O TREINAMENTO PLIOMÉTRICO MELHORA O DESEMPENHO DA SAÍDA DE BLOCO DE NADADORES



Documentos relacionados
O TREINAMENTO PLIOMÉTRICO MELHORA O DESEMPENHO DA SAÍDA DE BLOCO DE NADADORES *

Desempenho em testes de velocidade de nadadores velocistas treinados com parachute

VELOCIDADE, AGILIDADE, EQUILÍBRIO e COORDENAÇÃO VELOCIDADE

PREPARAÇÃO FÍSICA ARBITRAGEM FPF Fedato Esportes Consultoria em Ciências do Esporte

Confederação Brasileira de Voleibol PREPARAÇÃO FÍSICA Prof. Rommel Milagres SAQUAREMA Dezembro 2013

Corrida de Barreiras. José Carvalho. Federação Portuguesa de Atletismo

OS EFEITOS DO TREINAMENTO FORÇA SOBRE A POTÊNCIA E A VELOCIDADE EM ATLETAS DE FUTSAL DA CATEGORIA ADULTO MASCULINO.

Período de Preparação Período de Competição Período de Transição

INFLUENCIA DA FLEXIBILIDADE NO SALTO VERTICAL EM ATLETAS DE VOLEIBOL MASCULINO

EFEITOS DE DIFERENTES INTERVALOS RECUPERATIVOS NO NÚMERO DE REPETIÇÕES NO EXERCICIO SUPINO RETO LIVRE Marcelo dos Santos Bitencourt

SAÍDA DE AGARRE X SAÍDA DE ATLETISMO: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS SAÍDAS DE AGARRE E ATLETISMO NAS PROVAS DE NATAÇÃO.

ANEXO VII PROCEDIMENTOS DA AVALIAÇÃO DE APTIDÃO FÍSICA 1. TESTE DE BARRA FIXA

MASSA CORPORAL E EQUILÍBRIO CORPORAL DE IDOSOS

PERIODIZAÇÃO APLICADA AO TREINAMENTO FUNCIONAL

Força e Resistência Muscular

A PLANIFICAÇÃO DO TREINO DA FORÇA NOS DESPORTOS COLECTIVOS por Sebastião Mota

CONCURSO PÚBLICO DE ADMISSÃO AO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

MÉTODO ADAPTATIVO. Nos métodos adaptativos, no entanto, juntamente com o exercício, associa-se um outro fator: a diminuição de oxigênio.

Diminua seu tempo total de treino e queime mais gordura

A CIÊNCIA DOS PEQUENOS JOGOS Fedato Esportes Consultoria em Ciências do Esporte

3.2 Descrição e aplicação do instrumento de avaliação

TÍTULO: MAGNITUDES DE FORÇA PRODUZIDA POR SURFISTAS AMADORES CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: EDUCAÇÃO FÍSICA

TRIPLO SALTO VELOCIDADE FORÇA OUTRAS VELOCIDADE EXECUÇAO (MOV. ACÍCLICO) FORÇA RESISTÊNCIA HIPERTROFIA CAPACIDADE DE ACELERAÇÃO EQUILÍBRIO

POLIMENTO: O PERÍODO COMPETITIVO DA NATAÇÃO *

CIRCUITO TREINO * O fator especificador do circuito será a qualidade física visada e o desporto considerado.

CURSO TREINAMENTO PLIOMÉTRICO

07/05/2013. VOLEIBOL 9ºAno. Profª SHEILA - Prof. DANIEL. Voleibol. Origem : William Morgan 1895 ACM s. Tênis Minonette

Leis de Conservação. Exemplo: Cubo de gelo de lado 2cm, volume V g. =8cm3, densidade ρ g. = 0,917 g/cm3. Massa do. ρ g = m g. m=ρ.

AVALIAÇÃO FÍSICA O QUE PODEMOS MEDIR? PRAZOS PARA REAVALIAÇÃO.

