O método AHP como ferramenta de focalização do processo de gerenciamento de projetos - Caso: APEX-Brasil



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Transcrição:

O método AHP como ferramenta de focalização do processo de gerenciamento de projetos - Caso: APEX-Brasil Betania Dumoulin, Daniel Guimarães e Glaucio Neves Macroplan Prospectiva, Estratégia e Gestão Novembro de 2006

Resumo: Colocar o foco e a energia necessária nas atividades e projetos que demandam mais atenção gerencial da organização é um desafio constante nos dias de hoje. Com a avalanche de informações e atribuições que são necessárias para gerir uma empresa, fica difícil para o gestor parar para avaliar o que é prioridade e o que vai dispersar mais ou menos energia. Visando ampliar esse olhar diferenciado e seletivo a carteira de projetos que apóia, a Agencia de Promoção de Exportação e Investimento do Brasil - APEX-Brasil investiu tempo e recursos, no segundo semestre de 2005, na concepção e aplicação de uma sistemática de análise estratégica dos seus projetos. Esta sistemática, baseada no método multicritério de tomada de decisão AHP, é apresentada neste artigo de maneira esquemática, contando as atividades que envolveram esta aplicação e os principais resultados obtidos. 1 Palavras-chave: Análise Estratégia; Decisão Multicritério; Seletividade; Projetos. 1. Introdução A Agência de Promoção de Exportação e Investimentos APEX-Brasil dedicou-se no ano de 2005, à implantação de um novo modelo de gestão que visa alavancar e sustentar a capacidade da Agência de produzir e medir resultados relevantes ao seu público-alvo, os pequenos e médios exportadores brasileiros. Um dos fundamentos deste novo modelo de gestão é o senso de seletividade, que busca concentrar a atenção da organização nas ações e recursos críticos para o alcance dos resultados almejados. O modelo de gestão adotado exige a implantação de um processo sistemático de análise estratégica da carteira de projetos, que permita a formulação e operação de um portifólio de projetos com alto potencial de alcance de resultados e alta coerência com as estratégias da instituição. Baseada nesta premissa de seletividade, a APEX-Brasil concebeu e implementou, com o apoio dos autores deste trabalho, um modelo de análise da sua carteira de projetos, baseado no método multicritério de apoio a tomada de decisões - AHP. O modelo tem o objetivo de identificar os projetos ou grupos de projetos, dentro do portifólio da Agência, que necessitam de aprimoramento em seu gerenciamento e demandam monitoramento intensivo, além de aperfeiçoar a análise dos novos projetos solicitados a Agência. Este artigo relata a aplicação deste modelo de análise em uma carteira de 56 projetos realizada no segundo semestre de 2005.

2. O método AHP de apoio a tomada de decisão Toda escolha implica numa tomada de decisão. A tomada de decisão é um processo de resposta a um problema ou a uma oportunidade que cria valor para instituição e deve vir precedida de uma análise de fatores para subsidiar os decisores na escolha da melhor solução. Por isso, há uma busca constante por métodos que apóiem a análise adequada desses fatores para que a tomada de decisão seja a mais apropriada, precisa, tempestiva e com menores margens de erro e risco possíveis. 2 Os métodos de apoio multicritério à decisão são hoje o mais largamente utilizados dentro das organizações do mundo todo, sejam elas públicas ou privadas. É uma técnica que permite a estruturação dos problemas decisórios e viabiliza sua análise, conduzindo à recomendação de soluções. As abordagens de utilização do método são variadas, sendo bastante utilizada para solução de problemas com características complexas. O método multicritério utilizado pela APEX-Brasil foi o AHP, de nome traduzido para o português como Processo Analítico Hierárquico. Foi desenvolvido na década de 70, nos Estados Unidos, por Thomas L. Saaty e seus colaboradores e tem como idéia básica a viabilização de uma tomada de decisão consciente através da decomposição de um problema em uma hierarquia de fatores e da identificação das relações entre eles. O método é sustentado pelo princípio de que a experiência e o conhecimento das pessoas são, no mínimo, tão valiosos quanto os dados numéricos disponíveis, num processo de tomada de decisão. Ele permite que os participantes definam coletivamente o problema/oportunidade, as prioridades, analisem as alternativas possíveis e selecionem a melhor solução, podendo ser utilizado nas seguintes situações: na busca de soluções para problemas complexos que requeiram clarificação, definição e estrutura; quando existirem múltiplos objetivos, possivelmente conflitantes e de importância relativas diferentes; quando existirem várias alternativas a considerar; quando há grupos de interesses envolvidos com objetivos e agendas diferentes. A aplicação da AHP na APEX-Brasil apoiou-se na combinação da teoria de decisão (com a utilização de software especializado) e orientação e coordenação de um facilitador externo. O facilitador é a pessoa responsável por ajudar os decisores a construir a hierarquia, orientar as discussões sobre os critérios principais, definir os sub-critérios e seu grau de importância. Ele funciona como um elemento neutro nas discussões e é bastante útil no momento de condução de impasses.

