IV SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO DE DIREITOS HUMANOS A EFICÁCIA NACIONAL E INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

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Transcrição:

IV SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO DE DIREITOS HUMANOS A EFICÁCIA NACIONAL E INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 28-31 DE AGOSTO DE 2013, UNIFOR, CEARÁ- BRASIL GRUPO IV: GÊNERO E DIREITOS HUMANOS VISITA ÍNTIMA NAS PRISÕES: DIREITOS HUMANOS, GÊNERO E VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL ERLAYNE BEATRIZ FÉLIX DE LIMA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. NELSON GOMES DE SANTANA E SILVA JUNIOR - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Resumo: Este trabalho é fruto da pesquisa intitulada Segurança Pública e Direitos Humanos: Análise de micro e macro violências do Sistema Prisional, realizado junto à UFPB. Ao longo de sua existência, o sistema prisional se constituiu como eficaz meio de controle social sobre os pobres, além de atuar ativamente pela criminalização das chamadas classes perigosas e legitimação do poder do Estado. Embora o sistema atue de forma excludente, a Lei de Execuções Penais (LEP) promove uma série de direitos, os quais são constantemente violados. A visita íntima, apesar de prevista genericamente pela LEP, só passou a ser mais bem detalhada e recomendada posteriormente, a partir de uma resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), dado o reconhecimento de sua importância nos campos institucional e afetivo/pessoal. Este trabalho visa analisar, de modo sistematizado, as relações existentes entre as políticas de segurança pública e as violações aos Direitos Humanos no Brasil e problematizar possíveis contradições entre o previsto em dispositivos legais e a realidade do sistema prisional paraibano, no que se refere ao direito de Visita Íntima. O estudo, de natureza quali-quantitativa, teve seus dados coletados a partir de entrevistas realizadas nas filas de espera para visita das penitenciárias masculinas de João Pessoa/PB. Participaram da pesquisa 237 familiares de apenados (sendo 95,5% mulheres). Para coleta de dados utilizou-se um roteiro estruturado contendo sessenta questões sobre as condições do cárcere. Dentre as perguntas, sete eram sobre o processo de visita íntima. Observou-se que as visitas íntimas ocorrem em sua maioria nas celas dos apenados, em condições precárias, de forma totalmente constrangedora. 63% das entrevistadas afirmaram que as condições de realização das visitas acarretam constrangimento, humilhação e sofrimento. Observou-se um completo descaso e desrespeito à dignidade das pessoas que fazem uso deste direito. Palavras-chave: Visita Íntima. Sistema Prisional. Direitos Humanos. Abstract: This work is the result of a survey intitled Public Security and Human Rights: Analysis of micro and macro violence in the prisonal system, conducted with UFPB. Throughout its existence, the prisonal system was constituted as an effective mean of social control over the poor, besides working actively towards the criminalization of the dangerous classes and

