CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA DE BANCOS DE SEMENTES EM SISTEMAS SOLTEIROS E INTEGRADOS DE PRODUÇÃO

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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA DE BANCOS DE SEMENTES EM SISTEMAS SOLTEIROS E INTEGRADOS DE PRODUÇÃO MENEGATTI, L. (UFMT, Sinop/MT menegatti._lukas@hotmail.com), IKEDA, F. S. (Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop/MT fernanda.ikeda@embrapa.br), BOTTI, F. (Maringá/PR - botti.fernando@yahoo.com.br), FARIAS NETO, A. L (Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop/MT austeclinio.farias@embrapa.br). RESUMO: Objetivou-se com este estudo caracterizar a dinâmica de espécies de plantas daninhas em banco de semente de sistemas solteiros e integrados de produção em experimento de longa duração instalado na Embrapa Agrossilvipastoril em Sinop-MT. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com quatro repetições e dez tratamentos [1) floresta solteira; 2) sucessão soja/consórcio milho-pastagem; 3) pastagem solteira; 4) sistema integração lavoura-pecuária (ILP) com dois anos de lavoura, seguidos de dois anos de pastagem; 5) sistema integração pecuária-lavoura (IPL), com dois anos de pastagem, seguidos de dois anos de lavoura; 6) sistema lavoura-floresta (LF), com floresta e lavoura nas entrelinhas; 7) sistema pecuária-floresta (PF), com floresta e pastagem nas entrelinhas; 8) sistema ILPF, com floresta e quatro anos de lavoura, seguidos de quatro anos de pastagem nas entrelinhas 3 ; 9) sistema ILPF, com floresta e quatro anos de pastagem, seguidos de quatro anos de lavoura nas entrelinhas; 10) sistema ILPF, com floresta e, nas entrelinhas, sucessão soja-consórcio milho-pastagem, com colheita do milho e estabelecimento do pasto no inverno para pastejo animal (recria/terminação)]. Fez-se coleta sistemática por conglomerados com quatro amostras compostas por cinco subamostras na primeira safra (2012/2013) e duas subamostras na segunda safra (2013/2014) na camada de 0 a 0,10 m. As amostras foram avaliadas em casa de vegetação e irrigadas diariamente. As plântulas emergidas foram contadas, identificadas e descartadas quinzenalmente durante três meses. Eleusine indica foi a principal espécie em todos os sistemas de produção no 1º. levantamento e continuou a ser a principal espécie em praticamente todos os sistemas de produção na safra seguinte. Hyptis brevipes foi a segunda principal espécie em sete dos 10 sistemas de produção na primeira safra e Digitaria horizontalis foi a segunda principal espécie em seis dos 10 sistemas de produção na segunda. A estrutura florística do banco de sementes é modificada no tempo em sistemas solteiros e integrados de produção. Há aumento no número de espécies em praticamente todos os sistemas de produção, à exceção sistema pecuária-floresta (PF), com floresta e pastagem nas entrelinhas. Palavras-chave: floresta, integração lavoura-pecuária-floresta, lavoura, pastagem

INTRODUÇÃO As pastagens e as florestas solteiras são cultivos perenes que apresentam características muito distintas entre si. No manejo de plantas daninhas nas florestas faz-se uso de herbicidas pré-emergentes, assim como da aplicação de herbicidas sistêmicos e de contato de amplo espectro de controle com o uso de barra protegida. Nas pastagens, o manejo ocorre em áreas infestadas com plantas de folhas largas, muitas vezes lenhosas arbustivas, semi-arbustivas ou mesmo árvores, tóxicas ou não, fazendo-se uso de latifolicidas. Nos dois sistemas solteiros não se tem o revolvimento do solo por muitos anos e com o fechamento de seus cultivos há o sombreamento das áreas, levando à menor infestação por plantas daninhas, considerando-se que muitas espécies de plantas daninhas apresentam fotoblastismo positivo (germinação na presença de luz). Entre outros fatores a que se atribuem a esses resultados há provavelmente o efeito alelopático dessas pastagens (IKEDA et al., 2012), assim como