A AHP na APEX foi utilizada para apoiar a construção de um modelo de análise da carteira de projetos com o objetivo de identificar o grupo de projetos que necessitava de melhorias em seu gerenciamento e demandava um monitoramento intensivo. O elemento central da metodologia AHP é a decomposição do objeto de análise em um conjunto de fatores organizados hierarquicamente, denominado árvore hierárquica. Esta árvore ou estrutura hierárquica é composta por níveis que ajudam o decisor a ter uma visão mais clara dos fatores necessários para a tomada de decisão. Estes níveis são abertos em critérios e sub-critérios que, em uma analogia, poderiam ser interpretados como as folhas que compõem a árvore. O modelo formal de hierarquia é um tipo de estrutura hábil que fornece uma visão global do problema e da relação de complexidade envolvida para resolvê-lo. 3 A definição dos critérios e montagem da árvore hierárquica pressupõe que o problema esteja claro e bem definido, caso contrário, corre-se o risco de se construir uma árvore com inconsistências em sua concepção, prejudicando a análise das alternativas e escolha da melhor solução. De maneira geral, a montagem e aplicação de um modelo hierárquico baseado na metodologia AHP segue os seguintes passos: 1. Identificação do problema e objetivo da análise 2. Decomposição do problema em fatores de decisão e montagem da árvore hierárquica (critérios e sub-critérios) 3. Definição do nível de importância de cada fator dentro da árvore 4. Análise das alternativas frente os critérios Durante a sua aplicação, alternam-se etapas de cálculos e etapas de diálogos, havendo uma intervenção direta e contínua dos decisores e de outros colaboradores na construção da solução, e não somente na definição do problema. É possível, a qualquer momento, que os decisores revejam o processo, não só alterando os fatores, mas também reavaliando a importância de cada um e ajustando a sua posição na hierarquia. 3. Concepção e implementação do método na APEX-Brasil O processo de análise da carteira de projetos foi composto por um conjunto de 9 (nove) atividades, que se inicia com a definição do objetivo da análise estratégica e a escolha da carteira de projetos-alvo e termina com o desenvolvimento de um conjunto de medidas de gestão para melhoria da carteira.

Estas atividades encontram-se representadas no diagrama abaixo e logo a seguir, cada uma delas é detalhada com as suas respectivas descrições e procedimentos: Figura 1: Fluxo de atividades para concepção e implementação do método de análise Fluxo de Atividades 4 Orçamento aprovado para os projetos Informações sobre a carteira de projetos e setores Direcionamento Estratégico da APEX Brasil 1. Definição do objetivo da análise e escolha da carteira de projetos alvo 2. Definição dos critérios de análise estratégica e alocação de recursos Concepção do Modelo Hierárquico 3. Detalhamento dos critérios e subcritérios 4. Definição das escalas de rating e pesos dos critérios e sub-critérios 5. Preparação da carteira de projetos Software 6. Aplicação t este a um grupo de projet os 7. Aplicação do modelo na carteira de projetos da APEX Basil 8. Analise dos resultados 9. Desenvolvimento de medidas de gestão para melhoria da carteira Medidas de Gestão para melhoria da carteira Subsídios para seleção de projetos solicitados à APEX Brasil Atividade 1 - Definição do objetivo da análise e escolha da carteira de projetos-alvo Antes de iniciar a análise, definiu-se qual a finalidade e os produtos esperados com o processo. A diretoria da APEX-Brasil definiu que o objetivo pretendido com a aplicação do modelo era identificar os projetos ou grupos de projetos que necessitavam de aprimoramento e o conjunto que precisava de monitoramento e gerenciamento intensivo. Definido o objetivo da análise, fez se a escolha dos projetos que foram utilizados no processo, optou-se por trabalhar nos projetos que estavam e execução.

