Prof. Otávio Verri AULA BRASIL IMPÉRIO: PRIMEIRO REINADO E REGÊNCIAS CONTEÚDOS. Primeiro Reinado. Período Regencial. Golpe da Maioridade

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Transcrição:

AULA 25 28 BRASIL IMPÉRIO: PRIMEIRO REINADO E REGÊNCIAS CONTEÚDOS Primeiro Reinado Período Regencial Golpe da Maioridade AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Primeiro Reinado Após proclamada a independência, D. Pedro I, torna-se imperador do Brasil com o apoio de uma poderosa parcela da elite agrária do país. No início do seu governo, ele enfrentou a oposição de alguns estados, principalmente na região norte, onde o número de funcionários fiéis a coroa portuguesa, ocupavam a maioria dos cargos do governo. D. Pedro I, rapidamente conseguiu contornar essa situação, já que ele podia contar com a imagem popularmente construída do herói da independência e o defensor do Brasil. Desse modo, seu governo garantiu que não houvesse nenhuma grande alteração na estrutura vigente, ou seja, os escravos continuariam a ser cativos e as elites continuariam com os seus privilégios na condição de grandes e ricos latifundiários. Porém, essa tranquilidade inicial do seu governo durou pouco tempo, pois logo o imperador irá enfrentaria a oposição daqueles que o apoiaram durante a independência. Vale lembrar que as elites desejavam manter a estrutura social e os seus privilégios, mas elas também pretendiam que o poder de D. Pedro I fosse restringido por uma constituição que daria autonomia política aos estados. Assim, as decisões políticas ficaram sob o controle dos deputados e senadores, de modo que o parlamento tivesse mais poderes que o imperador. Desse modo, para impor o seu poder contra seus opositores, Dom Pedro I, passou a adotar uma postura mais enérgica e centralizadora, aproximando seu governo dos moldes do absolutismo europeu. Durante os nove anos em que ele governou o Brasil (1822-1831), o seu autoritarismo foi um dos fatores que desgastou sua relação, inclusive, com os grupos que inicialmente o apoiavam. Assim, o primeiro grande embate político deu-se no momento da construção da primeira constituição do país independente. Inicialmente, D. Pedro I autorizou a criação de uma assembleia constituinte, composta por membros das elites agrárias. Porém, ao perceber que o documento limitava demais seus poderes como imperador e dava grande autonomia para os estados da federação, ele dissolve essa assembleia e outorga (impõese forma autoritária e sem uma votação democrática) em 1824, uma constituição redigida por ele e seus assessores que lhe garantiria amplos poderes em um governo conservador e centralizado. Com isso, nasce oficialmente a primeira Carta Magna do Brasil, ou seja, a Constituição de 1824. Pagina: 1

A partir daí, a política nacional foi organizada como um Parlamentarismo Monárquico, dando a falsa impressão de um regime democrático aos moldes do que ocorria na Inglaterra. Porém, diferente dos ingleses que tinham apenas três poderes, o Brasil tinha quatro poderes na composição do seu governo. Esse quarto poder, era o Moderador, que se sobrepunha sobre os demais, dando ao imperador poderes absolutos. Dentre as principais determinações dessa constituição que foi outorgada podemos destacar: O cargo do imperador era vitalício e hereditário. Desse modo, só caberia eleições para as esferas estaduais e municipais. A divisão do poder nesse governo imperial seria feita em 4 partes, o Legislativo, o Judiciário, o Executivo e o Moderador. Caberia a D. Pedro comandar o poder Executivo e o Poder Moderador, sendo que esse último era na prática, o mais forte dos quatro estabelecidos, uma vez que, ele poderia intervir diretamente sobre as decisões dos demais poderes. Dessa forma, D. Pedro I podia impor a sua vontade sob as decisões do parlamento (senadores e deputados) e sobre os tribunais (juízes). O direito ao voto foi dado apenas aos homens livres maiores de 25 anos e de acordo com as suas rendas e posses. Para garantir que apenas os ricos fazendeiros, donos de grandes quantidades de escravos pudessem votar estabeleceu-se que os eleitores do primeiro grau, tinham que provar uma renda mínima de 150 alqueires de plantação de mandioca. Eles elegeriam os eleitores do segundo grau, que necessitavam de uma renda mínima de 250 alqueires. Estes últimos, elegeriam deputados e senadores, que precisavam de uma renda de 500 e 1000 alqueires respectivamente, para se candidatarem. Esse tipo de voto censitário, tornou-se a principal característica dessa constituição, de modo que ela ganhou o apelido de Constituição da Mandioca. O catolicismo tornou-se a religião oficial do Brasil e a Igreja ficou atrelada ao estado de modo que praticamente toda a documentação de registro dos cidadãos continuou sendo emitida e controlada por ela. O direito à propriedade de escravos foi mantido, assim como a exploração do trabalho e o comércio desses indivíduos. As províncias do Pernambuco, da Paraíba e Ceará, não aceitaram essa constituição que foi imposta pelo imperador e, por isso, em 1824, eles rebelaram-se buscando a separação do Brasil formando um novo estado autônomo que seria denominado de Confederação do Equador. D. Pedro I ordena que o movimento fosse sufocado e os líderes executados. Essa medida garantiu a unidade territorial do Brasil e a vitória de D. Pedro I sobre os rebeldes, mas desgastou ainda mais a figura do imperador frente ao povo. Um outro conflito que gerou grande descontentamento da população em relação ao imperador foi a Guerra da Cisplatina (1825-1828). Essa província do extremo sul do Brasil, identificava-se mais com as repúblicas caudilhistas que eram suas vizinhas do que com o Brasil, Pagina: 2