de eucalipto (YAMAGUISHI et al., 2011). Essas condições proporcionam o manejo cultural de plantas daninhas em áreas de lavoura solteira, assim como a adaptações de culturas e pastagens para a competição por luz. Tais efeitos provavelmente interferem na comunidade de plantas daninhas, tanto em relação à densidade com que cada espécie ocorre (IKEDA et al., 2007a), como também pela seleção de espécies mais adaptadas a essas condições (IKEDA et al., 2007). Para isso, torna-se importante a comparação de sistemas integrados com os respectivos sistemas solteiros de forma a observar diferenças, assim como vantagens e desvantagens de cada sistema. Dessa forma, objetivou-se com este estudo caracterizar a dinâmica de espécies de plantas daninhas em banco de sementes de sistemas solteiros e integrados de produção. MATERIAL E MÉTODOS Amostras de solo foram coletadas em experimento de longa duração de integração lavoura-pecuária-floresta com gado de corte da Embrapa Agrossilvipastoril, localizado no município de Sinop-MT. O solo foi identificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, textura média a argilosa. O clima é tropical de savana (Aw) com temperaturas médias superiores a 18 C em todos os meses. A estação seca ocorre no outono/inverno e a estação chuvosa, na primavera/verão com precipitação anual de 1800 a 1900 mm (SOUZA et al., 2013). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com quatro repetições, sendo dez tratamentos [1) floresta solteira; 2) sucessão soja/consórcio milho-pastagem; 3) pastagem solteira; 4) sistema integração lavoura-pecuária (ILP) com dois anos de lavoura, seguidos de dois anos de pastagem; 5) sistema integração pecuária lavoura (IPL), com dois anos de pastagem, seguidos de dois anos de lavoura; 6) sistema lavoura-floresta (LF), com floresta e lavoura nas entrelinhas; 7) sistema pecuária-floresta (PF), com floresta e pastagem nas

entrelinhas; 8) sistema ILPF, com floresta e quatro anos de lavoura, seguidos de quatro anos de pastagem nas entrelinhas 3 ; 9) sistema ILPF, com floresta e quatro anos de pastagem, seguidos de quatro anos de lavoura nas entrelinhas; 10) sistema ILPF, com floresta e, nas entrelinhas, sucessão soja-consórcio milho-pastagem, com colheita do milho e estabelecimento do pasto no inverno para pastejo animal (recria/terminação)]. As coletas foram realizadas antes da safra de segundo (2012/2013) e terceiro anos (2013/2014). O clone de eucalipto plantado no experimento foi o H13, sendo que a pastagem estabelecida foi de Urochloa brizantha cv. Marandu (sinonímia Brachiaria brizantha) e nas lavouras foi realizado o plantio de soja BRS Valiosa RR na safra e de milho bt na segunda safra. Fez-se coleta sistemática por conglomerados com quatro amostras compostas por cinco subamostras no primeiro ano e por três subamostras no segundo ano nas parcelas com 2 ha. Nas parcelas com 1 ha foram coletadas duas amostras compostas por cinco e três subamostras no segundo e terceiro ano do experimento, respectivamente, totalizando 144 amostras. A avaliação do banco de sementes foi conduzida pelo método de emergência em casa-de-vegetação com distribuição dos vasos em quatro blocos. As amostras foram irrigadas diariamente por aspersão. As avaliações foram realizadas quinzenalmente durante três meses com a contagem e descarte de plântulas emergidas de cada espécie. O índice de valor de importância (IVI) foi obtido pela soma de densidade relativa e freqüência relativa (Mueller-Dombois & Ellenberg, 1974), sendo o valor dividido por 2 para obtenção da importância relativa (IR). Para cada sistema de produção foi contado o número de espécies de plantas daninhas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A comunidade de plantas daninhas pode variar ao longo dos anos com a evolução dos sistemas de produção. Assim, a principal espécie encontrada em todos os tratamentos na safra 2012/2013 foi Eleusine indica (Tabela 1). Essa espécie é muito comum em lavouras de