DESTINO SÓLIDO PARA AS EMPRESAS PORTUGUESAS

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MARROCOS DESTINO SÓLIDO PARA AS EMPRESAS PORTUGUESAS Importante destino das exportações portuguesas, Marrocos tem despertado um crescente interesse junto das empresas nacionais dos mais variados sectores de actividade. A actual aposta das autoridades marroquinas em sectores estratégicos para o desenvolvimento do país constitui um conjunto de oportunidades para as empresas portuguesas em áreas como a construção e obras públicas, logística, consultoria, indústria automóvel, electrónica e aeronáutica, entre outras. Uma análise de Eduardo Henriques, director da AICEP*. 32 // Abril 12 // Portugalglobal

A definição pelas autoridades marroquinas de um conjunto de sectores prioritários estratégicos para o desenvolvimento do país está a mudar, a um ritmo impressionante, a face económica de Marrocos. Assim, a aposta no desenvolvimento das infra-estruturas (auto-estradas, linha de alta velocidade, rede ferroviária convencional, portos, aeroportos, água e saneamento, etc.), no turismo, na indústria automóvel (projecto Renault em Tânger), na aeronáutica e electrónica, no offshoring (call centers, contact centers e actividades de BPO Business Process Outsourcing), na agricultura e agro-indústria, nas energias renováveis (eólica e solar) ou na deslocalização industrial (têxteis, calçado, metalomecânica, etc.) começa a dar os primeiros frutos em termos de criação de emprego, de aumento das exportações e de crescimento económico. A proximidade geográfica, a emergência de uma classe média importante, a estabilidade politica e institucional, a existência de um acordo de associação e de um estatuto avançado com a União Europeia, bem como as boas perspectivas de crescimento económico para os próximos anos (de acordo com as previsões oficiais, o crescimento do PIB para 2012 será de cerca de 4 por cento), fazem de Marrocos um natural mercado de aposta para as empresas portuguesas, em especial PME. Presença nacional O crescente interesse pelo mercado comprova-se pelo número de empresas nacionais instaladas (cerca de 150 actualmente, quando eram 115 em 2009), representativas dos mais diversos sectores de actividade fileira da construção (construção e obras públicas, cimento, materiais de construção e, de forma crescente, engenharia e arquitectura), bem como confecções e calçado, indústria farmacêutica, energia, agro-indústria e serviços. Mas também pela evolução recente das exportações que mais que duplicaram desde 2006, atingindo o seu valor mais alto de sempre em 2011 (quase 388 milhões de euros, um incremento superior a 28 por cento em relação a 2010) e pelo aumento do número de exportadores (mais de 900 empresas). A nível sectorial, a construção e obras públicas têm um peso significativo na nossa presença em Marrocos, tendo as empresas portuguesas ganho mais de mil milhões de euros em projectos públicos e privados desde 2007. No último ano e meio, observa-se uma tendência distinta no tipo de contratos ganhos por empresas nacionais no sentido de projectos mais pequenos, do alargamento a outros segmentos da construção (forte diminuição das grandes infra-estruturas e maior especialização em áreas como os estudos e os trabalhos de maior complexidade), de maior incorporação tecnológica e destinados a clientes mais diversificados. Em paralelo, os serviços em geral, as tecnologias de informação, a construção de infra-estruturas especiais ou os projectos ligados ao saneamento e tratamento de águas e ao ordenamento do território começam a ter um peso relevante no conjunto dos contratos adjudicados a empresas nacionais. Durante 2011, as empresas nacionais ganharam contratos num valor aproximado de 100 milhões de euros, com destaque para as obras ligadas ao saneamento e tratamento de águas, energia e tecnologias de informação. Áreas de oportunidade Marrocos oferece condições privilegiadas para a internacionalização das empresas portuguesas (numa perspectiva de exportação ou implantação), abrindo-se oportunidades de negócio nos mais variados sectores de