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Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: 1519-5228 revbiocieter@yahoo.com.br Universidade Estadual da Paraíba Brasil Ester Queiroz, Sue Éllen Estudos moleculares em Annona crassiflora Mart Revista de Biologia e Ciências da Terra, vol. 11, núm. 2, 2011, pp. 23-29 Universidade Estadual da Paraíba Paraíba, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=50021611004 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 11 - Número 2-2º Semestre 2011 RESUMO Estudos moleculares em Annona crassiflora Mart. Sue Éllen Ester Queiroz¹ Annona crassiflora, também conhecia popularmente como araticum, pertencente à família Annonaceae, destaca-se pelo sabor de seus frutos, que são muito apreciados e, por isso, facilmente comercializáveis, mas a produção de mudas da espécie é dificultada pela dormência das sementes. Sabe-se que, muitos genes estão envolvidos com o processo de germinação e dormência, como o gene tubulina, que está relacionado com a divisão celular. Portanto o presente trabalho teve como objetivo realizar estudos moleculares em A. crassiflora. No entanto, realizou-se a extração do DNA das folhas da espécie, em seguida o DNA foi amplificado através da reação da polimerase em cadeia (PCR), a partir de primers degenerados do gene tubulina presentes em outras espécies. Podese observar que o protocolo para a extração do DNA foi eficiente para A. crassiflora, os primers desenhados amplificaram, a partir da PCR, na região de interesse. Concluindo-se que os resultados alcançados nesta pesquisa servirão de base para estudos relacionados à germinação e dormência da espécie a fim de proporcionar uma redução no tempo de produção de mudas. Palavras-chave: cerrado; germinação; dormência; β-tubulina. ABSTRACT Molecular studies on Annona crassiflora Mart. Annona crassiflora, also known popularly as araticum belonging to the family Annonaceae, there is the taste of its fruits, which are much appreciated and therefore easily marketable, but the production of seedlings of the species is hampered by seed dormancy. It is known that many genes are involved in the process of germination and dormancy, as the tubulin gene, which is related to cell division. Therefore this study aimed to perform molecular studies on A. crassiflora. However, we carried out DNA extraction from the leaves of the species, then the DNA was amplified by polymerase chain reaction (PCR), degenerate primers from the tubulin gene present in other species. It can be concluded that the protocol for DNA extraction was efficient in A. crassiflora, the primers amplified from the PCR, the region of interest. Concluding that the results achieved in this research will provide the basis for studies related to seed germination and dormancy of the species in order to provide a reduction in the time of seedling production. Keywords: savanna; germination; dormancy; β-tubulin. 1 INTRODUÇÃO A região do Cerrado, com uma área de aproximadamente 200 milhões de hectares no Brasil (Costa Neto, 1990), apresenta elevada espécies ainda pouco estudadas, de alto potencial alimentar, madeireiro, combustível, agroindustrial, forrageiro, medicinal e ornamental (Avidos & Ferreira, 2000). O desenvolvimento de pesquisas e tecnologias

a exploração econômica deste ecossistema, tornando-se uma das áreas mais importantes na produção de alimentos do Brasil. Além disso, observa-se uma atenção especial voltada para o melhor aproveitamento das frutíferas nativas com o intuito de preservá-las e utilizá-las de uma forma racional e sustentável. Segundo Avidos & Ferreira (2000), uma das formas de utilização das espécies de importância econômica dos cerrados tem sido o plantio das mesmas em áreas de proteção ambiental, o enriquecimento da flora das áreas mais pobres, a recuperação de áreas degradadas, formação de pomares domésticos e comerciais, e o plantio em áreas de reflorestamento, parques e jardins e em áreas acidentadas. Para atender esta demanda, a produção de mudas tem se intensificado nos últimos anos. Apenas recentemente a germinação de sementes de espécies do Cerrado tem recebido uma maior atenção, porque era pensado que tais espécies reproduziam-se preferencialmente por meios vegetativos e que o estabelecimento de plântulas a partir de sementes era um evento raro (Baskin & Baskin, 