UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DQMC BIOQUÍMICA BIO0001 Biomoléculas e a Base Molecular da Vida Prof Karine P. Naidek Agosto/2016
A BIOLOGIA NO SEC. XIX Vitalismo, élan vital: característica particular e única existente apenas em organismos vivos pensamento místico em círculos acadêmicos Desenvolvimento da bioquímica e da genética Tentativa de explicar a vida em bases físicas Trazer o rigor das ciências exatas para as ciências biológicas Objetivo alcançado com a biologia molecular Estudos do fim do sec. XIX e início do sec. XX mostram que apenas as forças químicas das moléculas inanimadas é capaz de explicar a constituição dos organismos vivos
SACO DE MOLÉCULAS? Organismos vivos são compostos de moléculas sem-vida O que distingue, então, um organismo vivo de um saco de moléculas? Complexidade e Organização Capacidade de extrair, transformar e utilizar a energia do ambiente Capacidade de replicação
DIVERSIDADE DOS ORGANISMOS
OLHANDO MAIS DE PERTO Por trás da diversidade anatômica existe uma incrível similaridade em nível celular e químico ORGANISMO Sistemas Órgãos Tecidos Células A LÓGICA MOLECULAR DA VIDA Poucas generalizações podem ser feitas para todos os organismos Proteínas Aminoácidos Polissacarídeos Organelas Moléculas Acidos Nucléicos Açúcares simples A, T, C e G
ALFABETO QUÍMICO Todos os organismos vivos são constituídos a partir das mesmas unidades monoméricas A estrutura das macromoléculas é o que determina a sua função biológica Cada espécie apresenta um conjunto distinto de macromoléculas
VIDA E ABUNDÂNCIA DE ÁTOMOS 99% Seres Vivos C, H, O, N 1% Outros elementos 99% Crosta Terrestre C, H, N Outros elementos 1%
VIDA E ABUNDÂNCIA DE ÁTOMOS A maioria dos constituintes moleculares dos seres vivos são compostos de átomos de C ligados a outros átomos de C, H, O, N, P e S Se encontrássemos vida fora da Terra... Massa celular -- 99% CHON
BIOELEMENTOS Principais bioelementos C H O N P S Elementos presentes como íons Na K Mg Ca Cl Microelementos Fe Cu Zn Mn Co I Mo V Ni Cr F Se Si Sn B As
UM POUCO DE QUÍMICA Hidrogênio Água Átomo Número de elétrons não emparelhados Camada Completa Amônia 1 8 7 Metano 6 16 15 Sulfeto de Hidrogênio Ácido Fosfórico
TRÊS VIVAS PARA O CARBONO Corresponde a mais de 50% do peso seco das células Versatilidade na formação de ligações químicas Formação de cadeias lineares, cadeias ramificadas e estruturas cíclicas Compostos orgânicos moléculas que apresentam esqueletos de carbono covalentemente ligados
GRUPOS FUNCIONAIS EM MOLÉCULAS VIVAS
EXEMPLOS DE BIOMOLÉCULAS
BIOMOLÉCULAS Ácidos Nucleicos Armazenamento da informação genética Proteínas Enzimática Estrutural Transporte Hormônios Polissacarídeos Armazenamento Estrutura Lipídeos Armazenamento Estrutura Hormônios Características em comum: ALTO PESO MOLECULAR
ÁCIDOS NUCLEICOS DNA, RNA Armazenamento da informação genética Polímeros de nucleotídeos
DNA E RNA Polímeros de nucleotídeos Esqueleto de ribose-fosfato ligado às bases nitrogenadas
REPLICAÇÃO DO DNA O DNA é composto por uma dupla-hélice Replicação semi-conservativa: as bases presentes em uma das fitas contém toda a informação necessária para a síntese da nova fita A complementaridade das bases A = T, G = C As duas fitas do DNA são antiparalelas
EVOLUÇÃO POR MUTAÇÕES A modificação das moléculas de DNA ao longo do tempo (mutação) é um dos principais fatores evolutivos
DOGMA CENTRAL E TRADUÇÃO
PROTEÍNAS Moléculas mais importantes? Polímeros de aminoácidos Apenas 20 diferentes aminoácidos estão presentes nas moléculas biológicas Amino Carboxil
AMINOÁCIDOS
LIGANDO AMINOÁCIDOS
ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS
COMPOSTOS PRECURSORES Aminoácidos Proteínas Hormônios peptídeos Neurotransmissores Alcalóides Adenina Ácidos nucléicos ATP Coenzimas Ácido úrico
HIERARQUIA ESTRUTURAL
HIERARQUIA ESTRUTURAL Células Organelas Complexos supramoleculares Macromoléculas Núcleo Mitocôndria Complexo de Golgi Retículo endoplasmático Proteínas DNA/RNA Polissacarídeos Membrana Ribossomos Cromatina Microtúbulos Unidades Fundamentais Aminoácidos Glicose Adenina e outras bases Ácidos palmítico
AMINOÁCIDOS, PEPTÍDEOS E PROTEÍNAS
FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS Vagalume Enzima luciferase quebra a proteína luciferina na presença de ATP
Os aminoácidos Os aminoácidos presentes nas proteínas são isômeros L A biologia é canhota Glicina não tem isomeria óptica Carbono alfa
Grupo R apolar e alifáticos Aminoácidos apolares e hidrofóbicos Ligações de Van der Waals Ala, Val, Leu, Iso Interações hidrofóbicas Gly; menor aminoácido Met Possui átomo de enxofre Pro Iminoácido, menor flexibilidade estrutural
