Nos bastidores do Gênero: Audiovisual, política e a produção de um Festival de Cinema com foco na educação em Gênero e Sexualidade no Ceara.



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Transcrição:

Nos bastidores do Gênero: Audiovisual, política e a produção de um Festival de Cinema com foco na educação em Gênero e Sexualidade no Ceara. Cristhian Caje 1 Resumo A promoção da igualdade de gênero, assim como da diversidade de expressões da sexualidade, é uma preocupação do governo brasileiro há mais de uma década devido à pressão dos movimentos de gays, lésbicas, travestis, transexuais e também do movimento feminista. Neste cenário, destaca-se o aparecimento de eventos diversos especializados no assunto, em especial, os festivais de cinema que abordam as questões de Gênero e Sexualidade. Esta comunicação surge como parte deste projeto de pesquisa que atualmente é desenvolvido no Mestrado em Antropologia Social no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina, dentro dos núcleos da Antropologia Visual [NAVI] e de Identidade, Gênero e Subjetividade [NIGS]. Com o objetivo de acompanhar a produção de um festival de Cinema, no Ceará, que tem foco nestas questões, pretende-se, portanto, analisar e descrever o processo da curadoria do material inscrito e assim entender quais interpretações sobre gênero e sexualidade são levados em consideração nas narrativas cinematográficas selecionadas para o festival. Palavras chaves: Audiovisual, Política, Produção, Gênero Abstract The promotion of gender equality, as well as the diversity of expressions of sexuality, has been a concern of the Brazilian government for more than a decade due to the pressure of the Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, Transexual and Intersex movements, and also the Feminist movement. In this scenario, we highlight the emergence of many specialized events on the subject, especially film festivals that address issues of Gender and Sexuality. This media comes as part of this research project that is currently being developed in this Masters Programme on Social Anthropology in the Post Graduate Programme of the Universidade Federal de Santa Catarina, in the core of Visual Anthropology [NAVI], and in the core of Identity, Gender and Subjectivity [Nigs]. In order to monitor the production of a film festival, in Ceará, which focuses these questions, it is intended, therefore, to analyse and describe the process of curating the inscribed material, hence understand, which interpretations of gender and sexuality are taken into account in cinematic narratives selected for the festival. Key words : Audiovisual Policy, Production, Genre 1 Mestrado em Antropologia Social, em andamento, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui experiência nas áreas de Antropologia da Imagem, Antropologia do Consumo e Antropologia da Produção, com foco nos estudos de Gênero e Sexualidade. Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=k4263981u2

Introdução Esta comunicação tem como objetivo principal aproveitar a oportunidade do encontro da 29RBA, para apresentar os primeiros resultados do trabalho de campo desta pesquisa que atualmente é desenvolvido no Mestrado em Antropologia Social do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina. Onde segue a pesquisa dentro dos núcleos da Antropologia Visual e estudos da Imagem [NAVI] e do Núcleo de Identidade, Gênero e Subjetividade [NIGS]. O trabalho de campo foi desenvolvido junto às atividades de uma ONG em Fortaleza, no estado do Ceará, onde se realiza trabalhos de educação e ações afirmativas para a equidade de Gênero e Sexualidade. Esta organização não governamental tem como objetivo a produção de material audiovisual, fotográfico, eventos de mostras audiovisuais, cineclube e seminários associado à imagem como forma de levar adiante seu projeto. Procura-se, neste momento do encontro do grupo de trabalho dentro das comunicações compartidas, a troca de ideias, a reflexão em grupo, bem como a oportunidade para expor pela primeira vez alguns dados do trabalho que, somar-se-iam consideravelmente à análise etnográfica e ajudariam a estabelecer parâmetros comparativos importantes. O intercâmbio deste momento é enfim, a procura por criar um espaço aberto para um diálogo direcionado, e a procura de sugestões por caminhos teóricos e metodológicos que serão tomados no desenvolvimento da dissertação. Através da participação e etnografia de uma das atividades desta ONG - uma mostra Internacional Audiovisual - que tem seu foco na exibição de curtas metragens para a posterior discussão de temas relacionados a gênero e sexualidade, e que conta com uma importante circulação de pesquisadores brasileiros que estejam produzindo nesta área, assim como de setores da sociedade civil organizada que luta pela causa, pretende se entender como se dá o processo de construção e qual a importância que ele tem dentro de um campo político maior, nacional, assim como local, colocando-o ou comparando-o num panorama maior do gênero e sexualidade Brasileiro. Traz-se aqui os primeiros dados de campo relacionados ao processo da curadoria do material audiovisual inscrito para a Mostra e uma breve analise da seleção, dados com o qual se pretende trabalhar de forma mais aprofundada no futuro, e que são de