grãos e tais resultados refletem em parte, o histórico da área experimental, utilizada anteriormente como área comercial para a produção de grãos. A segunda principal espécie na maior parte dos tratamentos foi Hyptis brevipes. Entre as exceções, citam-se as espécies de plantas daninhas e respectivos sistemas: Cyperus spp. em sucessão soja/consórcio milho-pastagem, Digitaria horizontalis em sistema integração pecuária-lavoura (IPL) e cf. Spermacoce suaveolens em sistema ILPF com quatro anos de pastagem seguidos de quatro anos de lavoura nas entrelinhas de floresta. H. brevipes ocorre em todo o país em áreas de lavoura e de pastagem e as espécies de Cyperus podem ocorrer em grandes populações, tanto em áreas secas como úmidas. D. horizontalis ocorre em áreas de produção de grãos do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, enquanto S. suaveolens se

desenvolve nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste (MOREIRA & BRAGANÇA, 2010). Na safra seguinte (2013/2014), E. indica e D. horizontalis foram as principais espécies na maior parte dos tratamentos, à exceção do sistema pecuária-floresta (PF) com floresta e pastagem nas entrelinhas, cujas principais espécies foram E. indica e Commelina benghalensis e do sistema ILPF com quatro anos de pastagem seguidos de quatro anos de lavoura nas entrelinhas de floresta, onde as duas principais espécies foram Spermacoce latifolia e H. brevipes. Essas quatro espécies são muito frequentes em áreas de produção de grãos, sendo que as duas primeiras vem ocorrendo principalmente em cultivos de milho e a terceira no cultivo de soja RR na área experimental, embora os sistemas estivessem com pastagem nos anos de levantamento, o que leva a crer que seriam sementes provenientes do banco de sementes formado antes da instalação do experimento. Em praticamente todos os tratamentos houve um aumento considerável de espécies de plantas daninhas, à exceção do sistema pecuária-floresta (PF), com floresta e pastagem nas entrelinhas, onde foram encontradas 18 espécies no primeiro ano e 15 espécies no ano seguinte. CONCLUSÕES A estrutura florística do banco de sementes é modificada no tempo, tanto nos sistemas solteiros como nos sistemas integrados de produção avaliados. Há aumento no número de espécies em praticamente todos os sistemas de produção, à exceção sistema pecuária-floresta (PF), com floresta e pastagem nas entrelinhas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IKEDA, F. S. et al. Banco de sementes em sistemas de cultivo lavoura-pastagem. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 11, p. 1545-1551, 2007a. IKEDA, F. S. et al. Caracterização florística de bancos de sementes em sistemas de cultivo lavoura-pastagem. Planta Daninha, v. 25, n. 4, p. 2007b. IKEDA, F.S. et al. Métodos e luz na avaliação de efeito alelopático de cultivares do gênero Urochloa spp. In: XXVIII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 2012, Campo Grande. XXVIII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas. Campo Grande, 2012. MOREIRA, H. J. da C.; BRAGANÇA, H. B. N. Manual de identificação de plantas infestantes: cultivos de Verão. Campinas: FMC, 2010. 642 p. SOUZA, A.P.de et al. Classificação climática e balanço hídrico climatológico no Estado de Mato Grosso. Nativa, v.1, n.1, p.34-43, 2013. YAMAGUSHI, M.Q.; GUSMAN, G.S.; VESTENA, S. Efeito alelopático de extratos aquosos de Eucalyptus globulus Labill. e de Casearia sylvestris Sw. sobre espécies cultivadas. Semina: Ciências Agrárias, v. 32, n. 4, p. 1361-1374, 2011.