actividade. Para além da tradicional presença portuguesa na área da construção e obras públicas, existe hoje espaço para a entrada de empresas nacionais em nichos diferenciados como a protecção ambiental (tratamento de águas, resíduos), logística, materiais de construção, consultoria (engenharia, arquitectura, retail, ambiente ou tecnologias de informação), indústrias automóvel, electrónica e aeronáutica, prestação de serviços à indústria e bens de equipamento para a agro-indústria, têxtil, calçado, metalomecânica, entre outros. Sendo um mercado de oportunidade, Marrocos tem especificidades e dificuldades que devem ser consideradas em qualquer estratégia de internacionalização, como sejam: Mercado aberto com concorrência de países que já têm presença significativa no mercado (sobretudo europeus); Consolidação de novos players, nomeadamente a China, países do Golfo Pérsico e Turquia; Défice de informação qualificada sobre parceiros de negócio locais; Défice de informação fidedigna sobre os mais variados sectores de actividade; Exigência de acompanhamento frequente e muito próximo dos clientes locais por parte das empresas portuguesas; Dificuldades de comunicação/interpretação relacionadas com a língua ou com aspectos culturais; Relativa falta de transparência e opacidade de procedimentos ao nível da administração pública e do sector privado; Alguma imprevisibilidade do ambiente de negócios (mudanças legislativas, diferentes interpretações legais, etc.). Neste contexto, assume-se como essencial para qualquer empresa que queira fazer negócios com Marrocos dar especial atenção a factores-chave como a análise rigorosa do mercado, a preparação cuidada de visitas de prospecção, selecção muito criteriosa e lenta de clientes/parceiros, o estabelecimento e cultivo de relações pessoais que determinam o curso dos negócios ou a necessidade de muita persistência e paciência. * EDUARDO HENRIQUES FOI DIRECTOR- COORDENADOR DO CN DA AICEP EM MARROCOS ATÉ ABRIL DE 2012, OCUPANDO ACTUALMENTE AS MESMAS FUNÇÕES EM ESPANHA. AICEP Marrocos 5, Rue Thami Lamdouar B. Postale 5050 Souissi - Rabat MAROC Tel.: +212 537 752 472 +212 537 656 986 Fax: +212 537 656 984 aicep.rabat@portugalglobal.pt Director: RUI CORDOVIL Portugalglobal // Abril 12 // 33

A ECONOMIA DE MARROCOS A economia marroquina deu, durante 2011, sinais de ser capaz de resistir ao abrandamento geral das economias europeia e mundial e às consequências económicas das convulsões político-sociais que afectam a região, mantendo-se os principais indicadores em terreno positivo, devido ao bom ano agrícola e à forte robustez da procura interna. Deste modo, o PIB terá crescido, de acordo com as últimas estimativas do Haut Commissariat au Plan (HCP), 4,1 por cento (uma ligeira recuperação em relação a 2010, quando se registou 3,7 por cento). Por este resultado é responsável o excelente ano agrícola (mais 5 por cento), um sector que continua a ser responsável por quase um quinto do PIB de Marrocos e 40 por cento do emprego, mas também a procura interna (o consumo das famílias cresceu 5 por cento e a formação bruta de capital fixo subiu 6 por cento). No entanto, as finanças públicas do país dão sinais crescentes de pressão, com um forte aumento das necessidades de financiamento do Estado (mais 6,1 por cento do PIB em 2011, contra 3,7 por cento em 2010), em face do incremen- to das despesas correntes (passaram de 19,8 por cento do PIB para 23,9 por cento entre 2010 e 2011) devido ao aumento das necessidades da caixa de compensação (um mecanismo estatal de subsidiação dos bens de primeira necessidade, como os cereais ou os combustíveis) e ao aumento dos salários do funcionalismo público (em resposta aos movimentos populares de contestação desencadeados a partir de Fevereiro do ano passado). Estes fenómenos contribuíram para o aumento do défice corrente do estado (menos 0,3 por cento do PIB em 2011, contra um excedente de 2,9 por cento do PIB em 2010). Outro importante sintoma de desaceleração foi a redução da taxa de crescimento do crédito à economia, que subiu 10,3 por cento em 2011, contra uma