Jonas Anderson Simões das Neves

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Transcrição:

Jonas Anderson Simões das Neves

Os hábitos alimentares: Os hábitos alimentares fazem parte de um sistema cultural repleto de símbolos e significados coletivamente partilhados: A comida como linguagem e a cozinha como um sistema organizador da vida e da sociedade A complexidade biocultural da alimentação: fenômeno biológico, nutricional, social, psicológico, econômico, simbólico, religioso e cultural Alimentos adaptados as especificidades culturais Alimentos típicos: aqueles mais disponíveis (Churrasco de costela, carreteiro de charque) Tabus: inviabilizar produtos mais raros (melância/manga com leite; porco entre Judeus clima seco)

O sistema alimentar: Sistema Alimentar : conjunto articulado de práticas e processos sociais, seus produtos e consequências, compreendendo desde os recursos naturais até a elaboração, o consumo e o descarte destes. Alimentação humana situada no tempo, espaço e sociedade Sistema alimentar: produção, distribuição, preparo e consumo O sistema alimentar atual: insuficiente, desigual, insustentável, inseguro, doente (fome/obesidade/inadequação) e sem identidades. Caso de saúde pública A alimentação está presente na organização da vida social. O que? Quando? Com quem? Onde? E as implicações do que se come. A alimentação é formadora de Identidades

Alimento e comida: nem tudo o que alimenta é sempre bom ou socialmente aceitável. Do mesmo modo, nem tudo que é alimento é comida. Alimento é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, comida é tudo o que se come com prazer, de acordo com as regras mais sagradas da comunhão e da comensalidade. Em outras palavras, o alimento é como uma grande moldura, mas a comida é o quadro, aquilo que foi valorizado e escolhido dentre os alimentos, aquilo que deve ser visto e saboreado com os olhos, e depois com a boca, o nariz, a boa companhia e, finalmente, a barriga. O alimento é algo universal e geral. Algo que diz respeito a todos os seres humanos: amigos ou inimigos, gente de perto ou de longe, da rua ou da casa. Por outro lado, comida se refere a algo costumeiro e sadio, alguma coisa que ajuda a estabelecer uma identidade, definindo, por isso mesmo, um grupo, uma classe ou pessoa. Temos então o alimento e temos comida. Comida não é apenas substância alimentar, mas é também um modo, um estilo e um jeito de se alimentar. A comida vale tanto para indicar uma operação universal ato de alimentar-se quanto para definir e marcar identidades pessoais e grupais, estilos regionais e nacionais de ser, fazer, estar e viver (Da MATTA)

É a cultura que distingue o alimento da comida: A cultura constrói os gostos O gosto é mais que fisiológico, está ligado às sutilezas da cultura e das estruturas sociais (pimenta/caviar) Comida e identidade (milho andinos /farinha nordeste) O ato de comer enquanto prática política Etnicidade (macarrão, sushi, mocotó) Globalização: neutralização e ressemantização dos marcantes étnicos Arte e cozinha Comida e sociabilidades (chimarrão, feijoada, churrasco) Festas (tabus alimentares e abundância) Aperitivos restaurantes Gênero e alimentação

Por que uma Antropologia da alimentação: Compreender e interpretar a sociedade... antes de intervir; diminuir desigualdades sociais; evitar discriminações; melhorar a saúde, a qualidade de vida e o meio ambiente; manter as identidades; reduzir os medos alimentares (scare foods) Saber porque que comemos o que comemos e porque não comemos o que deveríamos comer, mesmo sabendo distinguir entre ambos Embasar e contextualizar a execução recomendações relativas à alimentação de políticas e O espaço da interpretação cultural Pensar a comida antes do alimento Formação interdisciplinar para multidimensional do fato alimentar compreender o caráter Consciência crítica