Atividade 2 - Definição dos critérios de análise Para definição dos critérios, a Presidência a diretoria da APEX-Brasil baseou-se nas diretrizes gerais definidas para o ano de 2006. Os critérios foram definidos em duas dimensões: (1) contribuição do projeto para a estratégica da agência (2) desempenho potencial do projeto. Esses dois critérios representaram os eixos da matriz de análise estratégica que foi gerada após a aplicação do modelo. 5 Figura 2: Matriz de análise estratégica Coerência com a Estratégia Alto 1 4 Baixo 2 3 Baixo Alto Desempenho Potencial do Projeto Coerência com a Estratégia da APEX-Brasil: Relaciona-se diretamente com a essência da estratégia da agência, que passa pelo estímulo as exportações brasileiras e a atração de investimentos diretos estrangeiros ao Brasil, por meio da inserção de empresas no mercado internacional, diversificação da pauta de produtos exportados, aumento do volume das exportações e conquista de novos mercados. Desempenho Potencial do Projeto: Esse critério avalia o potencial de geração de resultados do projeto, considerando: os fatores internos ao projeto, o potencial dos produtos das empresas beneficiadas, o nível de barreiras dos mercados-alvo, o escopo do projeto, a capacidade das entidades executoras, dentre outros. Atividade 3 - Detalhamento dos critérios em sub-critérios A construção completa do modelo hierárquico envolveu a definição de um conjunto de subcritérios para melhorar o entendimento e interpretação do objeto de análise. Para a definição e detalhamento destes sub-critérios foi necessária a realização de diversas reuniões com as participações dos coordenadores e técnicos da agência, para que só assim fosse possível construir seguinte árvore hierárquica.

Figura 3: Árvore Hierárquica Unidade de Projetos 1. Desempenho Potencial do Projeto 1.1 Potencial do produto /serviço 2. Coerência com a Estratégia da APEX Brasil 2.1 Aume nto das Exportações 6 1.2 Capacidade das Empresas 1.3 Capacidade de gestão da entidade 1.4 Qualidade do Projeto 2.2 Aume nto da Base Exportadora 2.3 Diversificação da pauta exportadora 2.4 Diversificação de mercados 2.5 Desenvol vi mento econômico e social 2.6 Imagem com ercial do Brasil Em maior detalhe, os sub-critérios referentes a dimensão Desempenho Potencial do Projeto consistem em: Potencial do produto/serviço nos mercados-alvo: analisa o produto/serviço oferecido pelas empresas beneficiadas beneficiadas pelos projetos da APEX-Brasil em relação ao mercado para o qual está sendo ofertado. O potencial é medido pelo grau de adequação à demanda, níveis de barreiras existentes para entrada nos mercados-alvo e adequação do produto/serviço para atendimento das expectativas do mercado. Capacidade das empresas beneficiadas: envolve uma análise interna das empresas que serão beneficiadas com o projeto. Neste sub-critério foi avaliada a capacidade de produção e distribuição dos produtos por parte das empresas; capacidade de gestão das empresas beneficiadas; o grau de maturidade em exportação; o nível de organização da cadeia produtiva na qual as empresas competem e a capacidade das empresas obterem financiamentos para exportação. Capacidade de gestão da entidade: considera a capacidade da entidade gestora do projeto, neste sentido, avaliou-se o perfil dos gerentes e dos parceiros dos projetos e a representatividade da entidade gestora junto as empresas do setor em que atua. Qualidade do projeto: refere-se a uma análise crítica do projeto, sua consistência, escopo, seu grau de alavancagem e a existência ou não de complementaridades (sinergia) com outros projetos.