Bateria de Medidas e Testes. Centros de Formação de Jogadores Federação Portuguesa de Voleibol

Projeto Esporte Brasil e a Detecção do Talento Esportivo: Adroaldo Gaya CENESP/UFRGS

Protocolo em Rampa Manual de Referência Rápida

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DA ANTROPOMETRIA REALIZADA NA ATENÇÃO BÁSICA

1 Aluno Curso de Educação Física,UFPB 2 Professor Departamento de Educação Física, UFPB 3 Professor Departamento de Biofísica e Fisiologia, UFPI

Desenvolvimento da criança e o Desporto

ANÁLISE DAS CARGAS E MÉTODOS DE TREINAMENTO UTILIZADOS NA PREPARAÇÃO FÍSICA DO FUTSAL FEMININO AMAZONENSE

Treino em Circuito. O que é?

O IMPACTO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE

RESUMOS SIMPLES...156

Departamento de Educação Física e Desporto

Orientações para montagem

MÉTODOS DE TREINAMENTO INTERVALADOS 2 COMPONENTES DO MÉTODO DE TREINO INTERVALADO

salto em distância. Os resultados tiveram diferenças bem significativas.

RESUMO PARA O CONGRESSO AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2011

Pesquisa Semesp. A Força do Ensino Superior no Mercado de Trabalho

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA A NATAÇÃO *

Exemplos de aplicação das leis de Newton e Conservação do Momento Linear

A PLIOMETRIA por Sebastião Mota

A tabela abaixo mostra os três níveis de acompanhamento oferecidos e como é composto cada um desses níveis, como segue:

VALÊNCIAS FÍSICAS. 2. VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO: Tempo que é requerido para ir de um ponto a outro o mais rapidamente possível.

ANÁLISE DAS RESPOSTAS NEUROMUSCULARES DOS EXTENSORES DO JOELHO APÓS PROGRAMA DE EXERCÍCIO RESISTIDO COM CONTRAÇÕES RECÍPROCAS

Bases Metodológicas do Treinamento Desportivo

VOLEIBOL. 11. O Jogador que executa o saque, deve estar em qual posição? 1) Em que ano foi criado o voleibol? a) a) posição número 6.

SUGESTÕES DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO FISICO PARA OS CANDIDATOS AOS CURSOS DE OPERAÇÕES NA SELVA

RESULTADOS DE OUTUBRO DE 2013

Programa de Formação Esportiva Escolar COMPETIÇÕES DE ATLETISMO. Fase escolar

Pilates e Treinamento Funcional

PROGRAMA ATIVIDADE MOTORA ADAPTADA

A Proposta da IAAF 03. Campeonato para anos de idade 03. Formato da Competição 04. Organização da Competição 05.

CAPITULO III METODOLOGIA

Corrida com Barreiras

PLIOMETRÍA PRINCÍPIO DE EXECUÇÃO DO TRABALHO EXCÊNTRICO- CONCÊNTRICO

ANÁLISE BIOMECÂNICA DO SALTO SOBRE A MESA: RELAÇÃO ENTRE O TIPO DE SALTO E SEUS PARÂMETROS CINEMÁTICOS

DESCRIÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESFORÇO FRENTE ÀS MODIFICAÇÕES DE REGRAS EM JOGOS-TREINO NO BASQUETEBOL.

Os princípios fundamentais da Dinâmica

COLÉGIO MATER DEI MANUAL DE TESTES DE AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA

Movimentação de Campo

10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

MEDIDAS DA FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR

Sumário. Prefácio... xi. Prólogo A Física tira você do sério? Lei da Ação e Reação... 13

Portal da Educação Física Referência em Educação Física na Internet

Universidade Estadual de Maringá CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FISICA. Justificativa: Taxa = 1,34 kw/m 2 Energia em uma hora = (1,34 kw/m 2 ).(600x10 4 m 2 ).(1 h) ~ 10 7 kw. v B. v A.

