AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ALUNOS DA ESCOLA AGROTÉCNICA FEDERAL DE RIO DO SUL RESUMO

Documentos relacionados
12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL DE ALUNOS DO PROJETO ESCOLA DA BOLA COM BASE NOS TESTES DA PROESP-BR

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: RELAÇÃO ENTRE INATIVIDADE FÍSICA E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM CRIANÇAS DA REDE MUNICIPAL DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO PE.

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

Desenvolvendo o Pensamento Matemático em Diversos Espaços Educativos A MATEMÁTICA EM SITUAÇÕES QUE ENGLOBAM ALIMENTAÇÃO E SAÚDE

DIAGNÓSTICO DA PREVALÊNCIA DA OBESIDADE INFANTIL NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

3. Material e Métodos

IMC DOS ALUNOS DO 4º PERÍODO DO CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS DO INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS CAMPI/INHUMAS.

ÍNDICE. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO Introdução Pertinência do trabalho Objectivos e Hipóteses de Estudo...

Relatório Final / Resultados 2013/14

Quais os indicadores para diagnóstico nutricional?

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

A INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NA GORDURA CORPORAL DOS PARTICIPANTES DO PIBEX INTERVALO ATIVO 1

QUAL O IMC DOS ALUNOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO MÉDIO NO IFTM CAMPUS UBERLÂNDIA?

Período de Realização. De 3 de julho à 15 de setembro de População em geral. Sujeitos da Ação

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA CONCEPÇÃO DO USO DE SUPLEMENTOS ESPORTIVOS ENTRE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA EM NATAL/RN

PERFIL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL DOS ESCOLARES INGRESSOS NO INSTITUTO FEDERAL DO TOCANTINS Campus Paraíso do Tocantins

Os escolares das Escolas Municipais de Ensino Fundamental

Curso: Nutrição. Disciplina: Avaliação Nutricional Professora: Esp. Keilla Cardoso Outubro/2016

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ESCOLARES DA REDE DE ENSINO PÚBLICA E PRIVADA EM UMA CIDADE DA REGIÃO NORTE RESUMO

Avaliação antropométrica de crianças

Apostila do 1º trimestre - Disciplina: Educação Física I - VOLEIBOL

PERFIL NUTRICIONAL E DE SAÚDE DE IDOSOS DIABÉTICOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

Desenhos dos estudos de Epidemiologia Nutricional Analítica

Professores: Roberto Calmon e Thiago Fernandes

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO RISCO CARDIOVASCULAR DA CORPORAÇÃO DE BOMBEIROS DE MARINGÁ/PR

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA COORDENAÇÃO GERAL DA POLÍTICA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

VALORES CRÍTICOS DO IMC PARA A SAÚDE DOS ALUNOS DO 5º ANO DO PIBID/UNICRUZ/EDUCAÇÃO FÍSICA 1

EDUCAÇÃO FÍSICA FUNDAMENTAL PROF.ª FRANCISCA AGUIAR 7 ANO PROF.ª JUCIMARA BRITO

XIV Encontro Nacional de Rede de Alimentação e Nutrição do SUS. Janaína V. dos S. Motta

AULA 2 Fatores de Risco para Crianças e Adolescentes

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

ANÁLISE COMPARATIVA DE SOBREPESO E OBESIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ESCOLA PARTICULAR E UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA.

IMAGEM CORPORAL DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

INTERAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, COM FLEXIBILIDADE E FLEXÕES ABDOMINAIS EM ALUNOS DO CESUMAR

AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE MULHERES QUE REALIZAM MASSAGENS COM FINALIDADE DE EMAGRECIMENTO

DIFERENÇAS NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES RESUMO

ANO LETIVO 2013/2014. ESTUDO DO IMC (Índice de Massa Corporal) Avaliação Final

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS ATENDIDAS NA USF VIVER BEM DO MUNICIPIO DE JOÃO PESSOA-PB

Vigitel Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

TÍTULO: ANÁLISE DE APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA A SAÚDE DE ESCOLARES CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: EDUCAÇÃO FÍSICA

Minha Saúde Análise Detalhada

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

Apostila de Avaliação Nutricional NUT/UFS 2010 CAPÍTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ADULTOS

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

TÍTULO: OBESIDADE INFANTIL NAS ESCOLAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM

Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar PeNSE

FIEP BULLETIN - Volume 82 - Special Edition - ARTICLE I (

CARACTERÍSTICAS DA DIETA DO ADOLESCENTE D I S C I P L I N A : N U T R I Ç Ã O E D I E T É T I C A II P R O F : S H E Y L A N E A N D R A D E

RELAÇÃO ENTRE INDICADORES DE MUSCULATURA E DE ADIPOSIDADE COM MASSA CORPORAL E RISCO CARDIOVASCULAR EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

Avaliação da Composição Corporal. Profª Tatianne Estrela

COMPONENTE ESPECÍFICO

Diagnóstico e Prevenção do Diabetes com os Recursos Tecnológicos da Informática

Correlação entre Índice de Massa Corporal e Circunferência de Cintura de Adolescentes do Município de Botucatu SP

Obesidade Infantil. Nutrição & Atenção à Saúde. Grupo: Camila Barbosa, Clarisse Morioka, Laura Azevedo, Letícia Takarabe e Nathália Saffioti.

Eficácia do Tratamento da Obesidade Infantil. Maria Ana Carvalho

MATEMÁTICA. Professor Diego Viug

Perfil de Hábitos Alimentares e IMC dos Alunos dos Cursos de Educação Física e Tecnologia da Informação

FACULDADE PITÁGORAS TÓPICOS ESPECIAIS EM NUTRIÇÃO I AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PACIENTE ACAMADO

ANÁLISE DO CRESCIMENTO CORPORAL DE CRIANÇAS DE 0 À 2 ANOS EM CRECHES MUNICIPAIS DE GOIÂNIA

UTILIZAÇÃO DE AVALIAÇÕES FÍSICAS PARA DIAGNÓSTICO DE SAÚDE DOS SERVIDORES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

AUTOR(ES): LUIS FERNANDO ROCHA, ACKTISON WENZEL SOTANA, ANDRÉ LUIS GOMES, CAIO CÉSAR OLIVEIRA DE SOUZA, CLEBER CARLOS SILVA

DESEMPENHO MOTOR DE ADOLESCENTES OBESOS E NÃO OBESOS: O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR

NÚCLEO DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADOLESCENTE NASAD

FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS E SUA RELAÇÃO COM O ESTILO DE VIDA DE PESSOAS DA CIDADE DE PELOTAS-RS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

Beatriz de Oliveira Matos1 Lais Miranda de Melo2 Maria Grossi Machado3 Milene Peron Rodrigues Losilla4

ÔMEGA 3 PÓ. EPA e DHA suplementados na forma de pó

Avaliação Nutricional

NUTRIÇÃO NA TERCEIRA IDADE. Como ter uma vida mais saudável comendo bem.

EFEITOS DE DOIS PROTOCOLOS DE TREINAMENTO FÍSICO SOBRE O PESO CORPORAL E A COMPOSIÇÃO CORPORAL DE MULHERES OBESAS

Enquanto isso, o texto desta semana trata da avaliação do estado nutricional de escolares. Os professores costumam nos perguntar como se faz para

Organograma de Operacionalização do SIVAN do município de Viçosa-MG.

Perfil socioeconômico e nutricional das crianças inscritas no programa de suplementação alimentar do Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira

Incentivo à Alimentação Saudável. Julho de 2016

ETHANOL SUMMIT 2017 PAINEL. Açúcar: O Consumo Equilibrado Como Melhor Escolha. São Paulo junho/17

PERFIL SOCIOECONÔMICO, CLÍNICO E NUTRICIONAL DE UM GRUPO DE IDOSOS PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO

DISCUSSÃO DOS DADOS CAPÍTULO V

IV Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica do Cesumar 20 a 24 de outubro de 2008

ESTADO NUTRICIONAL E FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

CÂMARA MUNICIPAL DE MARABÁ GABINETE DO VEREADOR GILSON FERREIRA DA SILVA

Tema: Saúde Individual e Comunitária

PERCEPÇÃO DE APOIO SOCIAL PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA EM INDIVÍDUOS OBESOS

PROBLEMAS NUTRICIONAIS EM CÃES E GATOS OBESIDADE VISÃO GERAL

REDUÇÃO & REEDUCAÇÃO PROGRAMA DE EMAGRECIMENTO

ESTADO NUTRICIONAL DE COLABORADORES DE REDE HOTELEIRA

Segurança Alimentar e Obesidade

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA PRÁTICA CLÍNICA

Dieta refere-se aos hábitos alimentares individuais. Cada pessoa tem uma dieta específica. Cada cultura costuma caracterizar-se por dietas

