O TRABALHO DA EQUIPE GESTORA PARA O DESENVOLVIMENTO POLÍTICO PEDAGÓGICO E ADMINISTRATIVO DA ESCOLA



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Transcrição:

O TRABALHO DA EQUIPE GESTORA PARA O DESENVOLVIMENTO POLÍTICO PEDAGÓGICO E ADMINISTRATIVO DA ESCOLA SOUZA, Elisangela Ruiz de 1 MUNIZ, Valdinâia C. B. Q. 2 FORGIARINI, Valquiria 3 RESUMO: Inámeras reformas vüm ocorrendo no sistema educacional brasileiro. Uma das questäes que esta relacionada a estas reformas e que vem sendo freqãentemente discutida, â a gestño escolar, que por sua vez, esta diretamente relacionada ao curröculo nacional, å avaliaéño institucional, a profissionalizaéño dos professores e o financiamento da educaéño. Em virtude disto, entendendo que uma escola tem como funéño socializar saberes, formar valores e atitudes cidadñs, este artigo tem em vista apresentar o conceito de gestño e sua importçncia, para que, quem esta a mister de conduzir a educaéño, possa refletir numa sociedade capitalista e massacrante, sobre este propésito, mas, baseado nos princöpios democrèticos para a efetivaéño de princöpios de igualdade. PALAVRAS CHAVES: GestÑo escolar. PrincÖpios democrèticos. ExercÖcio da cidadania. INTRODUÇÃO Este trabalho tem a funéño de refletir sobre gestño escolar, apresentando conceito de gestño e sua importçncia para o desenvolvimento da escola. Para tanto, fez-se uma pesquisa com base na leitura de autores e estudiosos sobre o tema GestÑo escolar, a partir do qual se elaborou o presente texto. Sendo a escola uma instituiéño com funéño de socializar os saberes humanos, bem como de formar valores e atitudes cidadñs, a gestño escolar deve procurar garantir essa funéño social da escola. Para tanto, sua prépria atuaéño deve estar pautada nesses princöpios, onde a coletividade e a democracia imperam. Em virtude das inámeras reformas ocorridas no sistema educacional brasileiro, as estratâgias mais atuais de reforma tüm adotado cinco pontos que estño relacionados diretamente uns aos outros: a gestño educacional, o curröculo nacional, a avaliaéño institucional, a profissionalizaéño dos professores e o financiamento da educaéño. Muitos autores abordam os termos organizaéño e administraéño para se referir ao trabalho da direéño escolar, entretanto, neste texto serè empregado o 1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de CiÄncias Sociais Aplicadas do Vale do SÅo LourenÇo EDUVALE, 2 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de CiÄncias Sociais Aplicadas do Vale do SÅo LourenÇo EDUVALE 3 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de CiÄncias Sociais Aplicadas do Vale do SÅo LourenÇo EDUVALE 1

termo gestño escolar, o qual â mais aceito pela maioria dos educadores e estudiosos. GESTÃO ESCOLAR: CONCEITO Nos anos 1950, um dos primeiros sistematizadores da administraéño escolar no paös, Josâ Querino Ribeiro (1952), embora mantendo a denominaéño AdministraÉÑo Escolar, considerava o termo gestão mais abrangente por incorporar aspectos filoséficos e polöticos implicados na administraéño. Recentemente, esse termo voltou ao uso corrente. Por volta dos anos 1980, em decorrüncia do recrudescimento da visño ideolégica e polötica da escola, adotou-se nos meios intelectuais de esquerda a expressño OrganizaÉÑo do trabalho escolar, em que predominava como conteádo a anèlise da escola com base na crötica ås formas de organizaéño do trabalho capitalista, desprezando-se o conteádo especöfico. Em 1986 surgiu um livro que se tornou clèssico no çmbito da AdministraÉÑo Escolar, na visño marxista, em que o autor argumenta que a administraéño pode ser vista, tanto na teoria como na prètica, como dois amplos campos que se interpenetram: a racionalizaéño do trabalho e a coordenaéño do esforéo humano coletivo. (Paro, 1986). Paro empenha-se em compreender a administraéño em geral, comum a todo tipo de estrutura social, e a administraéño geral, forma concreta da administraéño historicamente determinada pelas relaéäes econímicas, polöticas, sociais, que se verificam sob o modo de produéño capitalista. DaÖ destaca seu carèter instrumental e, como tal, aplicèvel a uma visño de administraéño escolar voltada para a transformaéño social. LourenÉo Filho fala o seguinte acerca de organizar e administrar: Organizar (...) â bem dispor elementos (coisas e pessoas), dentro de condiéäes operativas (modos de fazer), que conduzem a fins determinados. Administrar â regular tudo isso, demarcando esferas de responsabilidade e növeis de autoridade nas pessoas congregadas, a fim de que nño se perca a coesño do trabalho e sua eficiüncia geral. (LOURENìO FILHO, 1976, p. 41) Diante dessa variedade de entendimentos prevalecerè neste trabalho a expressño organização e gestão, em que organizaéño, segundo Libçneo (2000, p. 40) â compreendida como unidade social que reáne pessoas que interagem entre si e que opera por meio de estruturas e processos organizativos préprios, para se 2