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa XXXVI CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA DO TRABALHO. Clique para editar os estilos do texto

A BÚSSOLA COMO INSTRUMENTO DE ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO GEOGRÁFICO

BIKE PERSONAL TRAINER O TREINO DE CICLISMO DEPOIS DOS 50 ANOS

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PARECER DOS RECURSOS

Estudaremos aqui como essa transformação pode ser entendida a partir do teorema do trabalho-energia.

ser alcançada através de diferentes tecnologias, sendo as principais listadas abaixo: DSL (Digital Subscriber Line) Transmissão de dados no mesmo

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ADULTOS E IDOSOS EM UMA UBS DE APUCARANA-PR

GINÁSTICA LABORAL Prof. Juliana Moreli Barreto

Código: FISAP Disciplina: Física Aplicada Preceptores: Marisa Sayuri e Rodrigo Godoi Semana: 05/11/ /11/2015

Associação Paralelo Ativo e Passivo Vantagens e Benefícios

FACCAMP - FÍSICA MECÂNICA

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE RUGBY

PREFEITURA MUNICIPAL DE CHOPINZINHO PR SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE GESTÃO

ANÁLISE DE FALHAS EM CADEIRAS COM AJUSTE DE ALTURA POR PISTÃO PNEUMÁTICA

Organização do treino de Badminton

TREINAMENTO PLIOMÉTRICO PARA CORREDORES

XVII CLINIC Análise de Indicadores de Força Explosiva de Potência e de Resistência de Força Explosiva em Judocas Juniores vs.

Colégio dos Santos Anjos Avenida Iraí, 1330 Planalto Paulista A Serviço da Vida por Amor

Eletroestimulação. ELETROESTIMULAÇÃO (Histórico) O que é??? FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR E CONDUÇÃO NERVOSA

A, B Preto, Branco etc.

O QUE É TREINAMENTO FUNCIONAL? Por Artur Monteiro e Thiago Carneiro

Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da

ANÁLISE DA QUALIDADE TÉCNICA DO SAQUE EM ATLETAS DE VOLEIBOL SENTADO

Exercícios além da academia

Plano de Exercícios Clinic ABL Antes e Depois do Treino com Bola

Qual o efeito da radiação solar na evaporação da água?

DIMENSÕES DO TRABAHO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE: O ENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÕES DE TRABALHO PRECOCE

Transcrição:

1 O TREINAMENTO PLIOMÉTRICO MELHORA O DESEMPENHO DA SAÍDA DE BLOCO DE NADADORES THE PLYOMETRIC TRAINING INCREMENTS THE SWIMMING STARTING PERFORMANCE DANILO S. BOCALINI RÉGIS M. P. ANDRADE PATRICIA T. UEZU RODRIGO NOLASCO DOS SANTOS FERNADA P. NAKAMOTO Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina bocalini@fcr.epm.br (Brasil) Resumo Apesar do treinamento pliométrico (TP) ser um bom método para o desenvolvimento da força não está bem definido o papel que TP exerce na performance da saída de borda de nadadores. Objetivo: verificar a influência do treinamento pliométrico (TP) no desempenho de saída de blocos de nadadores. Métodos: após 12 semanas de TP, 16 nadadores adultos federados, divididos em grupo controle (C=6) e treino (T=10) foram avaliados utilizando os testes de: 15 metros de natação (15m), impulsão horizontal (IH), impulsão vertical com auxilio (IVCA) e sem auxilio (IVSA). Resultados: somente no grupo T foram encontradas melhoras significativas após o TP em todos os indicadores de força analisados, em especial no teste de 15m o tempo de nado no grupo T (pré: 6,83 + 0,34; pós: 6,22 + 0,65 segundos) no grupo C (pré: 6,90 + 0,21; pós: 6,75 + 0,31 segundos). Conclusão: o programa de treinamento de pliometria se mostrou eficiente, proporcionando melhor desempenho na saída de bloco dos nadadores avaliados pelo teste de 15m. Palavras Chaves: treinamento, pliometria e performance. Abstract Plyometric training (PT) is a good method to improve the strength performance, but is not clear the role of PT exert at swimming start performance. Purpose: the aim of this study was to assess the influence of plyometric training in swimming starting performance. Methods: after a 12 week training, 16 swimmers were separate in two groups Control (C=6) and Trained (T=10) and evaluated to following tests: 15 meters swimming (15m), horizontal leap (HL), vertical leap with arms aid (VLW), vertical leap without arms aid (VLWA). Results: on the T group in all strength parameters were improved after training period. In special, about the 15 m the values were: in the T group (after:6,83 + 0,34; before:6,22 + 0,65 seconds) and C group (after: 6,90 + 0,21; before:6,75 + 0,31 seconds). Conclusion: the plyometric training program improves the swimming starting performance evaluated to 15m test. Keywords: training, plyometric training and performance Recebido em: 19/09/2006 Revisado em: 12/01/2007