PERCEPÇÃO CORPORAL E BIOIMPEDÂNCIA TETRAPOLAR DE ESTUDANTES DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICALO

DIETOTERAPIA INFANTIL DOENÇAS CRÔNICAS NA INFÂNCIA OBESIDADE

KINECT: saúde proporcional à praticidade

PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM ESCOLARES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICA. RESUMO

NOSSOS BENEFÍCIOS NUTRILINE ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL

INSATISFAÇÃO CORPORAL E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

Perder peso comendo bem. Melhores alimentos e chás para emagrecer.

Prática Clínica Nutrição Esportiva

Transcrição:

Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica Interdisciplinar III MICTI Fórum Nacional de Iniciação Científica no Ensino Médio e Técnico - I FONAIC-EMT Camboriú, SC, 22, 23 e 24 de abril de 2009 Universidade Federal de Santa Catarina - Colégio Agrícola de Camboriú AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ALUNOS DA ESCOLA AGROTÉCNICA FEDERAL DE RIO DO SUL José Eduardo Antunes Deboite 1 ; Leandro Alves Machado¹; Valentina Piragibe 2 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar o estado nutricional dos alunos dos primeiros anos A, B e C; e dos alunos dos segundos anos A e C da Escola Agrotécnica Federal de Rio do Sul mediante o uso de medidas de peso e estatura para o cálculo do índice de massa corporal (IMC). Participaram da pesquisa 156 alunos, sendo 26 do sexo feminino e 130 do sexo masculino, com idades entre 15 e 17 anos. Foi constatada uma porcentagem elevada de sujeitos com baixo peso no grupo masculino e com peso acima do adequado no grupo feminino. Estes indivíduos, agora identificados, podem ser acompanhados e orientados quanto à importância da mudança de hábitos, tanto em relação à prática de atividade física quanto ao consumo de alimentos. Além disso, foi observado que a utilização do IMC mostrou-se eficiente por requerer uma metodologia prática e de baixa custo, possibilitando conhecer-se o perfil das turmas estudadas em relação ao estado nutricional. Palavras-chave: IMC, peso, estatura, nutrição 1 INTRODUÇÃO Os países em desenvolvimento, como o Brasil, estão passando por um período de transição de um padrão de epidemias, fome e precárias condições de saneamento básico, que levam a altas prevalências de doenças infecto-contagiosas e desnutrição, para um padrão de altas prevalências de doenças crônicas e degenerativas. Esta transição tem levado a uma coexistência de altas prevalências de desnutrição e de obesidade. O motivo para o aumento da obesidade pode estar ligado à alta ingestão calórica, à diminuição do consumo de fibras e ao aumento do consumo de gorduras e açúcares, associados a uma vida sedentária (SAWAYA,1997). Surgiu, então, o interesse em pesquisar-se o estado nutricional dos alunos da Escola Agrotécnica Federal de Rio do Sul, verificando se nesta população também se encontram casos de baixo peso paralelos aos casos de obesidade. 1 Alunos da Escola Agrotécnica Federal de Rio do Sul, Santa Catarina. E-mail: eduardodeboite@yahoo.com.br 2 ProfessoraOrientadora. E-mail: valentina.ef@ig.com.br.

2 Para isso, foram avaliados os alunos dos primeiros anos A, B e C ; e os alunos dos segundos anos A e C, durante o primeiro semestre de 2008, mediante o uso de medidas de peso e estatura para o cálculo do índice de massa corporal (IMC). Participaram da pesquisa 166 alunos, sendo 27 do sexo feminino e 137 do sexo masculino, com idades entre 15 e 17 anos. No primeiro capítulo deste artigo, explicou-se o que é e qual a utilidade do IMC; no segundo capítulo relatou-se como se processou a coleta dos dados na escola, quando utilizou-se a balança e a fita métrica; no terceiro capítulo apresentaram-se os resultados encontrados, com as porcentagens de indivíduos com baixo peso, obesidade e peso adequado; encerrando no quarto capítulo, com a análise desses resultados que comprovaram a hipótese sobre a presença tanto de casos de baixo peso quanto de obesidade entre os alunos pesquisados. 2 METODOLOGIA 2.1 Fundamentação teórica

