Indicador de Reserva Financeira Agosto 2017
75% dos brasileiros não conseguiram poupar nenhuma parte dos seus ganhos em agosto O Indicador de Reserva Financeira, apurado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), mostra que, em agosto de 2017, apenas 19,1% dos consumidores pouparam parte de seus ganhos. A grande maioria (expressivos 75,0%, com crescimento de 3,4 pontos percentuais frente ao mês anterior) não conseguiu guardar recursos. A sondagem ainda mostra que, nas classes A e B, a proporção de poupadores foi maior, de 38,1%. O número de não poupadores, entretanto, formou a maioria mesmo nos estratos mais altos de renda (57,4% nas classes A e B). Nas classes C, D e E, a proporção de poupadores foi de 13,8%, bem menor que a observada nas classes A e B. Já a proporção dos que não pouparam nos estratos de menor renda foi de 80,0%. Percentual de poupadores no mês anterior à pesquisa 74,8% 79,9% 74,3% 75,6% 76,4% 75,3% 71,6% 75,0% 22,5% 16,6% 20,0% 18,8% 20,1% 17,3% 21,4% 19,1% jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 Sim Não *Os últimos dados, coletados em agosto, referem-se a julho Essa diferença reflete-se na principal justificativa para não poupar. De acordo com a sondagem, 48,0% disseram que a razão foi a renda baixa. A falta de renda, num cenário de alta do desemprego, também pesa, sendo mencionada por 15,8% desses entrevistados. Os imprevistos foram mencionados por 14,0%, enquanto a dificuldade para controlar os gastos e a disciplina foram mencionados por 13,2%. As principais razões apontadas para não poupar refletem, de fato, o momento de crise econômica. O descuido com relação aos gastos, contudo, deve ser visto com
atenção. Mesmo que não se poupe grandes somas, o hábito de guardar dinheiro ajuda o consumidor a não extrapolar os ganhos e manter um maior controle de suas finanças. Quando se trata do hábito de poupar no geral, e não mais da poupança no último mês, a última sondagem constatou que 33,5% guardam dinheiro habitualmente, sendo que 5,8% reservam sempre o mesmo valor e 27,8% poupam o que sobra do orçamento. Os propósitos daqueles que têm o hábito de poupar são variados, sendo o principal deles, a proteção contra imprevistos, mencionada 35,8%. Em seguida, aparece a realização de sonho de consumo (24,6%), as viagens (24,3%), e a reserva para o caso de desemprego (23,9%). A garantia de um futuro melhor para a família foi citada por 23,1%. Já a aposentadoria foi lembrada por 11,2%. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os imprevistos são a principal razão para constituição de reserva financeira, seguidos pela aposentadoria. Além disso, é importante pensar ainda na conquista dos sonhos de consumo. Se o consumidor for surpreendido por alguma situação que demande dinheiro, e não dispor da quantia, poderá acabar tendo que recorrer a empréstimos e pagar juros que, em geral, são muito elevados. Além disso, é sempre muito inconveniente ter que buscar recursos numa hora ruim. Daí a importância de estar minimamente preparado para fazer frente a esses eventos, diz. O ideal é que sejam feitas três reservas financeiras distintas. Uma direcionada aos imprevistos, outra para a aposentadoria e a terceira para os sonhos de consumo, como uma viagem ou a compra de um imóvel. Lembrando que, quando se trata da aposentadoria, quanto antes o consumidor começar a se preparar, melhor. Porque poupar? ago/17 Imprevistos com doença, mortes, problemas diversos 35,8% Realizar algum sonho de consumo 24,6% Viagens 24,3% Reserva para o caso de ficar desempregado 23,9% Garantir um futuro melhor para a família 23,1% Estudos 14,6% Comprar/quitar casa 14,2% Reforma da casa 13,8% Aposentadoria 11,2% Compra/troca de automóvel/moto 10,4% Garantir uma reserva para arcar com a educação dos filhos 10,1% Pagamento de impostos 9,3% Compra de móveis / eletrodomésticos 9,0% Abrir um negócio 7,8% Outro motivo 6,3%