2 Introdução Na natação competitiva, com o intuito de melhorar seu rendimento, técnicos e atletas buscam a melhora no seu desempenho não só por meio de sessões de treinos específicos dentro d água, mas também fora d água, afim de otimizar a performance (PICHON et al. 1995; SWANIC et al., 2002; SMITH et al., 2002; SMITH, 2003; PAPOTI at al., 2005). Nos programas de treinos tem-se procurado utilizar métodos econômicos e eficazes, porem de fácil aplicabilidade (MILER et al., 1984; SANTO et al., 1997; UGRINOWITSH e BARBANTI, 1998; MOURA, 1998; PAPOTI at al., 2005). O treinamento pliométrico (TP) assume-se como um método eficaz para otimizar a força muscular (KOMI, 1984; LUNDIN, 1985; CAVAGNA 1997), baseado em um conjunto de exercícios que permite o músculo atingirem um nível mais elevado de força explosiva fundamentado no ciclo de alongamento e encurtamento também conhecido como CAE, (FORD et al., 1983; CHIMERA et al., 2004). Esta ação provoca no músculo tendinoso um armazenamento de energia elástica que é liberada durante a contração concêntrica na forma de energia cinética transformando a força pura em força rápida (FORD et al., 1983; CAVAGNA, 1997; CHIMERA et al., 2004, LEES et al., 2004). Nas provas de velocidade de natação, uma das principais virtudes que um atleta deve desenvolver é à saída do bloco de partida, que além de contribuir como vantagem diante de seus adversários, irá melhorar sua propulsão de entrada na água e, consequentemente, melhor desempenho final. Estudos como o de MILER et al. (1984) e LEWIS (1980) e salientam que a saída é fundamental para um bom desempenho em competições, além de integrar duas vantagens: 1) Fator psicológico de estar à frente na prova; 2) O fato de estar nadando em águas mais calmas, o que aumenta a eficácia da braçada. Não está claro na literatura se o TP poderia melhorar o desempenho da saída de bloco de nadadores. Portanto, tendo em vista a importância de uma saída eficiente do bloco de partida o objetivo deste estudo foi avaliar a influência do TP na performance da saída de bloco de partida em nadadores. Material e métodos Amostragem Foram selecionados 16 nadadores do sexo masculino velocistas (provas de 50 metros) e divididos em dois grupos Controle (n:6) com media de idade de 23 + 2 anos e Treino (n:10) com media de idade de 25 + 1,5 anos, sendo todos federados, competindo em nível nacional há mais de um ano. A rotina de treinamento na água não foi alterada respeitando a fase da periodização da qual os nadadores encontravam-se, sendo a fase de base. O treinamento na fase atual constituía de seis sessões de treino semanais com duração de duas horas cada. De acordo com a resolução 196/96 do conselho Nacional de Saúde só foram admitidas ao estudo as participantes que deram o seu consentimento por escrito. Protocolo de treino pliométrico O programa de TP seguiu o modelo adaptado de Santo et al. (1997), conforme o quadro 1. Os atletas foram avaliados antes e após 12 semanas de treinamento. A rotina deste treino era realizada antes do treino aquático.