3 Os métodos de análise da composição corporal são classificados como direto, indireto e duplamente indireto (CEZAR, 2000). No método direto os componentes teciduais são avaliados diretamente, em separado, por autópsia ou dissecação de cadáveres. Os métodos indiretos não oferecem tal oportunidade de manipulação e são assim considerados como métodos de análise da composição corporal in vivo. Em geral são validados a partir do método direto e elaborados com base em métodos químicos e físicos, por imagem ou densitometria. Tais metodologias utilizam equações matemáticas para inferir sobre a densidade dos avaliados. Os métodos duplamente indiretos também são técnicas para análise in vivo e, geralmente,são avaliados e correlacionados a partir dos resultados de métodos indiretos. Como exemplos de métodos duplamente indiretos tem-se a bioimpedância elétrica e a antropometria, com medidas de peso e estatura ou medidas de dobras cutâneas. Neste trabalho utilizou-se a antropometria com medidas de peso e estatura para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) dos alunos. Este índice foi criado no final do século XIX por Quetelet e é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995) como um classificador do estado nutricional de adolescentes. A Organização Mundial de Saúde recomenda ainda que sejam usados valores de IMC de acordo com a idade, segundo percentis definidos a partir dos dados do National Center for Health Statistics (NCHS). Estes dados do NCHS são formados pelo levantamento de medidas de peso, estatura e idade realizado na população dos Estados Unidos e são utilizados como padrão de referência mundial por ser considerada uma população bem nutrida por excelência. Por isso, os dados desta pesquisa basearam-se nas coletas de peso, estatura e idade dos sujeitos avaliados, comparando os resultados com os valores da tabela do NCHS para o percentil cinqüenta. Deste modo, classificou-se o estado nutricional dos sujeitos comparando a posição destes em relação à distribuição normal da população de referência, onde um percentil refere-se à posição do valor medido em relação a todas as medidas da população de referência (100%), arranjadas em ordem de magnitude. Antes de 1980, os médicos normalmente usavam tabelas de peso por altura (uma para homens e uma para mulheres), que incluíam faixas de pesos para

4 cada polegada de altura. Mas essas tabelas eram limitadas porque se baseavam somente no peso e não na composição corporal. O IMC se tornou um padrão internacional para medição da obesidade na década de 80 e o público aprendeu sobre ele no final da década de 90, quando o governo lançou uma iniciativa para encorajar alimentação saudável e prática de exercícios físicos. Embora o IMC seja um dos índices mais utilizados, ele não leva em consideração a exata composição corporal do indivíduo, o quanto a pessoa é musculosa ou onde se encontra a gordura. Muitos jogadores de futebol foram dados como "obesos" devido ao seu IMC elevado quando, na verdade tinham uma porcentagem de gordura corporal baixa. Ele também nem sempre é preciso nos resultados fornecidos para idosos, que já perderam muita massa muscular e óssea, podendo estar abaixo do peso adequado mesmo que seu IMC mostre o contrário. Portanto é inadequado para inferir com precisão sobre o percentual de gordura corporal do avaliado, pois pode conduzir a conclusões inadequadas. Por outro lado, para estudos epidemiológicos o IMC pode ser utilizado como indicador de estado de saúde, como desnutrição e obesidade. É utilizado também quando da falta de melhores recursos, técnicos ou financeiros e é um bom indicador para acompanhar a condição de saúde de escolares (CEZAR, 2000). 2.1.1 Como é medido o IMC O IMC é obtido pelo seguinte cálculo: peso/estatura². O resultado encontrado é comparado com os padrões de referência do NCHS para sexo e idade. A seguir apresenta-se uma tabela demonstrativa sobre a comparação dos valores de referência com o estado nutricional do sujeito. Tabela: Estado nutricional e os valores de referência. Estado nutricional Valores de referência Baixo Peso 18,5 Adequado 18,5 24,9 Sobrepeso 25 29,9

