CONDUTAS FARMACOLÓGICAS ADOTADAS NA SALA DE EMERGÊNCIA PARA PACIENTES VÍTIMAS DE TRAUMA

Documentos relacionados
Áquila Lopes Gouvêa Enfermeira da Equipe de Controle de Dor Instituto Central do Hospital das Clínica da Faculdade de Medicina da USP

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

Relação entre a gravidade do trauma e padrões de analgesia utilizados em acidentados de transporte

Atuação da enfermagem no transporte e remoção de paciente em urgência e emergência. Profº. Enfº Diógenes Trevizan

ANÁLISE DA AVALIAÇÃO DA DOR NOS REGISTROS DE ENFERMAGEM DE PACIENTES VÍTIMAS DE TRAUMA

Universidade Estadual de Maringá- UEM Universidade Estadual de Maringá-UEM

SEGURANÇA NA PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS. Facilitadora: Enf. Daniella Honório

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM EM UTI E URGÊNCIA/ EMERGÊNCIA

I Workshop dos Programas de Pós-Graduação em Enfermagem PERFIL DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS EM UM HOSPITAL DO SUL DE MINAS GERAIS

Análise da demanda de assistência de enfermagem aos pacientes internados em uma unidade de Clinica Médica

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

PREMISSA DO ATENDIMENTO RESOLUTIVO

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO GRUPO INTERDISCIPLINAR DE SUPORTE ONCOLÓGICO

2 MATERIAIS E MÉTODOS

GRUPO DE ORTOGERIATRIA

INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS E DOMISSANITÁRIOS EM IDOSOS: DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS ( )

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Prof. Adélia Dalva

Tipo Documental PoliticaAssistencial Título Documento Código Amarelo Neonatal Morumbi

PRODUÇÃO TÉCNICA DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL DIDÁTICO OU INSTRUCIONAL

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE

Análise de erro de medicação sob a ótica de auxiliares/técnicos de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva

ESTUDO RETROSPETIVO: AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM DO UTENTE SUBMETIDO A PROCEDIMENTO ENDOSCÓPICO COM SEDAÇÃO/ANESTESIA GERAL

Titulo do trabalho: INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS EM IDOSOS NA REGIÃO NORDESTE NO PERÍODO DE 2001 A 2010

SEGURANÇA DO PACIENTE: EXECUÇÃO DE AÇÕES APÓS O PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ENDOVENOSOS EM PEDIATRIA

Vigilância de Causas externas

MORTALIDADE POR ACIDENTE DE TRÂNSITO ENTRE JOVENS EM MARINGÁ-PR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Boletim Informativo dos Acidentes de Trabalho e Serviço Atualização ( )

AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TRAUMA DO NORDESTE DIA 23 DE MAIO DE 2019 HORÁRIO TELA CÓDIGO TÍTULO

Vigilância de Causas externas

ESTUDO EPIDEMILOGICO DO ÍNDICE DE PACIENTES IDOSOS COM TRAUMATISMO CRANIO-ENCEFÁLICO INTERNADOS EM UM HOSPITAL DO OESTE DO PARANÁ NO ANO DE 2009

INTOXICAÇÃO EM IDOSOS REGISTRADAS PELO CEATOX CG ( ): ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

Opioides: conceitos básicos. Dra Angela M Sousa CMTD-ICESP

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Vigilância de Causas externas

de Estudos em Saúde Coletiva, Mestrado profissional em Saúde Coletiva. Palavras-chave: Reações adversas, antidepressivos, idosos.

PROTOCOLO CÓDIGO AZUL E AMARELO

Atraso na admissão hospitalar de pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico: quais fatores podem interferir?

RESULTADO DE AVALIAÇÕES DAS REUNIÕES PLENÁRIAS DO CEP - CESUMAR ATÉ O DIA 14/12/2012

Boletim Informativo dos Acidentes de Trabalho e Serviço Atualização ( )

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Farmácia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) 2

ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NA UPA E CORPO DE BOMBEIRO. Maria Inês Lemos Coelho Ribeiro 1 RESUMO

INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA NA TERCEIRA IDADE: UMA VULNERABILIDADE?