Grupo R aromáticos Aminoácidos hidrofóbicos Tirosina pode formar pontes de hidrogênio com a água Modificações póstraducionais Fosforilação do OH da tirosina Fenilalanina Mais apolar
Grupos R polares, não carregados Solubilidade intermediária em água Serina e treonina Grupos hidroxil Asparagina e glutamina Grupo amida Cisteína Grupo sulfidril Ligações dissulfeto
Grupos R carregados Aminoácidos básicos Carga positiva Lisina, segundo grupo amino Arginina, grupo guanidina Histidina, grupo aromático imidazol Aminoácidos ácidos Carga negativa Possuem segundo grupo ácido carboxílico
Aminoácidos incomuns Modificações pós-traducionais 4-hidroxiprolina 5-hidroxilisina 6-N-metil-lisina Gama-carboxiglutamato Fosforilação de resíduos Selenocisteína Selênio ao invés de enxofre na Cys É adicionado durante a tradução por mecanismo específico e regulado
ph e pka Constantes de dissociação dependem do ph do meio e são diferentes para diferentes moléculas Ionização < ph; > [H] + estado não-ionizado
Aminoácidos são ionizáveis Substâncias anfóteras: possuem natureza dual Podem funcionar assim como ácidos ou bases Doam ou recebem prótons
Titulação de um aminoácidos pka: tendência de um grupo fornecer um próton ao meio Aminoácidos podem perder até 2 prótons para o meio Conclusão: a função das proteínas depende do ph ao qual estão submetidas
Curvas de titulação predizem a carga elétrica dos aminoácidos Alguns aminoácidos podem ter átomos ionizáveis também em sua cadeia lateral
Polipeptídeo >Insulina [Homo sapiens] MALWMRLLPLLALLALWGPDPAAAFVN QHLCGSHLVEALYLVCGERGFFYTPKT RREAEDLQVGQVELGGGPGAGSLQPLA LEGSLQKRGIVEQCCTSICSLYQLENY CN
Peptídeos tbm são ionizáveis Ou seja, possuem curva de titulação característica Funcionam em faixas de ph ótimas
Número de resíduos por proteína
Uso de aminoácidos Varia bastante entre as proteínas Não permite predizer com precisão o comportamento molecular da molécula
Proteínas com outros grupos químicos Adicionados pós-traducionalmente
Proteínas podem ser separadas e purificadas Sabendo que a célula possui milhares de proteínas, como purificar uma única delas? Basta selecionar por propriedade Tamanho, carga e propriedades de ligação Obter o extrato bruto correr em cromatografia de coluna Fase estável (matriz) Fase móvel (solução com tampão) Coluna maior permite maior resolução na separação
Cromatografia por troca iônica Polímero carregado negativamente Proteínas positivas ligam ao polímero e demoram mais a ser eluídas da coluna Afinidade da proteína é definido também pelo ph
Cromatografia por exclusão de tamanho Grânulos porosos na matriz seguram as moléculas menores Moléculas grandes não entram nos poros e são eluídas primeiro
Cromatografia de afinidade Adiciona-se à matriz da coluna algum tipo de molécula ligante da molécula de interesse Molécula ligadora de ATP; adiciona-se ATP à matriz Elui-se com solução de ATP
Eletroforese -- Histórico 1952, Markham and Smith Ao estudarem hidrólise de RNA percebem que moléculas de diferentes estruturas têm sua mobilidade diferenciada quando aplicadas num papel e submetidas a um campo elétrico 1955, Smithies Géis de amido funcionam bem para separar proteínas do soro humano 1967, Loening Géis de acrilamida com maior resolução e permitem separar ainda moléculas grandes de DNA Tenho que ir senão vou perder meu gel Vou ali correr um gelzinho e já volto 1980, Schwartz and Cantor Eletroforese em campo pulsado separa fragmentos enormes É hoje impossível imaginar um laboratório de biomol sem eletroforese acontecendo a todo instante...
Eletroforese Movimento de partículas dispersas num fluído sob influência de um campo elétrico uniforme DNA, carga negativa Tem tendência a se dirigir ao polo positivo quando sujeito a um campo elétrico Serve para separar moléculas por tamanho/carga elétrica Proteína deve ser desnaturada com detergente (SDS) Técnica utilizada à exaustão em trabalhos de biologia molecular
Eletroforese, etapas 1.Preparação do gel 2.Aplicação das amostras 3.Eletroforese 4.Coloração 5. Análise dos resultados
Aplicação das amostras Definição do mapa das amostras por canaleta
Corrida do gel Aplicação do campo elétrico Fonte elétrica gera fluxo de íons através da solução tampão Terminais positivo e negativo Tempo adequado, senão o DNA sai do gel
Coloração das moléculas Prata Gel SDS-PAGE PoliAcrilamide Gel Electrophoresis Melhor resolução Coomassie blue, etc Brometo de etídio Agente intercalante do DNA Cancerígeno! Composto fluorescente à luz UV Gel de agarose
Eletroforese de um resultado de cromatografia
O marcador de peso molecular Comprado de uma empresa Possui proteínas de peso molecular bem conhecido Permite saber o peso molecular da(s) proteína(s) presente(s) numa amostra