Para onde vai o sistema de saúde brasileiro? Ligia Bahia Universidade Federal do Rio de Janeiro



Documentos relacionados
Comissão Especial Destinada a Discutir o Financiamento da Saúde Pública Audiência Pública 15/05/2013

O conceito de assistência à saúde...

REDE HOSPITALAR DE SANTAS CASAS E FILANTRÓPICOS BRASILEIROS

BRASIL EXCLUDENTE E CONCENTRADOR. Colégio Anglo de Sete Lagoas Prof.: Ronaldo Tel.: (31)

A GESTÃO HOSPITALAR E A NOVA REALIDADE DO FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA RENILSON REHEM SALVADOR JULHO DE 2006

O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM OS SISTEMAS DE SAÚDE?

Sustentabilidade dos Sistemas de Saúde Universais

A Organização Federativa da Educação Brasileira. Manuel Palácios

Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas - CMB FGV. Debates. As tendências do Sistema Único de Saúde

O que é Saúde Complementar

MINISTÉRIO DAS CIDADES Secretaria Nacional de Habitação. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Representação de Apoio ao Desenvolvimento Urbano

Incentivos do Poder Público à atuação de entidades civis sem fins lucrativos, na área social. (1) renúncia fiscal

Reformas dos sistemas nacionais de saúde: experiência brasileira 5º Congresso Internacional dos Hospitais

A SAÚDE NO GOVERNO LULA PROGRAMA DE GOVERNO

Mercado de Saúde no Brasil. Jaqueline Castro

Pesquisa. Há 40 anos atrás nos encontrávamos discutindo mecanismos e. A mulher no setor privado de ensino em Caxias do Sul.

FINALIDADE E BREVE HISTÓRICO

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Seguro-Saúde. Guia para Consulta Rápida

OFICINA DE CONHECIMENTO GESTÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O TERCEIRO SETOR

Mercado de Saúde no Brasil Jaqueline Castro

Escola de Formação Política Miguel Arraes

Planejamento de Marketing

O SISTEMA DE PARCERIAS COM O TERCEIRO SETOR NA CIDADE DE SÃO PAULO

Introdução. Capitais Internacionais

PHARMACEUTICAL BENEFIT MANAGEMENT PBM

ITG 2002: Os principais desafios na implementação das novas práticas na visão da Auditoria Independente.

INCT Observatório das Metrópoles

COMO SE TORNAR UM PARCEIRO DO CORPO CIDADÃO? Junte-se a nós!

PROJETO DE LEI Nº, DE 2013

ENGENHARIA E ARQUITETURA PÚBLICA UMA VISÃO SISTÊMICA DA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL.

EB-5 GREEN CARD PARA INVESTIDORES


Cadastro Único e Programa Bolsa Família

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO

SAÚDE COMO UM DIREITO DE CIDADANIA

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 110, DE 2015

BNDES Prosoft. Programa BNDES para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação

LEI Manual Perguntas e Respostas

DESENVOLVIMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, GERAÇÃO DE EMPREGO E INCLUSÃO SOCIAL. XII Seminario del CILEA Bolívia 23 a 25/06/2006

PRÊMIO ABF- AFRAS DESTAQUE SUSTENTABILIDADE 2012 FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO Categoria Franqueado

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

O FGTS TRAZ BENEFÍCIOS PARA O TRABALHADOR?

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO

Módulo 1 Questões Básicas da Economia Conceito de Economia

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 1988

Guia Prático de Utilização do Plano

INCENTIVOS FISCAIS, UMA VISÃO GERAL

GUIA PRÁTICO ACOLHIMENTO FAMILIAR PESSOAS IDOSAS E ADULTAS COM DEFICIÊNCIA

Olhares sobre a Agenda Regulatória da ANS

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI Nº 2.426, DE 1996

O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques

GUIA PRÁTICO MEDIDA EXCECIONAL DE APOIO AO EMPREGO - REDUÇÃO DE 0,75 PONTOS PERCENTUAIS DA TAXA CONTRIBUTIVA A CARGO DA ENTIDADE EMPREGADORA

Gastos Tributários do governo federal: um debate necessário

CICLO DE INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 14/07/2014. Infrahosp

Debate Sobre a Desoneração da Folha de Pagamento

Empresa de Consultoria especializada em Gestão do Negócio Saúde

Conceitos e definições da ANS (Agencia Nacional de Saúde)

Pelos (Des) caminhos da medicina assistencial brasileira

Sumário 1 APRESENTAÇÃO VOCÊ SABE COMO FUNCIONA UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO? COOPERATIVISMO COOPERATIVA DE CRÉDITO...