3 Quadro 1. Programa de treino pliométrico. Organização Treino 1 Treino 2 Treino 3 Tipo Treino de saltos Saltos em profundidade Saltos com cargas adicionais Duração 5 semanas 4 semanas 3 semanas Freqüência 3x/semana 3x/semana 3x/semana Series 2/3 ¾ 4 Pausa entre: Exercício/ Series Material Exercícios nº 1 25 /30 1 Banco sueco (alt.: 30cm); Barreiras (alt.: 50cm) 6 saltos laterais e sprint 60 /90 3 /4 Caixas de madeira (alt.: 40 cm e 70 cm) 60 /90 3 /4 Sacos de areia (8 Kg) Caixa de madeira (alt.: 40cm) 6 saltos 5 barreiras nº 2 15 saltos 6 saltos 8 saltos nº 3 Passada saltada 4 apoios cada pé 6 saltos 8 saltos (4laterais e 4 frontais) nº 4 5 barreiras 6 saltos 10 saltos nº 5 10 saltos nº 6 8 saltos (4 laterais e 4 frontais) Protocolos de avaliação Avaliação antropométrica: para avaliação da estatura foi utilizado um estadiômetro da marca Cardiomed, modelo WCS com precisão de 115/220 cm. A medida foi realizada com o cursor em angulo de 90 em relação a escala, sendo a estatura avaliada com o indivíduo sendo colocado na posição ostostática com os pés unidos, procurando pôr em contato com o instrumento de medida as superfícies posteriores do calcanhar, região occiptal e cinturas pélvica e escapular. Os avaliados foram instruídos a ficar em apnéia inspiratória e com cabeça orientada paralela ao solo. Para a massa corporal foi utilizada balança de marca Filizola, modelo Personal Line 150, com resolução de 100g e capacidade máxima de 150 kg e mínima de 2,5kg, com freqüência de 50/60Hz. O indivíduo avaliado foi colocado em pé de frente para a escala da balança com afastamento lateral dos pés ereto e com o olhar fixo á frente. O índice de massa corporal foi calculado pela equação: IMC= kg/m2. Força dos membros inferiores: para a avaliação da força dos membros inferiores foram utilizados os testes de impulsão horizontal, impulsão vertical com e sem auxilio, sendo estes testes já padronizados por Matsudo (1995). Teste dos 15 metros de natação: visando a especificidade de um teste para avaliar o desempenho da saída de borda, utilizamos o teste de 15 metros (SWANIC et al. 2002), tal distancia não permitiu que os nadadores do nível técnico do presente estudo utilizassem de maneira expressiva a ação motora de outros grupos musculares interferindo no resultado final do teste. Para sua realização o avaliado se posicionou no bloco de saída; ao sinal do avaliador o avaliado executou a saída e nadou de forma veloz até os 15 metros previamente

