a mesma representação afetiva que a mãe, desde que ela não desapareça por um tempo maior do que o suportável para a criança, caso isso aconteça o objeto transicional passa a ser algo externo e sem valor para a criança. Ainda é preciso considerar que o que importa não é tanto o objeto, mas a maneira como a criança se relaciona com o mundo. Levando em consideração esse conceito, podemos entender que a criança passa de um estado em que não há distinção entre ela e o mundo para um estado em que ela se relaciona com um mundo que já não é uma projeção dela, ou seja, a criança gradualmente cria um meio ambiente pessoal, que a capacitará, mais tarde, a se desembaraçar do mesmo. Isso caracteriza o período de transicionalidade como o período em que a criança começa a se separar da mãe e precisa substituí-la, considerasse então que o bebê se utiliza desses fenômenos para realizar a substituição da fantasia de onipotência sobre os objetos pela adaptação à frustração ao descobrir o mundo externo, onde não possui tal onipotência. Essa é uma etapa especialmente delicada do desenvolvimento emocional e psíquico da criança, pois o estabelecimento da saúde ou do sofrimento psíquico e somáticodepende do seu sucesso (Santos, 1999). Página 2

A capacidade do brincar surge nesse período de transição, onde Winnicott vai dizer que o brincar é uma maneira de o ser humano encontrar a si mesmo: é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self) (Winnicott, 1997). Diferentemente de Melanie Klein, que se interessava pelo uso que a criança fazia da brincadeira, procurando entender aquilo que a criança queria comunicar através da brincadeira; Winnicott escreve sobre o brincar da criança como uma coisa em si distinguindo o substantivo brincadeira e o verbo brincar (Fulgencio, 2008). Para ele a função do brincar é facilitar o crescimento e, portanto a saúde; conduzir aos relacionamentos grupais, e pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia. Dentro da terapia, o psicoterapeuta deve se interessar pelos processos de crescimento da criança e pela remoção dos bloqueios ao desenvolvimento. Assim quando um paciente não pode brincar, o psicoterapeuta deve atender a esse sintoma, antes de interpretar fragmentos de conduta. É preciso criar as condições ambientais de adaptação e comunicação que levem o paciente a poder brincar, e não apenas instalar a brincadeira como algo advindo do analista. Principalmente porque na terapia tanto o paciente quanto o terapeuta devem estar disponíveis para brincar, caso contrario deve-se trabalhar primeiro essa impossibilidade para só então iniciar a psicoterapia. De acordo com o que foi dito anteriormente,podemos afirmar, portanto, que: O brincar facilita a comunicação consigo e com os outros, propiciando experiências inéditas de desintegração e integração do paciente. A sessão de psicanálise pode ser pensada como uma manifestação sofisticada e contemporânea da experiência de brincar. A sessão se funda em um espaço e temporalidade próprios que têm semelhanças com o espaço e a temporalidade das relações iniciais mãe-bebê. (Franco, 2003). Página 3

O brincar na perspectiva da Análise Bioenergética A Análise Bioenergética foi criada por Alexander Lowen em meados da década de 50, a partir do trabalho de Wilhelm Reich, um psicanalista aluno de Freud, que desenvolveu os princípios da terapia corporal, desde a década de 1930. A teoria de Lowen combina a atuação sobre os níveis psíquico e somático, partindo da compreensão da personalidade em termos de corpo e energia. Trabalha envolvendo o corpo no processo terapêutico; buscando libertar as tensões;a partir dessa premissa ele criou as posturas em pé para promover vibrações, e desta descoberta nasceu o conceito de grounding. Rocha(2005) conceitua o Grounding como exercícios que facilitam o estar em contato com a realidade, com o sistema vibratório de seu organismo, aumentando suas sensações e percepções; onde aborda também o conceito de grounding de olhar que trata da qualidade de contato entre mãe e bebê e do reconhecimento visual, facilitando o movimento de introspecção, potencializando a capacidade de se amar e se aceitar. O principal objetivo de trabalho dentro da terapia são as fantasias que devem ser elaboradas, pois são elas as causas de angustias e psicossomatizações, assim ao se trabalhar com a criança é preciso criar condições necessárias para que ocorra a autoregulação. Levando-se em consideração que, a partir das suas vivências durante a infância a criança vai constituindo seu caráter, que segundo Lowen é a expressão do funcionamento do individuo tanto no âmbito psíquico quanto somático. Em se tratando do processo terapêutico com crianças, Rocha (2005) aponta que é necessário compreendermos o processo não só em seu conteúdo simbólico, mas também corporal, pois a criança é corporal, no sentido de que ela se expressa através do seu corpo, levando em consideração que ela não se encontra aprisionada em suas couraças como o adulto. Tendo o conceito de couraças trabalhado por Reich, podemos considerála como sendo defesas do ego que se tornam crônicas e automaticamente ativas. Enquanto terapeutas de crianças na análise bioenergética têm-se a possibilidade do trabalho com o corpo da criança, corpo este que serve como expressão do Página 4