Cobertura assistencial. Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde OPME

Pesquisa IBOPE Ambiental. Setembro de 2011

NBC T Entidades que recebem subvenções, contribuições, auxílios e doações AUDIT

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO PARANÁ

Relação entre as Fundações de Apoio e a FINEP (execução e prestação de contas) 2013

INTERPRETAÇÃO DA RESOLUÇÃO CFC No /12 ITG 2002

Concurso Prof. Cid Roberto. Bancos Comerciais. Bancos Comerciais.

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

Recursos Próprios. Amigos e Familiares

A Lei de Diretrizes da Política

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 1988

O direito à tecnologia da informação: perspectivas e desafios. Prof. José Carlos Vaz EACH-USP

POLITICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação

Seminário CNI. dos investimentos. Silvano Silvério da Costa

Defesa dos Serviços e Trabalhadores Públicos Brasileiros e o. Não Pagamento da Dívida Pública

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1.1

O PASSO A PASSO PARA A OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO DE PROJETOS

ADMINISTRAÇÃO / BACHARELADO

Anexo III Contratações de Serviços de Consultoria (Pessoa Física e Jurídica)

DIRETORIA DE PESQUISAS - DPE COORDENAÇÃO DE CONTAS NACIONAIS CONAC. Sistema de Contas Nacionais - Brasil Referência Nota metodológica nº 11

5. O Plano do funcionário sofrerá reajuste?

PARECER SOBRE A LEI DA SOLIDARIEDADE-RS

Elaboração e Análise de Projetos

Crédito Estudantil Ibmec

Estratégia de Financiamento

CHAMADA DE PROJETOS 001/2013- APOIO PARA SOLUÇÕES DE INOVAÇÃO JUNTO AS MPE S de Uberaba

Índice. 1. Os preços dos planos de saúde são controlados? 2. Como funcionam as regras de reajuste. 3. Quais as regras de reajuste dos planos

O EMPREGO DOMÉSTICO. Boletim especial sobre o mercado de trabalho feminino na Região Metropolitana de São Paulo. Abril 2007

PORTARIA Nº 375, DE 10 DE MARÇO DE 2014

Acompanhamento de preços de produtos para a saúde é desnecessário e prejudicial ao mercado

DMED Declaração de Serviços Médicos e de Saúde. Instrução Normativa RFB nº 985, de 22 de dezembro de 2009 e alterações

Nova ética emergindo de crises mudança no sistema de emprego exclusão/marginalização social aumento das demandas sociais concentração de poder e

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº

CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI Nº 3.630, DE 2004

GESTÃO DE PROJETOS SICONV APRENDIZADO QUE GERA RESULTADOS

Você conhece a Medicina de Família e Comunidade?

Transcrição:

Para onde vai o sistema de saúde brasileiro? Ligia Bahia Universidade Federal do Rio de Janeiro

Os termos atuais do debate: Equação linear +NCM + privatização A migração da NCM para os planos privados de saúde tornará o SUS um sistema pobre para pobres. Paradoxo: o que é bom para o Brasil será ruim para o SUS Um roteiro para o debate: Questionamento sobre as relações diretas entre as preferências dos indivíduos (e da equação linear + renda = privatização) e Recuperação das relações empiricamente comprovadas entre condições econômicas e saúde e Sistematização de evidências sobre a importância dos arranjos institucionais e regulatórios na conformação e desenvolvimento de sistemas de saúde Atributos individuais e determinantes contextuais e macro econômicos são comprovadamente correlacionados com status de saúde e interferem nas relações interpessoais entre médicos e pacientes Não são os indivíduos e sim instituições (legislações) que determinam a configuração dos sistemas de saúde

Renda Per Capita Despesas Públicas com Saúde Fonte:World Mapper spending in 2001 on public health services per person US$ purchasing power parity* Fonte: World Bank (dados referentes a 2008)

Roteiro: Classes sociais, classes de renda e a prática médica Classes sociais, classes de renda e saúde A constituição de sistemas de saúde e as classes sociais Os sistemas de saúde contemporâneos e as classes sociais A constituição do sistema de saúde brasileiro e as classes sociais O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais A NCM e o sistema de saúde brasileiro Uma agenda para a saúde no Brasil do século XXI

Classes sociais, classes de renda e a prática médica As relações entre as diferentes classes sociais com os médicos tende a variar de acordo com o status socioeconômico dos pacientes. Estudos clássicos e recentes evidenciam que as lacunas de comunicação e compreensão na relação entre médicos e pacientes são mais intensas no atendimento de segmentos populacionais de menor renda e escolaridade Indicador: renda dos médicos/renda dos trabalhadores em geral Mais recentemente, o relacionamento entre os pacientes e os médicos e outros prestadores de serviços tornou-se um componente essencial da qualidade da oferta de serviços de saúde, efetividade terapêutica e uma trincheira na batalha contras as iniquidades na saúde. Inúmeros estudos acentuam que a comunicação com os pacientes é essencial para a construção de um relacionamento terapêutico, associado com a satisfação com o cuidado e adesão às orientações médicas.

