SELEÇÃO DE FAMÍLIAS DE MEIOS IRMÃOS DE MILHO PIPOCA COM ENFASE NA PRODUTIVIDADE E NA CAPACIDADE DE EXPANSÃO. Elias Gomes da Silva; Aurélio Vaz de Melo²; Rubens Ribeiro da Silva³ 1 Aluno do Curso de Química Ambiental; Campus de Gurupi; e-mail:elias_qa@hotmail.com UFT/Permanência 2 Orientador do Curso de Química Ambiental; Campus de Gurupi; e-mail:vazdemelo@uft.edu.br 3 Co-orientador do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; e-mail: rrs2002@uft.edu.br RESUMO O milho pipoca é um alimento bastante apreciado no Brasil. Embora seu cultivo ainda esteja restringido a pequenas áreas, este apresenta boas perspectivas de expansão. A introdução de cultivares de alta qualidade no mercado e tecnologias adequadas de produção poderá acelerar esse processo de expansão. Grande parte do milho pipoca encontrado no mercado ainda é importado, devido principalmente, à limitação de cultivares de alta qualidade e à tecnologia de produção inadequada. Diante disto objetivou-se se classificar e selecionar famílias de meios-irmãos de milho de pipoca quanto à produtividade de grãos e capacidade de expansão. Para isso, realizou-se um experimento em casa de vegetação localizada na universidade Federal do Tocantins, Campus de Gurupi, onde avaliouse 40 famílias de meios-irmãos de milho pipoca. Foram avaliadas as características peso de cem grãos (PCG), capacidade de expansão (CEVG), número de fileiras de grãos (NF), número de grãos por fileira (NGF), peso de espiga (PE) e produtividade de grãos (PROD). A família 6 destacou-se como promissora nas condições de cultivo por apresentar maiores índices de NF, NGF, PE e PROD. Palavras-chave: Pop corn; capacidade de expansão; melhoramento genético. INTRODUÇÃO Atualmente, o milho pipoca é plantado principalmente por pequenos produtores, com exceção de alguns poucos grandes produtores empresariais que utilizam a irrigação para ter o produto sempre em oferta, atendendo às demandas de cerealistas que empacotam e disponibilizam o produto no comércio. Trata-se de uma cultura com excelente rentabilidade, uma vez que seu preço tem sido, no mínimo, três vezes superior ao do milho comum. Em contrapartida, a falta de cultivares bem adaptados às nossas condições de clima e solo impede sua expansão produtiva. (COOPERCITRUS, 2012). Um dos principais objetivos do melhoramento do milho pipoca é a obtenção de cultivares que apresentem alta produtividade e qualidade. Ao produtor interessa a alta produtividade e boas características agronômicas, e ao consumidor, a alta capacidade de expansão que confere melhor
textura, maciez e sabor a pipoca. E quanto maior a capacidade de expansão, maior preço é agregado ao produto, uma vez que a mesma é sinônima de qualidade. Segundo Pereira et al., (2008) outro objetivo do programa de melhoramento genético de milho pipoca é o aproveitamento da heterose por meio da obtenção de híbridos de linhagens, podendo ser obtidos através de cruzamentos dialélicos. Um dos principais problemas enfrentados por produtores nacionais consiste no número limitado de genótipos acessíveis ao o cultivo comercial modesto, além da área e tecnologia de produção, nos quais aliados, favorecem a importação de grãos, sobretudo dos Estados Unidos da América (RANGEL et al.,2008). Assim, o melhoramento genético do milho pipoca voltado para as condições edafoclimáticas do Tocantins é de fato, uma ferramenta que pode melhorar a produção deste grão no Estado e diminuir a importação. Os ensaios in loco de introdução e avaliação de populações de milho permitiram avaliar a qualidade de diferentes marcas comerciais de milho pipoca levando em consideração a produtividade e a capacidade de expansão. Com isto, objetivou-se classificar e selecionar famílias de meios-irmãos de milho de pipoca quanto à produtividade de grãos e capacidade de expansão. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Área Experimental da Universidade Federal do Tocantins, TO, (280 m de altitude, nas coordenadas 11 43 45 S e 49 04 07 W), no Campus Universitário de Gurupi, em Gurupi TO. O delineamento experimental utilizado foi látice 13x13, com três repetições. A parcela experimental era constituída de uma linha de quatro metros de comprimento espaçadas em 0,90 m, com o plantio realizado em 20/12/2011. Foram realizadas aplicações de fertilizantes e defensivos agrícolas de acordo com recomendações técnicas para a cultura. Duas marcas comerciais de milho pipoca foram utilizadas na pesquisa: produtos Paulista e Yoki. Por meio de uma recombinação desses dois produtos comerciais foram obtidas 40 famílias. As características avaliadas nas diferentes fases do programa de melhoramento foram: Relação capacidade de expansão e Volume de Grãos (CEVG); Peso de Cem Grãos (PCG); Número de Fileiras por Espiga (NF); (NGF); Número de Grãos por Fileira (NGL); Peso de Espigas (PE); Produtividade de grãos (PROD).