média superior a 22 por cento entre 2006 e 2009. A inflação manteve-se estável (1,3 por cento) e a dívida pública controlada (em torno dos 60 por cento do PIB), mas o défice da balança comercial sofreu novo agravamento (com as importações a subirem 15,8 por cento, sobretudo devido ao aumento dos preços internacionais das matérias-primas; e as exportações a crescerem 10,6 por cento), tendo a taxa de cobertura descido abaixo de 50 por cento. Sem receitas fiscais extraordinárias à vista (o processo de privatizações está, com raras excepções sensíveis politicamente, quase concluído), com um mau ano agrícola em perspectiva dada a ausência prolongada de precipitação, 34 // Abril 12 // Portugalglobal

com o agravamento do défice externo, está aberto um amplo campo de tensões em termos macroeconómicos. Com as principais fontes de receita do país a sofrerem os efeitos da difícil situação europeia (uma inevitabilidade resultante dos laços económicos profundos de Marrocos com a União Europeia para onde vão, por exemplo, cerca de 75 por cento das exportações), o ano de 2012 antevê-se mais complexo do que a maioria dos analistas locais estima. Assim sendo, são esperadas quebras nas receitas do turismo (existem já sinais de forte abrandamento desde o ano passado, apesar do aumento de 2 por cento nas chegadas), nas remessas dos emigrantes marroquinos que vivem na Europa e, sobretudo, no IDE (números dos primeiros Sectores em foco: nove meses de 2011 davam conta de uma queda de cerca de 16 por cento). Apesar do quadro geral pouco favorável, as autoridades marroquinas (HCP) continuam a apontar para um crescimento na ordem dos 4 por cento em 2012, impulsionado pela procura interna que contrabalançará a diminuição da procura externa (embora alguns analistas apontem para valores mais próximos dos 2 por cento). No entanto, a fraca produtividade, a concentração do investimento em sectores pouco rentáveis (como por exemplo o imobiliário), a escassez de diversificação do tecido produtivo (apesar dos esforços dos últimos anos de atracção de investimento estrangeiro e da cria- A logística vai ser, a curto prazo, um sector em franco desenvolvimento em resultado dos fortes investimentos industriais e na distribuição organizada. Foram lançados dois projectos, de 2.000 megawatts cada, para a produção de energia solar e eólica com o objectivo de, até 2020, 20 por cento da energia consumida em Marrocos seja de origem renovável. As indústrias do ambiente (tratamento de águas, resíduos, lixos, etc.) têm boas oportunidades em face do desenvolvimento natural do país e da aproximação normativa com a União Europeia. O estado marroquino prevê fazer, em 2012, investimentos em infraestruturas na ordem dos 5.000 milhões de euros (sector ferroviário: 680 milhões de euros; sector rodoviário: 630 milhões de euros; sector portuário: 240 milhões de euros). Aspectos a considerar na abordagem ao mercado marroquino: Existência de zonas francas e de zonas industriais especiais com vantagens em termos fiscais e de comércio externo. Marrocos tem acordo de associação e estatuto avançado com a União Europeia (abolição de direitos aduaneiros para produtos industriais com certificado Euro 1 desde Março de 2012). Forte empenho do governo marroquino na captação de investimento estrangeiro que crie emprego e promova transferência tecnologica. Recente instauração de regra de preferência nacional (majoração de 15 por cento das ofertas de empresas estrangeiras) no quadro de concursos públicos lançados pelo Ministério do Equipamento e Transportes e serviços por este tutelados. O funcionamento da Administração é deficiente, imprevisível e demorado. ção de clusters importantes que começam a dar frutos em termos de exportação, como são os casos dos têxteis, automóvel, electrónica e aeronáutica, agro-indústria, etc.) fazem supor uma tendência para o esgotamento do modelo marroquino de crescimento. A despeito de o crescimento previsto para o ano corrente ser robusto, a grande questão que se coloca à evolução da economia marroquina está intimamente relacionada com o cenário de saída de crise dos seus principais parceiros, em particular europeus, já que será difícil que a procura interna continue a alimentar o crescimento do país por muito mais tempo. Assim sendo, apenas num cenário de recuperação dessas economias será possível perspectivar um crescimento sustentado e uma recuperação sensível dos indicadores externos. Portugalglobal // Abril 12 // 35