Classes sociais, classes de renda e a prática médica Tabela 1 Estimativa da Remuneração (todas as fontes) dos Médicos, População Economicamente Ativa e Ocupados com Nível Universitário, Pnad/IBGE 2003 e 2008 2003 Médicos/Outras Profissões 2011 Médicos/Outras Profissões Var. % Médicos 4189,66 10.099,00 141,05 Ocupados com mais de 12 anos de estudo 1429,44 2,9 1.966,00 5,1 37,54 Ativos maiores de 10 anos ou mais com renda de todas as fontes diferente de 0 977,58 4,3 1.380,00 7,3 41,16 Fonte; Pnad 2003 e 2011 (microdados) Brasil (Rais) 3,2 vezes Holanda 5,5 vezes Noruega, Reino Unido e Austrália 2 a 3 vezes (dados para 2009) OECD Healthdata, 2013

Classes sociais, classes de renda e saúde No final do século XIX, duas observações sobre as relações entre saúde, classes sociais e condições de vida e trabalho estavam incorporadas à epidemiologia: 1) existe um gradiente socioeconômico em saúde que se estende de cima para baixo da classificação social e não apenas um limiar que separa ricos de pobres; 2) o contexto e nível de tem relevância para a ocorrência de fenômenos relacionados com o processo saúde-doença; moradores pobres que vivem em localidades degradadas são mais propensos a ter pior status de saúde do que segmentos populacionais igualmente despossuídos vivendo em regiões mais abastadas Black Report publicado em 1980, gerou imenso interesse no mundo inteiro. A conclusão do trabalho sobre a existência de significativas e crescentes diferenças nas taxas de mortalidade e morbidade favoráveis às classes sociais mais elevadas revelou que essas desigualdades não estavam sendo reduzidas pelo sistema de saúde e de proteção social. Hoje as evidências indicam melhoria na qualidade de vida de todos para alguns diagnósticos e tratamentos (dças cardíacas, alguns canceres) Estudos sobre Desigualdades e Saúde Estudos sobre Iniquidades e Saúde

Classes sociais, classes de renda e saúde Atualmente, as medidas isoladas de PSE por exemplo escolaridade e renda embora apresentem superposições, podem diferir, ainda que de modo discreto, quando aplicadas nas analises sobre PSE e determinadas condições de saúde. As medidas mais utilizadas para definir PSE são obtidas por registros no nível domiciliar e individual são: 1) posse de bens e condições de moradia (condições de construção, acesso a água, saneamento, eletricidade, internet; tamanho do domicilio; bens duráveis tais como televisão, geladeira etc); 2) despesas de consumo (despesas domesticas de itens que somadas constituem um agregado equivalente ao total da despesa, frequentemente usada na analise de contas nacionais); 3) escolaridade; 4) renda; 5) ocupação. Exemplo Fonte: Radis 99 dez, 2010

A constituição de sistemas de saúde e as classes sociais Quadro 1 A Origem dos Sistemas de Saúde na Inglaterra e nos EUA Contexto Legislação Organização do Sistema Sindicatos de Trabalhadores Empresários Médicos Inglaterra I Guerra Mundial, Restabelecimento da Ordem Social (contenção do socialismo)/ Autoridade Política mais Centralizada Em 1885 a Lei que determinava que o uso de enfermarias de hospitais fosse restrito aos pobres (derivação da Lei dos Pobres) foi abolida (por exemplo, o Royal Free Hospital, fundado em 1828, não aceitava nenhuma restrição ao ingresso de pacientes) 1890 instância de coordenação de todos os hospitais e dispensários por distrito 1911 Seguro Social Relatório Dawson em 1920 Localização das unidades de saúde de acordo com a distribuição da população e dos meios públicos de transporte e com as correntes naturais de fluxos comerciais e de tráfego, variando em tamanho e complexidade, segundo as circunstâncias Caixas de socorros e mutualidades Serviços domiciliares apoiados por centros de saúde primários e auxílio de laboratórios, radiografias e acomodação para internação Nas cidades maiores, centrosde saúde, com serviços especializados (clínica, cirurgia, gineco, oftalmo, otorrino) Favoráveis/ consentimento passivo ao seguro social Apoio ao seguro social Apoio ao seguro social (Generalistas p a g t o p e r capita e especialistas assalariados) EUA Liberalismo (Defesa do seguro social pelo Partido Socialista)/ Descentralização da Autoridade Política Entre 1905 e 1917 tribunais de diversos estados decidiram que as corporações médicas não poderiam participar da prática comercial da medicina (na prática contra o investimento de terceiros na organização de empresas e contra a contratação de s e r v i ç o s m é d i c o s p o r e m p r e s a s empregadoras) Mutualidades voltadas ao seguro de vida (exemplos Prudential e Metropolitan) Contrários ao seguro social Contrários ao seguro social C o n t r á r i o s ao seguro social ( p a c i e n t e s particulares, nos hospitais atendimento s gratuitos exceção q u a r t o s particulares)