4 demarcados pelo avaliador, a partir da borda de saída. Todo o procedimento foi semelhante às condições encontradas durante a largada em uma competição. Todas as avaliações foram obtidas pela média de três realizações de cada avaliação especifica com intervalo de cinco minutos. Análise estatística Os dados são apresentados sob a forma de médias ± desvio padrão. Para efeito das comparações foi utilizado a ANOVA - Tukey com nível de significância estabelecido para as análises de p < 0,05. Para a analise da relação entre o tempo de nado e a distancia estabelecida no teste do salto horizontal foi utilizada a regressão linear. As análises foram realizados com auxílio do software estatístico GraphPad Prism 4.0 (GraphPad Softwares Inc., San Diego, CA, USA). Resultados Em relação aos dados antropométricos não foram observadas diferenças entre os grupos antes e depois do período de treinamento (tabela 1). Tabela 1. Dados relativos a variáveis antropométricas dos grupos. TREINO CONTROLE PRÉ PÓS PRÉ PÓS Peso (kg) 77 ± 4,45 a 78,2 ± 2,50 a 73 ± 3,41 a 74 ± 1,2 a IMC (kg/m 2 ) 24,6 ± 3,2 a 23,6 ± 0,08 a 22,9 ± 4,2 a 2,15* ± 0,08 a Valores expressos em média ± desvio padrão da media relativo à comparação entre os testes pré e pós-treinamento em ambos os grupos. Letras minúsculas iguais indicam médias sem diferenças estatisticamente significantes (p 0,05). Letras minúsculas diferentes indicam médias estatisticamente diferentes (p 0,05). Como era esperado, na avaliação da força dos membros inferiores, o grupo T atingiu valores estatisticamente mais elevados em todas as variáveis analisadas em relação ao grupo C (tabela 2). Chama a atenção que para o salto horizontal o grupo T teve um aumento de 21% em relação ao pré-teste, já para os demais testes 15% de aumento para o salto vertical sem auxilio e 14% para o salto vertical com auxilio. Tabela 2. Efeito do treinamento de pliometria nos teste de salto vertical com e sem auxilio e no salto horizontal dos nadadores. TREINO CONTROLE PRÉ PÓS PRÉ PÓS SVSA (cm) 38 ± 2,45 a 44,6 ± 2,50 b 38,2 ± 2,14 a 39,1± 1,2 a SVCA (cm) 44,4 ± 3,24 a 54,5 ± 3,53 b 40 ± 1,41 a 42,2 ± 1,94 a SH (m) 2,01 ± 0,04 a 2,33 ± 0,08 b 2,03 ± 0,06 a 2,04 ± 0,08 a Valores expressos em média ± desvio padrão da media relativo à comparação entre os testes pré e pós-treinamento em ambos os grupos. SVSA (salto vertical sem auxilio), SVCA (salto vertical com auxilio) e SH (salto horizontal). Letras minúsculas iguais indicam médias sem diferenças estatisticamente significantes (p 0,05). Letras minúsculas diferentes indicam médias estatisticamente diferentes (p 0,05).

5 O desempenho do teste de 15 metros de natação (figura 1) foi melhorado somente no grupo T, tendo uma queda percentual de 10% do tempo inicial. Adicionalmente como pode ser visto na figura 2 quando feito à correlação linear foi encontrado uma forte relação entre o tempo de nado e a distância do salto horizontal. Figura 1. Valores expressos em média ± desvio padrão da media relativo ao tempo de nado do teste dos 15 metros. Letras minúsculas iguais indicam médias sem diferenças estatisticamente significantes (p 0,05). Letras minúsculas diferentes indicam médias estatisticamente diferentes (p 0,05). Figura 2. Correlação linear e ± intervalo de confiança entre o tempo de nado do teste de 15 metros e a distancia do salto horizontal. DISCUSSÃO Outros estudos (FORD et al., 1983; SANTO et al., 1997; CHIMERA et al., 2004) que aplicaram treinamento pliométrico, adicionado ao treinamento diário, tiveram resultados semelhantes aos encontrados neste estudo; mostrando resultados positivos na melhora dos diferentes indicadores de força explosiva, comparando valores antes de depois do treinamento pliométrico.