legitimation of the goverment power. Although the system acts in a exclusionary way, the Law of Penal Execution (LPE) promotes a lot of rights, which are constantly violated. The Conjugal Visit, although generally provided by the LPE, happened to be better detailed and recommended much further, from a resolution of the Nacional Council on Criminal and Penitentiary Policy (NCCPP), given the importance of the resolution in the institucional and affective/personal field. This work aims to analyze, in a systematized method, relations between the public security policies and human rights violations in Brazil and discuss possible contradictions between the provided on legal provisions and the reality of the prison system at Paraiba, regarding the right to Conjugal Visit. The study, qualitative and quantitative, had its data collected from interviews in waiting lines to visit male prisions in João Pessoa / PB. Participants were 237 inmates relatives (95.5% women). Data collection used a structured questionnaire containing sixty questions about the prison s conditions. Among the questions, seven were on the process of Conjugal Visits. It was observed that intimate visits occur mostly in the cells of the convicts, in disrepair, and in a totally embarrassing way. 63% of respondents stated that the conditions in which the visits occur cause embarrassment, humiliation and suffering. There was a complete disregard and disrespect for the dignity of people who make use of this right. KeyWorks: Conjugal Visit. Prisonal System. Human Rights. 1. Introdução O presente trabalho é fruto do projeto de pesquisa intitulado Segurança Pública e Direitos Humanos: Análise de Micro e Macro Violências do Sistema Prisional, realizado na cidade de João Pessoa, no Estado da Paraíba e vinculado ao Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH/UFPB) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O CRDH/UFPB consiste em um espaço de defesa e promoção dos direitos humanos através das práticas da assessoria jurídica popular, da mediação popular de conflitos e do apoio psicossocial junto a grupos vulneráveis. O objetivo do presente trabalho é apresentar reflexões acerca do processo de visita íntima no sistema prisional paraibano. Serão discutidos aspectos gerais do sistema prisional brasileiro, bem como as leis e especificidades dos processos de visita íntima, as dificuldades para se falar sobre esse tema e por fim, serão apresentadas as discrepâncias entre os direitos concedidos por lei e a realidade constatada na pesquisa. 1.1. Breve Histórico do Sistema Prisional Brasileiro Segundo SANTOS (2012), o sistema penal foi construído para criminalização dos oprimidos. Começou, continua e continuará assim, pois ele foi feito para garantir a formação social capitalista, e, enquanto o tipo de organização social não for modificado, o sistema penal também não será transformado. Nesse contexto de produção capitalista surgiram a

polícia e a prisão, ambas com a função de proteger o capital e exercer controle direto sobre a população. Em reforço a este pensamento, KIDUFF (2010) afirma que o sistema punitivo vigente foi criado para exercer controle sobre os pobres e vem exercendo bem sua função. Além disso, entende-se este sistema, configurado sob uma estrutura extremamente seletiva, apresentando aspectos racistas e xenofóbicos, com a finalidade de legitimar o poder dos Estados, considerados os protetores da sociedade contra o crime, e em nome da segurança pública, reforçam as práticas de criminalização da pobreza e miséria, as quais são constantemente derivadas do desemprego ou do emprego precário. Mesmo com essa composição excludente e seletiva, o sistema prisional brasileiro, em suas leis, promove a garantia de uma série de direitos humanos. Segundo a Lei de Execução Penal - Lei Nº 7.210, de 11 de Julho de 1984 (em seu artigo 41), são garantias das pessoas privadas de liberdade: o direito à alimentação, vestuário, integridade física e moral; saúde, educação, religião, trabalho e sua remuneração; Previdência Social, assistência jurídica e social; o exercício de atividades artísticas e intelectuais; descanso e recreação; visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos, entre outros. A LEP prevê ainda, em seu Artigo 88, como regra nas penitenciárias: O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Entretanto, sabe-se que a realidade do sistema prisional brasileiro é cercada por uma série de violações a esses direitos. Entre elas destacam-se as superlotações, falta de higiene, maus tratos, discriminação, tortura, precárias condições de assistência à saúde, educação, trabalho e defensoria jurídica. Sobre estas constatações diz LEITE (2009): A verdade é que, em nosso sistema carcerário, não existe a preocupação em ressocializar os presos, pois os mesmos são tratados com desrespeito, não tendo, seus direitos assegurados em Lei, aplicados na prática, sendo o ambiente carcerário o oposto do convívio em sociedade, por isso a ineficiência de resultados satisfatórios em relação ao condenado. [...] São inúmeros os problemas existentes no sistema penitenciário do país, como a superlotação carcerária, a falta de aplicação da LEP, o tratamento subumano, dentro de nossos presídios, o alto índice de mortes dentro dessas unidades, o consumo de drogas, bebidas alcoólicas, entre outros fatores que causam a crise/fracasso desse sistema; sem