A constituição de sistemas de saúde e as classes sociais Quadro 2 A Origem dos Sistemas de Saúde na Inglaterra e nos EUA Inglaterra EUA Contexto Legislação Organização do Sistema Crescimento Econômico II Guerra Mundial Recessão Quebra de Hospitais Sistema de Proteção Social Sistema tipo Serviço Nacional de Saúde American Hospital Association (apoio aos planos de prépagamento, contra o plano de hospital único) Decisão da Suprema Corte nos anos 1940 reconheceu que os planos de beneficios eram compatíveis com as normas referentes as condições de trabalho Distritos GP s (remuneração per capita atendimento em consultórios fora dos hospitais) Especialistas (assalariados, atendimento no inicio nos ambulatórios dos hospitais) Blue Cross (organização não lucrativa Risco Comunitário) Empresas Comerciais (Risco Individual) Empresas Comerciais Sindicatos de Trabalhadores Favoráveis/ NHS apoiado pelos Socialistas Fabianos Favoráveis as Blue Cross Empresários Médicos??????? Apoio dos Generalistas Disputa entre generalistas e especialistas Preferiram as empresas de planos e comerciais Nos anos 1950 os sindicatos eram responsáveis pela negociação de pelo menos ¼ do total de planos Blue Shields Pauta de preços por procedimento s

Os sistemas de saúde contemporâneos e as classes sociais Quadro 3 - Implementação da Reforma do Sistema de Saúde nos EUA (situação no inicio de 2013) Coberturas/Reorganização do Mercado Cobertura para jovens adultos de até 26 anos Seguro de Condição Pré-Existente Controle dos recursos captados pelas empresas de planos e seguros de saúde Controle de preços das mensalidades dos planos e seguros de saúde Organização de um novo ambiente para o mercado de seguros de saúde Guia obrigatório de coberturas Detalhamento Jovens que morem em domicílios diferentes, não sejam estudantes, nem dependentes para fins de declaração de impostos (cerca de dois milhões de jovens adultos adquiriram cobertura) Inicio em 23 de setembro de 2010. Proibição de exclusões de coberturas para crianças com condições pré-existentes As empresas de planos e seguros de saúde devem gastar pelo menos 80% a 85% com cuidados à saúde (visando a redução dos custos administrativos, com marketing e dos lucros) revisão dos aumentos das prestações (prêmios) de planos e seguros por estados e governo federal negando aumentos de tarifas solicitados em determinados casos, levando a redução do crescimento das mensalidades; Início das atividades em inicio de outubro de 2013, para atender a obrigatoriedade da oferta de planos para todos os cidadãos, independente do status socioeconômico e de saúde (existem estados que estão definindo como as empresas de planos e seguros irão participar da oferta das coberturas, os tipos de planos que serão oferecidos e a assistência necessária para auxiliar as pessoas a se vincularem aos novos planos; outros estados estão prevendo a contratação de planos por meio de cooperação com o governo federal; Sumário de coberturas e benefícios (todas as empresas de planos e seguros de saúde deverão fornecer informações sobre garantias assistenciais, limites e exclusões e co-pagamentos (easy-to-read summary of benefits and coverage SBC) incluindo ilustrações sobre o que os clientes não devem pagar (cuidados a problemas prevalentes como gravidez de baixo risco e tratamento de diabetes) Fontes: U.S. Department of Health & Human Services, 2013 e Kaiser Family Foundation, 2013