Já os sub-critérios referentes à Coerência com a Estratégia da APEX-Brasil, enfocam: Potencial de aumento das exportações: avalia a capacidade das empresas participantes do projeto em contribuir para o aumento do valor das exportações e o potencial de sustentabilidade do esforço exportador no longo prazo, ou seja, o potencial de criação de bases sólidas para uma continua e progressiva atuação das empresas no mercado-alvo após a realização do projeto. Potencial de aumento da base exportadora: mede a capacidade do projeto em contribuir para aumento do número de empresas exportadoras no setor e a capacidade de atrair novas empresas potencialmente exportadoras. Grau de diversidade da pauta exportadora: avalia o número de novos produtos/serviços que poderão ser incluídos na pauta exportadora com a execução do projeto. Grau de diversificação de mercado: avalia o grau de contribuição do projeto para inserção dos produtos/serviços brasileiros em novos mercados. Grau de contribuição ao desenvolvimento econômico social: é avaliado através da capacidade do projeto em contribuir para: o desenvolvimento regional; o uso sustentável dos recursos naturais; para o potencial de geração de emprego e renda; e quanto a aderência do projeto com a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior. Potencial de contribuição para a imagem comercial do Brasil: tem como objetivo avaliar o potencial do projeto em contribuir para a melhoria da imagem e credibilidade comercial do Brasil no exterior, junto aos consumidores finais, empresários, técnicos, gestores e investidores. 7 Atividade 4 - Definição dos pesos dos critérios e sub-critérios e da escala de ratings. A atividade 4 consistiu na definição da importância que cada critério e sub-critério tem dentro do seu nível. Cada critério e sub-critério recebeu um valor percentual (peso) que representa a sua importância relativa dentre os demais critérios dentro do nível na qualpertence. A definição dos pesos foi resultado de um consenso entre os decisores da organização e, para isso, foi utilizado um software específico de apoio a tomada de decisão chamado Expert Choice. Definiu-se que os dois critérios do nível 1 (Contribuição para a Estratégia da APEX- Brasil e Desempenho potencial do projeto) teriam o mesmo peso: 50% para cada um. Os pesos relativos definidos para os sub-critérios foram:

1. Contribuição para a Estratégia da APEX- Brasil: 1.1 Potencial de aumento das exportações: 24,9% 1.2 Potencial de aumento da base exportadora: 19,6% 1.3 Grau de contribuição ao desenvolvimento econômico e social: 15,2% 1.4 Potencial de contribuição para a imagem comercial do Brasil: 14,6% 1.5 Grau de diversificação da pauta exportadora: 14,4 % 1.6 Grau diversificação de mercados: 11,3% 2. Desempenho potencial do projeto: 2.1 Potencial do produto/serviço nos mercadosalvo: 30,6% 2.2 Capacidade das empresas beneficiadas: 26,4% 2.3 Capacidade de gestão da entidade: 22,4% 2.4 Qualidade do projeto: 20,6% 8 Definidos os pesos de cada critério, o passo seguinte foi a definição da escala de rating, ou como que cada projeto deveria ser avaliado frente aos critérios e sub-critérios. A definição do rating depende muito das características de cada critério, podendo variar de uma escala qualitativa (como alto, médio e baixo) até uma escala numérica (como 1,2 e 3). Não necessariamente todos os critérios e sub-critérios precisam ter a mesma escala de rating, cabe aos decisores avaliar qual é a melhor escala a ser utilizada. Visando simplificar o modelo, cada critério foi analisado de acordo com a seguinte escala de rating: alto, médio e baixo. A definição tanto da escala de rating quanto dos pesos dos critérios e sub-critérios se deu por meio de reuniões com a presença de diretores e coordenadores da Agência. As reuniões foram realizadas com o apoio do Software Expert Choice, onde foi possível comparar cada critério par a par, definindo o grau de importância relativa entre cada um dos critérios. Atividade 5 - Preparação da carteira de projetos Nesta atividade os coordenadores e gestores dos projetos realizaram uma análise de consistência dos projetos e um levantamento de informações necessárias para avaliação de cada um. Todas as informações sobre os projetos foram disponibilizadas aos participantes do processo.