5 Obesidade grau I 30 34,9 Obesidade grau II 35 39,9 Obesidade grau III Maior que 40 Adaptado de WHO (1995) 2.2 Amostra Esta pesquisa foi realizada na Escola Agrotécnica Federal de Rio do Sul, envolvendo os alunos das turmas 1A, 1B, 1C, 2A e 2C. Foram avaliados 156 alunos, sendo 130 do sexo masculino e 26 do sexo feminino. Com peso e estatura variando entre 50 a 75kg e 1,50 a 1,80m, respectivamente. 2.3 Instrumentos -1 balança com três sensores, -1 régua milimetrada 2.4 Procedimentos A estatura foi medida com o(a) aluno(a) descalço(a), de costas para a régua e em posição anatômica. Para a medida do peso o(a) aluno(a) posicionou seus pés no centro da balança e manteve-se imóvel. Para a precisão do dado idade foram coletados dia, mês e ano de nascimento dos alunos. Cada aluno aprendeu a calcular o valor de seu IMC e a compará-lo com os valores de referencia da tabela da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), no percentil cinqüenta (P50). Em seguida discutiu-se a importância de hábitos saudáveis tanto em relação à alimentação quanto em relação à atividade física. Esclareceu-se que o cálculo realizado não representa a quantidade de gordura corporal, mas é um bom indicador da condição de saúde. Na presente pesquisa foram agrupados os valores encontrados individualmente para obtenção do perfil das turmas pesquisadas.

6 3 RESULTADOS Quando acompanhada a amostra como um todo, verificou-se que 15% dos alunos estavam com peso acima do adequado, 62% estavam com peso adequado e 23% estavam com baixo peso, conforme o gráfico 01 apresentado a seguir. todos os alunos 23% 62% 15% Acima do peso Adequado Baixo peso Gráfico 01 - Avaliação do estado nutricional dos alunos dos 1os anos A, B e C e dos 2os anos A e C - masculino e feminino. Entretanto, ao separar-se a amostra por sexo, notaram-se diferenças nos perfis de cada grupo. O grupo masculino, composto por 130 alunos, apresentou 17 alunos com peso acima do adequado, 39 com peso adequado e 74 com baixo peso. O grupo feminino, composto por 26 alunas, apresentou 9 com peso acima do adequado, 15 com peso adequado e 2 com baixo peso. Estes dados podem ser verificados pelos gráficos 02 e 03 apresentados a seguir. Total masculino Total de meninas 57% 13% 30% Acima do peso Adequado Baixo peso Gráfico 02 - Avaliação do estado nutricional de todos os alunos dos 1os anos A, B e C e dos 2os anos A e C - masculino

7 Total feminino Total de meninas 57% 8% 35% Acima do peso Adequado Baixo peso Gráfico 03 - Avaliação do estado nutricional de todas as alunas dos 1os anos A, B e C e dos 2os anos A e C - feminino Ao acompanhar-se cada turma individualmente também se notam algumas peculiaridades mostradas a seguir. No segundo ano A, composto por 23 alunos do sexo masculino e 3 do sexo feminino, 2 meninos estavam com peso acima do adequado,10 estavam com peso adequado e 11 estavam com baixo peso. Dentre as alunas, 1 estava com peso acima do adequado e 2 estavam com peso adequado. No segundo ano C, composto por 26 alunos do sexo masculino e 5 do sexo feminino, 3 meninos estavam com peso acima do adequado, 11 estavam com peso adequado e 12 estavam com baixo peso. Dentre as alunas, 1 estava com peso acima do adequado, 3 estavam com peso adequado e 1 estava com baixo peso. No primeiro ano A, composto por 28 alunos do sexo masculino e 3 do sexo feminino, 5 meninos estavam com peso acima do adequado, 17 estavam com peso adequado e 6 estavam com baixo peso. Dentre as alunas, 2 estavam com peso acima do adequado e 1 estava com peso adequado. No primeiro ano B, composto por 27 alunos do sexo masculino e 7 do sexo feminino, 3 meninos estavam com peso acima do adequado, 20 estavam com peso adequado e 4 estavam com baixo peso. Dentre as alunas, 1 estava com peso acima do adequado, 5 estavam com peso adequado e 1 estava com baixo peso. No primeiro ano C, composto por 26 alunos do sexo masculino e 7 do sexo feminino, 4 meninos estavam com peso acima do adequado,16 estavam com