A constituição do sistema de saúde brasileiro e as classes sociais Escolas de medicina por decreto Os critérios de ingresso e os conteúdos dos cursos de medicina foram sendo estabelecidos por sucessivos decretos[. Por exemplo, o decreto de 1º de abril de 1813 estabeleceu que as credencias para os dos ingressos nos cursos de medicina: os candidato deveriam saber ler e escrever, compreender as línguas francesa e inglesa e pagar uma taxa de matricula considerada elevada. O decreto nº1.623, de 30/06/1855, concedeu honras de desembargador aos catedráticos das duas faculdades médicas. O decreto de 21 de abril de 1860 aprovou e mandou executar os novos modelos de vestimentas, as vestes talares, que deveriam ser usadas por professores, diretores, secretários e doutorandos das faculdades de medicina, por ocasião da colação de grau. Em 19 de abril de 1879, por meio do decreto nº 7.247, aprovou-se uma reforma inspirada nas universidades alemãs, instituindo a freqüência livre às aulas, a realização de cursos não oficiais nos próprios recintos das faculdades e a abolição do juramento católico por ocasião da colação de grau, podendo cada doutorando jurar conforme o seu credo religioso. Entre seus artigos propugnava-se pela primeira vez a permissão da diplomação de mulheres nos diversos cursos das faculdades. Filantropia Estatal Os primeiros hospitais brasileiros eram vinculados as Misericórdias. E as relações entre as misericórdias brasileiras e o Estado eram estruturais. Quando as santas casas foram criadas, governadores-gerais acumularam o cargo com o de provedores. Como quem podia pagar um médico recebia assistência domiciliar, os hospitais das irmandades tinham uma clientela constituída por: negros, brancos pobres, estrangeiros, soldados da guarnição e soldados e marinheiros dos navios de guerra e outros barcos da Coroa. [Somente a partir do século XIX, em situações excepcionais, alguns médicos e/ou cirurgiões assumiram os cargos de provedor e mordomo das Santas Casas.

A constituição do sistema de saúde brasileiro e as classes sociais Médicos domínio da língua francesa exigências para a admissão nas Irmandades Instituições Filantrópicas 1 - ser puro de sangue a pelo menos duas gerações, o que equivale dizer: não ter sangue de negro, mouro ou judeu. Tal exigência também recaía sobre a mulher do candidato [esta regra foi abolida no século XIX]; 2 - ser livre de toda infâmia de fato e de direito; 3 - ter idade conveniente: pelo menos 25 anos no caso de ser solteiro; 4 - não servir a casa por salário; 5 - ser isento de trabalhar com suas próprias mãos: em caso de ser oficial mecânico' ser dono de sua tenda; 6 - ser de bom entendimento e saber: que saiba ler e escrever; 7 - ter tenda suficiente para acudir ao serviço da irmandade quando necessário e para não ser suspeito de aproveitar do dinheiro da instituição em benefício próprio.

Sistema de saúde brasileiro e dos países europeus, EUA e classes sociais Diferença 1 Diferença 2 Ao contrário do que ocorreu em países europeus e nos EUA, a estratificação de classes transpôsse sem sofrer adaptações à organização do sistema de saúde brasileiro tanto no que diz respeito aos critérios excludentes para o exercício da medicina e no uso de escravos como serviçais, quanto na escolha de membros da elite política e empresarial para ocupar cargos nas Santas Casas. Portanto, o modelo arquitetônico norte-americano, do final do século XIX e inicio do XX, de internação no mesmo estabelecimento de ricos e pobres, desde que em instalações privativas ou coletivas, não se implantou plenamente no Brasil. Foi a Previdência Social, nos anos 1970, que internalizou nas Santas Casas diferenças entre classes sociais (não entre ricos e pobres, mas sim entre trabalhadores urbanos com maior e menor renda e trabalhadores rurais). No Brasil a modernização dos hospitais no Brasil não foi liderada pelas santas casas e sim pelos hospitais de ensino tais como o Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e os da Previdência Social, construídos ao longo dos anos 1940 e 1950. No entanto, os hospitais de instituições filantrópicas e beneficentes seguiram ocupando um papel proeminente na assistência à população quer pelo fato de serem os únicos estabelecimentos com internação em inúmeras cidades brasileiras quer pelos incentivos financeiros provenientes da isenção de pagamentos de tributos dispositivos quer por repasses diretos de recursos públicos.

O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais O sistema brasileiro contemporâneo é extremamente complexo. O SUS, o sistema universal de saúde formalizado por uma legislação que permanece vigente avançou a passos largos na extensão do acesso a população brasileira. Além disso, houve uma efetiva universalização no atendimento de pacientes com HIV/AIDS e na realização de procedimento tais como transplantes e hemodiálises, fornecimento de medicamentos excepcionais e aquisição por todos que deles necessitarem de medicamentos subsidiados. No entanto, essas importantes rupturas com o padrão pretérito de discriminação de pacientes não foram suficientes para reverter o padrão estratificado e segmentado do sistema de saúde. Após 25 anos de aprovação da Constituição de 1988 e de implementação mitigada do SUS, quer em função do subfinanciamento e inadequação das instituições existentes às necessidades de um novo modelo de organização, quer em decorrência do profundo descrédito das autoridades políticas do país no potencial da saúde pública como vetor de desenvolvimento social. A tsunami neoliberal, ao varrer as políticas sociais universalizantes da agenda pública, não poupou o SUS. Durante os anos 1990, o ideário que concedeu às políticas de transferência de renda, o status de única política social, atribuiu ao investimento em educação para corrigir um pressuposto skill-mismatch e concedeu à saúde pública o papel de mero coadjuvante no alívio da miséria.