UM MERCADO PRIORITÁRIO >POR FRANCISCO XAVIER ESTEVES, EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM MARROCOS países, a facilidade e a espontaneidade com que as sociedades civis se vão descobrindo, a consciência da importância em reforçar a parceria geopolítica e geoeconómica entre as duas margens do Mediterrâneo (e do Atlântico adjacente), ainda mais agora à luz das profundas transformações políticas, económicas e sociais no Magrebe. A descoberta económica mútua dos dois países começou ainda não há vinte anos. Não é muito tempo, mas foi já o suficiente para que empresários dos dois países se fossem conhecendo e aprendendo a trabalhar em conjunto. Muito ainda há por fazer e este número da revista do AICEP indica pistas importantes para o conseguirmos. Todos os indicadores económicos apontam na boa direcção e a presença crescente também de numerosas PME portuguesas em Marrocos, e o aumento das trocas comerciais, justificam o optimismo. Mas um optimismo de exigência, Marrocos é cada vez mais visto pelos empresários portugueses como um mercado prioritário. Nos últimos anos as trocas comerciais entre os dois países e a presença de empresas portuguesas em Marrocos vêm seguindo uma trajectória ascendente e, tudo o indica, sustentável. Marrocos tem sabido diversificar, modernizar e consolidar a sua economia, mantendo taxas crescimento significativas e demonstrando uma certa resiliência perante a crise internacional. Também se tem vindo a tornar numa economia cada vez mais previsível, transparente e regulada. Este ambiente de negócios acolhedor tem favorecido a entrada e a implantação de empresas portuguesas em Marrocos. Estão assim reunidas as condições para melhor potenciarmos aquilo que é uma relação de sólida amizade ancorada na história e numa vizinhança sem sombras. As relações políticas entre os dois países são excelentes, sendo Marrocos um dos poucos países com os quais Portugal mantém um mecanismo regular de consultas e cooperação ao nível de Chefes de Governo. Estão reunidas as condições para melhor potenciarmos aquilo que é uma relação de sólida amizade ancorada na história e numa vizinhança sem sombras. Temos perante nós o desafio de consolidar e alargar a relação já existente, aproveitando a proximidade dos dois de empenho, de análise cuidada, de aprofundamento do conhecimento dos respectivos mercados. É habitual assinalar a proximidade geográfica entre Portugal e Marrocos e lembrar que Rabat é a capital mais próxima de Lisboa. Resta-nos, portanto, tirar todo o partido da vantagem que a geografia nos concede e do bom entendimento e da vontade que os dois países têm em trabalhar em conjunto. 36 // Abril 12 // Portugalglobal

Videoconferências AICEP Global Network A AICEP disponibiliza um novo serviço de videoconferência para reuniões em directo, onde quer que se encontre, com os responsáveis da Rede Externa presentes em mais de 40 países. Obtenha a informação essencial sobre os mercados internacionais e esclareça as suas dúvidas sobre: Potenciais clientes Canais de distribuição Aspectos regulamentares Feiras e eventos Informações específicas sobre o mercado Para mais informação e condições de utilização consulte o site: www.portugalglobal.pt Tudo isto, sem sair do seu escritório Lisboa Av. 5 de Outubro, 101, 1050-051 Lisboa Tel: + 351 217 909 500 E-mail: aicep@portugalglobal.pt Porto Rua António Bessa Leite, 1430-2º andar 4150-074 Porto Tel: + 351 226 055 300 Web: www.portugalglobal.pt