1998). Dentre as inúmeras frutíferas nativas que apresentam potencial de utilização em sistemas tradicionais de produção agrícola, a Annona crassiflora Mart., também conhecia popularmente como marolo, araticum, pinha-docerrado e cabeça-de-nego, pertencente a família Annonaceae, destaca-se pelo sabor de seus frutos, que são muito apreciados e, por isso, facilmente comercializáveis. Segundo, Ribeiro et al. (2000) A. crassiflora encontra-se amplamente distribuída no Cerrado, sendo uma das 25 espécies mais freqüentes desse bioma. Possui uma distribuição bastante ampla, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás, Mato Groso, Tocantins, Maranhão, Pará, Bahia, Pará, Piau (Ratter et al., 2000) e São Paulo (Durigan et al., 1999). A dispersão dos seus frutos ocorre de fevereiro a abril, os quais são comercializados em feiras e em beiras de estradas para consumo in natura (Lorenzi, 1998). Os frutos podem ser utilizados para a produção de geléias, doces e licores, e possui princípios ativos usados na produção de medicamentos utilizados para o tratamento de câncer (Melo, 2005). As árvores entre 4 e 8m e o diâmetro da copa podendo chegar aos 4m, e apesar do lento crescimento são recomendadas para arborização de ruas estreitas, a planta floresce, geralmente, entre os meses de outubro e novembro (Lorenzi, 1998). As flores são geralmente solitárias, podendo ser encontradas flores agrupadas, axilares, com pétalas engrossadas e carnosas de cor verdeamarelada e sedosa (Ribeiro et al., 2000). As sementes de A. crassiflora apresentam dormência o que dificulta a produção de mudas da espécie (Rizzini, 1973; Ribeiro et al., 2000; Melo, 2005). A germinação é extremamente lenta, necessitando, em condições de campo, de 240 a 260 dias para que 50% da população de sementes apresentem emergência das plântulas (Rizzini, 1973). Estudos mostram que quando a semente é dispersa o embrião não está totalmente diferenciado (Rizzini, 1973), necessitando de um período de embebição para finalizar seu desenvolvimento. Como a dispersão ocorre no final do verão, a plântula teria que passar uma estação seca no campo, com a dormência a semente germina após nove meses, ou seja, no início da próxima estação chuvosa (Ribeiro et al., 2002). De acordo com Silva et al. (2007) a dormência da espécie é quebrada por baixas temperaturas e/ou variações de temperatura que precedem a estação chuvosa. A presença de dormência na espécie dificulta o processo de produção de mudas, porém, não existem estudos sobre os genes que podem estar relacionados com o controle da germinação e dormência destas sementes. O entendimento do controle genético da germinação das espécies é de suma importância para o processo de produção de mudas de espécies nativas. Sabe-se que existem alguns genes e enzimas que estão relacionados com a divisão celular e, no entanto, com a germinação das sementes, como o gene tubulina. A tubulina forma os microtúbulos, que são filamentos de estrutura subcelular, compostos basicamente pela proteína heterodimérica α e β-tubulina (Quader, 1997). Esta molécula está presente em todas as células eucariotas e exercem importantes funções celulares durante o crescimento e ciclo mitótico (Binsfeld, 2000). O gene também participa de diversos processos relacionados à estruturação

microfibrilas de celulose, formação da parede celular, bem como à diferenciação celular (Jordan & Wilson, 1999). O gene β-tubulina está presente nas sementes no processo de germinação e por isso estudos relacionados a este gene podem levar ao entendimento do controle do desenvolvimento do embrião e mecanismo de germinação, possibilitando diminuição no tempo requerido para que ocorra a germinação e conseqüentemente no tempo necessário para a produção de mudas. Portanto o presente trabalho teve como objetivo realizar estudos moleculares em A. crassiflora a partir da extração de DNA e amplificação do gene β- tubulina. 