O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais Quadro 4 Legislação Selecionada* Relacionada com o Apoio à Oferta e Demanda de Serviços e Planos e Seguros Privados de Saúde no Período Pós-Constituição de 1988 Ao longo dos anos 1990 e no inicio do século XXI, a expansão da oferta e demanda por planos privados de saúde, apoiada por políticas públicas como a concessão de créditos e empréstimos por bancos públicos e pelo BNDES p a r a h o s p i t a i s particulares acentuou a fragmentação da rede assistencial e se contrapôs objetivamente às tentativas de universalização, e coordenação racional da r e d e d e s e r v i ç o s existente e organização territorial do SUS Governo Incentivos à Oferta Incentivos à Demanda Sarney Collor / Itamar Lei n.8620 de 5 de Janeiro de 1993 (desconto e parcelamento de débitos de hospitais contratados ou conveniados com o Instituto Nacional INAMPS) FHC -Decretos n. 3.504 de 2000, n. 4.499 de 2002, n. 4.327 de 2002 e 4.588 de 2002 (alteração da Lei 8.212 de 1991, flexibilização dos parâmetros para a concessão do certificado de filantropia; introduz alternativas: ou 60% das internações para o SUS, ou aplicação de parte da receita bruta em gratuidade ou classificação do hospital como estratégico para o SUS). -Decreto n. 4.481 de 2002 (redução da prestação de serviços dos sistemas de alta complexidade das entidades filantró picas destinados ao atendimento universal para 20%) - Medida Provisória 2.158-35 de 2001 (deduções da base de cálculo das despesas operacionais e reservas técnicas das contribuições sociais para empresas de planos de saúde) Decreto Lei 7.713 de 1988 (amplia os limites do abatimento do Imposto de Renda com despesas com saúde) Lei 9.250 de 2005 (as despesas com saúde passam a ser objeto de dedução integral do Imposto de Renda) Decreto 3.000 de 1999 (persiste isentando do cálculo do rendimento bruto os serviços médicos, pagos, ressarcidos ou mantidos pelo empregador em beneficio de seus empregados) Lei 9.527 de 1997 (altera o artigo 230 da Lei 8.122 de 1990 Regime Jurídico Único ao introduzir a possibilidade de a assistência à saúde do servidor ser realizada mediante contrato)

O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais Quadro 4 Legislação Selecionada* Relacionada com o Apoio à Oferta e Demanda de Serviços e Planos e Seguros Privados de Saúde no Período Pós-Constituição de 1988 Governo Incentivos à Oferta Incentivos à Demanda Lula -Decreto n. 5.895 de 2006 (introdução de novos critérios para a concessão do certificado de filantropia: oferta de serviços no percentual mínimo de 60% ou realização de projetos de apoio ao desenvolvimento institucional do SUS nas seguintes áreas de atuação: 1) estudos de avaliação e incorporação de tecnologias; 2) capacitação de recursos humanos; 3) pesquisas de interesse público em saúde; 4) desenvolvimento de técnicas e operação de gestão em serviços de saúde) -Lei n. 11.345 de 2006 e Decreto n. 6.187 de 2007 (criação de fonte de recursos Timemania - parte da arrecadação é enviada para o Fundo Nacional de Saúde e destinada a Santas Casas, entidades hospitalares sem fins econômicos e entidades de reabilitação de portadores de deficiência e parcelamento de débitos tributários) -Lei 10.833 de 2004 (preservação do regime de redução da alíquota da Contribuição de para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) de 7,6% para 3% para estabelecimentos privados de saúde) -Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal n.480 de 2004 (promulga a separação das contas dos serviços de terceiros entre os quais os médicos e autoriza a dedução de impostos e contribuições sociais para profissionais de cooperativas e associações médicas) Lei 11.302 de 2006 (altera o artigo 230 da Lei 8.122 de 1990 Regime Jurídico Único ao introduzir a possibilidade de assistência ao servidor mediante a forma de auxílio ressarcimento do valor parcial dos gastos com planos ou seguros privados de assistência à saúde) * Trata-se de um levantamento incompleto e não sistemático Fontes: SICON (Sistema de Informações do Congresso Nacional) http://www.senado.gov.br/sicon e SIJUT (Sistema de Informações Jurídico-Tributárias) http://sijut.fazenda.gov.br/