associando-se a elas para fazer a emancipação desse território. Inicialmente, D. Pedro I não deu grande importância a esse movimento, porém conforme ele foi crescendo, o imperador passa a organizar uma grande guerra para tentar sufocá-lo. Entretanto, nesse conflito ele sai derrotado e a Cisplatina separa-se do Brasil formando mais tarde um país denominado de Uruguai. Além do autoritarismo, da constituição outorgada e das guerras emancipacionistas, um outro fator que fez com que D. Pedro I perdesse sua popularidade foi a crise econômica que o país estava enfrentando. Vale lembrar que para conseguir o reconhecimento da independência do Brasil, o imperador assinou tratados que criaram uma grande dívida externa e, consequentemente, uma dependência econômica com a Inglaterra. A falta de um produto forte para exportação que fosse capaz de gerar grande lucro fez com que a balança comercial brasileira ficasse em déficit, gerando com isso inflação e recessão, que se agravou com os gastos excessivos de D. Pedro I. A morte do rei português D. João VI, que era pai de D. Pedro I, fazia do imperador do Brasil o sucessor direto dessa coroa, e isso agravou a desconfiança do povo para uma possível reunificação. Assim, marcado pela impopularidade e dividido entre o Brasil e Portugal, ele decide abdicar do trono português em nome da sua filha D. Maria II. Por outro lado, no Brasil, a oposição ao seu governo crescia exponencialmente ao ponto, de eclodir no Rio de Janeiro uma revolta que ganhou o nome de Noite das Garrafadas. Essa revolta se deu quando os opositores de D. Pedro I, decidem atacar as casas da elite e de funcionários públicos que ainda demostravam apoio ao imperador. Os moradores dessas casas reagiram atirando de suas janelas, cacos de vidro de garrafas, sobre os manifestantes contrários ao império. Por fim, como seu governo estava se tornando insustentável, D. Pedro I, decide abdicar do trono brasileiro em nome do seu filho D. Pedro II (que na época tinha apenas 5 anos). Período Regencial A abdicação de D. Pedro I e a pouca idade de D. Pedro II para assumir o governo, provocou um vazio político no país, acirrando a disputa pelo poder entre os membros das elites brasileiras. Nesse momento, os partidos políticos: Liberal (PL) e Conservador (PC) passam a polarizar esses conflitos pelo poder do governo Regencial. Em um primeiro momento esses grupos decidiram que o Brasil deveria ser governado por um colegiado composto por três regentes. Assim, em 1831, foi criada a Regência Trina Provisória (composta por Nicolau Pereira Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de Campos e Francisco Lima e Silva) que durou dois meses e teve a função de estabelecer a Regência Trina Permanente que durou de 1831 à 1835. Nesse período, o Partido Conservador ganhou espaço com os regentes José da Costa Carvalho, Francisco Lima e Silva e João Bráulio Muniz. Já o Ministério da Justiça foi entregue ao padre Diogo Antônio Feijó, que tratou de criar a Guarda Nacional (uma força de defesa para Pagina: 3