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Extração de DNA Para a extração do DNA, folhas de A. crassiflora foram coletadas, lavadas e congeladas em freezer. A extração do DNA foi realizada a partir do protocolo de microextação de DNA fornecido pelo Laboratório de Melhoramento Florestal da Universidade Federal de Lavras. Inicialmente, foi adicionado 50μl de β- mercaptoetanol a 25 ml de tampão, onde permaneceram aquecidos em banho-maria a 65ºC. Para cada extração foi pesado 100mg de folha, no qual foi macerada em pilão de cerâmica juntamente com areia, para facilitar a maceração, e PVP, para evitar a oxidação do tecido. Ao tecido recém-macerado foi adicionado 700μl de tampão de extração (tampão + β-mercaptoetanol) e em seguida foram transferidos para um eppendorf de 1,5ml que foram incubados em banho-maria a 65ºC durante trinta minutos. Os tubos foram retirados do banho-maria e permaneceram esfriando durante cinco minutos em temperatura ambiente. Em seguida foi realizada a primeira extração adicionando 600μl de solvente orgânico (clorofórmio-álcool isoamílico) em cada tubo. Os tubos foram agitados em vortex durante cinco minutos formando uma solução homogênea e centrifugados durante 10 minutos a 12000rpm. centrífuga, foi pipetado a fase aquosa superior para outro tubo e a esta fase aquosa foi adicionado 50μl de uma solução 10% CTAB 1,4M NaCl, os tubos foram agitados até formar uma solução homogênea e a esta solução foi acrescentado 600μl de clorofórmio-álcool isoamílico. As amostras foram novamente centrifugadas durante 10 minutos a 12000rpm e a fase aquosa superior foi pipetada e transferida para um novo eppendorf. Em cada tubo foram adicionados 450μl de isopropanol gelado no qual permaneceu overnight em freezer para precipitação. Após a precipitação foi adicionado 100μl de etanol 70%, cinco minutos depois o pellet foi capturado e seco com papel de filtro, ao pellet seco foi acrescentado 100μl de Tris EDTA para a solubilização do DNA. O DNA extraído foi armazenado em freezer para estudos futuros. DNA 2.2 Qualidade e Concentração do A qualidade do DNA foi determinada através de eletroforese em gel de agarose 1%. Para a confecção do gel foi utilizado 130 ml de tampão TBE e 1,3g de agarose que foram aquecidos em microondas por aproximadamente 3 minutos, até que a agarose encontrasse totalmente dissolvida. Depois de resfriado, em temperatura ambiente por 5 minutos, o líquido foi derramado em um suporte para corrida de gel no qual permaneceu por 30 minutos para solidificação. Após a solidificação foi aplicado em cada caneleta do gel 3µL de BFB (bromofenol-blue) e 5µL de DNA, que permaneceram dentro da cuba, contendo TBE e água, para a corrida durante 30 minutos a 80V. Após a corrida o gel foi transferido para uma solução revelação contendo 30µL de brometo de etídio e 500 ml de água destilada, onde permaneceu durante 30 minutos, em seguida o gel foi analisado sob luz UV e imagens foram registradas através do sistema de fotodocumentação. Para quantificar a concentração de DNA foi utilizado um espectrofotômetro, no qual foi calibrado a partir de 2µL de DNA padrão e 2 ml de solução teste com uma leitura de 100ng/ml. Depois de calibrado o aparelho, as

uma utilizando 2 ml da solução teste e 2µL de DNA, para cada amostra foi realizada 3 leituras e o resultado final foi obtido através da média das leituras. 2.3 Desenho dos primers Para a amplificação do DNA foi utilizado primers degenerados. Para as seqüências de interesse desenhou-se um par de primers (forward e reverse), a partir do gene tubulina presente em outras espécies (como cenoura e tomate) já descritas em literatura, através de comparação em banco de dados. Inicialmente foi feita uma análise detalhada das informações já disponíveis em banco de dados como GenBank/NCBI National Center for Biotechnoloy Information (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/), EBI European Bioinformatics Institute (http://www.ebi.ac.uk/) DDBJ DNA Data Bank of Japan (http://www.ddbj.nig.ac.jp), PDB Protein Data bank (http://www.rcsb.org/pdb), para localizar e caracterizar o gene de interesse. O programa utilizado para análise das seqüências foi http://www.uk.embnet.org/software/emboss/. O alinhamento múltiplo das seqüências foi feito através do Programa de Formação de Clusters de Seqüências, no qual, a partir da estimativa de semelhança entre as seqüências par a par foram alinhadas para formar os agrupamentos e identificar as regiões conservadas. Posteriormente foi feita a identificação dos domínios conservados, pois pequenas regiões idênticas, em genes homólogos, podem ser identificadas, caracterizadas e utilizadas para a localização de domínios similares em outras espécies em que este gene ainda não foi explorado. O desenho dos primers foi feito através do programa Primer3 (http://frodo.wi.mit.edu/cgiin/primer3/primer3_www.cgi), foram desenhados um par de primers para o gene tubulina. 