Metade dos poupadores sacou parte dos recursos poupados Uma vez poupada certa quantia de dinheiro, a questão que fica é: onde aplicar? As campanhas com dicas de investimentos são cada vez mais frequentes na internet e nos demais meios de comunicação. Mas ainda não promoveram, e talvez não promovam tão cedo, a mudança nas escolhas do poupador brasileiro. A sondagem mostra um perfil de investimento bastante conservador, mas também se vê que a falta de conhecimento das modalidades disponíveis acaba pesando nessas escolhas. Os números da sondagem mostram que, para 61,2% dos poupadores habituais, a tradicional Conta Poupança é o destino mais costumeiro das reservas. O hábito de guardar dinheiro em casa aparece em segundo lugar, citada por 19,0%. Em seguida, aparecem os fundos de investimentos (7,8%), a Previdência Privada (6,0%); os CDBs (5,2%); e os papeis do Tesouro Direto (4,1%). Entre aqueles que conseguiram guardar dinheiro em agosto, e que sabem o valor guardado, foram poupados R$ 525, em média. Destino dos recursos poupados Caderneta de poupança 61,2% Em casa 19,0% Fundos de investimento Previdência Privada CDB Tesouro direto Dólar LCI/LCA 7,8% 6,0% 5,2% 4,1% 3,7% 1,9% Não é por acaso que a poupança lidera entre os destinos mais usuais para as reservas financeiras. Mesmo entre aqueles que não possuem esse tipo de investimento, 74,8% dizem já ter ouvido falar a respeito. No caso da previdência privada, 50,6% dos que não têm dizem conhecer. Em seguida, aparecem as ações, que são conhecidas por 38,3%, os fundos de investimento (36,0%), os CDBs (24,6%) e o Tesouro Direto (23,0%). Entre aqueles que conhecem essas modalidades, mas não têm o costume de utiliza-las, 21,2% dizem não saber como fazer; 19,4% dizem não conhecer a fundo as modalidades; 17,8% alegam estar acostumados com modalidades mais tradicionais, além de 11,5% que consideram mais burocráticos que os tradicionais e 11,2% que consideram arriscado. É importante que o consumidor esteja sempre acompanhando seus investimentos, de forma a garantir
que seus ganhos sejam os maiores possíveis. Assim, estudar novas opções e sempre avaliar as diferentes possibilidades de destino da poupança é uma forma inteligente de conseguir otimizar os rendimentos. Mesmo que nunca tenha utilizado, quais investimentos conhece: ago/17 Caderneta de poupança 74,8% Previdência Privada 50,6% Ações em bolsa de valores 38,3% Fundos de investimento 36,0% CDB 24,6% Tesouro direto 23,0% Não conheço nenhum destes investimentos citados 18,8% Debêntures 6,6% LCI/LCA 6,3% Derivativos (contratos futuros e opções) 5,4% Os poupadores de recursos que optam por deixá-los em casa elencaram suas razões. A questão da liquidez, isto é, facilidade para dispor do dinheiro quando precisar, pesa nessa decisão, sendo mencionada por 43,1%. Também se destacam a percepção de que não vale a pena deixar pouco dinheiro em banco (31,4%), a desconfiança com as instituições financeiras (21,6%); a insegurança com relação aos bancos (21,6%) e o medo de um novo confisco da poupança (21,6%). Aqueles que não possuem conta em banco representam 15,7% dos respondentes. Para Kawauti, a conta corrente e conta poupança podem ser alternativas para os recursos deixados em casa. Se o problema for a liquidez, o dinheiro pode ser mantido em uma conta corrente remunerada ou em uma conta poupança, de onde pode ser retirado com facilidade. Ainda que os resultados mostrem alguma desconfiança com as instituições financeiras, o dinheiro certamente estará mais exposto na própria casa. Além da questão da segurança, o dinheiro mantido em casa vai perdendo valor de compra por causa da inflação, diz. A metade (50,7%) dos brasileiros que constituem reserva financeira disseram que precisaram fazer uso de ao menos parte dos recursos em julho em junho, 45,4% tiveram que utilizar seus recursos. O destino dessa quantia, para 13,1%, foi o pagamento de contas da casa e para 10,8%, o pagamento de dívidas - estratégia correta se os juros da dívida em questão forem maiores que o rendimento da aplicação. Além desses, 9,0% mencionam despesas extras e 8,6% mencionam os imprevistos. Esse último caso exemplifica e importância da reserva, cuja finalidade, entre outras, é proteger o consumidor contra esse tipo de situação. Na falta desses recursos, os que sacaram das reservas para
fazer frente a imprevistos teriam que recorrer ao crédito, em condições normalmente não vantajosas. Metodologia A pesquisa abrangeu 12 capitais das cinco regiões brasileira, a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os dados foram coletados via web e presencialmente entre os dias 1 a 14 de agosto de 2017. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.