6 A importância de se otimizar a velocidade de reação e o impulso horizontal durante a execução de uma saída na natação já vem sendo discutida pela literatura (PAYNE e BLADER, 1971; HAY e GUMIARAES, 1983; CRONIN e HANSEN, 2005). Estes trabalhos apontam para o fato de que a técnica de saída ideal seria aquela na qual o nadador deixa o bloco de partida no menor tempo possível, e ainda produz um impulso horizontal máximo. Para MAGLISCHO (1999) na natação, o fortalecimento dos membros inferiores é de grande importância, principalmente para nadadores velocistas, uma vez que é fator determinante para uma boa impulsão inicial após a largada. Outros autores investigaram a influência do treinamento pliométrico sobre a saída de bloco (COSSAR et al., 1999) e a virada na natação (GELADAS et al., 2005) sem encontrar melhoras significativas na performance. Entretanto, no presente estudo foi encontrado diferenças significativas na performance do tiro de 15 metros após 12 semanas de treinamento pliométrico, adicionado ao treinamento de natação; o que pode indicar melhora na saída do bloco de partida. A diferença entre os resultados dos estudos pode ser atribuída as suas diferenças metodológicas, tanto em relação à intensidade e aos tipos de exercício, quanto em relação à duração do período de treinamento (MAGLISCHO, 1999). O programa de treino cumprido pelos atletas deste estudo se mostrou mais eficaz quando comparado aos resultados obtidos em outras pesquisas com nadadores (COSSAR et al., 1999; GELADAS et al., 2005). Tal fato pode ser devido à duração de 12 semanas, que foi maior do que aquele realizado nos estudos cuja duração foi de 8 semanas. Em especial, a aptidão motora e física dos atletas do estudo de BREED, YOUNG (2003) foi inferior ao da amostragem de nosso estudo, sugerindo que um melhor nível de aptidão motora e física pode estar relacionado com ganhos significativos de força e potência muscular. Por outro lado, o treinamento de natação concomitante ao treinamento pliométrico, ainda que no período de base do início da temporada, pode ter influenciado na melhora da performance do tiro de 15 metros, uma vez que este é um parâmetro utilizado para predizer a performance de características de velocidade e potência do nado (MAGLISCHO, 1999). Um ponto relevante deste estudo diz respeito a correlação observada entre os valores relativos ao tiro de 15 metros e ao salto horizontal. GELADAS et al. (2005) constataram que o salto horizontal é um preditor significativo da performance dos 100 metros livre na natação. De modo semelhante, em nosso estudo foi encontrada uma correlação entre o tempo do tiro de 15m e o salto horizontal (figura 2), demonstrando que um bom salto horizontal pode exercer influencia na performance do teste de 15 metros, melhorando assim o desempenho da saída do bloco de partida. CONCLUSÃO O programa de treinamento de pliometria se mostrou eficiente proporcionando um melhor desempenho no teste de 15 metros de natação bem como na força dos membros inferiores, podendo assim ser considerado uma alternativa no programa de treinamento para aprimorar o desempenho da saída de borda de nadadores velocistas. Referências Bibliográficas BREED, R. V., YOUNG, W. B. The effect of a resistance training programme on the grab, track and swing starts in swimming. Journal Sports Science 21(3):213-20, 2003.