O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 Gráfico 3 Gastos Publicos com Saúde p/hab e Gastos com Planos Privados de Saúde p/ Contrato, Brasil - 2001 a 2010 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 Gastos Públicos com Saúde por Habitante Gastos com Planos de Saúde por Contrato Tabela 2 Gastos c/planos Saúde (por contrato)/ Gastos Públicos Per Capita, Brasil 2001 2,9 2002 3,0 2003 2,9 2004 2,6 2005 2,5 2006 2,4 2007 2,5 2008 2,4 2009 2,3 2010 2,2 Fontes: SIOPS, 2013; ANS, 2013

O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais A Financeirização Legislação 1 Resolução 195 de 2009/ Do Plano Privado de Assistência à Saúde Coletivo por Adesão/ Art 9o Plano privado de assistência à saúde coletivo por adesão é aquele que oferece cobertura da atenção prestada à população que mantenha vínculo com as seguintes pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial: I conselhos profissionais e entidades de classe, nos quais seja necessário o registro para o exercício da profissão; II sindicatos, centrais sindicais e respectivas federações e confederações; III associações profissionais legalmente constituídas; IV - cooperativas que congreguem membros de categorias ou classes de profissões regulamentadas; V - caixas de assistência e fundações de direito privado Art. 10. As pessoas jurídicas só poderão contratar plano privado de assistência à saúde coletivo por adesão quando constituídas há pelo menos um ano. Resolução 196 de 2009/Sobre a Administradora de Benefícios. Art. 2º Considera-se Administradora de Benefícios a pessoa jurídica que propõe a contratação de plano coletivo na condição de estipulante ou que presta serviços para pessoas jurídicas contratantes de planos privados de assistência à saúde coletivos, Exemplo Qualicorp Em 2004 Inicio Atividades Em 2011 Abertura do Capital 2

Com a força dessa coletividade, conseguimos negociar com as melhores operadoras do país planos melhores a preços muito menores. Até 50% menores, para você ter uma idéia. Maior e melhor administradora de benefícios do país, a Qualicorp existe há 15 anos e está revolucionando o acesso à medicina privada de qualidade. Mas você sabe por quê? Simples. Nós encontramos um jeito diferente de viabilizar o acesso a um plano de saúde. Funciona assim: a Qualicorp reúne as pessoas em grupos (quanto mais, melhor!), definidos de acordo com sua categoria profissional ou área de atuação, em parceria com as entidades de classe que as representam. Entre esses grupos, destacam-se: Profissionais liberais ou autônomos Servidores públicos Profissionais do comércio, indústria e serviços Estudantes O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais

O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais A Filantropia-Lucrativa-Estatal Tabela 3 Porte, Produção e Receitas de Hospitais da Associação Brasileira de Hospitais Privados Selecionados, Brasil 2010 Hospitais Área Leitos CTI Médicos Internações Exames Receita (em R$ milhões) Receita/ Internações São Jose 30.000 m² 209 68 6.032 19.929 365.485 191, 9 9.584,02 São Luiz 27.218 m² 310 70 4.304 16.538 844.207 289,6 17.474,91 Einstein 173.942 m² 577 57 5.231 43.241 2.979.743 1.093,80 25.276,94 Sírio Libanês 90.991 m² 341 51 2.883 16.996 2.513.942 760,4 44.716,40 Oswaldo Cruz 72000 m² 239 34 5.045 16.545 158.203 417,9 25.203,99 Hcor 44000 m² 223 40 1.070 8.697 1.232.077 252 28.975,51 Moinhos de Vento 86000 m² 335 61 4.441 21.430 488.923 259,2 12.095,19 Pro-cardiaco N/ Informada 110 25 550 4.379 27.575 155 35.396,21 Real Português 117736 m² 584 140 11.244 28.213 482.091 308 10.916,95 Fonte: Observatório ANAPH, 2011. Disponível em http://www.anahp.org.br/publicacoes_observatorio.asp

A Estratificação Institucionalizada no Sistema Brasileiro de Saúde Quadro 5 Valores Informados e Estimados de Internação, Brasil, 2011 (2010) Tipo de Instituição Valor Médio (R$) Filantropico-Privado-Estatal* 20.000,00 Seguradora** 10.254,60 Unidas (autogestões)*** 8.516,44 Autogestão** 5.619,86 Medicina de grupo** 4.191,44 Cooperativa médica** 3.730,62 Planos filantrópicos** 2.504,63 SUS**** 1.132,56 *Estimado a partir de dados da Anaph, 2011 (informações referentes a 2010, projetadas para 2011) ** Valores Informados ANS, 2013 *** Valor informado Unidas, 2011 **** Valor informado, DATASUS, 2013 O sistema brasileiro de saúde contemporâneo e as classes sociais EUA Gasto per Capita $8.680,00 Plano Cadilac (sem co-pagamentos e poucas restrições e limites para utilização de serviços $40.000,00 por ano (cerca de $3.3000 por mês), Gastos com: Medicare ($10.942,00) Medicaid ($7.366,97) são superiores àqueles dos clientes de planos privados ($4.198,00) (Centers of Medicare and Medicaid Services, 2013)