contar que o alto índice de reincidências agravam ainda mais essa crise (LEITE, 2009, p.30). Na Paraíba essa realidade não é diferente. De acordo com relatórios recentes do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH, 2012), observa-se o mesmo quadro de superlotações, violências, transgressões aos direitos, abuso de autoridade e criminalização das pessoas privadas de liberdade. Os descasos, desrespeitos e maus-tratos que partem das autoridades competentes direcionam-se tanto aos presos quanto aos seus familiares. 1.2. Lei de Execução Penal para Visita Íntima A LEP em seu artigo 41, inciso X, não considerou a visita íntima como um direito do sujeito privado de liberdade. Limitou-se em conceder apenas o direito à visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados pelo estabelecimento prisional. Observa-se, então, que o Legislador não se manifestou no que diz respeito ao consentimento dos apenados em manterem relações sexuais com seus (suas) companheiros (as), e/ou cônjuges. Contudo, este benefício foi concedido sob a responsabilidade dos administradores dos presídios, por muito tempo, de forma arranjada e desestruturada. Em 1999 o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) implantou uma resolução recomendando que fosse assegurado o direito à visita íntima aos presos, de ambos os sexos, recolhidos em unidades prisionais, estabelecendo regras para concessão deste benefício (BASSANI, 2010). A visita íntima possui funções importantes para o sistema prisional uma institucional e outra afetivo/sexual. Ou seja, institucionalmente ela serve como um sistema ilusório usado pelo Estado para repassar aos encarcerados a sensação de não exclusão social e direito a dignidade humana. Já na função afetiva/ sexual, ela fortalece os vínculos e relações afetivas e familiares. Tal fato foi colocado por SANTOS, ALBUQUERQUE, SANTOS E SILVA: A visita íntima pode ser utilizada como fortalecimento de poder institucional da prisão. [...] pode ser utilizada no sentido de minimizar as falhas do Sistema Prisional, camuflando as mazelas sociais próprias da sociedade capitalista que refletem na prisão dada sua origem (SANTOS, ALBUQUERQUE, SANTOS E SILVA, 2006,p.6).

Em meio a tudo isso, usa-se a mulher como a única forma de ligação do preso à sociedade, à liberdade. Dentro deste contexto de entrada da mulher no sistema prisional em sua maioria masculino BASSANI (2010) discorre sobre os papeis da mulher nesta sociedade prisional. São eles: exercer a função de suprir as necessidades básicas materiais como roupas e alimentação; desempenhar o papel de defensora dos direitos do companheiro consideradas agentes de libertação ; e ainda, a responsabilidade pelo exercício do afeto, seja pelo sexo ou pelo afago. 1.3. Realidade Paraibana sobre a Visita Íntima No que se refere à realidade paraibana, poucos são os materiais de discussão a respeito deste tema. SOUSA (2010) discorre brevemente sobre a visita íntima no Estado da Paraíba, afirmando que a mesma acontece todas as quartas-feiras, entre 08h00min e 16h00min; que não existe um local específico e apropriado para a realização desta, e que os apenados que não recebem a visita permanecem fora da cela. [...] Não existe um local diferenciado para realização da visita íntima, a mesma é feita na própria cela do apenado, ou seja, cada apenado faz da sua cama uma cabana, envolvendo a parte de cima e as laterais com lençóis e cobertores de forma que ao sentar-se ou deitar-se na cama ninguém possa vê-lo. Assim a visita é recebida (SOUSA, 2010, p. 59). Tal realidade se faz semelhante à situação geral do país. Segundo SANTOS, ALBUQUERQUE, SANTOS E SILVA (2006), no sistema prisional alagoano essa situação se repete. Nele, a visita intima ocorre com inúmeras dificuldades, como a falta de privacidade acontece num espaço denominado como quieto, ou seja, uma única sala dividida por lençóis, onde casais ficam e procuram não fazer barulho. Além da falta de boas condições para realização da visita íntima nos estabelecimentos prisionais paraibanos, observa-se também o total descaso do Estado em relação às mulheres visitantes, as quais sofrem constantes violações de seus direitos e dignidade humana, tanto por parte do presídio, como por parte da sociedade, pois a criminalização do indivíduo em cárcere estende aos seus familiares