EMPRESAS PORTUGUESAS EM MARROCOS INOSAT, CASAIS E HERCULANO Estima-se que centena e meia de empresas portuguesas, grandes e PME, tenham presença efectiva em Marrocos em diversos sectores de actividade, de que se destaca a fileira da construção. Três dessas empresas a Inosat, Casais e a Herculano falam-nos da sua experiência no mercado marroquino. INOSAT A Inosat é uma empresa portuguesa especializada na produção e comercialização de soluções de localização GPS destinados a veículos, pessoas, animais e objectos diversos, para empresas e particulares, disponibilizando ainda diversas soluções corporativas ao nível de controlo e gestão de frotas. Além de Portugal, a empresa está presente em vários mercados, nomeadamente em Espanha, França, Grécia, República Checa, Estónia, Marrocos, Argélia, Guiné-Bissau, Nigéria, Angola, Moçambique, África do Sul, Brasil, Chile e Peru. Procter & Gamble, a Wicor Nixdorf e a CTM. No total são mais de 50 clientes fidelizados que usam os serviços da Inosat para gerirem de forma mais eficaz as suas frotas. Em curso estão negociações com outros clientes que, de acordo com fonte da empresa, têm o potencial de duplicar a sua base de veículos instalada nos próximos 12 meses. A marca está já consolidada no mercado marroquino, onde enfrenta a concorrência de outras duas empresas fortes neste sector de actividade. A Inosat estima ter hoje perto de 20 por cento de quota de mercado, sendo seu objectivo aumentar, até 2015, essa quota para 35 por cento e, assim, alcançar a liderança do mercado. Sublinha a fonte que o mercado marroquino de gestão de frotas por GPS está a crescer a um ritmo de 30 por cento ao ano, o que poderá potenciar a actividade da Inosat no mercado. Para já, é objectivo para este ano aumentar as vendas para Marrocos em 50 por cento, o que permite um crescimento sustentável para os próximos três anos. A Inosat facturou 5 milhões de euros no ano passado, dos quais um milhão foi proveniente da sua actividade internacional. Presente em mais de 20 países, foi Marrocos o mercado com maior volume de vendas em 2011, cerca de 200 mil euros, ou seja, aproximadamente 20 por cento das exportações da empresa. Face ao potencial de crescimento em Marrocos, os investimentos da Inosat irão canalizar-se prioritariamente para este mercado, acrescenta a fonte da empresa. www.inosat.pt Marrocos foi o primeiro mercado que a Inosat abordou quando iniciou o seu processo de internacionalização, em 2007. Para a representar, a empresa escolheu um empresário português que já tinha negócios em Marrocos e que criou uma empresa em exclusivo para vender os produtos da Inosat. Actualmente, a empresa tem vários clientes de referência em Marrocos, como por exemplo a DHL, a OTIS, a 38 // Abril 12 // Portugalglobal

CASAIS A proximidade e o crescimento económico de Marrocos foram os principais factores que motivaram, em 2004, a abordagem ao mercado marroquino pela empresa de construção Casais. A entrada neste mercado ocorreu com a participação num concurso internacional para a concepção/construção de 500 habitações sociais, numa parceria piloto desenvolvida com o Estado marroquino. Afirma fonte da empresa que o sucesso deste projecto e desta parceria catapultou a Casais para a participação em grandes projectos, naquele que viria a ser o seu primeiro nicho de mercado: os empreendimentos turísticos de luxo, resorts e hotéis. Em 2009, na sequência da crise económica e financeira mundial e por falta de financiamentos, os promotores deixaram de investir neste tipo de projectos, o que obrigou a Casais a alterar a sua estratégia e a apostar nas obras públicas, sobretudo nos projectos estruturantes do país (abastecimento de água potável, tratamento de águas residuais, TGV, etc.). Actualmente, a Casais continua a apostar na participação em todos os projectos estruturantes que estão a decorrer naquele país, contribuindo para o crescimento sustentado de Marrocos na linha da frente do desenvolvimento da zona do Magrebe. Temos traçado um percurso pautado por um crescimento sustentado através da execução de obras cada vez mais exigentes para clientes de renome internacional que impõem, desde o arranque, um elevado grau de qualidade e de cumprimento de prazos. Pretendemos dar continuidade a esta estratégia, investindo de forma gradual num serviço de excelência, sublinha a fonte da Casais. A Casais