ANÁLISES DE REAÇÕES ADVERSAS A ANTIBIÓTICOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALCIDES CARNEIRO

ENFERMAGEM SAÚDE DO IDOSO. Aula 5. Profª. Tatiane da Silva Campos

TRAUMA EM IDOSOS ATENDIDOS POR UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

AS QUEDAS SOFRIDAS PELOS IDOSOS: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

PEROTTO, Fabiana 2 ; BARROSO,Lidiane Bittencourt 3 ; WOLFF, Delmira Beatriz 4

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

PESQUISA BIBLRÁFICA SOBRE ACIDENTES DE TRÂNSITO

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

Dolamin clonixinato de lisina 125 mg. Forma farmacêutica e apresentação Comprimidos revestidos - Embalagem com 16 comprimidos USO ADULTO VIA ORAL

CARACTERIZAÇÃO DE LESÕES DE PELE EM UM CENTRO DE TRATAMENTO INTENSIVO ADULTO DE UM HOSPITAL PRIVADO

ANÁLISE DESCRITIVA DA MORBIMORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS NO BRASIL

Álcool e Drogas na Terceira Idade. UNIAD/UNIFESP Elton Pereira Rezende GERP.13

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE

Gilmara Noronha Guimarães 1 Rafaela Campos Emídio 2 Rogério Raulino Bernardino Introdução

AVALIAÇÃO DA DOR E ANALGESIA NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR EM PACIENTES DE TRAUMA

DOR CRÔNICA E ENVELHECIMENTO

CURSO DE ENFERMAGEM Reconhecido pela Portaria nº 270 de 13/12/12 DOU Nº 242 de 17/12/12 Seção 1. Pág. 20 PLANO DE CURSO

ENFERMAGEM FRENTE A IMOBILIZAÇÃO DE FRATURAS DE MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES EM UM PRONTO ATENDIMENTO DA REGIÃO NORTE DO PARANÁ

CONCEITUAÇÃO DE URGÊNCIA. Enfª Senir Amorim

FACULDADE ICESP INTEGRADAS PROMOVE DE BRASÍLIA PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

10 FATOS SOBRE A SEGURANÇA DO PACIENTE

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS POTENCIAIS GRAVES COM AMITRIPTILINA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS DE BOA VISTA/RR

PREVALENCIA DAS DOENÇAS CRONICAS NÃO-TRANSMISSIVEIS EM IDOSOS NO ESTADO DA PARAIBA

Em relação aos tipos de estudos existentes na pesquisa clínica, julgue os próximos itens.

PRINCIPAIS ANALGÉSICOS E ADJUVANTES, USADOS NO TRATAMENTO DA DOR EM PACIENTES ONCOLÓGICOS

CRITÉRIOS DE ADMISSÃO, ALTA E TRANSFERÊNCIA DA UNIDADE DE APOIO PSIQUIÁTRICO (UAP) DO NÚCLEO DE MEDICINA PSICOSSOMÁTICA E PSIQUIATRIA

ADESÃO MEDICAMENTOSA DOS IDOSOS E A IMPORTÂNCIA DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Resultados da Validação do Mapeamento. Administrar medicamentos vasoativos, se adequado.

ESTUDO DO PERFIL LIPÍDICO DE INDIVÍDUOS DO MUNICÍPIO DE MIRANDOPOLIS/SP

IDOSOS VÍTIMAS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO E VIOLÊNCIA ATENDIDOS POR UM SERVIÇO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL

GERENCIAMENTO da Atenção Domiciliar P.G.A.D.

Urgência e emergência na atenção primária. Enfª Karin Bienemann

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

Farmácia Clínica Farmácia Clínica

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA SOBRE MEDIDAS DE CONTROLE DE INFECÇÃO

DOR PROTOCOLO DO TRATAMENTO CLÍNICO PARA O NEUROLOGISTA. Laura Sousa Castro Peixoto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESDADO DO RIO DE JANEIRO - UNIRIO Hospital Universitário Gaffrée e Guinle - HUGG

PERFIL DE USUÁRIOS DE PSICOFÁRMACOS ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO DO SUL DO BRASIL

Traumatismos decorrentes de acidentes automobilísticos

RELAÇÃO ENTRE O PADRÃO DE ANALGESIA E REGIÃO CORPÓREA EM PACIENTES DE TRAUMA a

Análise da administração de medicamentos intravenosos pela enfermagem: uma prática segura.

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS CONGÊNITA EM PALMAS - TOCANTINS.