7 CAVAGNA, G. A. Storage and utilization of elastic energy in skeletal muscle. Exercise Sports Science Review 15:89-129, 1997. CHIMERA, N. J., SWANIK, K. A., SWANIK, C. B., STRAUB, S. J. Effects of plyometric training on muscle-activation strategies and performance in female athletes. Journal of Athletic Training. 39(1):24-31, 2004. COSSAR, J. M., BLAMKSBY, B., ELLIOT, B.C. The influence of plyometric training on the freestyle tumble turn. Journal of Science and Medicine in Sports. 2(2):106-120, 1999. CRONIN, J. B, HANSEN, K. T. Strength and power predictors of sport speed. Journal of Strenght and Conditioning Research 19(2): 349-357, 2005. FORD, H. T., PUCKETT, J. R., DRUMMOND, J. P. P., SAWYER, K. Effects of three combinations of plyometric and weight training programs on selected physical fitness test items. Perceptual and Motor Skills.10:83-100, 1983. GELADAS, N. D., NASSIS, G. P., PAVLICEVIC, S. Somatic and physical traits affecting sprint swimming performance in young swimmers. International Journal of Sports Medicine, 26:139-144, 2005. HAY, J., GUMIARAES, C. S. A quantitative look at swimming biomechanics. Swimming Tecnique 20(2): 11-17, 1983 KOMI, P. V. Physiological and biomechanical correlates of muscle function effects of muscle structural and stretch-shortening cycle on force and speed. Exercise and Sport Science Review 12:81-12, 1984. LEES, A., VANRENTERQHEM, J., DE CLERCQ, D. The maximal and submaximal vertical jump: implications for strength and conditioning. Journal of Strength and Conditioning Research 18(4): 787-791, 2004. LEWIS, S. Comparison of five swimming starting techniques. Swimming Technique 15(4):124-128, 1980. LUNDIN, P. A review of plyometric training. Journal of Strenght and Conditioning Research 7(3):69-74, 1985 MAGLISCHO, E. W. Nadando ainda mais rápido. São Paulo: Manole, 1999. MATSUDO, V. K. R. Teste em ciências do esporte. 5ed. São Caetano do Sul: Gráfico Burti, 1995. MILER, J., HAY, J., WILSON, B. Starting techniques of elite swimmers. Journal of Sports Science 2:213-223, 1984. MOURA, N. A. Treinamento pilométrico: introdução as suas bases fisiológicas e metodológicas. Revista Brasileira Ciência e Movimento 2:30-40, 1998. PAPOTI, M., ZAGATTO, A. M., MENDES, O. C., GOBATTO, C. A. Utilização de metodos invasivo e não invasivo na predição das performances aeróbia e anaeróbia em nadadores de nível nacional. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto 5(1):7-14, 2005.

8 PAYNE, A. H., BLADER, F. B. The mechanics of the sprint star. Biomechanics Medicine and Sport 6:225-231, 1971. PICHON, I., CHATARD, J. C., MARTIN, A., COMETTI, G. Electrical stimulation and swimming performance. Medicine Science Sports Exercise 27(12)1671-1676, 1995. SANTO, E., JANEIRA, M. A., MAIA, J. A. Efeitos do treino e do destreino específico na força explosiva: um estudo em jovens basquetebolistas do sexo masculino. Revista Paulista de Educação Física 11:116-127, 1997. SMITH, D. J., NORRIS, S. R., HOGG, J. M. Performance evaluation of swimmers scientific tools. Sports Medicine 32(9):539-554, 2002. SMITH, D. J. A framework for understanding process leading to elite performance. Sports Medicine 33(15):1103-1126, 2003. SWANIC, K. A., LEPHART, S. M., SWANICK, C. B., LEPHART, S. P., STONE, D. A. The effects of shoulder plyometric training on proprioception and selected muscle performance characteristics. Journal Shoulder Elbow and Surgey. 11(6):579-586, 2002. UGRINOWITSH, C, BARBANTI, V. O ciclo alongamento e encurtamento e a performance no salto vertical. Revista Paulista de Educação Física 12:85-89, 1998. Currículo DANILO S. BOCALINI Graduado em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu (2002). Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina (2006). Doutorando em Ciências pelo departamento de Clinica Medica da Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina RÉGIS M. P. ANDRADE Graduado em Educação Física pela FMU (2005). PATRICIA T. UEZU Graduada em Esporte pela Universidade de São Paulo (2005). RODRIGO NOLASCO DOS SANTOS Graduado em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu (2003). Especialista em Educação Física Especial pela FMU (2005). FERNADA P. NAKAMOTO Graduada em Biomedicina pela Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina (2004). Mestranda em Ciências pelo departamento de Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina. Endereço: Danilo S. Bocalini Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina Rua General Chagas Santos 392, Saúde, São Paulo, SP, Cep: 04146-050 E-mail: bocalini@fcr.epm.br