Sobre a falta de respeito dos agentes do Estado em direção aos familiares de pessoas privadas de liberdade, SOUSA (2010) observa tal prática no cárcere paraibano: [...] Existe uma falta de respeito muito grande, principalmente por que a maioria delas são casadas e mães de família, porém para eles pelo fato de um companheiro ser um apenado eles acham que elas não devem ser tratadas com dignidade e com respeito. Essa situação evidencia o quanto o estigma de presidiário se estende também a família do apenado, inclusive aos filhos que vão à visita do domingo (SOUSA, 2010, p. 61). Dessa forma, considerando o cenário atual do sistema prisional brasileiro e paraibano, busca-se com este trabalho problematizar e discutir à luz de referencial crítico e material colhido em pesquisa às práticas criminalizantes do Estado e de seus agentes, a fim de promover a construção de práticas e quem sabe, políticas públicas que garantam aos sujeitos em situação de vulnerabilidade dignidade e seus direitos humanos. O objetivo deste trabalho consiste em analisar de modo sistematizado as relações existentes entre as políticas de segurança pública e as violações aos Direitos Humanos no Brasil. Bem como, problematizar, à luz do ordenamento jurídico, possíveis contradições entre o previsto em dispositivos legais e a realidade do sistema prisional paraibano, no que se refere ao direito de Visita Íntima. E colaborar com o processo de produção científica interdisciplinar, crítica, reflexiva e comprometida com a defesa e promoção da dignidade humana.

2. Desenvolvimento Participaram desse estudo 237 familiares de apenados na cidade de João Pessoa Paraíba. Deste total, 95,5% são mulheres, com idade mínima de 18 anos. Entre estas, 164 são consideradas cônjuges, companheiras e/ou namoradas de presos. Para coleta dos dados utilizou-se uma roteiro de entrevista semi-estruturado, contendo sessenta questões, as quais abordam diversos aspectos das condições de cárcere (saúde, trabalho, educação, visita íntima, revista íntima); visões sobre o sistema prisional, acesso à justiça, vivências dos familiares a partir do aprisionamento de apenado. Dentre estas sessenta, foram feitas sete perguntas sobre o processo de visita íntima. São elas: (1) Onde é feita a visita íntima? (2) Como você se sente quando vai à visita íntima? (3) Quantos casais ficam na cela? (4) Já vivenciou ou presenciou uma situação constrangedora ou humilhante? Qual? (5) O que você acha da forma como o presídio organiza a visita íntima? (6) De zero a dez qual nota você dá a forma como a visita íntima é organizada no presídio onde seu familiar está preso? (7) Quais sugestões você teria para melhoria da visita íntima? Foram realizadas visitas aos presídios masculinos da Capital Paraibana, são eles: Penitenciária de Segurança Máxima Geraldo Beltrão, Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, Presídio Instituto Penal Sílvio Porto e Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Romeu Gonçalves de Abrantes. As visitas aconteceram aos domingos os dias de visitas familiar por aproximadamente quatro meses. Para a coleta das entrevistas, dezesseis estudantes universitários dos cursos de Psicologia, Direito e Serviço Social foram preparados para realizarem as 237 entrevistas. Cada entrevista teve duração média de trinta minutos. As entrevistas foram realizadas nas filas de espera para entrada dos familiares, nas unidades prisionais. Adotou-se uma postura de escuta compreensiva e acolhedora, para minimização dos efeitos do questionário na população-alvo, que é permeada por constantes violações de direitos. Nesta etapa, além das respostas dadas as questões sobre as condições do encarceramento do apenado e vivências dos familiares, estes puderam atribuir notas para cada bloco de perguntas e sugerir possíveis melhorias. No que diz respeito à análise dos dados, o material colhido foi transcrito literalmente e utilizou-se como norte a Analise de Conteúdo proposta por Bardin (2007). Por meio da leitura flutuante, criaram-se categorias e procedeu-se com a inferência e interpretação dos dados, com a finalidade de descrevê-los e relacioná-los com os fundamentos teóricos escolhidos.