Atividade 6 - Aplicação teste a um grupo de projetos A aplicação teste foi feita em um grupo de 8 projetos e contribuiu para checar o nível de consistência da árvore hierárquica e se os critérios e sub-critérios estavam bem entendidos entre os participantes. Também contribui para checar se as informações dos projetos eram suficientes e para avaliar como deveria ser feita a dinâmica em grupo. 9 Atividade 7 - Aplicação do modelo na carteira de projetos 1 A avaliação dos projetos foi um momento chave do processo e ocorreu de forma orientada e tranqüila, visando assegurar que tudo ocorresse de maneira bastante negociada, com reserva de tempo suficiente para assegurar a boa qualidade das avaliações. Os projetos foram avaliados sub-critério a sub-critério, em grupos de no máximo 10 projetos, utilizando-se sempre do consenso para análise dos projetos. O processo de aplicação do modelo foi conduzido por um moderador externo a APEX-Brasil, que trabalhou como um líder do processo, permitindo que as pessoas expressassem suas opiniões, avaliando o nível de consenso do grupo e garantindo que a atividade fosse ocorrendo de forma tranqüila e com a mesma qualidade do início ao fim. Atividade 8 - Análise dos resultados Nesta atividade os gestores consolidaram os dados e realizaram a análise dos resultados. O primeiro resultado e o mais importante da avaliação foi a matriz de análise estratégica consolidada. 1 A aplicação do modelo requer um cuidado especial no seu planejamento e preparação prévia, começando pela seleção dos participantes do processo de análise. É indispensável que os participantes conheçam os projetos e tenham capacidade e disponibilidade de tempo para avaliá-los frente aos critérios estabelecidos. Uma boa prática é a criação de grupos multifuncionais com conhecimentos em áreas diferentes, isso contribui fortemente para as discussões e ajuda a aumentar a consistência da análise.

Figura 4: Matriz de análise estratégica resultante MATRIZ DE ANÁLISE ESTRATÉGICA Resultado APEX-Brasil 0,50 1 4 9 Coerênciacoma estratégia da APEX-Brasil 0,30 14 49 21 5 42 34 2 6 25 31 37 56 28 43 46 10 57 16 23 30 48 12 33 53 1 32 51 8 11 39 3 52 38 4 24 7 48 46 20 29 26 36 40 17 19 55 14 50 35 20 42 44 54 22 15 10 27 2 3 0,10 0,10 0,30 0,50 Desempenho Potencial do Projeto Nela foi possível visualizar o posicionamento dos diversos projetos nos quadrantes e foi o principal insumo para definição das medidas de gestão para melhoria dos projetos e definição dos focos do monitoramento intensivo. Outro resultado importante da análise foi a identificação das áreas de melhorias nos projetos, por meio da identificação do percentual dos projetos que foram mal avaliados por sub-critério, representado pelo seguinte gráfico. Figura 5: Identificação das áreas de melhoria IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE MELHORIA DOS PROJETOS Unidade de Projetos 100% 90% 80% 25% 19% 33% 21% 21% 19% 30% 39% 12% 39% 70% 60% 50% 40% 30% 35% 23% 58% 40% 44% 40% 63% 39% 46% 46% 51% Alto Médio Baixo 20% 10% 0% 40% 26% 35% 39% 18% 32% 16% 42% 11% 2.4 Diversificação de mercados 2.3 Diversificação da pauta exportadora 2.6 Imagem comercial do Brasil 2.5 Desenvolvimento econômico e social 2.2 Aumento da Base Exportadora 1.4 Qualidade do Projeto 1.3 Gestão da entidade 2.1 Aumento das Exportações 1.2 Empresas beneficiadas 1.1 Produto / Serviço nos Mercados-alvo