A NCM e o sistema de saúde brasileiro Argumentos Teóricos Quadro 5 Síntese de Pesquisas sobre a Correlação de Variáveis (Atributos dos Indivíduos) e Cobertura de Planos Privados de Saúde Socio-Demográficos Posição Socioeconômica Status de Saúde Estilos de Vida Qualidade do Sistema Público de Saúde Uso de Serviços de Saúde Valor dos Prêmios e Incentivos Fiscais + com renda + renda dos homens > do que das mulheres + com escolaridade + com idade (um dos estudos identificou um efeito geracional, indivíduos de gerações mais jovens mais propensas correlação com sexo não foi encontrada ou os resultados são contraditórios (planos individuais + mulheres, planos coletivos + homens) - desemprego + empregados formais e gerentes - trabalhadores não especializados correlação com status de saúde não foi encontrada ou os resultados são contraditórios Correlação com autodeclaração ou diagnóstico de dças crônicas saúde não foi encontrada ou os resultados são contraditórios + para idosos fumantes, com hábito de beber + para prolongados tempos de espera + para oferta de cirurgiões privados > uso por indivíduos com maior nível educacional e renda que buscam manterem-se saudáveis (- em relação a noção de moral hazard) - valor agregado dos prêmios Indivíduos e grupos de menor renda insensíveis a redução de preços (subsídios não induzem a vinculação a planos privados de saúde na França)* Fonte: Kiil, 2012 *Grignon, M. Kambia-Chpoin, B. Income and the demand for complementary health insurance in France. IREDS Working Paper nº 24, 2009

A NCM e o sistema de saúde brasileiro Argumentos Esparsos/Menos Estruturados, mas Tão Importantes Quanto ou Mais Defeitos / Incapacidades do Sistema Público Incapacidade de Customização/ Individualização dos produtos / serviços Ineficiência e corrupção dos Serviços Públicos Linha Argumentativa Com o suposto fim da produção em massa, as novas tecnologias apontariam para a possibilidade de atendimentos mais personalizados, o que seria incompatível com a natureza do serviço público. A variedade de alternativas permitiria que cada consumidor pudesse satisfazer preferências individualizadas e definir, pelas opções de consumo, um lugar no mundo, sem exigências de negociações e compromissos coletivos. Suspeitas de parcelas importantes da população sobre os defeitos de concepção e corrupção do SUS. Problematização Os serviços privados de saúde, com exceção daqueles como cosmiatria, tal como os públicos não oferecem um cardápio variado de procedimentos e atividades clínicas e laboratoriais e sim diferenciações em termos de tempo de acesso e acomodações hospitalares. Essas premissas não são facilmente traduzíveis para a saúde, na medida em que a padronização e o volume de atividades estão diretamente relacionados com a qualidade da atenção. As empresas de planos de saúde não inspiram confiança e respeitabilidade, devido aos seus elevados custos administrativos e de marketing e negações de coberturas de empresas de planos de saúde.

Uma agenda para a saúde no Brasil do século XXI Desfragmentação das Polticas Sociais e Afirmação de Especificidades (A Saúde não será Resolvida com a Política de Transferência de Renda e assim sucessivamente) Participação da Saúde no Conselho Nacional de Desenvolvimento Social Não é Chover no Molhado Afirmação da Saúde Como Direito: Ampliação e Qualidade da Oferta de Serviços e Ações de Saúde (HU s e Filantropicos) Ampliação da Capacidade Nacional de Pesquisa, Inovação Tecnológica e Produção de Insumos

Uma agenda para a saúde no Brasil do século XXI Posicionamento de Entidades/Organizações Contradições e conflitos de Interesses em Cima da Mesa Politica Nacional de Preços Desestratificação Instituto Nacional de Qualidade em Saúde (Governamental mas Independente) Pesquisas sobre Acesso, Utilização de Serviços e Qualidade Pesquisas de Opinião com Perguntas Pertinentes sobre as Relações entre o Público e o Privado no Sistema de Saúde Brasileiro

A Privatização é Determinada Institucionalmente As Instituições São Construções Sociais Mudanças Sociais Transformam as Instituições Para que Serve o SUS? Para Constituir Uma Outra Sociabilidade Para que serve a Filosofia? Para Não Haver Outra Bomba Jogada em Hiroshima Nada Obscurece de modo tão eficaz a nossa visão social quanto o preconceito economicista (Polanyi, 2012)

ligiabahia55@gmail.com