Figura 1: Gráfico referente à pergunta onde a visita íntima é realizada. Inicialmente as entrevistadas foram questionadas acerca do local onde eram realizadas as visitas íntimas. A categoria com maior índice de pontuação, apontado pelo gráfico, foi: na cela. Essa categoria expressa o relato das entrevistadas, as quais afirmaram que as visitas são realizadas na cela do parceiro com algum tipo de divisor, como por exemplo, dividir com lençóis as áreas das camas. Tal situação encontra-se de acordo com o que foi exposto por SOUSA (2010), ao afirmar que nos presídios paraibanos não existem um local diferenciado para realização da visita íntima. Entende-se que esta situação vai de encontro aos princípios dos direitos humanos, pois não asseguram a privacidade, muito menos a dignidade humana. Ao contrário, esta prática acentua o processo de humilhação sofrido pelas esposas dos apenados. Figura 2: Gráfico representando como as mulheres se sentem ao freqüentarem a visita íntima.

No que diz respeito a questão: Como você se sente quando vai à revista íntima?. Observase que a categoria com maior número de respostas foi: Humilhada/Vergonha/Constrangida. Nota-se que a maioria das entrevistadas relatou um alto nível de constrangimento durante a visita íntima, pois, segundo elas, ficam vários casais na mesma cela, não há privacidade e os presos que não usufruem da visita permanecem na cela. A seguir, uma frase dita por uma das entrevistadas exemplifica bem esta categoria: Constrangida, por que os presos que não tem visita também ficam na cela. Categorias presentes no gráfico como Normal, Acostumada e Mais ou menos demonstram respostas consideradas como neutras. Tais respostas podem representar o fato de que as violações sofridas foram internalizadas como um processo normal no cotidiano dessas mulheres, fato bastante comum em nossa sociedade. Figura 3: Gráfico demonstrando as respostas positivas relacionadas a forma como as mulheres se sentem ao freqüentarem a visita íntima Entretanto, apesar do mal estar advindos deste processo humilhante, fez-se presente uma pequena parcela de respostas positivas em relação à visita intima, como pode-se observar na figura 3. Entende-se que estas categorias positivas estão relacionadas com a sensação de poder estabelecer um vínculo afetivo e sexual com seus parceiros, apesar de sua condição de cárcere. Abaixo, encontra-se uma frase dita por uma das mulheres que exemplifica o significado da categoria: Me sinto bem por vê-lo. Relata-se o sacrifício que essas mulheres fazem para poderem usufruir o direito a uma visita mais íntima. As categorias seguintes - Fica à vontade, ótima/maravilhosa e feliz - também demonstram o quanto algumas das entrevistadas sentem-se por ter esse momento, apesar das dificuldades enfrentadas e das condições desumanas encontradas

nos presídios. Apesar disso o número de respostas positivas é bem menor do que as negativas, demonstrando que um número expressivo de mulheres encontram-se insatisfeitas com toda a situação vivida em uma visita íntima. Figura 4: Gráfico referente as respostas negativas à pergunta Como as familiares se sentem ao irem à visita íntima. Este gráfico representa as categorias das respostas negativas. Como já foi dito anteriormente, a categoria com maior número de resposta foi Humilhada/Vergonha/Constrangida. A segunda, como pode ser visto no gráfico, foi Mal/Não gosto/não é bom, nesta categoria as participantes afirmam que se sentem mal, não gostam de ir à visita íntima, pois não existe um lugar apropriado para realização da mesma, é feita sem privacidade e não sentem-se bem. Por exemplo: Me sinto muito mal, porque é uma coisa que não tem condição de ficar dentro da cela. Tinha que ser numa sala a parte ; Mal por ser no presídio, mas é bom por estar com a pessoa que eu amo. A categoria Horrível/Muito mal/péssima abrange as respostas que exprimem sentimentos muito negativos, nos quais as familiares afirmam sentirem-se horríveis, péssimas, terríveis, sem vontade de ir e desconfortáveis. Vale ressaltar que muitas mulheres e submetem a esse tipo de situação, não apenas por amor ao seu marido/companheiro, mas sim por um conjunto de fatores e determinantes, que perpassam pelos papeis esperados por ela sociamente, o desejo sexual, as relações de poder, entre outros. Entretanto, muitas destas mulheres, não tem se colocado como protagonistas de suas histórias e com isso, nem elas mesmos conseguem entender a dimensão da situação, chegando até a naturalizar certas vivencias as quais são submetidas. Exemplo do que foi relatado acima pode ser observado nas falas a seguir: Acostumada, mas não presta. Feliz,