2.4 Técnica de PCR Antes de iniciar a reação de PCR (reação de polimerase em cadeia) 10µL de DNA foi diluído em 90µL de água ultra-pura e em seguida foi realizada a diluição dos primers com 1µL de primer e 9µL d água ultra-pura. Foram processadas cinco repetições da PCR, para obtenção de um maior volume final da reação. Para a reação de PCR com um volume final de 50µL, por amostra, foi utilizado 12,7µL de água pura, 4,24µL de dntp (A,G,T,C), 4,24µL de primer forward diluído, 4,24µL de primer reverse diluído, 4,24µL de Taq Diluente, 4,24µL de Tampão de PCR contendo magnésio, 13,56µL de DNA diluído e 2,54µL de Taq polimerase. Os reagentes foram colocados em um microtúbulo para PCR de 200µL, em seguida os microtúbulos foram levados para um termociclador GeneAmp PCR System 9700- PE Applied Biosystems, onde permaneceram a 94 C por 2 minutos, para estabilização do aparelho. Após a estabilização, as amostras foram submetidas a uma temperatura de 94 C durante trinta segundos, para que ocorra a desnaturação do DNA; foram testadas as seguintes temperaturas: 58, 59, 60, 61 e 62 C durante um minuto, para o anelamento dos primers; e 72 C por 30 segundos, para a extensão dos iniciadores pela Taq polimerase, este ciclo foi repetido 35 vezes para obter uma quantidade de material amplificado suficiente para trabalhos futuros. Em seguida a temperatura diminui para 4 C por tempo indeterminado, para manutenção do produto sem que ocorresse degradação. Com o término da reação de PCR as amostra foram qualificadas através de eletroforese em gel de agarose corado em brometo de etídio. Para identificar se a região amplificada foi à região de interesse utilizou-se um marcador de peso molecular de DNA (Amresco DNA Molecular Weight Ladders) de 100 pares de base. Foi aplicado no gel 2µL de marcador com 3µL de BFB na primeira canaleta, nas demais canaletas foram aplicados 5µL do produto da PCR de cada amostra. Após a corrida do gel, o mesmo foi visualizado sob luz UV e a identificação da região amplificada de interesse foi feita através de comparação do produto da PCR com o marcador de peso molecular, em seguida imagens foram registradas através do sistema de fotodocumentação.

3.1 Extração do DNA Sabe-se que a extração de DNA de boa qualidade de um tecido vegetal é um passo crucial para o desenvolvimento da técnica de PCR. O DNA pode ser extraído de diferentes materiais, desde fósseis e amostras herbarizadas a tecidos frescos (ex: raízes, folhas, sementes, embriões, endosperma, pólen, cultura de calos ou de células em suspensão). Em linhas gerais, o objetivo de qualquer protocolo de extração consiste em obter DNA de alta qualidade, em quantidade, de forma rápida e eficiente. Os protocolos de extração devem evitar a degradação do DNA pelas DNases, eliminar os polissacarídeos que inibem a ação de enzimas, e eliminar as substâncias fenólicas ou outros compostos secundários que podem danificar o DNA. A extração do DNA realizada através do protocolo de micro-extração de DNA, feito em folhas de A. crassiflora, apresentou resultados satisfatórios, em termos de qualidade e principalmente quantidade de DNA. Além disso, o procedimento de extração demonstrouse um método rápido, de fácil execução e de baixo custo, sendo este protocolo eficiente para a extração de DNA da espécie em estudo. Das cinco extrações realizadas todas obtiveram DNA sem nenhum tipo de degradação (Figura 1), o que foi possível observar através da visualização em gel de agarose, estes resultados possibilitaram o uso de todas as amostras extraídas para reação de PCR. Figura 1 Eletroforese em gel de agarose indicando a qualidade do DNA. Quando ocorre fragmentação ou degradação excessiva do DNA, é possível observar um arraste horizontal no sentido de toda a canaleta, quanto maior e mais intenso é o que não foi observado nas extrações realizadas (Figura 1). A quantificação por espectrofotometria forneceu resultado médio de concentração de DNA de 18,2 ng/ml por repetição (Tabela 1). Pode-se observar que a amostra 2 apresentou uma maior concentração em ng/ml de DNA do que as demais repetições, 32 ng/ml, porém, as concentrações de DNA obtidas em cada uma das amostras são suficientes para a realização da