LEGISLAÇÃO NO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS. Enfermeira :Mauriceia Ferraz Dias

Farmacovigilância: notificar é preciso

RELATÓRIO DE GESTÃO 2012 CFT COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA

Estudo Compara Efeitos da Morfina Oral e do Ibuprofeno no Manejo da Dor Pós- Operatória

EDITAL DE RETIFICAÇÃO AO EDITAL N 001/2013

PREVENÇÃO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS GRAVES CÓDIGO AMARELO. Data Versão/Revisões Descrição Autor

Tipo de Apresentação: Pôster. Resumo:

Unidade: Atuação do enfermeiro em Terapias complementares. Revisor Textual: Profa. Dr. Patricia Silvestre Leite Di Iorio

RESULTADO DOS TRABALHOS APROVADOS PARA A V SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ADMINISTRAÇÃO

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE

Fármaco 25/10/2015. Estudo da interação de drogas com. organismos vivos Propriedades dos medicamentos e seus efeitos nos seres vivos

Drogas que atuam no sistema cardiovascular, respiratório e urinário

ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DE IDOSOS COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO-TRANSMISSÍVEIS: NOTA PRÉVIA

Transcrição:

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN 978-85-8084-055-1 CONDUTAS FARMACOLÓGICAS ADOTADAS NA SALA DE EMERGÊNCIA PARA PACIENTES VÍTIMAS DE TRAUMA Elen Ferraz Teston 1, Danielle Satie Kassada 1 RESUMO: Trata-se de um estudo prospectivo, com abordagem quantitativa, que objetivou identificar quais condutas medicamentosas foram tomadas no atendimento ao paciente vítima de trauma por causas externas com dor, acima de 18 anos, no período de 1 a 30 de junho de 2010 e que se mantiveram em observação por no mínimo 06 horas no pronto socorro do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina. A técnica de coleta de dados utilizada foi documental, por meio da análise da ficha de atendimento ambulatorial e emergencial, considerando a primeira prescrição médica contida nos prontuários desses pacientes, enquanto ainda estavam internados. A análise dos dados visou identificar o perfil da demanda nos dados referente ao tipo de trauma sofrido, idade, sexo, nome do medicamento, dosagem, via utilizada para medicação e periodicidade. A pesquisa foi realizada com 205 prontuários de pacientes, dos quais 77,56% (159) eram do sexo masculino e 22,44% (46) do sexo feminino. Concluiu-se que 59,51% dos pacientes não receberam nenhum tipo de medicação e 40,49% receberam opióide forte (Morfina). Fica evidente a necessidade de criação de protocolos de analgesia para o cenário de emergência e urgência. PALAVRAS-CHAVES: Analgesia; Emergência; Trauma. 1 INTRODUÇÃO A dor é uma das principais conseqüências no paciente vítima de trauma e as suas repercussões são identificadas como potencialmente prejudiciais para o organismo. Embora frequente a dor no traumatizado, pouca atenção tem sido concedida no que se refere ao controle álgico (RIBEIRO, 2010). Os principais motivos citados na literatura para o inadequado controle da dor no setor de emergência são as repercussões orgânicas do processo álgico intenso subestimadas por médicos e enfermeiros; a desinformação sobre as técnicas disponíveis e sobre a farmacologia das drogas analgésicas; condições do local do acidente e do setor de emergência adversas a esse tipo de tratamento e a administração precoce de analgésicos podendo mascarar um indício valioso para o diagnóstico etiológico (CALIL, 2007; TEIXEIRA, 1995). A dor é um mecanismo fisiológico que pode ter natureza térmica, mecânica ou química. Nesse mecanismo, estão presentes complexas reações que resultam na liberação de diversas substâncias químicas (bradicinina, histamina, prostaglandinas, entre outras) responsáveis por desencadear a transmissão do impulso doloroso (PIMENTA, 2006). Além disso, a dor aguda pode levar a respostas como a elevação da pressão 1 Enfermeiras, Mestrandas em Enfermagem da UEM. elen-1208@hotmail.com; danikassada@hotmail.com