8 peso adequado e 6 estavam com baixo peso. Dentre as alunas, 3 estavam com peso acima do adequado e 4 estavam com peso adequado. De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC, s/d), o Brasil é um dos paises que mais consomem remédios para emagrecer em todo o mundo. Estes medicamentos trazem efeitos adversos gravíssimos, envolvendo distúrbios que podem ser fatais, como ataque cardíaco e derrame cerebral. Também afirmam que 95% dos casos de obesidade são causados pelo excesso de comida e sedentarismo, e que as pessoas não querem mudar seus hábitos e vão atrás de formulas mágicas como cirurgias e remédios para emagrecer. Portanto, após os resultados encontrados, orientam-se os alunos sobre a importância da mudança de hábitos alimentares e sobre a prática de atividades físicas. 4 ANÁLISE DOS DADOS Verificou-se que os dados devem ser analisados separadamente, pois a amostra vista como um todo acaba por aumentar a porcentagem de indivíduos com peso adequado, mascarando o que aconteceu dentro dos grupos. Ao separar os indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino pôde-se identificar suas peculiaridades. Isto porque identificou-se uma porcentagem elevada de sujeitos com baixo peso no grupo masculino, ocorrendo o oposto no grupo feminino, com uma porcentagem elevada de alunas acima do peso. Já a porcentagem de indivíduos com peso adequado em ambos os grupos foi igual. Observando mais de perto o grupo masculino, notou-se que o baixo peso é a característica de quase metade dos alunos dos 2ºs anos A e C e mais da metade dos alunos do 1º ano A. Para os casos de peso acima do adequado no grupo feminino deve-se levar em consideração o número reduzido da amostra, que variou de 3 a 6 alunas. Apesar disso, é um alerta sobre o estado nutricional dessas alunas. Os 1ºs anos A e C foram as turmas com a maior porcentagem de alunas acima do peso adequado, não havendo nenhum aluna com baixo peso nesses dois grupos.

9 A coleta de dados foi realizada no início do ano letivo de 2008, podendo ser repetida ao final do mesmo ano para a verificação quanto a modificações nesses valores. Além disso, podem-se levantar hipóteses sobre fatores presentes na vida desses alunos, estudantes em regime de internato, que possam alterar sua composição corporal, tais como o tipo de alimentação e o nível de atividade física realizada. 5 CONCLUSÃO Os resultados são similares aos encontrados em outras pesquisas que apontam o Brasil como encontrando-se em um período de transição, onde coexistem indivíduos com baixo peso e com obesidade. Por um lado, muitos jovens não se dedicam mais a atividades esportivas e nas horas livres gastam o tempo na frente da televisão e do computador. Na maioria das vezes se alimentam a todo instante, com alimentos ricos em gordura e açúcar e não gastam esta energia consumida. Por outro lado, os jovens com baixo peso muitas vezes não têm tempo de fazer sua própria refeição ou não têm acesso a uma alimentação balanceada. Estes indivíduos, agora identificados, podem ser acompanhados e orientados quanto à importância da mudança de hábitos, tanto em relação à prática de atividade física quanto ao consumo de alimentos. Outro aspecto a ser considerado é o fato dos cursos oferecidos nesta instituição terem a predominância masculina e isso comprometer um pouco a generalização de resultados para a amostra feminina, que era bem reduzida. Embora individualmente seja importante que cada aluna saiba seu estado nutricional para melhorar ou manter a saúde sem a presença dos riscos que a obesidade traz. Além disso, observou-se que a utilização do IMC foi eficiente por requerer uma metodologia prática e de baixo custo, possibilitando conhecer-se um pouco melhor o perfil das turmas estudadas em relação ao estado nutricional. REFERÊNCIAS

10 CÉZAR, Claudia. Alguns aspectos básicos para uma proposta de taxionomia no estudo da composição, com pressupostos em cineantropometria. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.6, n.5, p. 188-193, set/out. 2000. GAUER, Ademar Jacob, ZUNINO, Claudinei & ALBINO, Sirlei de Fátima. Normas básicas para apresentação de trabalhos escolares, projetos, relatórios de iniciação científica e relatórios de estágio. (mimeo). Rio do Sul - SC, 2002. INSTITUTO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (IDEC). www.idec.org.br/materia.asp?id=103. Acesso em 11/06/2008. SAWAYA, Ana Lydia (Org). Desnutrição urbana no Brasil: em um período de transição. São Paulo: Cortez, 1997. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneve, WHO, 1995.