Tabela 1. Importância relativa de espécies de plantas daninhas (%) em banco de sementes de sistemas solteiros e integrados de produção. Sinop-MT, 2012/2013 e 2013/2014. Espécie Família 2012/2013 2013/2014 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Alternanthera tenella Amaranthaceae - - - 2,5 - - - - 1,6 - - - - 1,6-0,8 2,7 - - - Amaranthus sp. Amaranthaceae - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,9 - Sp1 Asteraceae - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1,7 - Bidens sp. Asteraceae - - - - - - - - - - - - - - 0,9 - - - 1,7 - Conyza sp. Asteraceae - - - - - - 3,2 - - - 4,1-3,4 3,9 3,4 0,8 2,7 0,9 1,7 4,7 Eupatorium pauciflorum Asteraceae - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,9 0,9 - Sonchus oleraceus Asteraceae - - 1,5 - - - - - - - - - - - - - - - - - Tridax procumbens Asteraceae - - - - - 1,6 1,5 - - 2,0 - - 1,1 1,1 1,0 0,8 1,5 0,9 0,9 2,3 Commelina benghalensis Commelinaceae 5,8 4,5 6,1 1,7 2,2 5,2 1,5-4,8 2,0 4,5 13,1 7,3 9,9 5,3 5,8 11,0 1,8 4,3 5,3 Ipomoea sp. Convolvulaceae - - - - - - - - 1,6 2,0 - - - - - - - - - - Cyperus spp. Cyperaceae 12,2 23,6 1,5 5,6 5,2 10,7 4,2 4,2 8,6 12,9 7,8 4,1-3,2 14,2 11,0 4,1 3,7 4,3 5,3 Chamaesyce hirta Euphorbiaceae 4,5-1,7-3,0-4,9 1,8 - - 6,1 4,1-4,9 0,9 6,6 4,9 5,4 1,7 5,1 Euphorbia heterophylla Euphorbiaceae - - - - - - - - - - - - 1,1 - - - - 0,9 - - Phyllanthus sp. Euphorbiaceae - - - - - - - - - - - - - 1,1 0,9 - - - - - Sp2 Fabaceae - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,9 - Sp3 Fabaceae - - - - 1,5 - - - - - - - - - - - - - - - Sp4 Lamiaceae - - - - - - 1,7 - - - - - - - - - - - - - Hyptis brevipes Lamiaceae 18,6 13,5 11,3 16,8 9,0 16,4 11,5 12,5 13,5 13,3 6,1 4,1 4,8 6,8 2,5 8,2 7,2 8,3 15,6 7,5 Spigelia anthelmia Loganiaceae 4,5-2,1-3,5 6,6 4,9 1,6-2,0 2,0-8,9-3,6 5,6 1,2 0,9 0,9 2,3 Sida rhombifolia Malvaceae - - - - - - - - - - - - 1,1-0,9 - - - - - Oxalis sp. Oxalidaceae - - - - - - - - - - - 2,1 - - - - - - - - Sp5 Poaceae - - 1,9 - - 3,3 1,5 3,7 3,2 - - - - 1,1 1,9 0,8 - - - - Cenchrus echinatus Poaceae - - - - - - - - - - 2,0 - - 1,0 1,0-3,7 2,3 - - Digitaria horizontalis Poaceae - 3,8 4,4 6,0 11,6 2,7 5,1 4,2 5,1 4,3 13,5 27,9 16,4 15,6 37,0 22,7 8,7 26,7 12,8 25,1 Digitaria insularis Poaceae - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,9 - - Eleusine indica Poaceae 50,0 44,8 59,1 58,7 48,4 42,4 44,9 61,7 34,7 50,7 41,1 36,7 32,8 37,5 19,6 21,1 40,8 33,2 8,6 36,9 Panicum maximum Poaceae - - - 1,7 - - 1,5 - - - - - - 3,4 - - - - 0,9 0,9 Urochloa sp. Poaceae - - 1,5 - - - 1,5-3,5 - - - 7,3 1,1 - - 1,2 - - - Sp6 rubiaceae - - - 1,7 - - - 1,6 - - - - - - - - - - - - Spermacoce latifolia Rubiaceae - 3,8 1,5 3,5 3,0 2,0 4,4 6,7 7,1 6,8 4,5 3,7 2,8-3,2 8,4 5,0 7,3 26,4 2,0 cf. Spermacoce suaveolens Rubiaceae - - 1,5 1,7 7,9 2,3 2,2 1,9 14,8 2,0 4,1 2,1 4,7 5,6 2,0 2,1-5,7 13,3 1,5 Sp7 Solanaceae - - - - - - 2,9 - - - - - - - - 0,8 - - - - Physalis angulata Solanaceae - 5,9 - - 1,5-1,5 - - - - 2,1 2,5 1,0 0,8 0,8 3,5 - - - Schwenckia americana Solanaceae - - 2,9-1,5 1,6 - - - - 2,0-2,3 1,0-1,7 1,5 - - - Sp8 - - - - - - - - - - - - - 1,1 - - - - - - - Sp9 - - - - - - - - - - - - - 1,1 - - - - - - - Sp10 - - - - - - - - - - - 2,0 - - - 0,8 - - - - 0,9 Sp11 - - - - - - 1,6 - - - - - - - - - - - - - - Sp12 - - - 1,5 - - - - - - 2,0 - - - - - - - - - - Sp13 - - - - - - - - - - - - - - - - 0,8 - - - - Sp14-4,5-1,7-1,5 3,6 1,5-1,6 - - - 1,1 - - 0,8 - - 2,6 - Número de Espécies 6 7 15 10 13 13 18 10 11 11 13 10 16 17 18 18 15 15 18 13 1: floresta solteira; 2: sucessão soja/consórcio milho-pastagem; 3: pastagem solteira; 4: sistema integração lavoura-pecuária (ILP) com dois anos de lavoura, seguidos de dois anos de pastagem; 5: sistema integração pecuária-lavoura (IPL), com dois anos de pastagem, seguidos de dois anos de lavoura; 6: sistema lavoura-floresta (LF), com floresta e lavoura nas entrelinhas; 7: sistema pecuária-floresta (PF), com floresta e pastagem nas entrelinhas; 8: sistema ILPF, com floresta e quatro anos de lavoura, seguidos de quatro anos de pastagem nas entrelinhas 3 ; 9: sistema ILPF, com floresta e quatro anos de pastagem, seguidos de quatro anos de lavoura nas entrelinhas; 10: sistema ILPF, com floresta e, nas entrelinhas, sucessão soja-consórcio milho-pastagem, com colheita do milho e estabelecimento do pasto no inverno para pastejo animal (recria/terminação).