arterial, o aumento das frequências cardíaca e respiratória, entre outras, que pode resultar em hipoventilação, aumento do trabalho cardíaco e diminuição da perfusão sangüínea periférica. Os objetivos prioritários do atendimento ao traumatizado são a estabilidade da coluna cervical, melhorar a perfusão tissular, controlar o quadro hemorrágico, manter parâmetros vitais estáveis (ACS, 2006). Entretanto, a adequada avaliação, o controle e alívio da dor deveriam também constituir parte vital do atendimento ao acidentado, visando contribuir para a manutenção de funções fisiológicas básicas e evitar os efeitos colaterais nocivos advindos da permanência da dor, além de proporcionar um atendimento humanizado. Neste contexto, o presente estudo busca identificar a conduta terapêutica usada para o tratamento da dor em pacientes vítimas de trauma. 2 MATERIAL E MÉTODOS Estudo prospectivo com abordagem quantitativa, realizado em Londrina, Paraná, junto a 205 pacientes vítimas de trauma por causas externas, internados no Pronto Socorro do Hospital Geral de ensino de Londrina. Estes pacientes deveriam possuir idade acima de 18 anos e terem sido mantidos em observação por no mínimo 06 horas no período de 01 a 30 de Junho de 2010. A técnica de coleta de dados utilizada foi a documental, por meio da análise de atendimento ambulatorial e emergencial, além da primeira prescrição médica contida nos prontuários desses pacientes nesse período. Objetivando coletar informações e identificar o perfil da demanda, foram analisados alguns parâmetros dos prontuários como o tipo de trauma sofrido, idade, sexo, nome do medicamento, via utilizada para medicação e periodicidade. Para a análise e interpretação dos dados utilizou-se o software Excel para tratamento estatístico descritivo. O estudo obedeceu aos preceitos éticos de pesquisa com seres humanos disciplinados pela Resolução 196/96, sendo aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Londrina sob o parecer nº074/2010. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O hospital em estudo apresentou no período de 1 a 30 de junho de 2010, um total de 218 internações de pessoas com mais de 18 anos vítimas de trauma por causas externas. Entretanto, houve uma perda de 13 prontuários, pois não constavam a ficha de atendimento ambulatorial e emergência. Sendo assim, a pesquisa foi realizada com 205 prontuários de pacientes, dos quais 77,56% (159) são do sexo masculino. Esse perfil é conseqüência, provavelmente, da maior exposição masculina no trânsito e de comportamentos determinados social e culturalmente, que os fazem assumir maiores riscos na condução de veículos, como por exemplo, a direção com maior velocidade, a realização de manobras mais arriscadas, uso de álcool, entre outros (ANDRADE, 2000). Foi identificado que do total de homens e mulheres, o maior percentual de traumatizados foi entre 18 e 28 anos com 31,22% (equivalente a 64 dos casos). A terceira década de vida foi a mais atingida, o que se assemelha com outros estudos (FREIRE, 2001). Este fato pode estar relacionado a alguns fatores tais como pertencer à faixa etária mais produtiva da vida, praticar esportes com maior freqüência, estar vinculado à atividades de combate e o maior consumo de bebidas alcoólicas (PORTELA et al., 2007). As quedas em idosos ocorrem no domicílio, são de baixa altura, ocorrem durante as atividades cotidianas e representam 14% do total de quedas (BARBOSA &

NASCIMENTO, 2001). Esse fato pode ser demonstrado nesse estudo, pois cerca de 16% dos idosos foram as vítimas de trauma. Identificamos que em relação as medicações prescritas para alívio da dor os analgésicos não opióides foram o de maior ocorrência (28 dos casos), conforme podemos observar na Tabela 1. Tabela 1. Medicações prescritas para pacientes vítimas de trauma por causas externas (HURNP). Londrina-PR, 2010. MEDICAÇÃO N PRONTUÁRIOS % ANALGESICO NAO OPIOIDE ANTIINFLAMATORIO NAO ESTEROIDE 28 13,66% 05 2,44% OPIÓIDE FRACO 18 8,78% OPIÓIDE FORTE 01 0,49% MAIS DE 1 MEDICAÇÃO ASSOCIADA NENHUMA MEDICAÇÃO 31 15,12% 122 59,51% TOTAL 205 100% Fonte: Dados coletados em uma unidade de emergência do Hospital de ensino Londrina. Em relação às condutas medicamentosas tomadas no atendimento ao paciente traumatizado com dor, o menor percentual de medicações prescritas foi opióide forte (morfina) e antiinflamatório não esteróide (tenoxicam), ambos 0,48% (1). E o maior percentual foi nenhuma medicação prescrita, 59,51% (122). A tabela 2 mostra que somente 0,48%, ou seja, uma pessoa recebeu opióide forte para dor e que, muito embora existam as associações clássicas de analgésicos e adjuvantes utilizadas no tratamento antiálgico com o objetivo de maximizar a eficácia terapêutica (SECOLI, 2010) apenas 15,12% (31) receberam mais de uma medicação associada. Relatos na literatura apontam a utilização de opióides forte como o fármaco ideal necessário para o tratamento de dor intensa e fraca para a dor moderada. Estas,são os tipos de dores mais comuns no setor de emergência, devido as situações como lesões, fraturas, contusões, entorses e amputação-traumática, que podem causar situações potencialmente dolorosas (KELLY, 2001). No Brasil, os opióides com ação analgésica mais potente são pouco utilizados por parte dos médicos no setor de emergência. Hoje a sua utilização é maior pelos médicos especialistas em dor, neurologistas e anestesiologistas (Amaral, 2003). Tal fato pode estar relacionado ao paradigma da dependência associado a essas drogas, fator que não encontra relação com o uso em dor aguda no setor de emergência, e também ao