muita importância para entender quais interpretações sobre gênero e sexualidade são levadas em consideração nas narrativas cinematográficas selecionadas para o festival. É também analisado o conteúdo dos filmes, a linguagem audiovisual, como estes se colocam no panorama da militância, a fala dos produtores, dos realizadores e a construção de identidades, atores políticos, financiamento, etc. Qual a importância de incluir o audiovisual na relação entre politizar o social através da arte e os seus limites. Para entender a dinâmica deste campo de políticas publicas voltada a produção de um conhecimento sobre gênero e sexualidade no Brasil, considera-se, ou delimita-se, um recorte histórico a partir do ano 2000 em diante. Onde visivelmente setores tanto dos movimentos sociais LGBTTT como do campo acadêmico educacional têm estruturado uma agenda anti-homofobia e contra a violência de gênero na educação brasileira. Pensada a partir de diferentes matrizes teóricas, com diferentes conceitos, de forma interdisciplinar ou não, esta agenda tem ampliado o pensamento sobre o combate às violências de gênero, bem como atuado na valorização e positivação das identidades LGBTT num contexto social altamente machista. A constituição dessa agenda aproximou movimentos da sociedade civil, núcleos de pesquisa e grupos universitários. Dinâmica que lembra em vários aspectos a coalizão feminista dos anos 1980 no combate à violência contra as mulheres que possibilitou a implementação das primeiras políticas públicas feministas no Brasil. O objeto, o campo, os bastidores. Desde os anos noventa, temos acompanhado a proliferação de diversos tipos e especialidades de festivais de cinema, incluindo os que contemplam as mudanças na tecnologia e formatação dos filmes (curtas, VHS, Digital, etc), destaca-se dentre eles o aparecimento de festivais específicos que abordam questões como Gênero, Raça e Sexualidade, como é o caso dos festivais de cinema LGBT. Estes festivais carregam nos bastidores uma configuração política especifica que busca visibilizar demandas e conquistas ligadas ao campo político feminista, conquistas que vêm sendo gestadas há décadas atrás. Esta pesquisa se propõe a estudar o campo onde estes eventos/festivais audiovisuais aparecem e a forma como eles se configuram no cenário nacional de eventos sobre Gênero e Sexualidade, assim como a circulação de intelectuais, sujeitos políticos, militantes, conceitos teóricos e o produto audiovisual.

O objeto principal a ser pesquisado, mediante a observação participante, é o Festival Curta o Gênero - Mostra Internacional Audiovisual - que é acompanhada por seminários, mostras paralelas e itinerâncias na cidade de Fortaleza, no interior do estado do Ceara, em outras cidades do nordeste e este ano, pela primeira vez, será realizado em Florianópolis- SC. O festival se constrói como um projeto de multilinguagens e convida aos espectadores à transformação de mentalidades através do debate e difusão de obras audiovisuais e fotográficas, obras comprometidas com a denúncia das desigualdades de gênero, com a construção ou invenção de outras representações e interpretações simbólicas baseadas na equidade de gênero e na afirmação da diversidade sexual. Obras que se inscrevem como tal no exercício pleno da justiça e da liberdade nos campos do gênero e da sexualidade. Nesse sentido, além da Mostra Audiovisual, o evento promove o debate acadêmico e político em torno das relações entre gênero, sexualidade, liberdade, democracia, arte, fundamentalismos, violações de direitos e feminismos na contemporaneidade, tudo isso inspirado no conteúdo do material exibido. Curta o Gênero, que já está na sua quarta edição, promove como evento paralelo o seminário "Gênero, Cultura e Mudança" que fomenta o debate entre pesquisadores, acadêmicos e sociedade civil. Esse universo temático também conta com a exposição fotográfica: "Contrastes" gênero, tempos, lugares, olhares, que apresenta o olhar de jovens fotógrafos/as sobre o tema. Em toda sua amplitude, o festival Curta O Gênero assume um compromisso sociopolítico com a construção de uma cultura de liberdade, de solidariedade e de justiça entre homens e mulheres em suas múltiplas possibilidades performáticas. O evento é de organização da Fábrica de Imagens Ações Educativas em Cidadania e Gênero, uma Organização Não Governamental (ONG) que desenvolve ações educativas em cidadania e gênero situada na cidade de Fortaleza, Ceará. Com uma trajetória de dezesseis anos desenvolvendo ideias, projetos e ações para promoção da equidade de gênero neste estado, para a afirmação da diversidade sexual e fortalecimento das juventudes através de processos de formação, produção, difusão e distribuição de bens e serviços culturais e em comunicação. A ONG atua ainda na

articulação e mobilização política junto a redes, fóruns e conselhos dentre outros espaços dos movimentos sociais na perspectiva do controle social e da proposição de políticas públicas afirmativas de combate ao machismo e à homofobia. Esta entidade acumula também ampla experiência no campo do audiovisual popular, o qual representa no Conselho Consultivo da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura SAV/MINC, e na defesa dos direitos das pessoas que vivem com HIV/AIDS integrando a Coordenação do Fórum do Movimento Social de Luta contra a AIDS do Ceará.