PCR. Tabela 1 Quantificação do DNA por espectrofotometria, valores obtidos em ng/ml. Repetições Concentração Amostra 1 9ng/mL Amostra 2 32ng/mL Amostra 3 10ng/mL Amostra 4 25ng/mL Amostra 5 15ng/mL Média 18, 2ng/mL 3.2 Desenho dos primers Os iniciadores são a chaves do sucesso ou da falha de um experimento de PCR. Se forem bem projetados o experimento resulta na amplificação de um único fragmento de DNA, correspondente à região de interesse da molécula molde (Brown, 2003). Se os primers forem desenhados de maneira incorreta não ocorrerá à amplificação da região de interesse ou ocorrerá à amplificação de mais de uma região, o que não é recomendável. Os primers degenerados forward e reverse, usados para amplificação do DNA desenhados a partir do Programa Primer3 no sentido 5 para 3 para o gene β-tubulina foram os seguintes: primer forward TGGGARCTVTAYTGYCTYG; e primer reverse GRCACCARTCNACRAACTG. Os primers desenhados foram sintetizados pela ISIGEM Bioscience BV, com temperatura de anelamento dos primers próximo a 60ºC e fragmento esperado de 988 pares de base. 3.3 Técnica de PCR Os ciclos da PCR ajustados no termociclador, com temperatura de anelamento dos primers com 60 0 C, foram ideais para a amplificação dos primers desenhados, assim

como os reagentes, e suas quantidades, utilizados na solução para a reação, pois ocorreu amplificação (Figura 2). A eficiência dos primers foi testada através da técnica de PCR, a amplificação da região de interesse pela técnica de PCR forneceu resultados satisfatórios quando analisados em gel de agarose 1%. Os primers degenerados amplificaram a região de interesse, próximo a 1000 pares de base, quando comparado com o marcador de peso molecular, o que pode indicar que a região amplificada foi a do gene β-tubulina, pois se esperava uma amplificação do fragmento em 988 pares de base. Figura 2 Eletroforese em gel de agarose da reação de PCR. Amplificação em 988 pares de base, sendo M o marcador de peso molecular de 1000 pares de base. 4 CONCLUSÕES Pode-se concluir que a extração de DNA em folhas de A. crassiflora, pelo método de micro-extração, foi eficiente para a espécie, pois forneceu DNA sem nenhum tipo de degradação para todas as extrações realizadas, além de que os primers desenhados amplificaram a região esperada. A reação e os ciclos ajustados na PCR foram eficazes para os primers desenhados, pois permitiu o anelamento dos primers na região de interesse. A partir dos resultados alcançados nesta pesquisa trabalhos relacionados à expressão gênica de β-tubulina poderão ser realizados a fim de entender o controle e o desenvolvimento do embrião de A. crassiflora, o que poderá auxiliar no desenvolvimento de tecnologias que possibilitem a diminuição no tempo requerido para que ocorra a germinação e conseqüentemente no tempo necessário para a produção de mudas da espécie. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.E.B.; SANO, S.M.; RIBEIRO, J.F. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p. AVIDOS, M. F. D.; FERREIRA, L. T. Frutos do cerrado: preservação gera muitos frutos, 2000. Disponível em: http://www.biotecnologia.com.br/bio15/frutos.p df. Acesso em: 30 nov. 2010. BASKIN, C.C.; BASKIN, J.M. Seeds: ecology, biogeography, and evolution of dormancy and germination. San Diego: Academic Press, 1998 666 p. BINSFELS, P.C.; PETERS, J. A.; SCHNABL, E. H. Efeito de herbicidas sobre a polimerização dos microtúbulos e indução de micronúcleos em protoplastos de Helianthus maximiliani. Rev. Bras. Fisiol. Veg., Lavras, v. 12, n. 3, p. 263-272, 2000. BROWN, T. A. Clonagem gênica e análise de DNA: uma introdução. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003, 375 p. COSTA NETO, F. Subsídios técnicos para um plano de manejo sustentado em áreas de cerrado. 142 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1990. DURIGAN, G.; BACIC, M.C FRANCO, G.A.D.C.; SIQUEIRA, M.F. Inventário florístico na Estação Ecológica de Assis, SP. Hoehnea, v.26, n.2, p.149-172, 1999. JORDAN, M.A. & WILSON, L. The use and action of drugs in analyzing mitosis. Methods in Cell Biology, v. 61, p. 267-295, 1999. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2 ed. Nova Odessa, Editora Plantarum, 1998, 352 p. MELO, D.L.B. Dormência em sementes de Annona crassiflora Mart. 51 p. Tese (Doutorado

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