tem demonstrado capacidade para desenvolver projectos em regime de concepção/construção e para abordar de forma construtiva diversas áreas de negócio desde a hotelaria, habitação de luxo, passando por embaixadas, até projectos ligados à água potável e a linhas de alta velocidade, assumindo que o seu compromisso passa também pela promoção do emprego local e pela formação técnica e profissional dos colaboradores marroquinos. Ainda segundo a mesma fonte, um dos principais factores do sucesso da Casais mercado marroquino, é a forma como privilegia o recurso a parceiros, sobretudo locais, e a como gere essas relações de parceria, que pretendem continuar a cultivar. De referir que, em 2011, o mercado de Marrocos contribuiu com 15 por cento para o volume de negócios da Casais Engenharia e Construção e representou 6 por cento no volume de negócios do Grupo Casais. Entre os principais projectos já realizados ou em curso pela Casais em Marrocos contam-se: o empreendimento social M Hamid VIII (Marrakech); captação e três Estações de Bombagem de Água potável para as cidades de Oujda e Taourirt; o hotel La Mamounia 5* (Marraquexe); o hotel Four Seasons 5* Marrakech; 23 Villas & 20 Riadas de Luxe Four Seasons Resort 5* (Marraquexe); a nova Embaixada do Canadá em Rabat; a captação de água potável a partir da barragem de Hássan I (Azilal); Estação de Tratamento de Água Potável para a OCP a partir da barragem Ait Massoud (Beni Mellal); e o TGV Tanger Casablanca (Kenitra). www.casais.pt Portugalglobal // Abril 12 // 39

HERCULANO Fundada em 1969 e detida pelo Grupo Ferpinta desde 1997, a Herculano Alfaias Agrícolas, S.A. produz máquinas e alfaias agrícolas, sendo líder nacional no seu sector desde 1986 e um dos maiores fabricantes de reboques agrícolas da Europa. Sedeada em Loureiro, no concelho de Oliveira de Azeméis, a empresa exporta mais de 70 por cento da sua produção, maioritariamente para os mercados europeu e africano. Podem, porém, encontrar-se máquinas agrícolas produzidas pela Herculano em todo o mundo, algumas com marcas comerciais internacionais, de que é exemplo a Pottinger, daqui resultando que o subsector da produção de alfaias agrícolas, em Portugal, apresenta um saldo positivo da respectiva balança comercial. Marrocos é um dos mercados onde a empresa está presente, no âmbito da estratégia de internacionalização iniciada em 1982, e que viria, mais tarde, a alinhar-se com a orientação estratégica de internacionalização do grupo Ferpinta, que está presente em mais de 35 países, tendo por objectivo a criação de valor na cadeia. O sucesso da Herculano resulta de uma orientação para a inovação e competitividade dos produtos da empresa, no mercado internacional, onde gradualmente vai crescendo, quer ao nível do volume de negócios, quer no plano da sua penetração em novos mercados internacionais. Para este crescimento contribui a política de investimentos industriais que a Herculano tem vindo a desenvolver, visando dotar a empresa com as mais recentes tecnologias, de modo a incrementar a qualidade e a competitividade dos seus produtos. Nos mercados internacionais têm sido importantes as sinergias produzidas com as outras empresas do grupo, de que são exemplo alguns países do Norte de África. Em Marrocos a empresa está presente nos tubos de aço e nas máquinas e alfaias agrícolas, há já vários anos, onde tem vindo a crescer e onde considera vir a efectuar novo investimento devido à importância geoestratégica deste mercado, adianta fonte da Herculano. A abordagem comercial neste mercado é desenvolvida através de canais de distribuição, numa relação de parceria que a empresa quer continuar a desenvolver e a aumentar, emprestando as suas competências para criar valor em toda a cadeia. Segundo a mesma fonte, as marcas Herculano/Ferpinta são percepcionadas pelo mercado como marcas de qualidade, imagem que é reforçada com a presença directa nos diversos certames de exposição que se realizam em Marrocos e que tem levado a uma forte procura por parte de empresas de distribuição, não só de Marrocos, mas também de países limítrofes, dada a inter-relação entre mercados. Presentemente a Herculano/Ferpinta tem uma forte presença e um potencial de crescimento em todo o território marroquino, em resultado de uma estratégia de criação de valor, conseguida pela sua participação em feiras, demonstrações de produtos em campo, formações técnicas, e outras acções de formação e de colaboração, que exigem uma presença frequente de colaboradores da Herculano em Marrocos. www.herculano.pt 40 // Abril 12 // Portugalglobal