inconsciente (Nascimento e Moura, 2012). Com a criança é trabalhada a rematrização da identidade, onde ela pode reparar situações traumáticas vivenciadas nos primeiros momentos da vida que por ventura tenham bloqueado seu fluxo energético, que pode ter sido interrompido antes ou durante o nascimento da criança. Além do corpo como recurso técnico, são utilizados também os brinquedos para auxiliar no trabalho com a criança, considerando que enquanto o corpo simboliza o inconsciente, o brinquedo simboliza o corpo, sendo assim, o terapeuta tem a função de localizar a tensão corporal da criança atreves do uso do brinquedo, pois essa tensão corporal precisa ser trabalhada. É preciso considerar ainda, que o brinquedo na terapia bioenergética com crianças serve como facilitador para a entrada do terapeuta no mundo da criança, sem que o sue circuito energético seja interrompido. É visto como um objeto intermediário entre a mãe e a criança, o terapeuta e o paciente. A terapia corporal infantil é tida como a relação de duas pessoas que brincam juntas, assim como é vista também na clinica de Winnicott. É dever do terapeuta levar a criança para um campo que ela ainda não brincou, proporcionar um espaço terapêutico que possibilita a ampliação das formas de brincar para além daquelas que a criança traz. Segundo Rocha (2005), o ato de brincar requer uma abertura para o espaço lúdico e criativo. Assim tanto o terapeuta quanto a criança precisam se encontrar livres para um brincar genuíno. Considerando isso a autora montou um workshop de brinquedos a partir de uma pesquisa em que procura constatar qual energia cada tipo de brinquedo possui e seus respectivos representantes corporais, com o objetivo de proporcionar aos terapeutas vivenciar e ter um conhecimento mais aprofundado, podendo ter uma intimidade maior com os brinquedos e assim melhor observar a comunicação existente entre a energia do brinquedo e da criança. Conclusão Podemos perceber que hácerta proximidade na visão das duas abordagens sobre o a importância do brincar na terapia infantil, levando-se em consideração que a analise Página 5

bioenergética possui influencias psicanalíticas o que permite uma facilidade nesse diálogo. É importante também ressaltar a importância das relações que envolvem o mundo da criança, a começar pela mãe (cuidador (a)) de iniciar o processo do brincar na vida da criança a partir da amamentação e a daí por diante poder oferecer recursos para que criança adquira independência de acordo com o processo do seu desenvolvimento. REFERÊNCIAS FRANCO, Sérgio de Gouvêa. O brincar e a experiência analítica. Ágora (Rio J.) vol.6 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1516-14982003000100003> Acesso em: 17/08/2014. FULGENCIO, Leopoldo.O brincar como modelo do método de tratamento psicanalítico.rev. Bras. Psicanál v.42 n.1 São Paulo mar. 2008. Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=s0486-641x2008000100013&script=sci_arttext&tlng=es>acesso em: 16/08/2014. NASCIMENTO, Périsson Dantas. MOURA, E.P.Psicoterapia Infantil na Análise Bioenergética: Uma Proposta de Grupo de Movimento para o Trabalho com Crianças. Anais do XII Congresso Brasileiro de Psicoterapias Corporais. 2012.Disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/artigos/anais%202009/nascimento,%20p%c3%a9risson%2 0Dantas;%20MOURA,%20Eugenice%20-%20Psicoterapia%20infantil.pdf> Acesso em: 17/0/2014. ROCHA, B. Brinkando Com o Corpo. São Paulo: Arte e Ciência, 2005. SANTOS, Manoel Antonio.A constituição do mundo psíquico na concepção winnicottiana: uma contribuição à clínica das psicoses. Psicol. Reflex. Crit. vol.12 n.3 Porto Alegre 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-79721999000300005>acesso em: 16/08/2014. WINNICOTT, D. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1997. Página 6

AUTORES Nadja Nunes de Lima / Teresina / PI / Brasil Graduanda do curso de psicologia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) E-mail: nadja.nlpsi@gmail.com Périsson Dantas do Nascimento / Teresina / PI / Brasil Psicólogo Clínico (CRP11/2972). Doutor em Psicologia Clínica (PUCSP). Local Trainer do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo (IABSP). Professor Adjunto da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Clínica da Saúde (CCS-UESPI). E-mail: perisson.dantas@gmail.com Página 7