alcanéar os objetivos da instituiéño e gestño, conforme Paro (2002, p. 14), â o processo de tomada de decisäes e a direéño e controle dessas decisäes/. Assim, a gestño escolar passou a ter um papel de suma importçncia nas reformas educacionais, sendo vista como requisito bèsico para o planejamento, a organizaéño e a mobilizaéño das pessoas para participarem de forma competente nas aéäes de melhoria da qualidade de ensino. O termo gestão, segundo Libçneo (2000, p. 75) ganha mais abrangüncia que administraéño e organizaéño porque â proposto dentro de uma visño sistümica, que concebe o sistema de ensino como um todo. Assim, as polöticas e diretrizes educacionais voltadas ås escolas, gestño de sistemas de ensino e escolas, autonomia, processos participativos sño condicionantes desta visño total a que se refere o sistema de ensino. Entretanto, a gestño escolar se viabiliza por estratâgias baseadas no modelo liberal de gestño: quando hè a descentralizaéño dos serviéos educacionais, a autonomia pedagégica e financeira, a participaéño dos pais, extensño do poder do Estado aos diretores de escolas e å comunidade etc. estè-se seguindo o modelo de gestño liberal. Libçneo (2000, p. 77) afirma que hè a crötica de que a descentralizaéño seria uma forma de desdobramento do poder central, repartindo esse poder com as escolas e comunidades, no sentido de diminuir o papel do Estado. Sendo assim, os governantes transferiram ås unidades escolares as responsabilidades que outrora eram suas. No modo de operar a dinçmica das escolas, as orientaéäes oficiais do Governo FHC recomendavam prèticas de gestño baseadas nas formas de organizaéño empresarial e em critârios de eficiüncia, com o entendimento de que se a escola tivesse objetivos pontuais, boa organizaéño, boa racionalidade nos conteádos e mâtodos, definiéño explicita de papâis dos integrantes da equipe escolar, boas condiéäes de funcionamento como recursos materiais, èrea fösica, equipamentos, informatizaéño, etc., estariam criadas as condiéäes para melhorar a aprendizagem dos alunos. Em muitas escolas brasileiras foi implantado o Plano de Desenvolvimento Escolar (PDE), com recursos do Banco Mundial. (LIBïNEO, 2000, p. 79) A importçncia da gestño educacional de sistemas de ensino e escolas tem sido ressaltada hè anos na pesquisa educacional. ñ fato que a autonomia fortalece as escolas, acentua o espörito de equipe, envolvendo os professores e demais educadores na responsabilidade em assumir um papel na configuraéño da 3

organizaéño do trabalho escolar nño apenas na sala de aula, mas na escola como um todo. Trata-se de um processo que se identifica bem com a reivindicaéño de participaéño conjunta de pais, professores, alunos, nos processos de tomada de decisño e co-responsabilizaéño pelas aéäes de ensino e aprendizagem. Uma forma especöfica de conceber o poder revela-se no papel do administrador; neste caso, o diretor da escola páblica, o qual estè envolvido em situaéäes conflitivas para as quais deverè encontrar soluéäes. Para tanto, o mesmo deverè ter um perfil mediador, construödo a partir de um equilöbrio profissional que o permite lidar com as tensäes existentes no ambiente escolar (aluno x aluno, professor x aluno, professor x professor, professor x pais). Para Queluz (2003, p. 104) administrar â um processo complexo de gerir negécios, com caracterösticas préprias, decorrentes da instituiéño mantenedora. Em se tratando do Estado, como â o caso da escola páblica, o administrador escolar assume um compromisso de oferecer å populaéño um serviéo de qualidade. Assim, â dever da gestño oferecer um bom serviéo å comunidade escolar, entretanto, a abordagem deste serviéo vai depender do perfil ideolégico deste profissional: a gestño pode ser democrètica ou centralizada, dependendo do perfil do gestor. A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ESCOLAR O poder páblico â o responsèvel pela manutenéño das escolas páblicas. Essa responsabilidade â transmitida, dentro do ambiente escolar, ao profissional escolhido democraticamente pelos seus pares como gestor. O processo de gestño democrètica â tido por Paro (2002, p. 39) como utépico, pois nño existe o que nño significa que nño possa vir a existir. Essa afirmaéño â feita justamente porque na maioria das escolas, a hierarquia â sinínimo de autoritarismo e detenéño do poder enquanto expressño de direitos pessoais. Assim, muitos gestores se candidatam ao cargo nño com o interesse de melhorar as condiéäes de trabalho e relaéäes do ambiente escolar, mas simplesmente para atender a interesses préprios. Nesses casos, o trabalho escolar passa a vivenciar sârios conflitos, os quais deixam, em muitos casos, de ser atendidos ou resolvidos pela gestño. 4