PORTUGAL MARROCOS RELACIONAMENTO ECONÓMICO Marrocos é um importante destino das exportações portuguesas, ocupando uma posição bastante mais modesta enquanto fornecedor de Portugal. Em 2011 foi o nosso 15º cliente e o 35º fornecedor. A balança comercial de bens é favorável a Portugal, enquanto a de serviços se encontra actualmente relativamente equilibrada. A evolução registada nos últimos anos traduz um reforço significativo da posição de Marrocos e da sua quota enquanto destino das exportações portuguesas, ocupando um lugar cada vez mais relevante na lista dos principais clientes de Portugal: 15º em 2011 e 12º em Janeiro de 2012. Enquanto fornecedor, Marrocos foi responsável por 0,24 por cento do total das importações portuguesas em 2011 (35ª posição), o valor mais elevado dos últimos anos. Em Janeiro do corrente ano, o seu peso no valor global das importações situou-se em 0,25 por cento, posicionando-se no 37º lugar do ranking de fornecedores. As transacções comerciais entre os dois países são tradicionalmente favoráveis a Portugal, com as nossas exportações a apresentarem, no período 2007-2011, um crescimento médio anual de 21,1 por cento, enquanto as importações registaram um aumento de 19,9 por cento. No último ano, as exportações portuguesas para o mercado ascenderam a cerca de 387,7 milhões de euros (o valor mais alto de sempre), e as importações situaram-se perto de 140 milhões de euros. Os últimos dados disponíveis, relativos a Janeiro de 2012, referem um BALANÇA BILATERAL - COMÉRCIO DE BENS Var % 2007 2008 2009 2010 2011 a 07/11 2011 Janeiro 2012 Janeiro Exportações 199.408 273.331 215.357 302.366 387.650 21,1 28.458 49.985 75,6 Importações 85.842 70.911 58.469 109.662 139.215 19,9 10.426 11.471 10,0 Saldo 113.567 202.419 156.888 192.704 248.435 18.032 38.514 Coef. Cobertura (%) 232,3% 385,5% 368,3% 275,7% 278,5% 273,0% 435,8% Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhares de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011; (b) Taxa de variação homóloga 2011-2012 2007 a 2009: Resultados definitivos; 2010 a 2012: Resultados preliminares Var % b 11/12 Portugalglobal // Abril 12 // 41

aumento de 75,6 por cento face ao período homólogo do ano anterior. A estrutura das exportações portuguesas para Marrocos é relativamente diversificada. Por grandes grupos de produtos, Portugal vendeu a Marrocos, em 2011, máquinas e aparelhos (22 por cento do total); metais comuns (20,4 por cento); plásticos e borracha (9,3 por cento); veículos e outro material de transporte (8,6 por cento) e madeira e cortiça (7,6 por cento). Em sexto lugar (7,0 por cento do total) surgem as matérias têxteis, que têm vindo a perder peso nos últimos anos. O conjunto destes grupos de produtos representa cerca de 75 por cento do total exportado para o mercado marroquino. Analisando a evolução das exportações portuguesas de produtos industriais transformados por grau de intensidade tecnológica, verifica-se que a maior representatividade, em 2010, recai no grau média-alta, com 39,7 por cento do total, e no grau média-baixa, com 36,6 por cento, seguindo-se a baixa, com 20,7 por cento, e, por último, a alta com 3,0 por cento. De assinalar que as exportações de produtos industriais transformados representam 91 por cento das exportações globais para Marrocos. Relativamente às importações provenientes de Marrocos, assiste-se a uma maior concentração nos produtos, sendo que os quatro primeiros grupos máquinas e aparelhos, vestuário, produtos agrícolas e químicos representaram 74,6 por cento das importações totais em 2011, com particular destaque para o grupo das máquinas e aparelhos, que detém uma quota de 37,7 por cento. Considerando as importações de produtos industriais transformados por grau de intensidade tecnológica (92,7 por cento do total), verifica-se que a maior representatividade, em 2010, recai no grau média-alta, com 52,9 por cento, e no grau baixa com 41,1 por cento, seguindo-se a média-baixa, com 5,1 por cento, e a alta com 0,8 por cento. 