desconhecimento e receio na utilização desses medicamentos por parte dos profissionais de saúde (CALIL, 2005). A via mais utilizada para administração de medicamentos antiálgicos foi a via endovenosa, com 37,07%. Na via endovenosa, o medicamento ou a solução é absorvido imediatamente, e a reposta do cliente também é imediata. A biodisponibilidade instantânea transforma a via EV na primeira opção para ministrar medicamentos durante uma emergência. Como a absorção pela corrente sanguínea é completa, grandes doses de substâncias podem ser fornecidas em fluxo contínuo. 4 CONCLUSÃO A associação entre maior gravidade do trauma e uso de analgésicos mais potentes pode ser evidente, contudo, não foi encontrado na literatura nacional, material que comprovasse essa associação. Portanto, fica explícita a necessidade de contínuas investigações na área de dor e analgesia no setor de emergência. Nesse sentido, espera-se a conscientização dos profissionais da sala de emergência quanto a importância de treinamentos relacionados ao quinto sinal vital para o controle álgico desses pacientes, estimulando a equipe a registrar relatos de dor e medidas adotas para o alivio desta. Além disso, sugere-se a realização de novos estudos para uma possível padronização da assistência ao traumatizado nos cenários intra e préhospitalar, sugerindo que nos protocolos de atendimento também se inclua a avaliação e tratamento da dor. REFERÊNCIAS American College of Surgeons (ACS). Committee on Trauma. Suporte Avançado de Vida no Trauma - SAVT. Programa para Médicos. Trad. do Programa ATLS. São Paulo; 2006. ANDRADE, S.M.; JORGE, M.H.P.M. Características das vítimas por acidentes de transporte terrestre em município da Região Sul do Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 2, Apr., 2000. BARBOSA, M.L.J.; NASCIMENTO, E.F.A. Incidência de Internações de Idosos por motivo de quedas, em um Hospital Geral de Taubaté. Rev. biociênc.,taubaté, v.7, n.1, p.35-42, jan.-jun.2001. CALIL, A.M.; PIMENTA, C.A.M. Relação entre a gravidade do trauma e padrões de analgesia utilizados em acidentados de transporte. Rev. esc. enferm. USP, v.43, n.2, p.328-334,jun. 2009 KELLY, A.M. A process approach to improving pain management in the emergency department: development and evaluation. J Accid Emerg Med. 2001;18(4):321-2. PIMENTA, C.A.M.; KURITA, G.P. Dor aguda e crônica: avaliação e controle.in: Koizumi MS, Diccini S, organizadoras. Enfermagem em neurociência: fundamentos para a prática clínica. São Paulo:Atheneu; 2006. p. 509-25. PORTELA, C.A.S.; FERNÁNDEZ, J.C.R.; ARIAS, L.E.R.; RODRÍGUEZ, L.S.; ARTEAGA, Y.D. Morbilidad y mortalidad por traumatismo abdominal. Rev Cubana Cir, v.46, n.3. 2007.

RIBEIRO N.C.A; BARRETO S.C.C; HORA, E.C; SOUSA, R.M.C. O enfermeiro no cuidado à vítima de trauma com dor: o quinto sinal vital. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(1):146-52 TEIXEIRA, M. J.; CORREA, C. F.; PIMENTA, C.A. M. Dor: Conceitos gerais. São Paulo; Limay, 1994.