Abuso sexual de crianças e adolescentes: Uma questão para as políticas públicas Ms. Psic. Ana Maria Franchi Pincolini Psicóloga (UFSM, 2004), Mestre em Psicologia (UFRGS, 2010), Docente do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), Diretora de PSE da FAS de Caxias do Sul, Consultora em Psicologia na Assistência Social.
Caminhos da fala Recorte: VS contra crianças e adolescentes Conceitos: Violência Sexual Políticas Públicas Políticas Públicas: Ênfase para as políticas sociais: saúde, assistência social e educação. Falar de políticas públicas: Falar de Direitos.
Conceitos Violência Sexual: Macroconceito que envolve duas expressões: Abuso Sexual: envolvimento de crianças/adolescentes em atividades sexuais às quais são incapazes de compreender completamente devido ao seu estágio de desenvolvimento. O é a satisfação sexual do abusador em uma relação desigual de responsabilidade, confiança ou poder (OMS, 1999). Exploração Sexual comercial (ESCCA): atos de natureza sexual envolvendo crianças e adolescentes nos quais há remuneração em espécie para a criança/adolescente ou terceiros que constituem aliciadores ou redes de exploração sexual infanto-juvenil (Faleiros, 2000).
Violência Sexual Nas duas formas de expressão (abuso sexual e exploração): todo ato, de qualquer natureza, atentatório ao direito humano ao desenvolvimento sexual da criança e do adolescente, praticado por agente em situação de poder e de desenvolvimento sexual desigual em relação à criança e adolescente vítimas (Plano Nacional de Enfrentamento à VS contra crianças e adolescentes. CONANDA, 2013).
Os números da violência contra crianças/adolescentes Torura 1,90% Outras 4,90% Abandono 15,80% Psicológica ou Moral 17% Sexual Física 19,90% 40,50% Fonte: Mapa da Violência (2012)
Distribuição por Sexo 16,80% 83,20% Feminino Masculino Fonte: Mapa da Violência (2012)
Violência Sexual contra crianças e adolescentes Pornografia 2,70% ESCCA 4,10% AVP 15,10% Assédio 19,20% Estupro 59% Fonte: Mapa da Violência (2012)
Distribuição da Violência Sexual por sexo da criança/adolescente 85,40% 86,10% 74,40% 14,60% 16,90% 25,60% Estupro Assédio AVP Femino Masculino Fonte: Mapa da Violência (2012)
28,50% Abusadores sexuais 20,50% 17,90% Amigo/conhecido Pai/Padrasto Desconhecido Fonte: Mapa da Violência (2012)
Violência Sexual e Políticas Públicas Política Social: modalidade de intervenção do Estado no âmbito do atendimento das necessidades sociais básicas dos cidadãos (Yazbek). Políticas Públicas: instrumentos de garantia de direitos sociais.
Direitos da Infância Direitos da Infância: tardios na história do homem, assim como os conceitos de infância (Séc. XIX) e adolescência (Séc. XX). Proteção à infância: final do Séc. XIX e início do Séc. XX. Aplicação dos direitos do homem à infância: últimos 20 anos do século XX. 1924: Declaração sobre os Direitos da Criança (Liga das Nações) Carta da ONU (1945) Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959)
Direitos da Infância no Brasil Código de Menores (1927) Doutrina Penal do Menor Teoria da Ação com Discernimento Código de Menores (1979) Doutrina da Situação Irregular Constituição Federal (1998) e ECA (1990) Doutrina da Proteção Integral Crianças e adolescentes: sujeitos de direitos, em especial condição de desenvolvimento.
Direitos da Infância e Violência Sexual Convenção, CF/88 e ECA/90: afirmam quatro grupos de direitos: à vida, ao desenvolvimento, à proteção e à participação. CF/88: Art. 227, 4 (menção explícita à VS) Plano Decenal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes (2010): marco na formulação de políticas de proteção dos direitos, reúne os chamados temas setoriais em um único instrumento norteador das políticas de proteção.
Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (2013) Instrumento norteador das políticas públicas Contempla ações setoriais em articulação com o Plano Decenal dos Direitos Humanos de crianças e adolescentes (2010) 1996: Congresso Mundial para o enfrentamento da ESCCA 2000: Plano Nacional 2008: III Congresso Mundial de Enfrentamento da ESCCA (RJ, Brasil). 2003, 2013: Atualizações
Violência Sexual e Políticas Públicas Violência sexual: Foco de atenção das políticas públicas de Saúde, Assistência Social e Educação. SGD de crianças e adolescentes: Promoção dos Direitos Defesa dos Direitos Controle dos Direitos
O Plano Nacional e a Política de Saúde VS: problema de saúde pública (OMS) Política de Saúde: Operada através do SUS; Níveis de Atenção: Básica, secundária e terciária. Promoção de saúde: ações preventivas, direitos sexuais e reprodutivos, capacitação, articulação com MTur (megaeventos, turismo sexual); Secundária: Garantia de atendimento especializado a vítimas, famílias e às pessoas que cometem VS, tendo em vista as formas de vivenciar a VS (vítima, abusador e testemunha); Garantia de atendimento especializado a crianças e adolescentes vítimas de ESCCA (quilombolas, indígenas) ou em uso de SPA; Articulação com os órgãos de defesa e responsabilização.
O Plano Nacional e a Política de Assistência Social VS: Risco pessoal e social por violação de direitos conforme a PNAS (2004) Política de Assistência Social: Operada através do SUAS; Trabalho social especializado no âmbito do SUAS: Proteção Social Especial de Média (CREAS) e Alta Complexidade (SAI); Média complexidade: Fortalecimento da capacidade protetiva das famílias; Alta complexidade: Garantia de acolhimento institucional para situações de tráfico de pessoas e ameaças de morte; ESCCA: Piores formas de trabalho infantil conforme a OIT - Articulação para inserção socioprodutiva de adolescentes em ESCCA Articulação com os órgãos de defesa e responsabilização.
O Plano Nacional e a Política de Educação Promoção de açõeseducativas/formativas nos espaços de convivência de crianças e adolescentes para a prevenção ao abuso e/ou ESCCA visando garantir os direitos sexuais e reprodutivos, observando temas transversais como gênero, raça/etnia, orientação sexual etc; Implementação da LDB, garantindo que seja inserido o tema de Educação em Sexualidade, de forma transversal no currículo de acordo com as diretrizes nacionais para educação em direitos humanos. Construção de metodologias que promovam a formação de crianças e adolescentes para sua autoproteção.
O Direito das Crianças (Ruth Rocha) Toda criança no mundo Deve ser bem protegida Contra os rigores do tempo Contra os rigores da vida. Criança tem que ter nome Criança tem que ter lar Ter saúde e não ter fome Ter segurança e estudar. Tem direito à atenção Direito de não ter medos Direito a livros e a pão Direito de ter brinquedos. Mas criança também tem O direito de sorrir. Correr na beira do mar, Ter lápis de colorir... Ver uma estrela cadente, Filme que tenha robô, Ganhar um lindo presente, Ouvir histórias do avô. Descer do escorregador, Fazer bolha de sabão, Sorvete, se faz calor, Brincar de adivinhação. Morango com chantilly, Ver mágico de cartola, O canto do bem-te-vi, Bola, bola,bola, bola! Lamber fundo da panela Ser tratada com afeição Ser alegre e tagarela Poder também dizer não!
REFERÊNCIAS BRASIL (1988). Constituição Federal. BRASIL (1990). Lei 13.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. CONANDA (2007). Resolução 113. Sistema de Garantia de Direitos da criança e do adolescente. CONANDA (2013). Plano Nacional de Enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Waiselsz, J. J. (2012). Mapa da Violência 2012: Crianças e adolescentes do Brasil. CEBELA: Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos. Disponível em www.mapadaviolencia.org.br e www.flacso.org.br YAZBEK, M. C. Estado e políticas sociais. Praia Vermelha, Rio de janeiro, UFRJ, v. 18, n. 1, 2008. Disponível em:. Acesso em: 18 ago. 2010.