atuar em nome do governo que ainda não tinha um exército organizado) e propor o Ato Adicional, de 1834. Esse documento, estabelecia que esse governo temporário, que comandaria o Brasil até que D. Pedro II tivesse idade suficiente para assumir o poder, deveria ser composto por um só regente, que deveria ser eleito pelo voto censitário e que governaria por 4 anos. Dessa forma, como muitos dos elementos que compuseram esse ato, foram retirados da constituição dos Estados Unidos, pode-se dizer que ele representou uma vitória do Partido Liberal. O Ato Adicional criou as Assembleias Legislativas Provinciais, compostas por deputados eleitos também por voto censitário e com poder deliberativo no campo civil, judiciário, eclesiástico, educacional, policial, econômico e tributário. Dessa forma, as províncias ganharam uma relativa autonomia legislativa. O primeiro Regente Uno eleito foi o padre Diogo Antônio Feijó (1835-1838) que assume o poder sob uma grave crise econômica, que levou esse governo a aumentar os tributos, gerando revoltas como a Farroupilha, a Cabanagem e a Sabinada. A Revolta da Farroupilha (1835-1845) foi uma rebelião que aconteceu na província do Rio Grande do Sul e seus líderes foram Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi. Nessa revolta os gaúchos protestavam contra o aumento dos impostos sobre o charque e o couro, contra o autoritarismo do governo e pretendiam separar-se do Brasil, estabelecendo uma república. Essa revolta eclodiu durante a Regência Una, e apesar de ser duramente reprimida ela estendeu-se até o início do governo de D. Pedro II. A Cabanagem (1835 1840) foi uma rebelião que aconteceu na província do GrãoPará e seus líderes foram Malcher, Vinagre e Angelim. Nessa revolta os liberais da cidade de Belém revoltam-se contra o novo governo da região que foi nomeado pelo governo regencial, pelos altos preços que as mercadorias chegavam nessa região e contra a situação de miséria dos cabanos. Ela eclodiu durante a Regência Una, e apesar de ser duramente reprimida, estendeuse até o Golpe da Maioridade. A Sabinada (1837 1838) foi uma rebelião que explodiu em Salvador (Bahia) e teve esse nome devido ao seu líder, o médico Francisco Sabino. Os rebeldes proclamaram a República Bahiense, que seria um governo provisório que seria encerrado assim que D. Pedro II assumisse o trono. Essa revolta foi violentamente reprimida e acabou resultando na queda do regente Diogo Feijó. O próximo regente uno a assumir o comando do Brasil foi Araújo Lima (1838-1840) que assume o governo herdando não só a violenta crise econômica, como uma série de revoltas não resolvidas pelo governo anterior, ou seja, um cenário político desgastado e de baixa credibilidade. Mesmo que esse governo representasse uma mudança de cenário político, com a retomada dos conservadores, ele não foi capaz de evitar a eclosão da Revolta da Balaiada. A Balaiada (1838 1841) foi uma rebelião que surgiu no Maranhão e recebeu esse nome devido ao líder da revolta ser um artesão conhecido pelo apelido de Balaio. A principal causa dessa revolta foi a crise na exportação de algodão, que acabou agravada com a situação Pagina: 4

de miséria que a população mais pobre e os escravos dessa região viviam. Assim, aos poucos, o movimento transformou-se em confronto racial e de protestos contra a miséria, o que fez com que os fazendeiros e chefes políticos liberais retirassem o seu apoio ao movimento popular. Essa revolta foi violentamente reprimida e acabou resultando na queda do regente Araújo Lima. Golpe da Maioridade Com a queda de Araújo Lima, as elites políticas do Brasil, perceberam que o governo regencial estava desacreditado e que apenas a figura do imperador, poderia reunificar o Brasil e retomar a credibilidade frente ao povo brasileiro. Nessa época, a economia cafeeira começa a dar os primeiros sinais de que esse produto geraria grandes lucros ao país. Desse modo, com o café, a economia brasileira poderia sair da crise e isso colaboraria com o fortalecimento do governo que assumisse o comando do Brasil. Por isso, era estratégico colocar logo o imperador no trono, para que essa superação da crise econômica ficasse atrelada a sua chegada ao poder. O único problema é que D. Pedro II, tinha apenas 14 anos, e oficialmente não poderia assumir o comando do Brasil. Então a estratégia foi declarar a maioridade do imperador por um decreto que o colocaria no trono por meio de um golpe. Para auxiliar o novo imperador a comandar o país, foi instaurado o Ministério da Maioridade, composto por membros do Partido Liberal que aconselhariam D. Pedro II em suas primeiras decisões políticas. REFERÊNCIAS FAORO, Roberto. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre: Globo/Publifolha, 2000. FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história de tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). São Paulo: Cia das Letras, 2002. FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 2001. HOLANDA, Sérgio Buarque de (org). O Brasil monárquico. In: História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo: Difel, 1976. INEP. Prova Amarela do primeiro dia do ENEM de 2010. Disponível em:. Acesso em 31 mai. 2016. 16h45. INEP. Prova Amarela do primeiro dia do ENEM de 2012. Disponível em:. Acesso em 31 mai. 2016. 16h15. 2003. JANCSÓ, István (org). Brasil: formação do Estado e da Nação. São Paulo: HUCITEC, Pagina: 5

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