A matriz consolidada e a identificação das áreas de melhoria foram apresentadas em uma reunião de Diretoria, para que fossem definidas as medidas de gestão necessárias para adequação e ajustes na carteira de projetos. Atividade 9 - Desenvolvimento de medidas de gestão para melhoria da carteira A definição do conjunto de medidas de gestão foi o produto final do Processo de Análise Hierárquica e serviu de subsídio para montagem do Plano de Ação da APEX-Brasil para o ano de 2006. 11 As medidas foram estruturadas baseadas nos resultados da análise e apontaram as principais lacunas que precisavam ser trabalhadas para melhoria do desempenho da carteira de projetos da agência. A natureza das medidas para cada projeto variou de acordo com o quadrante que ele se encontrava, conforme descrito a seguir. Projetos situados no quadrante 1: são os que têm alta coerência com a estratégia da APEX- Brasil e baixo desempenho potencial, demandando um alto esforço de melhoria dos fatores internos do projeto, tais como: melhoria de escopo, aumento da capacidade das Entidades executoras, melhoria das empresas beneficiadas, aumento da sinergia etc. Os situados no quadrante 2: são os que demandam maior atenção da APEX-Brasil, já que têm baixo desempenho potencial e baixa coerência com a estratégia. Investimentos em projetos situados neste quadrante podem significar desperdício de recursos e um esforço despendido em projetos que não irão apresentar resultados significativos. A reavaliação dos projetos situados neste quadrante foi a principal medida de gestão considerada. Projetos situados no quadrante 3: com alto desempenho potencial e baixa coerência com a estratégia, são projetos que têm uma dinâmica interna muito boa, mas demandam um realinhamento as diretrizes da agência ou deveriam compor uma outra carteira. Projetos situados no quadrante 4: são os que devem sofrer maior intensidade de monitoramento e potencialmente são os que têm maior capacidade de geração de resultados, demandando mais comunicação e avaliação por parte da agência. 5. Conclusão A concepção e implantação do ciclo de análise estratégica descrito, consumiu da APEX-Brasil em torno de 2 (dois) meses de trabalho e envolveu cerca de 15 profissionais em todo o seu ciclo. O esforço despendido gerou, além dos resultados apresentados anteriormente, o alinhamento das percepções dos especialistas e decisores da APEX sobre os projetos e a carteira da agência, o que contribuiu consideravelmente para a redução do tempo despendido

nas tomadas de decisão a respeito da execução dos projetos e na identificação dos projetos a serem objetos de monitoramento intensivo. Ficou claro também que é preciso internalizar e tornar sistemático o princípio de seletividade contido no modelo de gestão da agência, tornando o modelo de análise estratégica uma rotina anual da APEX-Brasil. Os projetos da carteira necessitam de diferentes graus de monitoramento e as medidas de gestão devem ser aplicadas de acordo com as particularidades, o momento e as necessidades de cada um deles e isso só é possível com a aplicação sistemática do modelo. Assim, a matriz de análise estratégica e o conjunto de medidas de gestão, principais produtos deste processo, passaram a ser subsídios indispensáveis das Reuniões de Monitoramento 2, do dia-a-dia do escritório de projetos, dos coordenadores de unidades e dos gestores de carteira. 12 6. Referências Bibliográficas APEX-Brasil - Proposta de Alinhamento Estratégico da APEX para 2005-2006 - Agosto, 2005 APEX-Brasil - Manual de Elaboração e Gestão de Projetos Orientados para Resultados Finalísticos - Manual com os elementos necessários para estruturação de projetos finalísticos, Out/2005 APEX-Brasil - Manual de Monitoramento de Projetos Orientados para Resultados - Manual escrito com os principais processos e métodos de monitoramento de projetos na APEX-Brasil, Mar/2006 Clemen, Robert T., Making Hard Decisions: An Introduction to Decision Analisys. Pacific Grove: Duxbury Press. 1996. 664p. GOMES, Luiz Flavio Autran Monteiro Tomada de decisão gerencial: enfoque multicritério, São Paulo: Atlas, 2002 SAAT, Thomas L. - Toma de Decisiones para líderes: El proceso analítico jerárquico la toma de decisiones en un mundo complejo, Pittsburg, PA: RWS Publications, 1986 2 Reuniões semanais entre o gestor de carteira, o coordenador da unidade e os diretores para analisar um pequeno grupo de projetos visando identificar e solucionar as restrições dos projetos e das carteiras.