Desta forma, a importçncia da gestño no ambiente escolar â algo indiscutövel: â ela que deverè manter o equilöbrio no ambiente de trabalho, bem como possibilitar um gerenciamento eficaz das verbas e, consequentemente, promover um ambiente favorèvel ao desenvolvimento do ensino. Em 1961, um dos mais expressivos intelectuais da educaéño brasileira, AnÖsio Teixeira, afirmava que as disciplinas AdministraÉÑo Escolar e EducaÉÑo Comparada existiam no Brasil hè mais de vinte anos, mas com um desenvolvimento teérico ainda incipiente. E afirmava que o interesse recente pela disciplina AdministraÉÑo Escolar se devia å polötica que naquela ocasiño se fazia presente no Brasil de generalizar o sistema educacional sem que se tivesse, entretanto, recursos humanos preparados para isso. Ou seja, a demanda pela universalizaéño do ensino, a ampliaéño do acesso, o aumento do námero de escolas e aumento de turmas nas escolas, estariam requerendo a existüncia do administrador na escola. Baseando-se nas tarefas de um professor completo, de administrar sua classe, de ensinar e de orientar o aluno, Teixeira previa um administrador escolar com trüs grandes especialidades: o administrador da escola, o supervisor do ensino e o orientador dos alunos, precisamente para ajudar os professores. O novo administrador terè, pois, de substituir algumas funéäes daquele antigo professor, ou melhor, fazer o necessèrio para que o novo professor tanto quanto possövel tenha a mesma eficiüncia daquele antigo professor. (Teixeira, 1961, p. 47) A orientaéño clèssico-cientöfica, na tradiéño da Escola Clèssica da AdministraÉÑo, concebe a administraéño como atividade racional e cientöfica de organizaéño do trabalho, com objetivos e procedimentos bem delimitados, tais como o planejamento, a organizaéño, a gerüncia, a avaliaéño. A funcional-eficientista contâm elementos da Escola Clèssica, mas destaca que a consecuéño de objetivos da instituiéño escolar requer uma estrutura e uma gestño de serviéos com razoèvel növel de eficiüncia. Segundo LourenÉo Filho, trata-se de imprimir ås atividades humanas, que neles se representem (nos serviéos escolares), sentido funcional, por maior conhecimento e gradaéño de fins, e articulaéño mais produtiva dos elementos e recursos com que esses fins possam ser propostos e satisfatoriamente alcanéados, ou a racionalizaéño dos meios empregados. (1963, p. 30) Este modelo de administraéño escolar formal, praticamente centrado nos modelos da administraéño clèssica, preocupada com a racionalizaéño e mâtodos de 5

trabalho, sustentado por relaéäes hierèrquicas e normas, â submetido å crötica marxista ao longo dos anos 1980, resultando em vèrias alternativas de gestño, genericamente orientadas por uma perspectiva democrètica. No çmbito da OrganizaÉÑo e GestÑo de escolas, importa registrar que, em meio ao movimento de repensar o sistema de formaéño de educadores, foi se tornando majoritèrio o modelo de anèlise marxista para estudos sobre a escola e a formaéño de profissionais da educaéño. O argumento para se analisar a organizaéño do trabalho nas escolas, incluindo o trabalho dos professores e dos administradores, foi buscado na crötica å divisño do trabalho capitalista reproduzido na escola. De acordo com esta visño, a organizaéño do processo de trabalho na escola implicaria uma degradaéño do trabalho profissional do professor, å medida que estaria se reproduzindo nela as formas de organizaéño do trabalho sob o capitalismo. Com efeito, em razño da divisño social e tâcnica do trabalho hè uma cisño entre o trabalhador e os meios ou instrumentos de trabalho, em que esses meios sño providos pelos gestores do processo de produéño. Hè uma classe que pensa, desenvolve os meios de trabalho, controla o trabalho; e outra classe que faz serviéo prètico, cumpre determinaéäes do gestor, fundando a desigualdade social. Dessa forma, as relaéäes sociais capitalistas de produéño se reproduzem em todas as instçncias da sociedade, inclusive nas escolas, onde haveria dois segmentos de trabalhadores opostos entre si, os especialistas (diretor, coordenador pedagégico, etc.) e os professores, instaurando a desigualdade e promovendo a desqualificaéño do trabalho dos professores. A CONSOLIDAÇÃO DO PRINCÍPIO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA (CONSTITUIÇÃO DE 1988) O processo de redemocratizaéño do paös se concretiza com a ConstituiÉÑo de 1988, cujo texto final â o resultado de uma mescla de emendas populares e emendas originadas de uma alianéa de partidos de centro (Cunha, 1991, p.14), em especial na educaéño. O governo Sarney permanece atâ 1990. Segue-se o Governo Collor, primeiro presidente eleito por voto direto desde o inöcio do regime militar (1964), valendo-se do apoio de foréas conservadoras. Elegeu-se com base no discurso de moralizaéño da polötica, de derrubada da inflaéño e de modernizaéño 6

