Plataforma para o Crescimento Sustentável. 10 de outubro de 2017

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Transcrição:

Plataforma para o Crescimento Sustentável 10 de outubro de 2017 1

Agenda Introdução Atual situação da Dívida Pública Portuguesa A inviabilidade de uma reestruturação com hair-cuts A sustentabilidade da Dívida Pública Gestão dinâmica da Dívida Pública no mercado Propostas ao nível europeu 2

Introdução A Dívida Pública é hoje um dos temas que mais condiciona o nosso presente e o nosso futuro. Contudo o debate tende a ser superficial e sem sentido de compromisso. Este Policy Paper é um contributo para um debate mais informado sobre a situação e a gestão dívida pública. Imprescindível uma solução de compromisso, que seja realista nas condicionantes mas ambiciosa nas reformas estruturais 3

Introdução O Policy Paper produzido pelo grupo de Finanças tem três objetivos: 1. Apresentar o estado da arte da dívida pública portuguesa; 2. Analisar os impactos de uma indesejável reestruturação com haircut da dívida pública; 3. Estudar uma estratégia de gestão da dívida pública que assegure a sua sustentabilidade. 4

Introdução Redução da dívida é imperiosa e deve ser assumida como uma prioridade (but no silver bullet) Combinação de saldos primários com superavit em torno de 3% PIB e taxas de crescimento nominais acima dos 3%/ano permitiria reduzir a dívida pública a um ritmo razoável, e no espaço de 10-15 anos, trazê-la para valores significativamente abaixo de 100% PIB. 5

Introdução Este compromisso terá de passar por: Gestão diversificada; extensão de maturidades ( alisamento dos reembolsos anuais em torno dos 6-8 bis). Continuar a gerar saldos primários e acelerar o crescimento económico de forma a reduzir o stock de dívida pública em percentagem do PIB. Promover, no contexto Europeu, soluções ambiciosas, mas apenas possíveis se cumprirmos as regras orçamentais Europeias 6

Introdução Portugal teve até 2008 uma Dívida Pública em torno dos 60% do PIB. Entre 2001 e 2008 défices sem one-offs em torno dos 5%. Contudo, o efeito da crise financeira de 2008, conjugado com políticas erradas, colocaram o défice sem one-offs em torno dos 10%. Isso conduziu a que o valor da dívida passa-se rapidamente para 100% e posteriormente para o valor de 130%. 7

Introdução Saldo global e primário em % PIB sem one-offs 1995-2014 2.0 0.0-2.0-4.0-6.0-8.0-10.0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 1.2 1.4 0.4 0.1 0.1-0.1-0.2-0.2-0.3-0.8-0.7-1.2-1.8-1.8-1.6-1.7-2.6-3.0-3.2-3.6-3.6-3.1-3.7-3.6-3.7-3.2-5.2-4.4-4.4-4.3-4.7-4.8-4.8-5.4-6.2-6.2-6.8-7.0-5.6-5.1-8.4-9.8-12.0 Saldo Global Saldo primário 8

Introdução Dívida pública em % PIB 1995-2014 140 126 129 130 120 111 100 96 80 60 58 58 54 50 49 48 51 53 55 56 61 62 66 69 80 40 20 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 9

Atual situação da Dívida Pública Detentores nacionais: Setor financeiro: 53 bis Retalho: 25 bis S. Social: 8 bis Banco de Portugal: 20 bis Detentores estrangeiros: FMI: 16,5 bis Instrumentos Europeus: 51 bis BCE: 15 bis Investidores institucionais: 50 bis Total: cerca de 105 bis 10

Atual situação da Dívida Pública Perfil de reembolso da dívida pública de médio e longo prazo 11

Atual situação da Dívida Pública Despesa com juro por componente da dívida pública Detentores Valor dívida (M ) Taxa de juro média Juros (M ) Juros (%PIB) Peso no total juros EFSM 24.300 2,7% 656 0,4% 8% EFSF 27.300 2,2% 601 0,3% 8% FMI 16.500 4,2% 700 0,4% 8% OT s 112.300 4,2% 4.600 2,6% 55% Restante dívida 58.700 3,2% 1.850 1.0 22% 12

A inviabilidade de uma reestruturação com hair-cuts Haircut de 100% dívida privados 130% para 83% PIB 2% PIB Saída de Portugal dos mercados financeiros (Estado e privados) Necessidade de recapitalização do setor financeiro Levy (corte) nos depósitos de 20%-30% 13

A inviabilidade de uma reestruturação com hair-cuts Haircut de 100% dívida em OT, incluindo BCE e BdP 130% para 64% 2,5% PIB Saída de Portugal dos mercados financeiros (Estado e privados) Necessidade de recapitalização do setor financeiro Falência do Fundo de Capitalização da Segurança Social Levy nos depósitos de 20%- 30% Provável saída da zona Euro 13

A inviabilidade de uma reestruturação com hair-cuts Ao nível dos Instrumentos Europeus Extensão de maturidades (apenas tem efeito após 2025). Diferimento dos juros até 2025 (apenas tem efeito nas NBF; não tem efeito no saldo orçamental e na consolidação orçamental) Hair-cut (Não alteraria as NBF até 2025. Situação que poderia levar Portugal a sair do Euro) 14

A sustentabilidade da dívida pública Reduzir a divida publica depende de combinar crescimento com responsabilidade orçamental: Mantendo o saldo primário e crescimento é possível reduzir a dívida cumprindo o tratado orçamental Juros mais altos implicam metas mais exigentes mas ainda assim alcançáveis Outros países europeus já o conseguiram num passado recente Taxa de juro depende de fatores externos mas também das perspetivas económicas do país 14

A sustentabilidade da dívida pública Combinação de saldos primários ( % do PIB) 14

A sustentabilidade da dívida pública Cenários para a dívida pública( % do PIB)* *Mantendo um superavit primário de 3% do PIB 14

Gestão dinâmica da Dívida Pública Continuar a estratégia seguida pelo IGCP aumentar a confiança do mercado e reduzir os spreads: Diversificar opções de financiamento Alisar necessidades de financiamento de médio e longo prazo para valores abaixo dos 10mil ano Acelerar os reembolsos antecipados ao FMI Manter a almofada de liquidez 14

Propostas ao nível europeu Qualquer solução ao nível europeu só será possível cumprindo as regras orçamentais Europeias e mediante uma negociação com os restantes estados membros Não sendo possíveis soluções que impliquem perdas para os instrumentos europeus, há ainda assim outras propostas mais realistas. 14

Propostas ao nível europeu ESM comprar as Obrigações detidas pelo Eurosistema e refinanciá-las na maturidade ESM passar a disponibilizar uma linha cautelar a 4 ou 5 anos. 14

Propostas ao nível europeu Eurobonds até 60% do PIB opção mais justa mas apenas possível a médio prazo Poderia resultar em poupanças de 0.5% PIB por ano e aumentar a maturidade média da dívida Depende do cumprimento dos objetivos do Pacto Orçamental 14