Após a obtenção dos dados realizou-se a análise de variância individual de cada característica, sendo realizada posteriormente a análise conjunta dos experimentos que apresentaram homogeneidade de variância. Nas interações significativas foram realizados os desdobramentos, sendo as médias agrupadas pelo teste de Scott e Knott a 5% de probabilidade. a realização das análises estatísticas utilizou-se o Aplicativo Computacional em Genética e Estatística Programa Genes versão Windows (CRUZ, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a característica Peso de Cem Grãos (PCG) as famílias foram separadas em 12 grupos estatisticamente distintos. As famílias 35 e 1 formaram o grupo com as maiores médias (20,6 g e 20,5 g, respectivamente) não diferindo estatisticamente entre si. Para a mesma a característica as famílias 2, 3 e 4 formaram o grupo com as menores médias (7,3 g, 7,6 g e 8,0 g respectivamente), não diferindo estatisticamente entre si (Tabela 1). Tabela 1. Médias de produtividades de cem grãos (PCG), capacidade de expansão (CEVG), número de fileiras (NF), número de grãos por fileira (NGF), peso de espigas (PE) e produtividade (PROD) de 40 famílias de meios-irmãos de milho pipoca (Gurupi-TO). Famílias PCG (g) CEVG NF NGF PE (g) PROD (kg ha -1 ) 1 20.5 a 8.8 t 14 a 31.0 a 22.0 f 1305.00 n 2 7.3 k 69.8 a 10 c 9.5 f 6.8 m 649.40 r 3 7.6 k 39.8 i 11 b 9.0 f 6.1 m 610.85 r 4 8.0 k 37.6 j 11 b 9.5 f 9.3 k 944.85 p 5 16.0 d 13.4 s 12 b 8.0 f 13.8 i 1394.35 m 6 12.4 g 38.2 j 13 a 29.0 a 41.4 a 4091.20 a 7 12.3 g 32.6 l 11 b 12.0 e 12.6 j 1252.40 o 8 12.3 g 30.2 m 14 a 14.0 e 22.6 f 2254.50 h 9 10.7 i 47.1 g 10 c 18.0 d 18.3 g 1805.35 j 10 10.7 i 58.4 c 14 a 10.0 f 13.5 i 1331.05 n 11 12.3 g 13.6 s 11 b 14.0 e 14.3 i 1436.50 m 12 12.7 g 28.4 n 11 b 18.5 d 22.1 f 2197.00 h 13 13.6 f 22.1 p 11 b 13.0 e 15.7 h 1522.50 l 14 12.1 g 48.4 f 14 a 16.0 e 24.5 e 2451.70 g 15 10.5 i 56.1 e 11 b 15.0 e 13.8 i 1397.40 m 16 11.6 h 57.6 d 12 b 14.0 e 14.1 i 1394.30 m 17 11.4 h 61.6 b 13 a 18.0 d 23.3 f 2276.20 h 18 11.7 h 45.0 h 12 b 19.5 d 24.5 e 2402.90 g 19 12.5 g 47.3 g 10 c 20.0 d 21.5 f 2080.35 i 20 10.7 i 59.1 c 14 a 23.0 c 35.7 b 3602.55 b 21 12.1 g 24.4 o 12 b 23.5 c 31.5 c 3073.10 d 22 14.7 e 30.6 m 10 c 24.5 b 31.3 c 3082.90 d 23 15.3 e 17.0 r 11 b 15.0 e 21.0 f 2050.50 i
24 14.7 e 13.3 s 9 c 14.5 e 16.9 g 1663.85 k 25 13.6 f 22.0 p 10 c 14.5 e 17.8 g 1779.25 j 26 10.6 i 31.1 m 12 b 14.0 e 15.9 h 1635.70 k 27 10.4 i 47.5 g 11 b 11.5 f 9.9 k 961.750 p 28 14.8 e 28.9 n 8 d 11.0 f 11.8 j 1187.50 o 29 13.3 f 33.1 l 10 c 19.0 d 24.8 e 2527.40 f 30 13.4 f 35.5 k 12 b 23.0 c 32.2 c 3261.00 c 31 12.3 g 28.6 n 12 b 14.0 e 18.0 g 1819.15 j 32 10.7 i 57.7 d 8 d 18.0 d 13.8 i 1367.25 m 33 16.5 d 36.2 k 10 c 14.5 e 21.9 f 2190.40 h 34 10.2 i 36.6 k 11 b 28.0 a 26.8 d 2673.05 e 35 20.6 a 6.75 u 8 d 9.5 f 15.5 h 1502.60 l 36 9.2 j 19.2 q 7 d 7.5 f 4.0 n 382.35 s 37 17.6 c 28.9 n 8 d 10.0 f 13.1 j 1319.30 n 38 15.9 d 18.8 q 8 d 7.0 f 8.2 l 784.60 q 39 18.8 b 8.35 t 9 c 11.5 f 15.1 i 1519.60 l 40 12.5 g 33.1 l 11 b 9.0 f 9.1 k 964.40 P Médias seguidas das mesmas letras minúsculas nas colunas constituem grupo estatisticamente homogêneo, pelo teste Scott Knott, a 5% de probabilidade. Para a característica capacidade de expansão (CEVG), as famílias foram separadas em 21 grupos estatisticamente distintos. A família 2 apresentou a maior média (69,8 dm -3.g -1 ) diferindo estatisticamente das demais. A família 35 apresentou a menor média de CEVG (6,7 dm -3.g -1 ) diferindo estatisticamente das demais. Segundo GALVÃO et al.; 2000 e SCAPIM et al,; 2002, uma boa população de milho pipoca tem que ter CEVG acima de 21 dm -3.g -1, e valores acima de 26 dm -3.g -1, indicam excelente qualidade de pipoca. Desta forma destaca-se o fato de 28 famílias apresentarem CEVG acima de 26 promissoras para o cultivo em condições do cerrado tocantinense. Para a característica Número de Fileiras (NF) as famílias foram separadas em 4 grupos estatisticamente distintos. 