porque vou ver meu amor, triste porque tem outros homens lá dentro ; Horrível, porque a gente não se sente a vontade. Figura 5: Gráfico para questão Quantos casais permanecem na cela durante a visita íntima No que se refere à quantidade de casais que ficam nas celas durante o processo de revista, observa-se no gráfico acima a presença de uma variedade de respostas, sendo que em sua maioria, as entrevistadas afirmam que o número de casais na cela varia, dependendo do dia e se os presos tem ou não companheira. O número de casais varia de um a mais de treze casais por cela. Observa-se ainda que a categoria depende/varia/muito é a mais representativa dentre as demais. Com isso, percebe-se que o direito a visita íntima por parte da pessoa aprisionada de liberdade, vem sendo cumprido, entretanto em condições subumanas, interferindo na dignidade e privacidade dos indivíduos que usufruem desse direito. Além disso, uma das participantes relatou que para ter esse direito de ficar um casal numa cela, a companheiro/cônjuge, teria que realizar um pagamento ao presídio. Tal relato pode ser observado a seguir: Só meu marido. Paguei R$400,00 pra ele ficar só numa cela. Se não tiver dinheiro, fica no corredor. Esta situação fere não só o direito a ter um lugar reservado durante o recebimento da visita íntima, mas abrange uma violação institucional muito maior e mais forte: a superlotação. Segundo a LEP, em seu artigo 88, em todas as penitenciárias brasileiras o apenado tem o direito a cela individual e condições sanitárias básicas O condenado será

alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório (Artigo 88, Lei de Execução Penal, 1984). Figura 6: Gráfico referente as respostas da pergunta sobre as situações humilhantes ou constrangedoras vivenciadas pelas entrevistadas. O gráfico acima demonstra as respostas quando foi perguntado as entrevistadas se elas já haviam vivenciado ou presenciado uma situação constrangedora ou humilhante. Observa-se que apesar das péssimas condições nas quais as visitas íntimas são realizadas, a categoria Não teve predominância de respostas. Tal fato pode-se relacionar com a questão da naturalização, internalização do sofrimento por parte dessas mulheres diante das circunstâncias as quais elas são constantemente submetidas. Em contrapartida, destaca-se a fala de uma das entrevistadas, na qual, esta afirma que a situação por si própria é considerada como humilhante: Pra mim é uma humilhação. Figura 7: Gráfico referente as respostas positivas dadas a questão anterior

Para as respostas positivas a vivências de situações constrangedoras e/ou humilhantes, procurou-se saber quais foram estas ocorrências. No gráfico acima nota-se que a categoria Marido batendo em mulher foi a mais representativa, juntamente com outros tipos de respostas. Entre estas, destaca-se: Sim. Policiais com armas em mãos. Figura 7: Gráfico relativo a pergunta O que você acha da forma como o presídio organiza a visita íntima? O gráfico acima apresenta as categorias encontradas nas respostas dadas à pergunta O que você acha da forma como o presídio organiza a visita íntima?. As respostas com maior índice de pontuação foram as de cunho negativo. As entrevistadas justificam de formas diferentes sua insatisfação com a forma de organização das visitas, como exemplos os seguintes relatos: Horrível, muita gente na cela ; Não gosto, pois a cela é quente. E as camas são separadas por lençóis Na categoria que engloba as respostas positivas, pode-se verificar uma incongruência nas respostas categorizadas como positivas, que justificam essa positividade com o mesmo argumento usado para negativizar a organização da visita íntima. Uma das entrevistadas respondeu: Bom, organizado. Eles colocam lençóis para separar as camas.

Figura 8: Gráfico retratando as notas dadas a forma como o presídio organiza a visita íntima O gráfico acima referente à pergunta De zero a dez qual nota você dá a forma como a visita íntima é organizada no presídio onde seu familiar está preso?, o maior índice de pontuação foi na categoria de respostas Não sabe ou não respondeu, seguido pela categoria com menores notas do questionário, Nota 0 3. Verificamos uma avaliação insatisfatória por parte da maioria das entrevistadas. Corroborando mais uma vez que as condições estruturais da visita íntima não são adequadas para a realização das mesmas. Figura 9: Gráfico apresentando as sugestões para melhoria da visita íntima O gráfico acima apresenta as categorias de respostas para a pergunta Quais sugestões você teria para melhoria da visita íntima?. No quadro geral a categoria que apresentou maior índice de pontuação foi: Não sabe ou não respondeu. A categoria de respostas Sala individual foi a que obteve maior índice de pontuação dentre as respostas

que sugeriam algum forma de melhoria para o processo de visita. Uma entrevistada relatou: É ruim não estar só. Outra categoria de respostas que sugerem melhorias para a realização da visita íntima foi: Retirar quem não tem visita, esta relaciona-se com a categoria Menos pessoas por cela. Este fato da falta de privacidade durante a visita foi uma das maiores reclamações das entrevistadas nesta questão. Por fim, apresentamos mais relatos referentes a esta queixa: Se diminuíssem mais alguns na cela. Porque é ruim tanto pra gente quando pros outros ; Pra eles fazer um lugar privado só pros casais, que os outros não pudessem incomodar. Ou pelo menos eles proibissem a entrada de quem não recebe visita íntima pra não ficar circulando na cela. 3. Conclusão Concluindo este trabalho, pode-se constatar o lugar de escória da sociedade ao qual os familiares de apenados estão inseridos, especialmente no que se refere às mulheres, companheiras, cônjuges e/ou namoradas dos apenados. Observa-se que a realidade do sistema carcerário brasileiro está contemplada por inúmeras violações de direitos e dignidade humana, sendo estas estendidas em completude aos familiares destes. Segundo a LEP, este fato não deveria acontecer, pois a pena criminal deve ser de abrangência apenas do indivíduo que a recebeu, não sendo permitida sua transferência ou abrangência a outras pessoas. Com isso, entende-se que este direito, bem como vários outros não são assegurados pelo Estado, nem pela Lei. Acredita-se que trazer tais dados para discussão à luz de um referencial crítico se faz um passo fundamental para a problematização dos problemas desta população em situação de extrema vulnerabilidade. Deseja-se que a partir destas reflexões, estas pessoas possam ganhar voz e que sejam promovidas práticas que assegurem seus direitos fundamentais e garantam a sua dignidade humana. Por fim, ressalta-se que esta experiência se fez de grande enriquecimento para os estudantes envolvidos, pois foi capaz de mudar concepções acerca dos indivíduos em situação de cárcere e seus familiares na Paraíba.

4. Referências BASSANI, F. Amor bandido: cartografia da mulher no universo prisional masculino. Revista Dilemas, 2010. Lei de execução penal. LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984. Disponível em:<file:///c:/users/beatriz/outras%20pastas/desktop/artigo%20- %20Visita%20%C3%ADntima/lLEP.htm> Acesso em 23 de outubro de 2012. KIDUFF, F. O controle da pobreza operado através do sistema penal. Revista Katálysis, 2010. LEITE, A. C. P. S. O Sistema Carcerário Brasileiro. Monografia. Faculdade De Ensino Superior Da Paraíba. Curso de Bacharel em Direito. João Pessoa, 2009. SANTOS, M.A, ALBUQUERQUE, J., J.P. SANTOS E SILVA, M.P.L. A visita íntima no contexto dos direitos humanos: a concepção das reeducandas do Estabelecimento Prisional Feminino Santa Luzia. Trabalho apresentado no O Seminário Internacional Fazendo Gênero 7: Gênero e Preconceitos. Florianópolis, 7, 2006. SANTOS, J. C. O sistema penal como exploração do proletariado. In: MAGALHÕES, C., MATTOS, V. E MAGALHÕES, J. L. Q. (Orgs.) Desconstruindo Práticas Punitivas. Belo Horizonte: Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade/Cress 6ª Região, 2012. p.11-23. SOUSA, A. P. Os signos de representação do eu e do outro. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba, 2010.