econímica conforme o modelo neoliberal, mas, paradoxalmente, acabou sendo afastado em 1992 pelo Congresso Nacional por corrupéño. Seu vice, Itamar Franco, assume a PresidÜncia e governa atâ 1994. Nesse mesmo ano, â eleito Fernando Henrique Cardoso, depois reeleito, que cumpre dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002). Em janeiro de 2003, assume Luis Inècio Lula da Silva, que apés quatro anos de governo disputa, em 2006, seu segundo mandato. A nova ConstituiÉÑo consolida, na educaéño, um conjunto de aspiraéäes de vèrios agrupamentos polöticos, alimentadas desde o inicio da dâcada. Na educaéño, a nova ConstituiÉÑo introduz em seu art. 206 vèrios princöpios democrèticos do sistema de ensino, entre eles, o da gestño democrètica da escola e dos sistemas. Art. 206. O ensino serè ministrado com base nos seguintes princöpios: I - igualdade de condiéäes para o acesso e permanüncia na escola; [...] IV - gratuidade do ensino páblico em estabelecimentos oficiais; [...] VI - gestño democrètica do ensino páblico, na forma da lei. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 reproduz o principio a gestño democrètica definido na ConstituiÉÑo, definindo-a em seu artigo 14: Art. 14 Os sistemas de ensino definirño as normas de gestño democrètica do ensino páblico na educaéño bèsica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princöpios: I - participaéño dos profissionais da educaéño na elaboraéño do projeto pedagégico da escola; II - participaéño da comunidade escolar local em conselhos escolares ou equivalentes. Na verdade, o princöpio da gestño democrètica, expresso em aéäes como descentralizaéño, autonomia das escolas, racionalizaéño dos recursos financeiros, participaéño dos integrantes da escola na gestño, participaéño dos pais, acabou sendo assumido, com diferentes significados e motivaéäes, tanto por setores da esquerda quanto os neoliberais. Para setores expressivos da esquerda, essas aéäes, a par de significarem um efetivo esforéo da sociedade civil em retomar a democracia, significou uma reaéño extremada ås formas de gestño autoritèria do regime militar. Em razño dessa marca anti-autoritèria, difundiu-se como caracteröstica absoluta da gestño das escolas o lema da participaéño. Do lado das iniciativas governamentais, a descentralizaéño e a autonomia acabaram se constituindo uma medida muito mais de reduéño dos gastos páblicos e desobrigaéño do Estado do que medida propriamente democrètica. 7

Como se vü, a gestño democrètica aparece como constriéño legal e, ao mesmo tempo, resume-se como participaéño, entendida mais como forma de representaéño da comunidade, gestño de recursos financeiros, e menos como dispositivos gerenciais e tâcnicos de funcionamento da escola, reduzindo a especificidade dos processos efetivos de gestño, ou seja, o conjunto dos meios e condiéäes de carèter intelectual, material, gerencial, financeiro de assegurar o processo de ensino e aprendizagem. Na verdade, os efeitos mais imediatos desse dispositivo legal foram: a instituiéño do projeto pedagégico e a participaéño de professores e pais na gestño da escola, esta representada, na prètica, pela constituiéño burocrètica de conselhos escolares. REFERÊNCIAS LIBïNEO, Josâ Carlos. FormaÉÑo de professores e nova qualidade educacional. In: Revista Educativa, Goiçnia, v.3, jan.dez.2000, p. 43-70. LOURENìO FILHO, M. B. OrganizaÄÅo e AdministraÄÅo Escolar. SÑo Paulo: Melhoramentos, 1976. PARO, Vitor H. AdministraÄÅo Escolar IntroduÄÅo crética. SÑo Paulo: Cortez, 1988. 8