42 // Abril 12 // Portugalglobal De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), constatase que o número de empresas portuguesas que exportaram produtos para Marrocos tem vindo a aumentar de forma contínua ao longo dos últimos anos, passando de 721 em 2006 para 966 em 2010. Por outro lado, o número de empresas portuguesas que adquiriram produtos no mercado marroquino aumentou de 237 (em 2009) para 282 (em 2010). Serviços e investimento No âmbito dos serviços, e segundo dados do Banco de Portugal, constata-se que Marrocos é mais importante como fornecedor do que como cliente de Portugal. No último ano, Portugal exportou serviços para Marrocos no valor de 29,77 milhões de euros, enquanto as importações ascenderam a 31,6 milhões de euros. Em 2011, Marrocos ocupou o 34º lugar enquanto cliente de Portugal e o 30º como fornecedor. A evolução registada nos últimos anos traduz um reforço significativo da posição de Marrocos e da sua quota enquanto destino das exportações portuguesas, ocupando um lugar cada vez mais relevante na lista dos principais clientes de Portugal: 15º em 2011 e 12º em Janeiro de 2012. Embora na área dos serviços a balança bilateral seja desfavorável a Portugal, ao contrário do que acontece no comércio de mercadorias, é de referir que no ano passado as exportações portuguesas cresceram 11,3 por cento face a 2010, enquanto as importações de serviços com origem em Marrocos diminuiriam 14,7 por cento, permitindo, desta forma, um maior equilibro na balança comercial. No investimento, e também e acordo com os dados do Banco de Portugal, e exceptuando o ano de 2002, em que Marrocos ocupou um importante 7º lugar enquanto destino do investimento directo português no exterior (IDPE), este mercado não se tem revelado prioritário para os investidores nacionais tendo ocupado, em 2011, o 19º lugar do ranking de países de destino do investimento português no exterior, com uma quota de 0,13 por cento. No entanto, os valores investidos que em 2011 rondaram os 20,8 milhões de euros registaram uma variação positiva de 100,1 por cento face ao ano anterior, embora o saldo de IDPE líquido se mantenha negativo. Por seu lado, o investimento realizado em Portugal com origem em Marrocos assume valores pouco significativos, relegando o país para posições muito baixas no ranking dos investidores estrangeiros (31ª em 2011 e 44ª em 2010). Também aqui houve uma variação positiva de cerca de 850 por cento face ao ano anterior, sendo o saldo de IDE líquido positivo e cifrando-se em 1,7 milhões de euros (o investimento global foi de 2,53 milhões de euros). De referir que, se do ponto de vista estritamente financeiro o investimento português em Marrocos é baixo, a presença de empresas portuguesas está calculada em cerca de 150, sendo de notar o reforço da tendência para o incremento das PME nacionais em detrimento das grandes empresas. Em termos sectoriais, a presença nacional assenta na fileira da construção (construção e obras públicas, cimento, materiais de construção e, de forma crescente, engenharia e arquitectura), bem como nas confecções e calçado, indústria farmacêutica, agro-indústria e serviços. Numa perspectiva de aumento dos investimentos portugueses em Marrocos, terá de ser considerado que a prioridade do governo marroquino continua a ser o reforço do investimento público em todas as suas vertentes, em especial nas infra-estruturas com repercussão social. Relativamente ao investimento de Marrocos no nosso país, os valores revelam-se muito baixos e voláteis, o que permite concluir que Portugal não tem sido um destino escolhido pelas empresas marroquinas que já se internacionalizaram.

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