7 famílias foram inseridas no grupo com as maiores médias, onde destaca-se as famílias 1, 8, 10, 14 e 20 com média 14 fileiras de grãos por espiga. 6 famílias formaram o grupo estatisticamente homogêneo com as menores médias, onde a família 36 destacou-se por apresentar apenas 7 fileiras de grãos por espiga. Para a característica Número de grãos por Fileiras (NGF) as famílias foram separadas em 6 grupos estatisticamente distintos. O grupo estatístico homogêneo com as maiores médias foi formado por 3 famílias onde destacou-se a família 1 com 31 NGF. 13 famílias formaram o grupo estatístico com as menores médias, destacando-se a família 38 com 7 NGF.
Para a característica Peso de Espiga (PE) as famílias foram separadas em 15 grupos estatisticamente distintos. A família 6 destacou-se por permanecer isolada no grupo estatístico com maior média (41,0 g) enquanto a família 36 formou o grupo estatístico com a menor média de PE (4,0 g). Para a característica Produtividade (PROD) as famílias foram separadas em 19 grupos estatisticamente distintos, onde novamente a família 6 formou o grupo estatístico com a maior média (4091.2 kg.ha -1 ) e a família 36 formou o grupo estatístico com a menor média de PROD (382,35 kg.ha - 1 ). Tais resultados mostraram-se superiores ao encontrados por Miranda et al.(2003) que verificou produtividades média de grãos em famílias de pipoca em torno de 3.000 kg.ha -1. A família 6 mostrou-se promissora para programas de melhoramento genético direcionados as condições de cultivo do cerrado tocantinense, por apresentar os maiores índices de NF, NGF, PE e PROD. LITERATURA CITADA COOPERCITRUS, disponível em http://www.revistacoopercitrus.com.br/?pag=materia&codigo= 3047, acesso em 24/08/2012. CRUZ, C. D.. Programa Genes - Análise multivariada e simulação. 1. ed. Viçosa, MG: Editora UFV, 2006. v. 1. 175 p. GALVÃO, J. C. C.; SAWAZAKI, E.; MIRANDA, G. V. Comportamento de híbridos de milho pipoca em Coimbra, Minas Gerais. Revista Ceres, Viçosa, v. 47, n.270, p. 201-218, 2000. MIRANDA, G. V. COIMBRA, R. R. GODOY, C. L. SOUZA, L. V. GUIMARÃES, L. J. M. MELO, A. V. Potencial de melhoramento e divergência genética de cultivares de milho pipoca. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.38, n.6, p. 681 688, 2003. PEREIRA, L. K.; SCAPIM, C. A.; MANGOLIN, C. A.; MACHADO, M. F. P. S.; PACHECO, C. A. P.; MORA, F. Heterozygosity following half-sib recurrent selection in popcorn using isoenzyme markers. Electronic Journal of Biotechnology,v.11,n.1,[s./p.],2008. RANGEL, R. M.; AMARAL JÚNIOR, A. T.; SCAPIM, C. A.; FREITAS JÚNIOR, S. P.; PEREIRA, M. G.Genetic parameters in parents and hybrids of circulant dialleli npopcorn. Genetics and Molecular Research,v. 7, n.4, p. 1020-1030, 2008. SCAPIM, C. A. PACHECO, C. A. P. TONET, A. BRACCINI, A. L. PINTO, R. J. B. Análise dialélica e heterose de populações de milho-pipoca. Bragantia, Campinas, vol.61, n.3, p. 219 230, 2002. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT